A músicacomo instrumento políticona formação da consciência nos movimentos sociaisMúsica, este é um tema que parece serfácil ou mesmo óbvio, afinal, em nosso dia-adiaconvivemos com música, e não temos muitadificuldade em saber do que se trata, ligamoso rádio para ouvir um pouco de músicaenquanto dirigimos, cantamos no chuveiro,dançamos ao som de música, nas rodas dechimarrão.As manifestações musicais são extremamentediversificadas, um grupo de rock, de rap,de pagode, um grupo de ciranda, de maracatu,de reisado, o coral da igreja, o canto na procissão,a roda de amigos que cantana mesa de bar, ao redor dafogueira, o violão na varanda dacasa, a música de viola caipira,são manifestações musicais diferenciadas,produções populares,ou da indústria cultural - todassão músicas. Mas suas características,conteúdos, Ideologias, sãopoliticamente diferentes.Nesse processo de formaçãode novos seres humanos, de sujeitosde uma nova história se temmuitos desafios travados na formaçãoda consciência do novo homemda nova mulher, que faz a luta pelosseus direitos, e que também buscaa sua dignidade, corre em busca deseus sonhos e de uma vida melhor,e mais humana.Esses seres humanos que travam uma lutade classes, ideológica, contra o modelo capitalistaimplantado, que faz do ser humano umamáquina para trabalhar a mando de alguns quese utilizam do estado para repreender, e atacaras organizações e aqueles que querem construirum mundo diferente, sem exclusão, commais dignidade.A músicanão deve serconsideradaalgo apenas parapreencher nossotempo, mas simpara divulgara nossa utopia,construir e passara mensageme a realidadeda classetrabalhadora.Uma das questões que é um desafio paraos movimentos e também para toda a sociedadeé a Música para ser usada como instrumento político,que forma os sujeitos. Uma música culturalmentereúne melodia, poesias, as coisas danossa gente, do nosso dia-a-dia, que representaas culturas do nosso povo.O capitalismo se apossou da música comoato de preencher um vazio que ele não conseguepreencher na vida dos seres humanos, casadocom isso vem as drogas, bebidas, cigarro,maconha, dizendo que isso é fazer festa e diversão.As músicas desculturadas, sem conteúdo,fazem com que os jovens ficam alienados acomprar roupas de marcas, ficam atrelados aempresas que só vendem marketing, acabam saindopor ai usando chapéu decowboy escutando cowtry americano,e dizendo que é música sertanejapopular.Nós devemos entender amúsica como parte fundamentalpara a nossa vida, pois contribui,e muito, na nossa formação.A música está vinculada inteiramenteno nosso dia-a-dia,pois dificilmente lemos um livro,mas escutamos cinco músicaspor dia. Essa música que escutamosquase sempre vem preencherum tempo que nos sobrapara descanso, neste momentoo capitalismo, a indústria musicalse aproveita para entrar nasnossas mentes através da música introduzindoa sua ideologia com valores do individualismo,da desvalorização da mulher e do homemtambém, em especial desprezando osCamponeses, e o seu modo de vida.No entanto a música não deve ser consideradaalgo apenas para preencher nosso tempo,mas sim para divulgar a nossa utopia, construir epassar a mensagem e a realidade da classe trabalhadora.Nesse ponto de vista finalizo esse trabalhoreafirmando a música como um forte instrumentopolítico-ideológico que deve ser mais bempotencializado em nossos movimentos sociais eorganizações populares.35
Violar é precisoNina FidelesA valorização da cultura caipirana construção de um projeto popular para o país 11Acentenária figueira, símbolo do SítioPau D´Alho, em Ribeirão Preto, interiorpaulista, serviu de inspiraçãohá quatro anos, quando abrigava mais umaroda de viola, para a idealização de um encontrode violeiros. Mas deveria ser um encontrodiferente. Um espaço onde violeiros evioleiras pudessem tocar e trocar experiênciase conhecimento, sem competição ou cachê.Não seria um festival, mas um encontro entreamigos e amigas, que se reconhecem na artede tocar viola e de levar adiante a cultura caipirabrasileira. Estava definido o formato doEncontro Nacional de Violeiros.No ano seguinte, em 2003, aconteceu a primeiraversão do encontro, com cerca de trintaapresentações em apenas um dia de festa. Em2004, na segunda edição, mais artistas. Um diafoi pouco para tantas apresentações, o que fez comque a organização optasse por dois dias de festana terceira edição, em 2005.Este ano, confirmando as expectativas,mais de 100 violeiros, violeiras, duplas, orquestrase grupos de folias de reis passaram pelopalco montado em frente à grande figueira.Apesar da chuva no primeiro dia, o IV EncontroNacional de Violeiros foi prestigiado porcerca de 15 mil pessoas, entre militantes doMST e apreciadores de boa música de todosos cantos do Brasil.ConstruçãoUma forma diferente de construção doEncontro dos Violeiros foi colocada em práticaeste ano. Militantes vindos de todas as regionaisdo MST no estado de São Paulo participaramde oficinas com o objetivo de contribuirem alguma área. A oficina de expressãocorporal preparou os participantes da místicade abertura, que contou com uma apresentaçãode dança e percussão, comandada pelosparticipantes da oficina de tambor. A ornamentaçãoficou por conta da oficina de bonecos,que construiu um modelo de São Francisco deAssis, homenageado na festa. Os instrumentosconstruídos pelos participantes da oficinade fabricação de viola ficaram expostos na galeriade arte, junto com os quadros de BlancoCastro, autor do desenho do cartaz do encontro.A oficina de comunicação ficou responsávelpela produção de fotos e vídeos, documentandoas oficinas e as apresentações.Apresentar as milhares de maneiras possíveisde lidar com a viola sempre foi uma preocupaçãoda organização do encontro. Cada violeirotem a sua mão e, claro, seu estilo. Tudo cabe naproposta do Encontro, desde as tradicionais duplas,passando por violeiros e violeiras solo, orquestrase grupos modernos. Toda esta diversidadeprova que existe cada vez mais gente tocandoviola no Brasil. E como nem só de viola vive acultura caipira, o Encontro abriu espaço para manifestaçõespopulares de música e dança, como aFolia de Reis e a Capina.Apresentada por um grupo de senhoresvindos de Jequitibá, em Minas Gerais, a Capinachamou a atenção do público por usar enxadasem sua dança e também pelo discursodo líder do grupo. Nelson Jacó afirmou que seugrupo é o último que ensaia e apresenta a dançaem sua região. Para ele, a dispersão das manifestaçõesculturais dos camponeses se dá peloavanço implacável do latifúndio, realidade emtodos os cantos do Brasil. “Se nós não dançarmos,ninguém mais dança”.TrincheiraPara Edvar Lavratti, da direção estadualdo Movimento em São Paulo, realizar o EncontroNacional de Violeiros em Ribeirão Preto étambém um posicionamento político. Capital doagronegócio, a cidade e arredores estão tomadospelas grandes propriedades monocultorasde cana-de-açúcar. A cidade é também rotade passagem do gênero conhecido comocountry, com suas roupas de cowboy e músi-3611Texto disponível em http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=2379
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