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Centenário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade

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Lélia Coelho FrotaQuan<strong>do</strong> conheci <strong>Carlos</strong> <strong>Drummond</strong> <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, em 1955, Mário já haviamorri<strong>do</strong> há <strong>de</strong>z anos. Mas foi tal o impacto da sua personalida<strong>de</strong> e da sua escritaem mim, que hoje posso dizer que to<strong>do</strong> o meu trabalho volta<strong>do</strong> para acultura popular, essa vertente tão cara ao Mário trezentos-e-cinqüenta, partiutambém <strong>de</strong>sse encontro. O apelo à ação sincera sobre o fazer em literatura, abusca <strong>de</strong> um senti<strong>do</strong> solidário para a construção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>stino, e a permanentediscussão <strong>do</strong> Brasil conti<strong>do</strong>s nas cartas <strong>de</strong> Mário eram tão fortes, que dápara enten<strong>de</strong>r perfeitamente por que tantas sucessivas gerações <strong>de</strong> jovens secorrespon<strong>de</strong>ram com ele em vida, numa troca <strong>de</strong> experiência assim <strong>de</strong>finidapelo próprio Mário a Fernan<strong>do</strong> Sabino, em 1943: “Você precisava <strong>de</strong> mim, <strong>de</strong>perguntar coisas pra saber. E eu precisava <strong>de</strong> você, pra respon<strong>de</strong>r, pra dar o resulta<strong>do</strong>da minha experiência, que é tão necessária como perguntar.”A partir <strong>de</strong> então, Mário foi para mim um companheiro <strong>de</strong> letras <strong>de</strong>finitivo.E nesse final <strong>de</strong> minha a<strong>do</strong>lescência, tive um <strong>de</strong>sejo tão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever-lhetambém que acabei por fazer isso através <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> Morse poético,neste texto que tomo a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler, e que saiu publica<strong>do</strong> no meu livro Ala<strong>do</strong>sidílios, <strong>de</strong> 1958, que tem a coragem a<strong>do</strong>lescente <strong>de</strong> colocar um advérbio logono seu primeiro verso: Relação <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Amigo, postumamente,Procuro Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>.É <strong>de</strong>le, só <strong>de</strong>le a horaEm que ninguém surpreen<strong>de</strong>A muita amiza<strong>de</strong> esparsaQue se extingue inexploradaPelas aléias da praça.Seria inquieta, mas firmeSua comprida presença86

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