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7 - Philip M. Fearnside - Inpa

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9nos em plano de expansão energética 2011-2020 e 2012-2021 (Brasil, MME, 2011, 2012).No entanto, as eclusas desta barragem são indicadas como “prioritárias” no Plano NacionalHidroviário (Brasil, MT, 2010, p. 22). Chacorão permiria que barcaças atravessem acachoeira de Sete Quedas, inundando 18.700 ha da área indígena Munduruku (Millikan,2011). A conclusão da Hidrovia Tapajós incentivaria o desmatamento futuro para soja naparte norte do Mato Grosso, a ser servida pela hidrovia. Incentivará também plantações desoja nas pastagens que atualmente dominam o uso da terra em áreas que já foram desmatadasno norte de Mato Grosso. Tem sido demonstrado que tal conversão provoca desmatamentoindiretamente em outros lugares, porque o gado é deslocado de Mato Grosso para o Pará(Arima et al., 2011). A estimulação do desmatamento pela Hidrovia Tapajós não está incluídaentre os impactos considerados no licenciamento ambiental ou de créditos de carbono deprojetos na bacia do Tapajós, como a hidrelétrica de Teles Pires (<strong>Fearnside</strong>, 2013a).[Figura 5 aqui]Talvez o mais controverso dos projetos de navegação é aquele associado às barragensde Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (e.g., IIRSA, 2007; Killeen, 2007). Essas barragensseriam parte da Hidrovia Rio Madeira e permitiriam a implementação de mais de 4.000 kmde hidrovias na Bolívia (Figura 6). As estimativas preliminares para a quantidade de grãos(principalmente soja) a serem transportados indicam um total de 28 milhões de toneladas porano de Mato Grosso e 24 milhões de toneladas por ano de Bolívia (PCE et al., 2002, p. 6.4).Poderia ser exagerada a quantidade de soja que é prevista para a Bolívia, sendo que ozoneamento boliviano (Zonisig et al., 1997, citado por Vera-Diaz et al., 2007) indica baixopotencial agrícola em grande parte da área onde os estudos brasileiros dizem que há 8milhões de hectares de solos adequados (PCE et al., 2002, p. 6.4). Se há 8 milhões dehectares de terra adequada na Bolívia, e esta área for transformada em soja, os impactos dehidrelétricos e navegação devem incluir a perda de áreas de ecossistemas naturais, querepresenta um total mais de 150 vezes maior que a superfície dos reservatórios. Embora nãomencionado no relatório, deve-se notar que muitos produtores de soja na Amazônia bolivianahoje são brasileiros, e é provável que grande parte da expansão da soja na área adicional queseria aberta à navegação seria também feita por brasileiros. A discussão sobre os benefíciosdas barragens está em escopo internacional (integração da América do Sul e transporte dasoja de Bolívia), mas a discussão dos impactos é limitada ao Brasil nos relatóriossubsequentes, incluindo o estudo de viabilidade (PCE et al., 2005, Vol. 2, p. II-83) e o EIA-RIMA (FURNAS et al., 2005a,b).[Figura 6, aqui]A Avaliação Estratégica Ambiental (AAE) para barragens no rio Madeira refere-se aocrescimento "inexorável" como uma característica da área da Bolívia a qual a hidroviaproporcionaria acesso (ARCADIS Tetraplan et al., 2005). O estudo de viabilidade destacou a“inexorabilidade da integração física da América do Sul” e a “inexorabilidade do avanço daocupação” (PCE et al., 2005, Vol. 2, p. II-85). Os relatórios implicam que os impactosambientais são inevitáveis em todo caso, mesmo sem novas plantações de soja que seriamestimuladas no interior. No entanto, a AAE do projeto Rio Madeira mencionou que aexpansão agrícola (i.e., soja) estimulada pela hidrovia resultará em perda de vegetaçãonatural na Bolívia (ARCADIS Tetraplan et al., 2005, p. 169-170). Além de impactos nabiodiversidade, a possibilidade de afetar o regime hidrológico do rio Madeira é mencionadacomo um problema a qual o desmatamento iria contribuir. A contramedida proposta era "açãointegrada entre Brasil e Bolívia, que é necessária para permitir a regulamentação ambiental e

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