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C:\Job\ABL\ABL-047 - Linguagem e Estilo de Machado-Eca-Simoes ...

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<strong>Linguagem</strong> e estilo <strong>de</strong> <strong>Machado</strong> <strong>de</strong> Assis 33<strong>de</strong> Joaquim Maria. E transmitiu-nos, também, curiosas revelações doseu retrato psicológico.Depois veio o ensaio <strong>de</strong> Augusto Meyer, a interpretação mais profundaque ainda se fez do gran<strong>de</strong> escritor. Também <strong>de</strong>ve ser aqui citadoo interessantíssimo estudo do Sr. Peregrino Júnior, que encarou<strong>Machado</strong> <strong>de</strong> Assis do ângulo da endocrinologia.E <strong>Machado</strong> <strong>de</strong> Assis continua a oferecer campo vastíssimo para estudose pesquisas. A sua singular individualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperta cada diamaior interesse da parte dos nossos ensaístas.Se é certo, como diz Remy <strong>de</strong> Gourmont, 39 que “o estilo é um produtofisiológico, e um dos mais constantes”, teremos na doença <strong>de</strong><strong>Machado</strong>, na sua organização mórbida – nem há novida<strong>de</strong> nesta conclusão– a explicação, principal, pelo menos, das qualida<strong>de</strong>s personalíssimasque o situam num lugar à parte em nossas letras. Daí o nãocon<strong>de</strong>nar eu, como tanto se tem feito por aqui, tachando-o <strong>de</strong> <strong>de</strong>sumanoe irreverente, o trabalho do Sr. Peregrino Júnior sobre a doençae constituição do escritor. Dando <strong>de</strong> barato que haja – e há – algumexagero na afirmação do gran<strong>de</strong> prosador francês, nem por isso <strong>de</strong>ixaela <strong>de</strong> ter seu fundo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. E tratando-se <strong>de</strong> um caso como o <strong>de</strong><strong>Machado</strong> <strong>de</strong> Assis, nada mais interessante do que buscar no estudoacurado da moléstia a razão <strong>de</strong> muitas das suas virtu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitoscomo homem <strong>de</strong> letras. “Não po<strong>de</strong>mos hoje compreen<strong>de</strong>r uma obraou um estilo, sem lhe sondarmos as raízes psicológicas no temperamentoe na constituição mental.” 40Frio, sereno, sem arrebatamentos, era ele um impassível diantedos assuntos. O estilo, impregnado <strong>de</strong> uma viva marca, inexcedivelmenteviva, <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong>, não se modificava ao influxo dotema. Para <strong>Machado</strong>, como que não existia a classificação <strong>de</strong> estilos39 Id., ibid., p. 19.40 Almir <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, “Livros”, in Revista do Brasil,n. o 2, agosto <strong>de</strong> 1938, p. 219.

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