pessoas, para que se submetam à ordem dosinteresses político ideológicos da classe dominante.Os grupos e as sociedades nãoconsumistas se defendem através da “culturapopular” repassando os conhecimentos pelaafetividade existente na relação comunitáriaque a seqüência de gerações estabelece.Isso acontece em ambas as condições eé possível, porque os seres humanos não nascemprontos e acabados. Há espaçona consciência social e políticapara acrescentar elementosque dão identidade ao caráter, ecom isso, os seres humanos adquiremcaracterísticas próprias, apartir de seu próprio esforço e interesse,ou pela manipulação ealienação de instituições criadaspara este fim.A cultura representandotudo o que fazemos, parte delaconduzida pela superestrutura dasociedade, e parte dela pelo sensocomum, condiciona o ser humanoa executar gestos que reforcea harmonia social, obrigando-se a cederem pontos particulares quando estes estãofora de seu alcance ou ferem os direitosdos outros. Mas por outro lado, aprende naprodução da existência a ter direitos como:propriedade (terra, casa, objetos de uso) comprare vender, passear, amar etc.As mudançastecnológicasmudamrapidamentehábitos e,quando não bemassimiladas,tornam aspessoas vítimasdo própriodesenvolvimento.As mudanças tecnológicas mudam rapidamentehábitos e quando não bem assimiladas,tornam as pessoas vítimas do próprio desenvolvimento.Estabelecem mudanças nas relaçõessociais e deixam à margem da sociedadeuma quantidade significativa de seres sociaisque, não podendo reproduzir os hábitos anteriores,nem podendo assimilar os hábitos novosna totalidade, se colocam entre duas alternativas:misturar o possível entre o velho queresta e o novo emergente, modificando a práticae deformando o caráter, ou resistir para nãodeixar-se excluir e assimilar o possívelconscientemente da evolução.Mas tornam-se cultura tambémos aspectos negativos em umasociedade desigual. Isso ocorrequando as pessoas aceitam as condiçõese reproduzem os interessesalheios sem reagir. Aceitam ver gentedesempregada, sem terra, analfabeta,faminta, prisõessuperlotadas, transporte ruim etc.como aspectos naturais de uma sociedade“desenvolvida”.As reações espontâneasnão resistem à dominação cultural,elas devem se propor a daridentidade aos gestos que simbolicamente setransformam em referência de resistência permanente.Nasce assim, a ideologia da resistênciacomo novo conteúdo da cultura que semanifesta no fazer acontecer possibilidades atéentão desapercebidas.Esta trajetória histórica e seus limites é quedemonstraremos na existência feita pelo MST eas possibilidades de mudanças que descobriu pelosimples fato de pensar e fazer diferente.Da cultura produzida para a produção da culturaO conhecimento sociológico e históricopode explicar as transformações econômicas esociais que ocorreram no campo brasileiro nosúltimos 50 anos, onde passamos, de sociedadeagrária, para sociedade urbana industrializada.Mas é o caipira que faz a cidade e fica fora dela.Esta transferência de cultura de um lugarpara outro nos deixa quatro elementos paraanalisar a desconstrução e os pilares da reconstruçãocultural.1ºIronia CaipiraO êxodo rural transferiu dentro de sacariasatadas com cordões de couro e cipós, embaús de madeira feitos á machadinha, a riquezacultural de alguns séculos de existência produzidaás margens das trilhas de terra que levavame traziam o progresso, mas os ventos daindustrialização e das invenções tecnológicas,25
26um dia sopraram os últimos ciscos humanospara os centros urbanos onde o capital engoliuo espaço e tudo ficou apertado. Ali a consciênciae a mística se misturam para dar forma aesta nova maneira de produzir a existência. Assimo caipira conta sua história de quando chegana cidade através da Música de Tião Carreiro“Cochilou o Cachimbo Cai”“Quando cheguei em São PauloDava pena dava dóMinha mala era um sacoO cadeado era um nó”2ºMudança de NaturezaEsta mudança de lugar social, e de separaçãodo ser de sua categoria de origem para formaruma nova categoria do dia para noite semespecialização, explica-se como sendo o desmanchede um modo de vida social, para no simplesdescarregar das mudanças, formar outro, commais luzes mas com menos claridade para iluminaros passos futuros. Muda o lugar social mudasea base da formação da consciência.3ºIncerteza e DúvidaOs que teimam ficar na agricultura, agarraram-seaos próprios suspiros. Pesarosos, olhandopara quem parte sem saber se estão certos em deixara roda da história seguir sem eles. Mesmo semterra para trabalhar, resistem. Alimentam a tradiçãode serem posseiros, meeiros, arrendatários oupeões de fazendas. Os filhos dos pequenos proprietáriossaem da adolescência, recebem o avisoque devem se quiserem casar e constituir uma família,procurar outro galho para fazerem o ninho,pois aquele no qual vivem com os pais, já nãoresiste a muito mais peso. O sentimento da resistênciaé o caminho para a reconstrução do serhumano, misturando consciência e mística paraproduzir um tempo novo.Ao mesmo tempo que alimentam a categoriaaprendem coisas novas, que vão fazendo mudançasno comportamento e na forma de pensar.Coisas boas que enraízam ainda mais a culturamas também coisas ruis que ficaram como cicatrizespara serem apagadas no futuro.4ºA construção da identidadeEsta condição de ser sem-terra se transformaem consciência, onde a mesma condição socialserve para dar nome a um Movimento em queseu desenvolvimento confere a mesma identidadeàs pessoas, mudando sua cultura, a consciênciae a mística tornando-se condição social. Por isso,mesmo conquistando a terra, os homens, as mulherese as crianças, ficaram marcadas por estesinal de ser Sem Terra.Na produção da existência com umanova consciência alimentada pela mística,aparece o processo da formação da nova cultura,o sem-terra (condição social) de ontem,se torna no Sem Terra (sujeito histórico) dehoje, conviveu e convive com três formaçõesculturais combinadas.a) A cultura impostaEnquanto categoria sem-terra vivendo noscampos e nas periferias das, ficando cada vez maisà margem da modernização tecnológica, anormatização da sociedade organizada e os preceitosmorais difundidos pelas religiões e pelamídia, são mediadoras em submeter a massadeserdada e desinformada dos próprios direitos,aos caprichos e interesses da classe dominanteque acumulou sem piedade a terra, a renda, a riqueza,o poder e os conhecimentos.Com isso, dia-a-dia as pessoas foram vendoseus conhecimentos históricos, hábitos de convivência,valores e costumes sendo arrancados daprópria consciência a golpes e a empurrões, e emseu lugar, plantados pela propaganda massiva,viram nascer o interesse pelo consumismo, a competição,o desrespeito pela vida e a aceitação passivada destruição da própria identidade.A ideologia dominante, na busca de escondera verdade, encarregou-se de justificar, atravésda mídia o mal estar e o abandono dos caipirasagora na cidade. Como uma árvore adultatransplantada, mantém-se abatida, murcha, massobrevive por algum tempo.A semelhança entre os hábitos, levam os jovensdo uso do cigarro ao consumo de drogas maisperversas. A linguagem ganha novos vocábulos ea ingenuidade caipira cede lugar à gíria. O modismocondiciona os interesses e ocupa o espaçoda consciência social com nomes, marcas, cores.
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