11.07.2015 Views

7 - Philip M. Fearnside - Inpa

7 - Philip M. Fearnside - Inpa

7 - Philip M. Fearnside - Inpa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

19Gases de efeito estufa emitidos diretamente por hidrelétricas não são a única maneiraem que as barragens aumentam o aquecimento global. Créditos de carbono são concedidospara hidrelétricas pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), no âmbito doProtocolo de Quioto, que se baseiam em presunções de que (1) as barragens não seriamconstruídas sem o financiamento do MDL e (2) ao longo da duração de 7 a 10 anos dosprojetos de carbono, as barragens hidrelétricas teriam emissões mínimas em comparação coma eletricidade gerada por combustíveis fósseis, que supostamente seria deslocada. Estespressupostos são falsos, especialmente no caso de barragens tropicais, tais como as previstasna Amazônia. No caso das barragens de Teles Pires, Jirau e Santo Antônio, todas já estavamem construção quando foram solicitados créditos de carbono. Estes casos servem comoexemplos concretos, indicando a necessidade de reforma das normas do MDL, eliminando ocrédito para hidrelétricas (<strong>Fearnside</strong>, 2012b,c, 2013a,b).O comportamento normal em negócios não é consistente com investimentos nessaescala se as barragens, na verdade, estariam perdendo dinheiro na ausência de umfinanciamento adicional do MDL. A ideia de que essas barragens são abnegadascontribuições para os esforços internacionais para conter o aquecimento global ultrapassamos limites da credibilidade. Quando os créditos de carbono são concedidos para projetos,como represas, que iriam para frente de qualquer forma na ausência dos créditos de carbono,os países que compram os créditos estão autorizados a emitir essa quantidade de carbono paraa atmosfera sem qualquer emissão equivalente realmente ter sido evitada. O resultado é umaemissão de mais gases de efeito estufa na atmosfera e um desperdício dos fundos escassosque o mundo está atualmente disposto a dedicar à luta contra o aquecimento global.O controle do aquecimento global exigirá uma correta contabilização das emissõeslíquidas ao redor do mundo: qualquer emissão que é excluída ou subestimada implica que osacordos de mitigação, projetados para conter o aumento da temperatura dentro de um limiteespecificado (como o limite de 2 °C convencionada, atualmente, na Convenção do Clima)simplesmente não impedirão que siga o aumento da temperatura. A Amazônia é um doslugares que se espera sofrer as consequências mais graves, se nós falharmos nestaresponsabilidade.G.) Impacto nos processos democráticosUm dos impactos mais profundos da construção de barragens é sua tendência a minaras instituições democráticas. Esta é uma consequência lógica dos recursos financeirosdesproporcionalmente grandes dos proponentes de barragens. Além disso, se segue comoconsequência da distribuição dos benefícios e impactos inerentes a projetos de barragens: osbenefícios (pelo menos os benefícios que não são exportados) estão espalhados por todo opaís, traduzindo assim em apoio político, enquanto a maior parte dos impactos estáconcentrada nos poucos infelizes que vivem próxima represa.Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil indicam que osquatro maiores contribuintes para campanhas políticas no Brasil desde 2002 são empresasempreiteiras que constroem barragens e outras formas de infraestrutura (Gama, 2013). Emfevereiro de 2010, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil foi nomeado para o ConselhoConsultivo de Itaipu Binacional, recebendo "jeton" (pagamento simbólico) mensal de R$ 12.000(~ US$ 6.000) [mais tarde aumentado para R$ 19.000 (US$ 9.500) (Agência Estado, 2010)]. Aatual chefa da Casa Civil, ou seja, a pessoa mais poderosa no governo brasileiro depois da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!