12.07.2015 Views

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vilma Mota Quintelaproce<strong>de</strong>r, parto do pressuposto <strong>de</strong> que os valores estéticos que, <strong>em</strong> parte,justificam a escolha dos autores e obras que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> integrar a histórialiterária canônica não se encontram dissociadas das práticas e mediaçõessociais que condicionam a sua inserção <strong>em</strong> um contexto <strong>de</strong> produçãomais amplo, <strong>em</strong> que se situam, <strong>em</strong> posições concorrentes, produçõesliterárias diferenciadas. Tal ponto <strong>de</strong> vista não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser relevante paraa compreensão da vida literária <strong>de</strong> um país, b<strong>em</strong> como do jogo <strong>de</strong> relaçõessociais que <strong>de</strong>terminam as posições dominantes <strong>no</strong> seu campo literário,consi<strong>de</strong>rando-se não apenas o sist<strong>em</strong>a literário heg<strong>em</strong>ônico. Cumprel<strong>em</strong>brar que a existência <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a literário <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não apenas <strong>de</strong>leitores e escritores ligados por uma linguag<strong>em</strong> comum, mas também <strong>de</strong>uma série <strong>de</strong> instituições sociais que o legitima ou não, <strong>de</strong>finindo o lugaralém ou aquém que as diversas produções literárias <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ocupar nahierarquia cultural. Além disso, toda produção literária <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> umsist<strong>em</strong>a editorial que, por mais mo<strong>de</strong>sto que seja, possa fazê-la circular,tendo <strong>em</strong> vista um grupo específico <strong>de</strong> leitores disponíveis <strong>no</strong> mercadoou um público possível, ainda por se instituir. Desse ponto <strong>de</strong> vista, ahistória da <strong>edição</strong> <strong>popular</strong> representa uma parte importante da histórialiterário-cultural brasileira, dado o seu papel na formação <strong>de</strong> um públicoleitor diversificado, s<strong>em</strong> o qual a instituição do campo literário não seriapossível.Uso aqui a expressão “campo literário” <strong>no</strong> sentido <strong>em</strong>pregado porBourdieu (1992) <strong>em</strong> sua “teoria dos campos”, mais especificamente<strong>no</strong> estudo sobre a gênese do campo literário. Nesse sentido, o “campoliterário” se <strong>de</strong>fine como um espaço simbólico <strong>em</strong> que se trava a lutapor posições previamente instituídas (a posição do autor, do crítico, doeditor etc.). Enquanto realida<strong>de</strong> simbólica mutável, o campo literáriose caracterizada pelas relações objetivas entre seus diferentes agentes(autores, editores, críticos, produtores etc.) que negociam um lugar nessaesfera <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>. A sua existência implica a luta ou o <strong>em</strong>bate entre“tomadas <strong>de</strong> posição” diferenciadas. Por ex<strong>em</strong>plo, a tomada <strong>de</strong> posição<strong>de</strong> um agente <strong>no</strong> campo literário como autor, editor ou produtor <strong>de</strong> modogeral, é, por um lado, condicionada pelas regras dominantes <strong>no</strong> espaçosocial <strong>em</strong> que essa tomada <strong>de</strong> posição se torna possível; e, por outro, pelasdisposições culturais que esse agente traz consigo para essa posição. Ocampo literário se <strong>de</strong>fine, pois, como um espaço simbólico, um campo<strong>de</strong> luta <strong>no</strong> qual seus agentes, <strong>de</strong> acordo com a posição que ocupam ecom o espaço social <strong>em</strong> que atuam, <strong>de</strong>terminam, validam, legitimam ou<strong>de</strong>negam a valida<strong>de</strong> das representações simbólicas que a ele concorr<strong>em</strong>.A teoria <strong>de</strong> Pierre Bourdieu divi<strong>de</strong> o campo da produção literária42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!