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A edição popular no Brasil - Grupo de Estudos em Literatura ...

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Vilma Mota QuintelaDiz o autor:A Livraria Quaresma merece uma referência mais <strong>de</strong>talhada pelasi<strong>no</strong>vações que introduziu. Tendo <strong>em</strong> vista a pouca cultura do <strong>no</strong>ssopovo, Pedro da Silva Quaresma, que se instalara, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1879, narua São José, compreen<strong>de</strong>u que o meio <strong>de</strong> levá-lo ao livro eradar-lhe leitura fácil, amena ou <strong>de</strong> interesse prático, mas <strong>de</strong> cunhoessencialmente <strong>popular</strong>, ao alcance <strong>de</strong> qualquer um e <strong>em</strong> brochuras<strong>de</strong> preço módico. Daí o verda<strong>de</strong>iro gênero por ele criado entrenós, e o rótulo <strong>de</strong> “<strong>edição</strong> Quaresma”, que passou a <strong>de</strong>signar, <strong>de</strong>maneira geral, as edições <strong>popular</strong>es para o gran<strong>de</strong> público. Algunsescritores <strong>de</strong> terceira categoria forneciam-lhe essa subliteraturaque ele espalhava, com gran<strong>de</strong> êxito, por todos os cantos do <strong>Brasil</strong>.Em qualquer velha residência lá pelos sertões da Bahia ou pelo<strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Minas ainda é fácil <strong>de</strong>scobrir-se até hoje, num canto <strong>de</strong>gaveta, alguma <strong>de</strong>ssas “edições Quaresma”. O leitor iletrado nelasencontrava um precioso el<strong>em</strong>ento, que po<strong>de</strong>ria, certamente, atraí-lopara um nível me<strong>no</strong>s primário. (Brito Broca, 1975, p. 143)Como afirma o autor, as edições Quaresma tornaram-se referênciapara as edições do gênero. Pedro Quaresma, cuja livraria editora se tor<strong>no</strong>uponto <strong>de</strong> frequentação, não apenas do vulgo, mas também <strong>de</strong> intelectuaiscomo Machado <strong>de</strong> Assis e Olavo Bilac, divulgou, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, a fórmula dolivro <strong>popular</strong>, posteriormente aproveitada por editoras <strong>popular</strong>es como aparaibana Popular Editora, <strong>de</strong> Francisco das Chagas Batista, e a paraenseGuajarina, <strong>de</strong> Francisco Lopes, que tiveram papel prepon<strong>de</strong>rante <strong>no</strong>estabelecimento do mercado literário do cor<strong>de</strong>l <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> na primeirameta<strong>de</strong> do século XX. Conquanto tenham se especializado na publicaçãoda literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, essas editoras também fizeram circular umaprodução diversa <strong>de</strong>stinada ao vulgo. Chagas Batista (1882-1930)manteve na linha <strong>de</strong> produção, além da coleção <strong>de</strong>dicada ao cor<strong>de</strong>l, aque ele intitulou <strong>de</strong> “<strong>Literatura</strong> Popular”, material para fins comerciaise didáticos, como também os chamados “livros <strong>de</strong> prateleira”, que eramedições <strong>popular</strong>es <strong>de</strong> romances e <strong>no</strong>velas <strong>em</strong> circulação <strong>no</strong> mercadolivresco geral. Já o pernambuca<strong>no</strong> Francisco Lopes (1883-1947), da Guajarina,manteve duas linhas editoriais principais: o cancioneiro <strong>popular</strong> urba<strong>no</strong>,representado pelas modinhas e canções seresteiras à moda carioca, e aliteratura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. No que diz respeito à linha <strong>de</strong> produção, observasecerta afinida<strong>de</strong> entre essas editoras <strong>popular</strong>es, respectivamente, doNor<strong>de</strong>ste e do Norte do país, e as editoras do Su<strong>de</strong>ste, especializadas na<strong>edição</strong> <strong>de</strong> obras <strong>popular</strong>escas, como a H. Antunes e a Modinha Popular,que incluíram o cor<strong>de</strong>l <strong>no</strong>r<strong>de</strong>sti<strong>no</strong> <strong>em</strong> sua linha <strong>de</strong> produção <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s44

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