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Capacitor de tântalo - DEMAR - USP

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – <strong>USP</strong>ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENAEletrônica e Instrumentação<strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> TântaloLorena2010Julio César Lourenço 08M003 6404001Christian Gauss 08M021 6403981


Introdução ao Tântalo:O tântalo foi <strong>de</strong>scoberto pelo químico sueco Ekberg no ano <strong>de</strong> 1802. Seu nome foi baseado na figuramitológica grega Tantalus em virtu<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s encontradas para dissolver o óxido dometal em ácidos. O pó <strong>de</strong> tantalo foi obtido pela primeira vez em 1824 por Berzelius pela redução dofluoreto <strong>de</strong> potássio e tântalo.O tântalo é um metal cinzento, pesado, dúctil, muito duro, resistente a corrosão por ácidos e um bomcondutor <strong>de</strong> calor e eletricida<strong>de</strong>. Em temperaturas abaixo <strong>de</strong> 150 °C o tântalo é quase completamenteimune ao ataque químico, mesmo pela agressiva água régia. Somente é atacado pelo ácido fluorídrico,ácido que contem o íon fluoreto ou mediante fusão alcalina. O elemento tem um ponto <strong>de</strong> fusão apenasmenor que o do tungstênio e o rênio. O tântalo tem a maior capacitância por volume entre todas assubstâncias. Assemelha-se ao nióbio, po<strong>de</strong>ndo ser encontrados nos minerais columbita-tantalita. Alcançao estado <strong>de</strong> oxidação máximo do grupo: +5.O principal uso do tântalo é como óxido , um material dielétrico, para a produção <strong>de</strong> componenteseletrônicos, principalmente capacitores, que são muito pequenos em relação a sua capacida<strong>de</strong>. Por causa<strong>de</strong>sta vantagem do tamanho e do peso, os principais usos para os capacitores <strong>de</strong> tântalo incluem telefones,pagers, computadores pessoais, e eletrônicos automotivosO tântalo também é usado para produzir uma série <strong>de</strong> ligas que possuem altos pontos <strong>de</strong> fusão, altaresistência e boa ductilida<strong>de</strong>. O tântalo <strong>de</strong> carbono , um tipo <strong>de</strong> carbeto muito duro, é usado para produzirferramentas <strong>de</strong> cortes, fura<strong>de</strong>iras e máquinas trefiladoras. O tântalo em superligas, é usado para produzircomponentes <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> jatos, equipamentos para processos químicos, peças <strong>de</strong> mísseis e reatoresnucleares. Filamentos <strong>de</strong> tântalo são usados para a evaporação <strong>de</strong> outros metais como o alumínio.Por ser não-irritante e totalmente imune à ação dos fluidos corporais, é usado extensivamente paraproduzir equipamentos e implantes cirúrgicos em medicina e odontologia. O óxido <strong>de</strong> tântalo é usado paraelevar o índice <strong>de</strong> refração <strong>de</strong> vidros especiais para lentes <strong>de</strong> câmera. O metal também é usado paraproduzir peças eletrolíticas <strong>de</strong> fornalhas <strong>de</strong> vácuo.


Introdução ao capacitor:O capacitor é um componente constituído por dois condutores separados por um isolante: os condutoressão chamados armaduras (ou placas) do capacitor e o isolante é o dielétrico do capacitor. Costuma-se darnome a esses aparelhos <strong>de</strong> acordo com a forma <strong>de</strong> suas armaduras. Assim temos capacitor plano (Fig-1),capacitor cilíndrico (Fig-2), capacitor esférico etc. O dielétrico po<strong>de</strong> ser um isolante qualquer como ovidro, a parafina, o papel e muitas vezes é o próprio ar. Nos diagramas <strong>de</strong> circuitos elétricos o capacitor érepresentado da maneira mostrada na Fig-3.Um capacitor apresenta uma característica elétrica dominante que é simples, elementar. Apresenta umaproporcionalida<strong>de</strong> entre corrente entre seus terminais e a variação da diferença <strong>de</strong> potencial elétrico nosterminais. Ou seja, possui uma característica elétrica dominante com a natureza <strong>de</strong> uma capacitância. Umcapacitor é fundamentalmente um armazenador <strong>de</strong> energia sob a forma <strong>de</strong> um campo eletrostático.A capacitância <strong>de</strong> um capacitor, é uma constante característica do componente, assim, ela vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>certos fatores próprios do capacitor. A área das armaduras, por exemplo, influi na capacitância, que étanto maior quanto maior for o valor <strong>de</strong>sta área. Em outras palavras, a capacitância C é proporcional àárea A <strong>de</strong> cada armadura, ou seja: C∝A.A espessura do dielétrico é um outro fator que influi na capacitância. Verifica-se que quanto menor for adistância d entre as armaduras maior será a capacitância C do componente, isto é: C∝1/d.Este fato também é utilizado nos capacitores mo<strong>de</strong>rnos, nos quais se usam dielétricos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>isolamento, com espessura bastante reduzida, <strong>de</strong> modo a obter gran<strong>de</strong> capacitância.


A capacitância <strong>de</strong> um capacitor é dada pela equação:C = ke 0 . A/dOn<strong>de</strong>: C: Capacitância ke 0 : Constante dielétrica d: Distância entre as superfícies condutoras A: Área dos condutores.<strong>Capacitor</strong>es são utilizados com o fim <strong>de</strong> eliminar sinais in<strong>de</strong>sejados, oferecendo um caminho mais fácilpelo qual a energia associada a esses sinais espúrios po<strong>de</strong> ser escoada, impedindo-a <strong>de</strong> invadir o circuitoprotegido. Nestas aplicações, normalmente quanto maior a capacitância melhor o efeito obtido e po<strong>de</strong>mapresentar gran<strong>de</strong>s tolerâncias.Já capacitores empregados em aplicações que requerem maior precisão, tais como os capacitoresque <strong>de</strong>terminam a freqüência <strong>de</strong> oscilação <strong>de</strong> um circuito, possuem tolerâncias menores.Existem diversos tipos <strong>de</strong> capacitores. Os mais comuns são: <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> mica <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> papel <strong>Capacitor</strong>es Stiroflex <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> polipropileno <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> poliéster <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> policarbonato <strong>Capacitor</strong>es cerâmicos <strong>Capacitor</strong>es eletrolíticos(alumínio)(tântalo)


<strong>Capacitor</strong> eletrolítico <strong>de</strong> Tântalo:Os capacitores eletrolíticos <strong>de</strong> tântalo têm gran<strong>de</strong> aplicação em circuitos <strong>de</strong> computadores e <strong>de</strong>telecomunicações por causa <strong>de</strong> sua elevada capacitância volumétrica específica, estabilida<strong>de</strong>,confiabilida<strong>de</strong> e compatibilida<strong>de</strong> elétrica. Eles substituem os capacitores eletrolíticos <strong>de</strong> alumínio quandoesses requisitos são essenciais. Nos capacitores <strong>de</strong> tântalo, o ânodo é composto pela parte composta portântalo metálico. O dielétrico é o pentóxido <strong>de</strong> tântalo Ta 2 O 5 e o cátodo é formado pelo dióxido <strong>de</strong>manganês MnO2.Esses capacitores são produzidos a partir da anodização <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> tântalo metálico <strong>de</strong> alta pureza paraformar uma camada <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> tântalo Ta 2 O 5 . A morfologia do pó influencia fortemente o produto dacapacitância específica pela tensão (produto CV), como po<strong>de</strong> ser observado na figura 4. Pós com maiordiâmetro <strong>de</strong> partícula são usados na fabricação <strong>de</strong> capacitores para alta tensão, porque quando o Ta 2 O 5 éproduzido consome cerca <strong>de</strong> um terço do diâmetro do pó <strong>de</strong> Ta. Se pó muito fino for usado, cada partículametálica será inteiramente consumida e se tornará isolante. Como a capacitância é proporcional asuperfície específica, quanto maior a área específica, maior será a capacitância.Fig. 4 – Morfologia <strong>de</strong> diferentes morfologias <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> tântalo.A figura 5 mostra a fotografia <strong>de</strong> microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura (MEV) <strong>de</strong> pós <strong>de</strong> Ta com diferentesprodutos CV. Observa-se que o tamanho <strong>de</strong> partícula é inversamente proporcional ao produto CV.Fig. 5 – Fotografias <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> tântalo com diferentes granulometrias.


Procedimento <strong>de</strong> produção do K 2 TaF 7 :Vários processos para <strong>de</strong>composição e extração são conhecidos na indústria do tântalo. A maior parte dasplantas empregam a rota <strong>de</strong> digestão ácida com ácido fluorídrico (HF) e ácido sulfúrico (H 2 SO 4 ), quepo<strong>de</strong> ser aplicada a um vasto espectro <strong>de</strong> concentrados naturais ou artificiais e escórias <strong>de</strong> alto grau.A aplicação <strong>de</strong>ste método é limitada mais por razões econômicas do que por técnicas, visto que oconsumo <strong>de</strong> HF em constituintes não interessantes como o SiO 2 , TiO 2 , Fe, etc. As mo<strong>de</strong>rnas técnicas <strong>de</strong>extração por solventes tem substituído totalmente o processo anterior “Marignac” no qual o Ta e o Nb sãoseparados por cristalização fracionada <strong>de</strong> múltiplos estágios.No procedimento adotado para a produção do K 2 TaF 7 a ser mostrado, não utilizaremos a etapa <strong>de</strong>recristalização, a qual tem como objetivo aumentar o grau <strong>de</strong> pureza do sal, diminuindo principalmente oteor <strong>de</strong> nióbio. No procedimento adotado partimos do minério tantalita e não passamos pela etapa <strong>de</strong>obtenção do hidróxido <strong>de</strong> tântalo, mas sim pela etapa <strong>de</strong> obtenção do ácido fluortantálico (H 2 TaF 7 ). Esteácido já possui alto grau <strong>de</strong> pureza <strong>de</strong>vido a sucessivas extrações com o solvente orgânico metil-isobutilcetona(MIBK) realizadas, portanto torna-se <strong>de</strong>snecessário uma posterior recristalização do sal obtidopela etapa <strong>de</strong> precipitação. Eliminando-se a etapa <strong>de</strong> recristalização, aumentamos a viabilida<strong>de</strong>econômica, pois temos menor consumo <strong>de</strong> regentes e tempo.A seguir é mostrado em etapas, todo o procedimento adotado para a produção do K 2 TaF 7 , utlizando oprocesso <strong>de</strong> extração por solventes:1 – Moagem:A moagem do minério é realizada em um moinho <strong>de</strong> barras por cerca <strong>de</strong> quatro horas, visando obter umagranulometria <strong>de</strong> 200 mesh. Esta granulometria é necessária para facilitar a sua completa <strong>de</strong>composiçãoquímica no reator.Após a moagem é realizada uma amostragem para análise química do minério.2 – Decomposição química do minério:O minério com granulometria <strong>de</strong> 200 mesh é alimentado em um reator <strong>de</strong> polietileno. Uma solução <strong>de</strong> HFé também alimentada ao reator para que ocorra a <strong>de</strong>composição química do minério. O sistema HFpermite boas recuperações <strong>de</strong> extração.O reator é aquecido a 110ºC por um tempo superior a 6 horas, com agitação mecânica constante,permitindo solubilização parcial do minério.Após este período, a mistura é lavada com água <strong>de</strong>ionizada e filtrada. O resíduo sólido obtido é removidoe a solução aquosa (licor) remanescente é alimentada à unida<strong>de</strong> subsequente <strong>de</strong> extração por solventes. Areação principal que ocorre nesta etapa po<strong>de</strong> ser representada como sendo:(Fe, Mn)[(Ta,Nb)O 3 ] 2 + 16HF 2H 2 (Ta, Nb)F 7 + (Fe, Mn)F 2 + 6H 2 O


3 – Extração por solventes:Na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração por solventes, o licor obtido anteriormente, solução aquosa constituídaprincipalmente dos ácidos fluortantálico (H 2 TaF 7 ) e fluornióbico (H 2 NbO 6 ) é misturada a uma soluçãodiluída <strong>de</strong> H 2 SO 4 e ao solvente orgânico metil-isobutil-cetona (MIBK).Encerrada esta etapa da extração, todo o sistema (fase aquosa e fase orgânica) é <strong>de</strong>ixado em repouso paraque ocorra uma separação <strong>de</strong> fases <strong>de</strong>vido a diferença <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s. A fase aquosa é <strong>de</strong>cantada eseparada do sistema e a fase orgânica, rica em tântalo e nióbio, é conduzida à unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reextração. ONb é recuperado pela adição <strong>de</strong> uma solução diluída <strong>de</strong> H 2 SO 4 e a solução remanescente, rica em Ta, éalimentada ao tanque <strong>de</strong> precipitação.4 – Precipitação do K 2 TaF 7 :Após total alimentação da fase orgânica rica em Ta em um tanque <strong>de</strong> polietileno, é iniciado a adiçãocontrolada <strong>de</strong> uma solução aquosa (50% em peso) <strong>de</strong> fluoreto <strong>de</strong> potássio (KF) com excessoestequiométrico <strong>de</strong> 10%. Este tanque <strong>de</strong> precipitação é munido <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> aquecimento capas <strong>de</strong>manter uma temperatura <strong>de</strong> 50ºC, e <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> agitação mecânica propiciando uma totalhomogeneização, melhorando o rendimento da reação.A reação química principal que ocorre nesta reação é:5 – Lavagem e secagem:H 2 TaF 7 + 2KF K 2 TaF 7 + 2HFTodo sal obtido por precipitação foi colocado em uma centrífuga <strong>de</strong> cesto, com elemento filtrante, paraser submetido a diversas lavagens com água <strong>de</strong>ionizada e posteriormente com álcool etílico. A massa <strong>de</strong>sal após as lavagens é <strong>de</strong>ixada na centrífuga para propiciar a eliminação do excesso <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. Após aretirada do excesso <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> na massa <strong>de</strong> sal, esta é colocada em uma estufa a vácuo a umatemperatura <strong>de</strong> 50ºC por um período <strong>de</strong> 8 horas para completa secagem.6 – Caraterização:A massa <strong>de</strong> sal K 2 TaF 7 obtida através <strong>de</strong>ste procedimento <strong>de</strong> produção foi caracterizada através <strong>de</strong> análisequímica e difração <strong>de</strong> Raios X.


Fig 6 - Fluxograma geral do processo <strong>de</strong> obtenção do sal K 2 TaF 7 via extração por solventes


Fabricação do pó <strong>de</strong> Tântalo:Existem diversos métodos para a obtenção do pó <strong>de</strong> Tântalo. Entretanto, um dos maiores produtoresmundiais <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> tântalo para aplicações em capacitores eletrolíticos é a Hermann C. Starck Berlin(HCST), a qual utiliza o processo <strong>de</strong> redução do sal K 2 TaF 7 por sódio líquido, embora em processoscontínuos, o qual será <strong>de</strong>scrito a seguir.A HCST consi<strong>de</strong>ra que, além da pureza, da flui<strong>de</strong>z e da resistência à ver<strong>de</strong> (resistência do compacto nãosinterizado), a superfície específica é uma das mais importantes proprieda<strong>de</strong>s do pó <strong>de</strong> tântalo. Umasuperfície específica maior significa um tamanho <strong>de</strong> partícula menor. Varias técnicas <strong>de</strong> processamentosão portanto praticadas para alcançar uma distribuição fina e uniforme do tamanho <strong>de</strong> partículas. Existemdois métodos básicos para reduzir o tamanho <strong>de</strong> partícula:1- Controle <strong>de</strong> nucleação no inicio da redução por sódio: durante o período <strong>de</strong> nucleação, noprimeiro estágio da redução, o tamanho <strong>de</strong> grão, e, portanto, a superfície especifica do pó <strong>de</strong>tântalo é controlado pela taxa <strong>de</strong> alimentação do sódio, assim como pela adição <strong>de</strong> dopantes. Umataxa <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> sodio ten<strong>de</strong> a produzir um pó muito fino.2- Diminuição da temperatura <strong>de</strong> reação: a redução por sódio do K 2 TaF 7 é uma reação exotérmica,isto é, o calor gerado ten<strong>de</strong> a aumentar a temperatura e, portanto, aumentar o tamanho daspartículas finas <strong>de</strong> Ta produzidas, tornando, portanto, essencial a diminuição da temperatura. Essadiminuição <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> reação po<strong>de</strong> ser alcançada <strong>de</strong> diferentes modos:- iniciar a redução em uma temperatura baixa;- acréscimo <strong>de</strong> sais diluentes inertes, tais como cloretos e fluoretos, atuando como absorvedores<strong>de</strong> calor;- extração do calor do processo por resfriamento forçado;- funcionamento da redução continuamente ou incrementalmente ao invés do processo usual porlotes <strong>de</strong> várias centenas <strong>de</strong> quilogramas <strong>de</strong> K 2 TaF 7 fundido.Este último item é <strong>de</strong>nominado “PL-Process”, o qual trata-se <strong>de</strong> um processo contínuo <strong>de</strong> redução. Nesseprocesso, K 2 TaF 7 , o sódio líquido e os sais inertes são misturados e <strong>de</strong>pois, na forma <strong>de</strong> uma pasta,colocados em pequenas ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> Ta, as quais continuamente passam através <strong>de</strong> um forno para ocorrera reação <strong>de</strong> redução.


Fabricação do capacitor <strong>de</strong> Tântalo:A manufatura do capacitor eletrolítico <strong>de</strong> Tântalo é feita nas seguintes etapas:1-) Prensagem do pó <strong>de</strong> Tântalo;O pó é misturado com um ligante / lubrificante para assegurar que as partículas a<strong>de</strong>rem umas às outrasquando pressionadas para formar o ânodo, e fluir facilmente na prensa. O pó é então comprimido sob altapressão em torno <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> tântalo para fazer um “slug” <strong>de</strong> Tântalo. O termo “slug” é utilizado naindústria <strong>de</strong> capacitores <strong>de</strong> Tântalo para se referir ao ânodo <strong>de</strong> Tântalo. O fio <strong>de</strong> Tântalo central acabarápor se tornar a conexão do ânodo para o capacitor. A Figura 7 mostra uma imagem MEV mostrandocomo as partículas foram unidas.Fig. 7 – MEV das partículas <strong>de</strong> pó prensadoO ligante / lubrificante é retirado pelo aquecimento do “slug” sob vácuo em temperaturas em torno <strong>de</strong>150° C por vários minutos.2-) Sinterização;É feita uma sinterização a alta temperatura (Tipicamente 1500 ° C-2000 ° C) sob vácuo. Isso faz com queo partículas individuais se juntam para formar uma estrutura esponjosa. Essa estrutura é <strong>de</strong> alta resistênciamecânica e <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, mas também é altamente porosa, dando uma gran<strong>de</strong> superfície interna. Seos ânodos são sinterizados por muito tempo ou em temperatura muito alta, ocorre uma alta fusão daspartículas, e assim, a capacitância final do ânodo será muito baixa. Da mesma forma, se os ânodos sãosinterizados por um tempo <strong>de</strong>masiadamente curto ou se a temperatura do forno é muito baixa, acapacitância será muito alta. A verificação é feita em cada lote sinterizado anodizando vários anodos paracontrole <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e realizando um teste <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> capacitância úmida. A espessura dodielétrico é dada pela equação:d = taxa <strong>de</strong> tensão x taxa <strong>de</strong> formação típica x taxa <strong>de</strong> crescimento dielétrica em metros / VoltCom a espessura é possível <strong>de</strong>terminar a área superficial que está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> Tântalo. Acapacitância é dada pela fórmula: C = ε εo A / dOn<strong>de</strong> ε é a constante dielétrica do pentóxido <strong>de</strong> tântalo, εo é a constante dielétrica do vácuo(8,855.10 -12 F/m), A é a área superficial e d é a espessura do dielétrico.


Arrumando a fórmula anterior temos: A = (Cd)/E Eo. Portanto para uma <strong>de</strong>terminada capacitância etensão <strong>de</strong>sejada po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar a espessura e área superficial do dielétrico.O processo <strong>de</strong> sinterização também ajuda a retirar a maioria das impurezas <strong>de</strong>ntro pó através da migraçãopara a superfície. A Figura 8 mostra o mesmo tipo <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> anodo como visto anteriormente na Figura 6,após ter sido sinterizado. As junções entre as partículas são claramente visíveis.Fig. 8 – MEV mostrando como as partículas emergiram durante a sinterizaçãoApós sinterizado, o “slug” é soldado sobre uma tira metálica e uma arruela <strong>de</strong> Teflon é colocada sobre ofio <strong>de</strong> Ta, que evitará que o contraeletrodo <strong>de</strong> MnO 2 passe pelo fio e provoque curto-circuito.3-) Formação do material dielétrico;A próxima etapa é a formação da camada do dielétrico <strong>de</strong> pentóxido <strong>de</strong> tântalo Ta 2 O 5 por um processo <strong>de</strong>anodização eletroquímica. O “slug” é imerso numa solução ácida fraca <strong>de</strong> ácido fosfórico a 85 o C eaplicada uma tensão. A corrente anódica formará uma camada uniforme <strong>de</strong> Ta 2 O 5 . A figura 9 apresentauma fotografia <strong>de</strong> MEV <strong>de</strong> um “slug” fraturado para exibir a camada do dielétrico.(Tântalo)(Ta 2 O 5 )Fig. 9 MEV mostrando a camada dielétrica


A espessura do dielétrico é controlada pela tensão aplicada durante a sua formação. A figura 10 mostrauma típica curva <strong>de</strong> tensão e corrente medida durante o processo <strong>de</strong> anodização.Fig. 10 Típica curva <strong>de</strong> tensão e corrente durante anodização.As equações químicas que <strong>de</strong>screvem a reações <strong>de</strong> anodização são:Anodo: 2 Ta 2 Ta 5+ + 10 e-2 Ta 5+ + 10 OH - Ta 2 O 5 + H 2 OCatodo: 10 H 2 O + 10 e- 5 H 2 + 10 OH -Como foi dito anteriormente, o óxido se forma na superfície do tântalo, mas também cresce no metal.Para cada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> óxido, um terço cresce fora e dois terços crescer <strong>de</strong>ntro. Intrínseco para o dielétricoé um baixo nível <strong>de</strong> sitios <strong>de</strong> impureza que estão uniformemente distribuídas ao longo do ânodo. O sitiosimpureza dão uma assinatura <strong>de</strong> fuga característica ao capacitor, para uma <strong>de</strong>terminada espessuradielétrica sua distribuição estatística dará uma característica por metro quadrado, portanto, um capacitortendo o dobro do valor <strong>de</strong> capacitância <strong>de</strong> outro <strong>de</strong> mesma taixa <strong>de</strong> tensão terá tipicamente o dobro dafuga <strong>de</strong> corrente. Porque o pentóxido cresce no ânodo bem como sobre sua superfície, essas impurezaspo<strong>de</strong>m ser parcialmente isoladas como mostrado na Figura 11, se a tensão <strong>de</strong> formação é aumentada. Háum limite <strong>de</strong> quão longe a tensão tensão <strong>de</strong> formação po<strong>de</strong> ser aumentada, uma vez que ocorre uma quedana capacitância quando o dielétrico engrossa.Fig. 11 Isolamento <strong>de</strong> impurezas durante crescimento dielétrico


A tensão <strong>de</strong> formação do capacitor é tipicamente <strong>de</strong> 3 a 4 vezes a tensão nominal <strong>de</strong> operação,assegurando boa confiabilida<strong>de</strong>. Quando o dielétrico é formado, uma região <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> tântalosemicondutor é formada entre a camada <strong>de</strong> pentóxido e a do tântalo metálico. A produção <strong>de</strong>sta região éminimizada através da remoção dos “slugs” do banho eletroquímico quando se atinge aproximadamente90% da tensão final e o tratamento térmico numa faixa <strong>de</strong> temperatura entre 350 a 400 o C. Esta regiãosemicondutora é a responsável pelos capacitores <strong>de</strong> Ta serem polarizados. A figura 12 mostra ascaracterísticas da fuga reversa <strong>de</strong> diversas partes com tensões diferentes. O dielétrico será submetido auma elevada tensão elétrica no capacitor acabado. Por esta razão que fabricantes <strong>de</strong> capacitores <strong>de</strong> tântalorecomendam estrangulamento <strong>de</strong> pelo menos 50% para melhorar a confiabilida<strong>de</strong> do produto.4-) Manganização;Fig. 12 Tensão reversa, fuga <strong>de</strong> corrente.A próxima etapa <strong>de</strong> fabricação do capacitor <strong>de</strong> Ta é a produção do catodo através da pirólise do nitrato <strong>de</strong>manganês em dióxido <strong>de</strong> manganês. O processo <strong>de</strong> “manganização” é feito mergulhando o “slug” em umasolução aquosa <strong>de</strong> nitrato <strong>de</strong> manganês e posteriormente tratado a 250 o C para produzir o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong>MnO 2 . A reação química é <strong>de</strong>scrita por:Mn(NO 3 ) 2 MnO 2 + 2NO 2Este processo é repetido diversas vezes, variando-se a concentração da solução <strong>de</strong> nitrato para assegurarboa penetração no anodo e produzir uma cobertura espessa na superfície do capacitor. A figura 13 mostraum anodo “manganizado”, sendo que o material com estrutura com aspecto <strong>de</strong> flocos é o dióxido <strong>de</strong>manganês.Fig. 13 MEV <strong>de</strong> um ânodo manganizado.


5-) Reformação;Após a cobertura <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> manganês é feita a reforma do capacitor “manganizado” através daimersão do “slug” em banho <strong>de</strong> ácido acético, e uma tensão <strong>de</strong> aproximadamente meta<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong>formação é aplicada. Isso é feito para remoção do manganês <strong>de</strong> pontos on<strong>de</strong> ocorre fuga <strong>de</strong> corrente ecrescimento <strong>de</strong> uma camada dielétrica para isolar o ponto <strong>de</strong> fuga <strong>de</strong> corrente.6-) Contato externo das camadas;O “slug” é imerso em uma dispersão <strong>de</strong> grafita seguida por tratamento térmico em forno para garantir boaa<strong>de</strong>rência com o “slug”. O processo é repetido com uma dispersão <strong>de</strong> prata para produzir a camada <strong>de</strong>contato final ao terminal do catodo. A camada <strong>de</strong> grafita evita que a camada <strong>de</strong> prata entre em contatodireto com o dióxido <strong>de</strong> manganês com o qual reage quimicamente. A figura 14 mostra a estrutura internado capacitor <strong>de</strong> Ta com todos os contatos externos.Fig. 14 Camadas dos contatos externos.7-) Embalagem;Existem muitas coberturas, embalagens variadas para o capacitor <strong>de</strong> tântalo. As mais comuns são:a) Embalagem <strong>de</strong> montagem em superfície:Os terminais dos elementos cátodo são unidos no quadro do cátodo usando resina epóxi carregada comprata e o fio ânodo é soldado no quadro do ânodo. A parte em excesso do “slug” é então cortada fora<strong>de</strong>ixando o elemento preso ao quadro. A cola <strong>de</strong> prata é curada e o elemento é então moldado em um“case” (gabinete) <strong>de</strong> resina epóxi. O corpo moldado é finalmente codificado com a sua capacitância evalores <strong>de</strong> tensão nominal, e então testadas para todos os seus parâmetros elétricos, capacitância, corrente<strong>de</strong> fuga, impedância e ESR (resistência equivalente).


Fig. 15 Seção <strong>de</strong> um capacitor embalado pelo processo <strong>de</strong>scrito anteriormente.b) Embalagem em resina.O fio do ânodo é soldado ao fio condutor do ânodo e cortado do “slug”. O terminal condutor do cátodo ésoldado ao ânodo prateado por imersão do ânodo prateado e o fio condutor do cátodo em um banho <strong>de</strong>solda. A unida<strong>de</strong> é então mergulhado em um encapsulante epóxi e transferido para um forno para cura. .O corpo moldado é finalmente codificado com a sua capacitância e valores <strong>de</strong> tensão nominal, e entãotestadas para todos os seus parâmetros elétricos: capacitância, corrente <strong>de</strong> fuga, impedância e ESR(resistência equivalente).Fig. 16 Seção <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> tântalo embalado em resina.


Aplicações:A baixa corrente <strong>de</strong> fuga e alta capacida<strong>de</strong> dos capacitores <strong>de</strong> tântalo favorece a sua utilização emcircuitos “sample and hold” para conseguir longa duração <strong>de</strong> retenção, e em alguns circuitos <strong>de</strong> timing <strong>de</strong>longa duração on<strong>de</strong> timing preciso nao é necessário. Eles são também muitas vezes utilizados em fontes<strong>de</strong> alimentação juntamente com capacitores cerâmicos com baixa ESR (Equivalent series resistance) ereatância a alta frequência. <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong> tântalo po<strong>de</strong>m substituir os capacitores eletrolíticos <strong>de</strong>alumínio em situações on<strong>de</strong> o ambiente externo ou o empacotamento <strong>de</strong>nso do componente resulte em umambiente interno quente e on<strong>de</strong> alta confiabilida<strong>de</strong> é importante. Equipamentos, como médicos eespaciais, que exigem alta qualida<strong>de</strong> e confiabilida<strong>de</strong> fazem uso <strong>de</strong> capacitores <strong>de</strong> tântalo. <strong>Capacitor</strong>es <strong>de</strong>tântalo <strong>de</strong> baixa tensão são normalmente utilizados em gran<strong>de</strong> número para filtragem <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong>alimentação em placas-mãe <strong>de</strong> computador e periféricos, <strong>de</strong>vido à seu pequeno tamanho e confiabilida<strong>de</strong>a longo prazo.Fig. 8 Po<strong>de</strong>mos observar a diferença <strong>de</strong> tamanho entre capacitores eletroliticos <strong>de</strong> aluminio (esquerda) e<strong>de</strong> tântalo (direita).Bibliografia:- http://en.wikipedia.org/wiki/Tantalum_capacitor.-GILL, John. Basic Tantalum <strong>Capacitor</strong> Technology.AVX Ltd., Tantalum DivisionPaignton, England-FREITAS, Dailton <strong>de</strong>. Tecnologia <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> pó <strong>de</strong> tântalo para capacitores eletrolíticos.Dissertação <strong>de</strong> mestrado – Lorena – SP - 1992

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