Polissemia e produtividade lexical do prefixo des-: as ... - Celsul.org.br
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difere da sufixal por não provocar a alteração da cl<strong>as</strong>se gramatical da palavra com quese coliga, m<strong>as</strong> por promover uma alteração semântica considerável so<strong>br</strong>e o significa<strong>do</strong>original daquela palavra.Coutinho (1976) explica que o <strong>prefixo</strong> <strong>des</strong>- é um morfema de origem latina(de+ex ou de dis), usa<strong>do</strong> freqüentemente para exprimir a idéia de separação,af<strong>as</strong>tamento, ablação (ato de tirar por força), ação contrária, de cima para baixo,intensidade e reforço. Tanta multiplicidade de senti<strong>do</strong>s, embora à primeira vista pareçauma relação exaustiva e consagrada, está no centro de questionamentos e longe de um<strong>as</strong>olução definitiva.Não constitui novidade para os estudiosos da língua o fato de <strong>as</strong> palavr<strong>as</strong> oumesmo os morfem<strong>as</strong> admitirem senti<strong>do</strong>s diversos. Com o <strong>prefixo</strong> <strong>des</strong>- esse fenômenoaparece muito acentua<strong>do</strong>. N<strong>as</strong> língu<strong>as</strong>, a multiplicidade de senti<strong>do</strong>s provoca osurgimento de <strong>do</strong>is tipos principais de ambigüidade <strong>lexical</strong>: a polissemia e a homonímia.São muit<strong>as</strong> <strong>as</strong> definições encontrad<strong>as</strong> na literatura para estabelecer a diferençaentre a polissemia e a homonímia. Para Tamba Mècz (2006), a polissemia é amultiplicação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s de uma mesma palavra com um mesmo significante aplica<strong>do</strong>a significa<strong>do</strong>s aparenta<strong>do</strong>s. Já a homonímia consiste em significantes idênticos, cujossignifica<strong>do</strong>s não guardam entre si qualquer relação semântica de proximidade.Tradicionalmente, os homônimos são palavr<strong>as</strong> diferentes (i.e. lexem<strong>as</strong>) com uma formaigual, enquanto a polissemia se caracteriza pela existência de muitos senti<strong>do</strong>s liga<strong>do</strong>sentre si por um significa<strong>do</strong> básico e central. Embora sejam muitos os critérios propostospara diferenciar a homonímia da polissemia, ainda não existe aquele considera<strong>do</strong>consistente e definitivo. Lyons (1987), por exemplo, coloca em dúvida o critérioetimológico. Para ele, é muito difícil saber em que momento histórico uma palavratenha <strong>as</strong>sumi<strong>do</strong> esse ou aquele novo significa<strong>do</strong>. Vári<strong>as</strong> tentativ<strong>as</strong> já foram feit<strong>as</strong> nessesenti<strong>do</strong>, m<strong>as</strong> os resulta<strong>do</strong>s e a veracidade <strong>do</strong>s fatos, por razões divers<strong>as</strong>, tornam-se nãoconfiáveis. O dinamismo com que <strong>as</strong> língu<strong>as</strong> evoluem e <strong>as</strong> diferentes situaçõescotidian<strong>as</strong> que se interpõem nesse percurso são os principais entraves para aconfirmação <strong>des</strong>ses resulta<strong>do</strong>s.Dubois (2004, p.326) também contribui para o esclarecimento entre homonímiae polissemia. De acor<strong>do</strong> com ele, “homônimo é a palavra que se pronuncia e/ou seescreve como outra, sem ter o mesmo senti<strong>do</strong> ou ainda, é a identidade fônica(homofonia) ou a identidade gráfica (homografia) de <strong>do</strong>is morfem<strong>as</strong> que não tem omesmo senti<strong>do</strong>, de um mo<strong>do</strong> geral”. No que tange à polissemia, Dubois (2004, p. 427) aconceitua como sen<strong>do</strong> a propriedade <strong>do</strong> signo lingüístico que possui vários senti<strong>do</strong>s.Entretanto, o autor <strong>as</strong>sume que a questão entre polissemia e homonímia é de difícilresolução ao afirma que se poderia buscar os critérios de distinção entre polissemia ehomonímia na Etimologia, todavia seria um recurso diacrônico e provavelmente nãofuncionaria.A polissemia, embora hoje estudada com maior atenção, nem sempre foi umfenômeno aprecia<strong>do</strong>. Ao longo da história, muitos a censuraram. O primeiro deles e,talvez o mais importante de to<strong>do</strong>s, foi Aristóteles (apud Ullmann, 1964). Para ele, <strong>as</strong>palavr<strong>as</strong> de significa<strong>do</strong> ambíguo serviam, so<strong>br</strong>etu<strong>do</strong>, para permitir ao sofista <strong>des</strong>orientaros seus ouvintes. Ullmann (1964) relata que os filósofos competiam uns com os outrosGT Lexicologia, Lexicografia e Terminologia4