O petróleoé delesVocê não acha errado?Diário Popular, 20/01/00Você vê todos os dias, nos jornais e na TV, manchetes sobre associaçõesentre gigantescas multinacionais, que se juntam ou se fund<strong>em</strong><strong>em</strong> uma única <strong>em</strong>presa, que vira “uma das maiores do mundono setor”, ou “uma gigante de tantos e tantos bilhões de dólares”,certo? Trata-se de uma tendência mundial, diz<strong>em</strong> os analistas. Coma globalização, com a informática, os negócios hoje são feitos <strong>em</strong>todas as partes do mundo, exigindo <strong>em</strong>presas também gigantescaspara vencer a concorrência, explicam os mesmos analistas.Nenhum setor t<strong>em</strong> escapado dessas fusões ou associações. Comovocê t<strong>em</strong> visto, elas são anunciadas, todos os dias, juntando ban-Aloysio Biondi 32
cos, laboratórios farmacêuticos, <strong>em</strong>presas de informática, telefônicas— ou companhias petrolíferas. A tendência mundial é, portanto,a formação de <strong>em</strong>presas gigantescas.No <strong>Brasil</strong>, o próprio governo FHC t<strong>em</strong> permitido que multinacionaiscompr<strong>em</strong> bancos e <strong>em</strong>presas brasileiras exatamente comesse argumento: é o caminho para enfrentar a concorrência mundial.Por isso mesmo, o que você acha da notícia de que o governoFHC vai forçar a Petrobrás a vender suas refinarias, gasodutos eoleodutos, b<strong>em</strong> como seus postos de gasolina, a grupos privados,isto é, às multinacionais? Ou melhor, o que você acha da desculpaque o governo FHC está usando para esse “desmonte” da Petrobrás?Qual é a desculpa? Por incrível que pareça, o presidente da AgênciaNacional de Petróleo, o genro de FHC, David Zylbersztajn, dizque a “Petrobrás é grande d<strong>em</strong>ais”, precisa abrir mão de uma partede seus negócios.Você não acha que isso é uma contradição total com o que estáocorrendo no resto do mundo, ou, como visto, também no <strong>Brasil</strong>?Por que o governo faz isso, tenta “reduzir” a Petrobrás, uma<strong>em</strong>presa que se tornou gigantesca graças a bilhões e bilhões dereais de investimentos realizados com o dinheiro dos trabalhadores,da classe média, dos <strong>em</strong>presários e dos agricultores brasileiros?Preste atenção, muita atenção: esqueça se você simpatiza ou nãocom as <strong>em</strong>presas estatais, se você simpatiza ou não com aPetrobrás. O que está sendo, mais uma vez, dado de presente agrupos estrangeiros é o dinheiro, seu e de 160 milhões de brasileiros,é o patrimônio, seu e de 160 milhões de brasileiros, é umaverdadeira mina de ouro que pertence a você e a 160 milhões debrasileiros — e que a Petrobrás apenas administra.O senhor Zylbersztajn diz que é preciso “reduzir o monopólioda Petrobrás”, criar concorrência. Diante da tendência mundialde gigantismo, o argumento é uma grande mentira. Mas, alémdisso, o mercado brasileiro está aberto para as multinacionais ougrupos brasileiros explorar<strong>em</strong> o petróleo, <strong>em</strong> todas as etapas. Elesque des<strong>em</strong>bols<strong>em</strong> bilhões para construir refinarias, oleodutos,gasodutos, ou descobrir petróleo.33O <strong>Brasil</strong> privatizado <strong>II</strong>
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Aloysio BiondiJornalista econômico