12.07.2015 Views

Livro de actas - Geopark Naturtejo

Livro de actas - Geopark Naturtejo

Livro de actas - Geopark Naturtejo

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Como contraponto a esta realida<strong>de</strong>, temos os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos na região <strong>de</strong> Moncorvo pelo Dr.José <strong>de</strong> Almeida Rebelo que, durante as décadas <strong>de</strong> 70 e 80 do século XX, amostrou e registou pormenorizadamentevárias <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> jazidas fossilíferas localizadas em materiais ordovícicos. Alguns dosfósseis então obtidos foram pela primeira vez dados à estampa por Rebelo e Romano (1986), tendo atotalida<strong>de</strong> do espólio então obtido sido revista por Gutiérrez-Marco et al. (1995). Estes trabalhos constituíramum verda<strong>de</strong>iro "levantar <strong>de</strong> véu" sobre as potencialida<strong>de</strong>s paleontológicas <strong>de</strong>stes materiais, aoconfirmarem a existência nestas litologias <strong>de</strong> um número significativo <strong>de</strong> táxones, alguns <strong>de</strong>les comimportância bioestratigráfica. Perante esta certeza, <strong>de</strong>finiu-se e realizou-se uma intensa campanha paleontológicadurante o triénio 2000-2003. Esta teve como alvo os afloramentos ordovícicos trasmontanosda Zona Centro-Ibérica e culminou na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> 156 jazidas fossilíferas, on<strong>de</strong> se obtiveram 82 táxonesdistintos <strong>de</strong> invertebrados, incluindo 7 espécies novas, quantificados pelos seguintes filos: Cnidaria,1; Bryozoa, 2; Brachiopoda, 16; Mollusca, 17; Arthropoda, 22; Echino<strong>de</strong>rmata, 19; Hemichordata, 5.A estes há que acrescentar 32 icnotáxones, repartidos por pistas e marcas <strong>de</strong> bioturbação, estruturas bioerosivase vestígios fecais (Sá, em impressão).3. A REALIDADE EMERGENTEDo conjunto dos dados litológicos e bioestratigráficos recentemente obtidos, em contraponto com o conhecimentolitoestratigráfico prévio, ressaltava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> unificar a litoestratigrafia do Ordovícicoda região NE <strong>de</strong> Portugal, o que implicaria a revisão <strong>de</strong> uma enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominações informaise operativas existentes na região, <strong>de</strong> acordo com as directrizes expressas no Guia EstratigráficoInternacional. Neste sentido, foi criado um novo esquema litoestratigráfico para a região (Fig. 3), que contemplaa <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> 19 unida<strong>de</strong>s, discriminadas em 1 grupo, 8 formações, 7 membros e 3 camadas (Sá,em impressão). Neste esquema <strong>de</strong>staca-se a <strong>de</strong>scoberta e a revisão <strong>de</strong> diversos materiais do OrdovícicoSuperior, até há pouco tempo quase inéditos, assim como a <strong>de</strong>scoberta e caracterização <strong>de</strong> várias lacunasestratigráficas <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>s até agora <strong>de</strong>sconhecidas. Uma primeira abordagem a esta problemáticafoi apresentada por Sá et al. (2003), tendo algumas das dúvidas então existentes sido esclarecidas comnovos dados <strong>de</strong> campo entretanto obtidos. A nova base litoestratigráfica clássica permitirá no futuro outrosestudos <strong>de</strong> natureza aloestratigráfica, assim como o estabelecimento <strong>de</strong> correlações precisas com asbacias ordovícicas do âmbito paleogeográfico Norte-Gondwânico.Do ponto <strong>de</strong> vista bioestratigráfico, os materiais do Ordovícico Inferior integram-se genericamente naicnofácies <strong>de</strong> Skolithos, embora no caso particular da Formação Marão também se alternem níveis pertencentesà icnofácies <strong>de</strong> Cruziana. Os restos fósseis <strong>de</strong> invertebrados, com aparição mais ou menosesporádica, integram-se numa biofácies muito especial <strong>de</strong> obolí<strong>de</strong>os gigantes (Coke e Gutiérrez-Marco,2001). No respeitante ao cortejo sedimentar do Ordovícico Médio, foi obtido um amplo registo fóssil,enquadrado nas biozonas <strong>de</strong> graptólitos Didymograptus (Jenkinsograptus) spinulosus – Didymograptus(D.) artus (Oretaniano inferior), nas biozonas <strong>de</strong> trilobites Placoparia (P.) cambriensis (Arenigiano superior– Oretaniano inferior) e Placoparia (Coplacoparia) tournemini (sub-biozona Morgatia hupei:Dobrotivano inferior), e nas biozonas <strong>de</strong> braquiópo<strong>de</strong>s "Orthis" noctilio (Oretaniano inferior) eCrozonorthis musculosa (Dobrotiviano inferior). Por último, os materiais fossilíferos do OrdovícicoSuperior constituem uma associação representativa da "Fauna baixa <strong>de</strong> Heliocrinites", <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> Berounianomédio, e uma outra associação provavelmente pertencente à "Fauna alta <strong>de</strong> Heliocrinites", <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>Kralodvoriano.A sedimentação ordovícica culmina em litologias <strong>de</strong> carácter glaciomarinho e costeiro (Fig. 3), e emboraaté ao momento não se tenham obtido fósseis nestas unida<strong>de</strong>s, a sua natureza peculiar permite uma boacorrelação <strong>de</strong> eventos com os ciclos aloestratigráficos complexos relacionados com a glaciação hirnantianacentrada no NW <strong>de</strong> África.19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!