12.07.2015 Views

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

O povoamento da América visto a partir dos sambaquis do Litoral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Na sua problemática de trabalho, Brocha<strong>do</strong> se valeu <strong>da</strong>s cronologias para a Amazônia, até entãodisponíveis, e construiu juntamente com seu orienta<strong>do</strong>r Donald Lathrap 11 , uma hipótese de que to<strong>da</strong>sas cerâmicas <strong>da</strong>s Terras Baixas <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul seriam oriun<strong>da</strong>s de uma única tradição ceramista,extremamente simples. As <strong>da</strong>tas iniciais anteriores a 3.000 a. C. para a Mina, postulam a existência deuma cerâmica ain<strong>da</strong> mais antiga e mais simples, em torno de 5.000 a.C., a ser localiza<strong>da</strong> nosemaranhan<strong>do</strong> cursos fluviais <strong>da</strong> América <strong>do</strong> Sul, provavelmente na Amazônia Central.Contu<strong>do</strong>, a descrição de formas simples e de decoração incipiente para essa cerâmica antiganão corresponderam aos primeiros complexos cerâmicos estu<strong>da</strong><strong><strong>do</strong>s</strong>, <strong>visto</strong> que Brocha<strong>do</strong> (1984:306) afirma que essas cerâmicas são mais sofistica<strong>da</strong>s em sua construção e decoração <strong>do</strong> quenós deveríamos esperar para uma cerâmica simples. Mesmo porque <strong>da</strong><strong><strong>do</strong>s</strong> recentes, como veremosmais adiante, atestam a localização de um complexo cerâmico mais antigo, não na AmazôniaCentral, mas sim no Baixo Amazonas.Além disso, Brocha<strong>do</strong> (1984: 92) tenta indicar que a cerâmica Periperi (Recôncavo Baiano), poucodescrita por Simões, é a mesma <strong>da</strong> tradição Mina, numa continuação mais tardia e que aparentementemoveu-se para o centro <strong>da</strong> costa brasileira. Acreditan<strong>do</strong> nesse raciocínio, aquele pesquisa<strong>do</strong>r descreveuuma primeira vaga de difusão, através de intrusões de uni<strong>da</strong>des de traços <strong>da</strong> cerâmica amazônicaMina para dentro <strong>do</strong> Nordeste, ao re<strong>do</strong>r de 700-1.000 a.C., denomina<strong>da</strong> por ele de Pedra <strong>do</strong> Caboclo.Dessa forma, a cerâmica Pedra <strong>do</strong> Caboclo seria fruto <strong>da</strong> última fase <strong>da</strong> tradição Mina, que em adiçãoàs formas simples típicas <strong><strong>do</strong>s</strong> vasos Mina, encontravam-se também grandes vasos com bor<strong>da</strong>sreforça<strong>da</strong>s externamente, potes globulares com bor<strong>da</strong> inverti<strong>da</strong> fortemente e com boca aperta<strong>da</strong>, comotambém grelhas e to<strong><strong>do</strong>s</strong> os vasos apresentan<strong>do</strong>, em geral, base plana (BROCHADO, 1984: 92).A existência <strong>da</strong> cerâmica Mina para Brocha<strong>do</strong> (1984: 201) parecia indicar um tipo de a<strong>da</strong>ptaçãomarítima relaciona<strong>da</strong> aos manguezais e ten<strong>do</strong> como ativi<strong>da</strong>de pre<strong>do</strong>minante a coleta de moluscos efrutos de palmeiras, que derivaram <strong>do</strong> mesmo tipo de a<strong>da</strong>ptação encontra<strong>da</strong> até 4.000 a.C. próxima àfoz <strong>do</strong> Amazonas e na Tradição Mina <strong>do</strong> Maranhão, que se difundiram pelas praias costeiras <strong>do</strong> nordesteem direção à Bahia. Entretanto, poucos sítios arqueológicos relaciona<strong><strong>do</strong>s</strong> aos povos pertencentes aessa tradição cerâmica foram encontra<strong><strong>do</strong>s</strong> até o momento na área geográfica sugeri<strong>da</strong>.Maria Cristina Scatamachia, em seu artigo O aparecimento <strong>da</strong> cerâmica como indica<strong>do</strong>r demu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong> padrão de subsistência (1991:33) avalia que a presença de cerâmica em sítios típicosde grupos pesca<strong>do</strong>res-coletores, a exemplo <strong><strong>do</strong>s</strong> <strong>sambaquis</strong> <strong>do</strong> litoral paraense e maranhense,pode indicar uma etapa transitória entre a coleta e a produção.Seu argumento é de que como as mu<strong>da</strong>nças no padrão de subsistência não se dão de formabrusca e nem linear, algumas etapas intermediárias experimentais devem ter aconteci<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong>que o mo<strong>do</strong> de vi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s populações pesca<strong>do</strong>ras-coletoras-ceramistas <strong>do</strong> Salga<strong>do</strong> poderia terrepresenta<strong>do</strong> uma dessas etapas (SCATAMACHIA, 1991: 37).Com base nessa assertiva, essa pesquisa<strong>do</strong>ra conclama que apesar de não possuirmos muitasevidências arqueológicas para uma análise em maior profundi<strong>da</strong>de entre a ocorrência de cerâmicaem <strong>sambaquis</strong> <strong>do</strong> litoral setentrional brasileiro com outros complexos com <strong>da</strong>tações aproxima<strong>da</strong>s naAmérica <strong>do</strong> Sul, correlações entre esses tipos deverão ser pensa<strong>da</strong>s em conjunto, como parte de umprocesso de mu<strong>da</strong>nça. Pois a localização <strong><strong>do</strong>s</strong> sítios com cerâmica Mina ao longo <strong>do</strong> litoral, onde osFUMDHAMentos VII - Arkley Marques Bandeira 444

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!