12.07.2015 Views

Centenário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade

Centenário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade

Centenário do nascimento de Carlos Drummond de Andrade

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Affonso Romano <strong>de</strong> Sant’Annaexcluída, solitária <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vai se circunscreven<strong>do</strong>. Por isso num <strong>do</strong>s primeirospoemas ele <strong>de</strong>screve a chegada <strong>do</strong> poeta na cida<strong>de</strong>, o poeta chega receben<strong>do</strong>homenagem na estação, etc. Depois o poeta vai para casa e fica no seu “quarto”,triste e “melancólico”, o quarto como refúgio. E aí se po<strong>de</strong> estudar muitoaquilo que Bachelard diz sobre a questão da metafísica <strong>do</strong> espaço. Como o serpoético vai lidan<strong>do</strong> com essa questão metafísica espacial e ontológica, através<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> cenários.Pois bem, esses três elementos, o morfológico, o cromático e o espacial, sãoos fundamentos <strong>de</strong> uma interpretação que é autenticamente estrutural. Então,retoman<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s fios construtores <strong>de</strong> nossa análise, consi<strong>de</strong>remos <strong>de</strong> novoque nós temos, na verda<strong>de</strong>, um poeta que está construin<strong>do</strong> uma obra como sefosse uma peça <strong>de</strong> teatro.Esse personagem que se articula nesses três atos que eu nomeava <strong>de</strong> “Eumaior”, “Eu menor”, “Eu igual ao mun<strong>do</strong>”, esse personagem é tão rico quese utiliza <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> recursos que são máscaras, confirman<strong>do</strong> os atributosdramáticos <strong>de</strong>ssa poesia líricaE que máscaras são essas?São inúmeras. O Fernan<strong>do</strong> Py, que é um <strong>do</strong>s maiores estudiosos da bibliografia<strong>de</strong> <strong>Drummond</strong>, já localizou mais <strong>de</strong> setenta pseudônimos <strong>de</strong><strong>Drummond</strong>. Daqui a pouco Fernan<strong>do</strong> Pessoa vai passar a aprendiz <strong>de</strong> disfarcesperto <strong>de</strong> <strong>Drummond</strong>. E esses pseudônimos não eram gratuitos, poisele, aliás, gostava <strong>de</strong> estudar essa questão. Tinha anotações e pesquisas feitassobre pseudônimos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s brasileiras. Cheguei a vê-las numarquivo que foi parar na Biblioteca Nacional, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrimos essematerial joga<strong>do</strong> entre outras peças nos <strong>de</strong>stroços que nos chegaram <strong>do</strong> antigoInstituto Nacional <strong>do</strong> Livro.E eu me lembro que quan<strong>do</strong> comecei a pesquisar a obra <strong>de</strong>le, lá pelos anos57/58 (e aqui ninguém <strong>de</strong>ssa audiência tinha ainda nasci<strong>do</strong>), lá no Diário <strong>de</strong>Minas, fui len<strong>do</strong> umas coisas que apareciam, imaginem, num pequeno espaçochama<strong>do</strong> <strong>de</strong> “crônica social”. A crônica social naquele tempo era um espaçono jornal on<strong>de</strong> apareciam poemas, aviso <strong>de</strong> aniversário <strong>de</strong> pessoas. Aparecia lá114

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!