11.07.2015 Views

C:\Job\ABL\ABL-047 - Linguagem e Estilo de Machado-Eca-Simoes ...

C:\Job\ABL\ABL-047 - Linguagem e Estilo de Machado-Eca-Simoes ...

C:\Job\ABL\ABL-047 - Linguagem e Estilo de Machado-Eca-Simoes ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Linguagem</strong> e <strong>Estilo</strong> <strong>de</strong> Simões Lopes Neto 189se acha tão harmoniosamente difundido por todas as páginas, por todasas linhas, que não é fácil apontar-lhes os trechos <strong>de</strong> maior plenitu<strong>de</strong><strong>de</strong> vida. Como no vegetal sadio, nelas a vida se distribui por igual:muito raro se notarão enlanguescimentos aqui a contrastar com transbordamentos<strong>de</strong> energia além.Por essa razão é que, tratando continuamente do campo, movimentandogente ao ar livre, pelas coxilhas, pelas reboleiras, à sombrados umbus, com os olhos a se iluminarem da luz <strong>de</strong> poentes e madrugadas,ele todavia quase não faz paisagem, no sentido clássico; e AugustoMeyer 82 ressalta a circunstância <strong>de</strong> só no conto das TrezentasOnças haver um traço <strong>de</strong> paisagem – extraordinariamente belo, aliás.Tem-se a impressão <strong>de</strong> que Simões Lopes, pedindo licença a Blau Nunes,toma a palavra por um instante, para <strong>de</strong>scarregar poeticamente aemoção <strong>de</strong> um entar<strong>de</strong>cer, o que na boca do velho campeiro lhe pareceriamuito literário. E não é para se <strong>de</strong>sprezar o fato <strong>de</strong> aparecer essanota paisagística justamente no primeiro dos CONTOS GAU-CHESCOS – como se o escritor, que acabara <strong>de</strong> fazer a poética apresentaçãodo seu herói, ainda estivesse muito lembrado da função <strong>de</strong>introdutor. Depois, Blau Nunes está mesmo com a palavra, contandoos “casos” – e toda a intervenção do autor se opera da maneira discreta<strong>de</strong> quem procurasse suprir uma ou outra <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> expressão dohomem ru<strong>de</strong>, para fazê-lo melhor compreendido <strong>de</strong> seus ouvintes.A paisagem, na literatura do tempo <strong>de</strong> Simões Lopes, era uma peçasobreposta ao conto ou ao romance. Não fazia com eles um todo. Retiradada história, esta funcionava perfeitamente. Em dada altura, o escritorsuspendia a pena, <strong>de</strong>ixava a personagem pelando a faca homicidae combinava o melhor das suas tintas para um crepúsculo, poisaquela “morte da natureza” dizia bem com o fim <strong>de</strong> uma vida humana.Fora disso, fazia-se a paisagem pela paisagem – não se compreendiauma “casa sem quintal” como a <strong>de</strong> <strong>Machado</strong> <strong>de</strong> Assis.82 Ver nota 1 à p. 121.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!