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Caderno 2 - MAB

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“Tem muita gente angustiadae doente por causa da barragem”,diz atingido por barragem 5Bernardo Cruz Souza é maranhense, mashá 18 anos mora em Minas Gerais. Depoisque foi atingido pela barragem deCandonga ficou desempregado e hoje mora de favorem uma casa no município de Rio Doce.Bernardo ajuda na organização do Movimentodos Atingidos por Barragens (<strong>MAB</strong>) na sua regiãoe conta que por esse motivo sofre ameaças.Em entrevista ao Setor de Comunicação do <strong>MAB</strong>,ele relatou a angústia ao ver sua casa sendo destruída,sua situação de vida e suas esperanças.Hoje, 30 de agosto, a barragem está sendo inauguradapelas empresas e pelo governador doestado, mas a população local não se cala, repudiao ato e se mobiliza dizendo que já bastade ditadura aos atingidos.Setor de Comunicação: Qual seu sentimentoquando você vai ao lago dabarragem?Bernardo Cruz Souza: Antes era tudo bonito,agora eu não me conformo e infelizmente tenhoque olhar e dizer: eu morava ali naquelelocal onde agora é o lago. Sempre que vemgente visitar eu digo: você quer ver onde anós morava? A empresa chegou oferecendomil maravilhas, dizendo que nós teria umavida melhor, que os filhos iriam para a escola...Só que hoje o pessoal está passandofome, tem famílias que estão pensando emvender a casa, querendo comprar um pedacinhode terra e ir para a roça. Na Velha Soberboera um lugarzinho feio, mas todo muitogostava. Até mesmo eu que cheguei depoisfui acostumando com as pessoas.Setor de Comunicação: Qual era abase da economia na região?Bernardo: Muitos garimpeiros moravam ali mesmo,tiravam ouro e pedras preciosas. Tinhabastante gente que vivia da extração, mas tambémtinha os que plantavam para a sobrevivência.Não faltava alimentação para ninguém,hoje a maioria das pessoas atingidasestá desempregada, em torno de 95%. Eupasso uma grande necessidade e posso falarque nem no nordeste, que foi a região que eunasci, não passei tanta necessidade comoestou passando nesse local, pois agora eu estoudesempregado. Fazem 20 anos que eu trabalhono garimpo e graças a Deus, sempretinha alguma coisa pra mim me manter.Setor de Comunicação: O que os funcionáriosda empresa diziam quandoforam para Minas construirCandonga?Bernardo: Quando eles vieram para Minas, diziamque eram psicólogos, mas na verdadeeram negociadores. Mostravam um documentopra gente dizendo que todo mundo iareceber moradia, eu lembro muito bem. Háoito anos atrás, quando eles andaram fazendoas primeiras visitas, fazendo os levantamentos,eles mostravam esse documento,não pra todo mundo, mas pra gente que procurava.Nos tiraram e botaram até em outromunicípio. E nos diziam: espera ali ou vaipra justiça. E quem vai se meter com a justiça?Ela só vale para alguns... E como eu estavafalando antes, essa necessidade, essafalta de alimentação, eu vim passar em MinasGerais por causa da barragem. Nuncatinha me acontecido e já tenho 44 anos.Setor de Comunicação: No dia 3 demaio de 2007 a polícia destruiu opovoado onde vocês moravam. Nosconte como foi aquela situação.Bernardo: Na verdade a gente já estava commedo uma semana antes do dia 3. A gentetinha medo que eles poderiam nos ata-185Texto disponível em http://www.consciencia.net/agencia/2005/3108-mabmg.html

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