VIII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural - alasru
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15O programa mudou muito a minha condição <strong>de</strong> vida, pois hoje eu não divido nadacom o patrão. Hoje, se a gente fizer um saco <strong>de</strong> milho é todo nosso antes a genteera meeiro e tinha que dividir com o dono da terra. Hoje nós temos uma casa boacom energia, água na cisterna, comprei vários eletrodomésticos (antenaparabólica, TV, liquidificador, e gela<strong>de</strong>ira, e outras coisas) temos nosso criar,posso dizer que é um modo <strong>de</strong> beneficio para o agricultor produzir.Segundo EB8, “Tudo melhorou, não preciso mais caçar trabalho nas fazendas,tenho trabalho próprio, casa boa, energia, água e fartura <strong>de</strong> alimentos”.Realmente, verifica-se que o PNCF contribuiu visivelmente com a melhoria dascondições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>sses mutuários, nos mol<strong>de</strong>s preconizados pelo documento do 9ºCNTTR (2005, p. 83):Homens, mulheres, jovens e adultos, <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser „escravos‟ do proprietário,tendo o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> escolher e <strong>de</strong>cidir o que, como e quanto produzir. As mudançasnas condições <strong>de</strong> vida no que se relaciona a habitação e condições sanitárias sãosignificativas, muito embora a expectativa das famílias era „ir além da casa, daestada e da energia elétrica‟. Quando falam da mudança <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>ixamclaramente evi<strong>de</strong>nciada em suas palavras, a esperança <strong>de</strong> que a terra é aalternativa <strong>de</strong> sustento da vida. Creem na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superar o status quo e<strong>de</strong> realmente se concretizar a sonhada melhoria <strong>de</strong> vida.Mais uma vez chama-se a atenção para a relativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa melhoria, que não po<strong>de</strong>ser atribuída apenas ao PNCF, uma vez que os mutuários <strong>de</strong> ambos os imóveis tiveramacesso à linha <strong>de</strong> crédito do PRONAF A, porquanto favoreceu apenas a sua mobilida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> extrema pobreza a outra ainda marcada pela precarieda<strong>de</strong>, em que oanalfabetismo constitui o nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> predominante e o patrimônio obtido quase<strong>de</strong>saparece diante da dívida que lhes pesa sobre os ombros.Nesse sentido, consi<strong>de</strong>ra-se que o PNCF, ao invés <strong>de</strong> alternativa para a melhoria <strong>de</strong>vida, constitui solução atraente para o enfrentamento dos muitos problemas vivenciadospelos mutuários em seu cotidiano <strong>de</strong> luta pela sobrevivência, num forte indicativo <strong>de</strong> que asituação <strong>de</strong> pobreza empurra os agricultores que não lutam pela terra em sua direção.Consi<strong>de</strong>rações FinaisO Estado brasileiro sempre esteve a serviço <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo econômico enaltecedorda classe dominante que, <strong>de</strong> certa maneira, influencia fortemente as políticas públicas,resultando na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustes constantes para garantir a sua continuida<strong>de</strong>.A<strong>de</strong>mais, as políticas públicas direcionadas ao meio rural sempre privilegiaram agran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>trimento da pequena produção. A criação do PNCF se insereem um contexto político em que o capital é soberano, favorecendo a instalação efetiva docapitalismo no meio rural.O PNCF revelou-se um programa <strong>de</strong> “compra e venda” <strong>de</strong> terras que gera