12.07.2015 Views

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Vilma Mota Quintelacerto meio intelectual, como poeta, <strong>em</strong>bora gran<strong>de</strong> parte do que lhe foiatribuído pertencesse à autoria alheia. Por volta da década <strong>de</strong> 1930, seu<strong>no</strong>me já havia cruzado fronteiras geográficas e sociais, tornando-se umfenôme<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>popular</strong>ida<strong>de</strong>, conforme test<strong>em</strong>unha Wal<strong>de</strong>mar Valente, <strong>em</strong><strong>de</strong>poimento publicado <strong>em</strong> 1976:Athay<strong>de</strong> tor<strong>no</strong>u-se, s<strong>em</strong> exagero, um verda<strong>de</strong>iro ídolo <strong>popular</strong>.Não apenas da gente pobre e humil<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>i-alfabetizada e mesmoanalfabeta, do interior – Zona da Mata, principalmente –, mas dagente r<strong>em</strong>ediada e rica das zonas urbanas e até capitais e cida<strong>de</strong>simportantes, entre elas Salvador, Recife, Fortaleza, Caruaru,Campina Gran<strong>de</strong> e Garanhuns.Entre seus leitores mais entusiastas, estavam meni<strong>no</strong>s, adolescentese até adultos. Gente branca e gente <strong>de</strong> cor. A plebe iletrada e a eliteintectual, incluindo estudiosos <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso folclore. De modo especial,os que se interessavam pela literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. (apud Athay<strong>de</strong>,2000, p. 28)Dentre os produtores <strong>de</strong> folhetos <strong>no</strong>r<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s, s<strong>em</strong> dúvida, J. Martins<strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> foi o que melhor representou o processo <strong>de</strong> homogeneizaçãoeditorial do cor<strong>de</strong>l, ocorrido <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr do século XX. Esse aspectoressalta, antes <strong>de</strong> mais nada, <strong>no</strong> modo como o poeta-editor proce<strong>de</strong>u<strong>em</strong> relação à forma <strong>de</strong> apresentação dos folhetos, padronizando, porex<strong>em</strong>plo, o estilo das capas das representações <strong>de</strong> pelejas e dos romances,as duas categorias por ele privilegiadas. Tal situação se configura tambémna escolha das obras publicáveis, efetuada, metodicamente, por Athay<strong>de</strong>,<strong>de</strong> acordo com as <strong>de</strong>mandas dos públicos tradicional e <strong>em</strong>ergente. Esseprocesso revela, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, a posição centralizadora assumida pelopoeta-editor pernambuca<strong>no</strong>, sobretudo a partir da década <strong>de</strong> 1930. Nasdécadas seguintes, antes da crise econômica que provocou a extinção daseditoras folhetarias <strong>no</strong>r<strong>de</strong>stinas especializadas na produção do cor<strong>de</strong>l,entre as décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, a <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> impulsionará,<strong>no</strong> cenário <strong>no</strong>r<strong>de</strong>sti<strong>no</strong>, um movimento editorial <strong>popular</strong> inédito <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>. Editores como João José, Ma<strong>no</strong>el Camilo dos Santos, RodolfoCoelho Cavalcante e José Bernardo da Silva, entre outros direcionadosou inspirados pelo sucesso da <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong>, darão continuida<strong>de</strong>a essa tradição editorial que chegou ao seu auge <strong>no</strong> século XX, durante asua atuação.Dada a sua peculiarida<strong>de</strong>, a história editorial da literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l<strong>no</strong>r<strong>de</strong>stina constitui um capítulo à parte na história da <strong>edição</strong> <strong>popular</strong> <strong>no</strong><strong>Brasil</strong>. Essa história, que se inscreve <strong>no</strong> movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> eretomada da produção ao longo do t<strong>em</strong>po, inicia-se a partir do momento48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!