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Alfabetização: Sujeito e Autoria - Universidade Católica de Brasília

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O brinquedo é, pois, um lugar social <strong>de</strong> interpelação, <strong>de</strong> assujeitamento, <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong>subjetivida<strong>de</strong>, lugar enunciativo em que o sujeito se submete livremente à or<strong>de</strong>m significante. Nãoobstante, ele seja:a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais, ele é, aomesmo tempo, o caminho pelo qual a criança apren<strong>de</strong> a seguir os caminhos mais difíceis,subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição aregras e a renúncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer no brinquedo. [...] Em umsentido, no brinquedo a criança é livre para <strong>de</strong>terminar suas próprias ações. No entanto, em outrosentido, é uma liberda<strong>de</strong> ilusória, pois suas ações são, <strong>de</strong> fato, subordinadas aos significados dosobjetos, e a criança age <strong>de</strong> acordo com eles. (Vtgotsky: 1994 - grifo meu)Nesse processo <strong>de</strong> inscrição em uma cultura dada, através <strong>de</strong> filiações <strong>de</strong> sentido, lembranos,ainda, Vygotsky da importância da memória, pois se trata <strong>de</strong> entrar em uma memória do dizeron<strong>de</strong> as coisas já têm sentido, e <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> cognição, <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> que se estabelece a partir <strong>de</strong>então, consi<strong>de</strong>rando a referência e a literalida<strong>de</strong> que sustentam essa filiação.No brinquedo, portanto, o sujeito, <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro do simbólico da linguagem, inaugura as suasfronteiras representativas, produz gestos <strong>de</strong> interpretação acerca do mundo que o ro<strong>de</strong>ia. Isso se dápela nova relação que a criança estabelece entre as palavras e as coisas - um relógio representandouma farmácia - e, conseqüentemente, pela criação <strong>de</strong> novos/antigos referentes, isto é, posições <strong>de</strong>sujeito. O brinquedo, assim pensado, seria fundamental para o aprendizado da escrita, para fazer essapassagem do sujeito falante para sujeito <strong>de</strong> um discurso específico: o da(s) letra(s).REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALTHHUSSER, L. Freud e Lacan, Marx e Freud. Trad. Walter José Evangelista.Rio <strong>de</strong> Janeiro: Edições Graal, 1985, 2ª edição.FOUCCAULT, M. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Forense-Universitária, 1986, 2ª edição.___________. A or<strong>de</strong>m do discurso. Trad. Laura Fraga <strong>de</strong> Almeida Sampaio. SãoPaulo: Edições Loyola, 1996, 3ª edição.LURIIA, A. R. Pensamento e linguagem: as últimas conferências <strong>de</strong> Luria. Trad.Diana Nyriam Lichtenstein e Mário Corso. Porto Alegre. RS: Artes Médicas,1987ORLAANDI, E. P. Unida<strong>de</strong> e dispersão: uma questão do texto e do sujeito. IN:Discurso e leitura. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Edit. da UNICAMP,1988, 53-73.

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