do presidente Fernando Henrique Cardoso, o senhor David Zylbersztajn.Primeiro, houve os leilões para “venda” de áreas petrolíferasdescobertas pela Petrobrás, realizados no ano passado, ecom novos leilões marcados para estes primeiros meses do ano.Recent<strong>em</strong>ente, Zylbersztajn anunciou a venda de refinarias,oleodutos, gasodutos, postos de gasolina da Petrobrás – sob osargumentos mais cretinos do mundo.A esta altura, porém, o clima de apatia <strong>em</strong> relação às privatizaçõessofreu substancial modificação, pela série de motivos quetodos conhec<strong>em</strong>: desde os bloqueios nas rodovias à época das chuvasdo começo do ano, à crise militar provocada pela tentativa detransferir o controle da indústria de aviões Embraer, estatalprivatizada, para grupos franceses.Diante dessa “virada”, nada melhor do que um fato de impactopara desmoralizar a Petrobrás, jogar a sociedade contra ela,mostrá-la incompetente, indiferente à população. Algo parecidocom o atentado do Riocentro, que a extr<strong>em</strong>a direita planejou parainculpar as esquerdas e dificultar os planos de red<strong>em</strong>ocratizaçãodo país. As circunstâncias que cercam o vazamento de petróleomostram a necessidade de uma investigação independente, a cargodo Ministério Público. Eis os principais “mistérios” a elucidar:• Pressão – O bombeamento começou à 1 hora da madrugada. Como “rombo” no oleoduto, a quase totalidade do petróleo começou aser despejada no mar. Logicamente, a pressão que o petróleo, fluindo,exerce sobre as tubulações (como a água no encanamento deuma casa) caiu, no trecho situado do rombo <strong>em</strong> diante. A alta direçãoda Petrobrás diz que a queda de pressão não foi detectada, porum defeito do programa do computador, dando a impressão deque esse sist<strong>em</strong>a é altamente refinado, moderno. Ora, sist<strong>em</strong>as paramedir e controlar a pressão exist<strong>em</strong> há séculos. Até as locomotivasMaria Fumaça tinham, obviamente, pequenos aparelhinhos,“reloginhos”, para mostrar o nível da pressão nas caldeiras de vapor,para evitar explosões... Os dispositivos de controle de pressãoexist<strong>em</strong> tanto no ponto de partida do oleoduto como no ponto dechegada, junto aos tanques de armazenamento. Pergunta: os doissist<strong>em</strong>as, nas duas pontas, falharam?Aloysio Biondi 48
• Combustível – Para o motorista saber se o tanque de seu veículoestá cheio ou precisa ser reabastecido, qualquer automóvel,caminhão, trator dispõe, desde priscas eras, do marcador do nívelde combustível. Óbvio que tanques gigantescos para armazenag<strong>em</strong>de combustível, como os da Petrobrás, igualmente dispõ<strong>em</strong>desses marcadores, para possibilitar o controle do nível armazenado– e para detectar vazamentos eventuais. Não funcionaram,também?• D<strong>em</strong>ora – Diz a direção da Petrobrás que um técnico “desconfiou”de algo errado por volta das 3 horas da madrugada. Mas obombeamento, segundo ela própria, prosseguiu até as 5h30min.É nesse ponto, exatamente, que se reforça a suspeição de que tudofoi feito para ampliar ao máximo possível os estragos devastadoresdo vazamento, garantindo assim sua presença durante dias edias nas manchetes dos jornais e, principalmente, na televisão,para desmoralização total da Petrobrás. Além de prolongar o vazamento,a alta direção da Petrobrás retardou s<strong>em</strong>pre todas equaisquer medidas corretivas.• Mutirão – Até prédios com grande movimentação de pessoas,hoje, têm “brigadas contra incêndio”, planos de <strong>em</strong>ergência parasinistros. Empresas como a Petrobrás, que lidam com materialcombustível e explosivo, obviamente s<strong>em</strong>pre tiveram um e outro.Além da refinaria, a Petrobrás t<strong>em</strong> oleodutos, gasodutos,campos de poços de petróleo no estado do Rio. T<strong>em</strong> equipes desegurança, “brigadas”, nesses locais. Por que, ao tomar conhecimentodo desastre – às 5h30min o bombeamento foi suspenso –,todo esse pessoal não foi mobilizado, para reduzir os efeitos doacidente?• Enganação – Aqui é preciso ressaltar que a direção da Petrobrásinduziu os meios de comunicação a aceitar<strong>em</strong> uma explicação falsapara o probl<strong>em</strong>a e que, mais uma vez, desmoraliza a <strong>em</strong>presa.Na versão oficial, tudo aconteceu porque ela “não t<strong>em</strong> uma políticapara o meio ambiente”. Que fosse. Mas esse é um argumentos<strong>em</strong>-vergonha: o que evita desastres é a política de segurança da<strong>em</strong>presa. E, essa, a Petrobrás s<strong>em</strong>pre foi forçada a ter. Por que elanão foi posta <strong>em</strong> prática?49O <strong>Brasil</strong> privatizado <strong>II</strong>
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