12.07.2015 Views

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A <strong>edição</strong> <strong>popular</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><strong>em</strong> dois gran<strong>de</strong>s subsist<strong>em</strong>as: o da produção restrita, que se caracterizapela <strong>de</strong>negação “vanguardista” do lucro imediato e das motivaçõeseconômicas dos produtores, dirigidas prioritariamente aos seus pares; eo da produção <strong>em</strong> larga escala, impulsionada pelas leis do mercado, quese traduz nas obras <strong>de</strong> consumo fácil, <strong>de</strong>stinadas ao público <strong>em</strong> geral.Para cont<strong>em</strong>plarmos o caso da produção literária brasileira, po<strong>de</strong>ríamosacrescentar uma terceira categoria. Nela, po<strong>de</strong>ríamos incluir a literatura <strong>de</strong>cor<strong>de</strong>l, que se situa, por assim dizer, “entre lugar cultural”, encontrandosena fronteira entre a produção <strong>de</strong> consumo fácil, excluída do rol dasobras <strong>de</strong> valor literário reconhecido, e o cult, que <strong>em</strong>bora <strong>popular</strong>, <strong>no</strong>que diz respeito à linguag<strong>em</strong> e à forma <strong>de</strong> consumo, distingue-se comoprodução elevada à condição <strong>de</strong> clássico cultural. Enquanto tal, isto é,enquanto produção legitimada por experts como obra <strong>de</strong> valor cultural, ocor<strong>de</strong>l ten<strong>de</strong> a se expandir, cont<strong>em</strong>poraneamente, como se po<strong>de</strong> observar,para muito além <strong>de</strong> sua mídia original, encontrando espaço, pouco apouco, <strong>no</strong> campo da produção literária restrita. Fortalecendo-se a partirdo diálogo que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua orig<strong>em</strong>, seus produtores mantiveram comos seus outros culturais, o cor<strong>de</strong>l, não obstante, resiste como um sist<strong>em</strong>aliterário relativamente autô<strong>no</strong>mo, que, ainda que mo<strong>de</strong>stamente, concorrecom os sist<strong>em</strong>as literários, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, dominantes paraa constituição do campo literário brasileiro como um todo (Bourdieu,1992).Posto isso, cumpre ressaltar que o advento do cor<strong>de</strong>l brasileiro como umsist<strong>em</strong>a literário relativamente autô<strong>no</strong>mo relaciona-se, fundamentalmente,com a história da <strong>edição</strong> <strong>popular</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>. Nesta, como foi dito acima,<strong>de</strong>staca-se como pioneira a Livraria Editora Quaresma, que atuou <strong>no</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as últimas décadas do século XIX até meados do séculoXX. No cenário da belle époque carioca, dominado por editoras estrangeiras,tais como a La<strong>em</strong>mert, a Garnier e a Francisco Alves, que atendiamsobretudo a uma elite cultural e econômica, o brasileiro Pedro Quaresmase estabeleceu, <strong>no</strong> final da década <strong>de</strong> 1870, difundindo, <strong>em</strong> várias partesdo <strong>Brasil</strong>, incluindo o Nor<strong>de</strong>ste, uma literatura feita <strong>em</strong> boa parte <strong>de</strong>encomenda para aten<strong>de</strong>r a um público s<strong>em</strong>iletrado, então, <strong>em</strong>ergente. Oadvento <strong>de</strong>ssa editora não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um produto da <strong>popular</strong>ização doimpresso <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, entre as últimas décadas do século XIX e as primeirasdécadas do século seguinte, ao qual, necessariamente, o surgimento docor<strong>de</strong>l está relacionado (Brito Broca, 1975), (Brito Broca, 1994) (Oliveira,2002). A propósito, Brito Broca (1975) ressalta a importância <strong>de</strong> PedroQuaresma como editor especializado na publicação <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> modinhas<strong>popular</strong>es, poesia sertaneja, humor, crendices e literatura para crianças.43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!