12.07.2015 Views

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Esses resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, apesar de terem si<strong>do</strong> pobremente divulga<strong><strong>do</strong>s</strong> surpreenderam a comuni<strong>da</strong>dearqueológica brasileira, inclusive à equipe de pesquisa a qual Simões estava liga<strong>do</strong>, particularmenteEvans e Meggers. A <strong>partir</strong> desses resulta<strong><strong>do</strong>s</strong>, Simões caracterizou esses grupos humanos comopopulações sambaquieiras coletoras-pesca<strong>do</strong>ras-ceramistas, produtoras de uma cerâmica antiga,de ampla distribuição areal e persistência temporal (SIMÕES, 1978, 1981), cuja subsistência baseavaseprincipalmente em recursos <strong>do</strong> mar, com uma economia típica de coletores e pesca<strong>do</strong>res, nãoexcluin<strong>do</strong> a possível coleta de frutos, sementes e raízes como suplemento alimentar.De uma perspectiva temporal, a produção <strong>da</strong> cerâmica na costa paraense ficou situa<strong>da</strong> entre o 4° e o2° milênios antes de Cristo, o que favoreceu o reconhecimento de uma fase arqueológica, denomina<strong>da</strong>Mina. As semelhanças nos padrões de assentamento, subsistência e características <strong>da</strong> cerâmica,levaram Simões a postular (1971, 1978) a existência de uma Tradição Regional Ceramista para umafaixa litorânea ain<strong>da</strong> maior, compreenden<strong>do</strong> outros países <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul e Esta<strong><strong>do</strong>s</strong> vizinhos <strong>do</strong>Pará, como o Maranhão e a distante Bahia.A Tradição Regional Ceramista Mina englobou as fases cerâmicas <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>sambaquis</strong> litorâneos paraenses,e Castália <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>sambaquis</strong> fluviais <strong>do</strong> baixo Amazonas, relacionan<strong>do</strong>-se ain<strong>da</strong> com a Fase Alaka <strong>da</strong>Guiana e com os <strong>sambaquis</strong> <strong>da</strong> Ilha de São Luís e <strong>do</strong> Recôncavo Baiano. Desta forma, essa tradiçãopoderia representar “o segmento nordeste <strong>da</strong> ocupação <strong>do</strong> litoral sul-americano, entre os 6° e 4° milêniosantes <strong>do</strong> presente, por grupos ceramistas a<strong>da</strong>pta<strong><strong>do</strong>s</strong> aos recursos <strong>do</strong> mar” (SIMÕES, 1981:1).Apesar <strong>da</strong> limitação <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>da</strong><strong><strong>do</strong>s</strong> arqueológicos em outros sítios caracteriza<strong><strong>do</strong>s</strong> como Mina, Simõessugeriu que a origem dessa tradição ceramista poderia residir em qualquer parte <strong>do</strong> continenteamericano, excluin<strong>do</strong> as hipóteses de contato transatlântico ou invenção independente. Basea<strong>do</strong>no conceito de Formativo Colonial de James Ford (1969) 10 , ele inferiu que algumas semelhançasnas cerâmicas de <strong>sambaquis</strong> norte-americanos, com as de Puerto Hormiga (Colômbia), Valdíviae Machalilla (litoral <strong>do</strong> Equa<strong>do</strong>r) e a fase Alaka (litoral <strong>da</strong> Guiana) e a Tradição Regional Minapoderiam ter alguma correlação.Neste senti<strong>do</strong>, esse arqueólogo afirmou que a Fase Alaka poderia representar um elo intermediárioentre os tipos cerâmicos <strong><strong>do</strong>s</strong> litorais colombiano e brasileiro, com a cerâmica Mina originan<strong>do</strong>-senas costas equatorianas e colombianas e difundin<strong>do</strong>-se posteriormente para o sul, até o litoralnordeste <strong>do</strong> Brasil (SIMÕES, 1981).PRINCIPAIS REFERÊNCIAS SOBRE A CERÂMICA MINA NA LITERATURA ARQUEOLÓGICAEm sua tese de <strong>do</strong>utoramento, An ecological model of the spread of pottery and agriculture into EasternSouth America (1984), José Proenza Brocha<strong>do</strong> utilizou os <strong>da</strong><strong><strong>do</strong>s</strong> de Simões para construir seu modelode difusão e dispersão de traços cerâmicos por várias partes <strong>do</strong> território brasileiro.O leque de traços característicos diretos e indiretos <strong>da</strong> Tradição Regional Ceramista Mina, segun<strong>do</strong>Brocah<strong>do</strong> (1984), expandiu-se e muitas tradições ceramistas subseqüentes terão seu foco de origemassocia<strong>do</strong> a esse tipo cerâmico. Um exemplo disso é a tentativa de Brocha<strong>do</strong> (1984) em demonstrarque a tradição que ele denomina de Pedra <strong>do</strong> Caboclo é diretamente deriva<strong>da</strong> de um foco dedesenvolvimento cerâmico, de forma globular extremamente simples, localiza<strong>do</strong> na desembocadura<strong>do</strong> sistema fluvial amazônico, provavelmente relaciona<strong>da</strong> à Mina.FUMDHAMentos VII - Arkley Marques Bandeira 443

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!