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Alfabetização: Sujeito e Autoria - Universidade Católica de Brasília

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<strong>Autoria</strong> é uma função enunciativa fundante <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong>, uma posição que constrói umlugar <strong>de</strong> referencialida<strong>de</strong> e literalida<strong>de</strong> para o sujeito letrado atuar na socieda<strong>de</strong>, enquanto um sujeitolivre para submeter-se a uma língua escrita com estrutura e funcionamento <strong>de</strong>limitados porgramáticas, dicionários, manuais, bem como por disciplinas e práticas próprias da escritura.No exercício enunciativo <strong>de</strong>ssa função, o sujeito <strong>de</strong>ve assumir o seu dizer como um atopessoal e responsabilizar-se por ele, nomeando uma coisa em sua singularida<strong>de</strong>; configurando-secomo uma individualida<strong>de</strong>, assegurando-se uma imagem. Neste lugar, o sujeito se apresenta - erepresenta - como um enunciador que dommina e controla o acontecimento discursivo, com um dizersem falhas: um sujeito consciente e intencional que conhece e domina um objeto <strong>de</strong> conhecimentounívoco.A individualida<strong>de</strong> que aí se constitui, caracteriza-se não pelo objeto do qual se apropria,mas pelo modo como o faz. Mesmo porque esse objeto não é um objeto empírico, mas, sim, históricoe simbólico, referido a uma exteriorida<strong>de</strong> discursiva: uma positivida<strong>de</strong> que se constrói no interior <strong>de</strong>uma re<strong>de</strong> discursiva com suas relações <strong>de</strong>s<strong>de</strong>-já <strong>de</strong>terminadas histórica e inconscientemente.O Discurso Pedagógico irá construir os objetos <strong>de</strong> que falamos: língua, escrita, leitura, leitor,autor..., enquanto uma prática discursiva: um conjunto <strong>de</strong> regras anônimas, históricas, sempre<strong>de</strong>terminada no tempo e no espaço, que <strong>de</strong>finiram, em uma dada época e para uma <strong>de</strong>terminadaárea as condições <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> uma função enunciativa. (Foucault: 1969)No cotidiano pedagógico <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong> uma textualida<strong>de</strong> dadahistoricamente, a escola irá atuar na construção <strong>de</strong>ssa autoria pelo modo como trabalha a/com alinguagem e as línguas no domínio e controle dos processos discursivos e dos processos textuais.Encontramo-nos, assim, no cerne do problema da subjetivida<strong>de</strong> em sua relação com a escrita nainstituição escolar, ao buscar compreen<strong>de</strong>r como se dá a inserção do sujeito na socieda<strong>de</strong>, na cultura,via domínio <strong>de</strong> um novo espaço <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> linguagem: o mundo letrado, via apropriação <strong>de</strong> umobjeto histórico e simbólico: a escrita.Em se tratando da socieda<strong>de</strong> brasileira, esta apropriação se <strong>de</strong>u, historicamente, emcondições lingüísticas, econômicas e sociais específicas: pela disciplinarização das línguas indígenas,pela distribuição privada das terras e pela adoção do trabalho escravo. No interior <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong>domesticação dos bens da terra e do homem do Novo Mundo é que po<strong>de</strong>mos pensar na constituiçãoda prática discursiva do apren<strong>de</strong>r a ler e a escrever em sua ambigüida<strong>de</strong> fundamental: a da repetiçãomecânica <strong>de</strong> letras, sílabas, palavras e frases e/ou a da interpretação polissêmica <strong>de</strong> textos.

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