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Monografia - DEMAR - USP

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO<br />

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA<br />

FERNANDO FREIRE GRABER<br />

Empresas nacionais fabricantes de prótese ortopédica: matéria-prima e<br />

processo de fabricação<br />

Lorena<br />

Ano 2009


FERNANDO FREIRE GRABER<br />

Empresas nacionais fabricantes de prótese ortopédica: matéria-prima e<br />

processo de fabricação<br />

Trabalho de Graduação apresentado à<br />

Escola de Engenharia de Lorena da<br />

Universidade de São Paulo para<br />

obtenção do título de Engenheiro de<br />

Materiais.<br />

Orientador: Prof a . Dra. Sandra Giacomin<br />

Schneider<br />

Lorena<br />

Ano 2009


4<br />

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE<br />

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS<br />

DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.<br />

Ficha Catalográfica<br />

Elaborada pela Biblioteca Especializada em Engenharia de Materiais<br />

EEL <strong>USP</strong><br />

Graber, Fernando Freire<br />

Empresas nacionais fabricantes de prótese ortopédica:<br />

matéria-prima e processo de fabricação. / Fernando Freire<br />

Graber; orientador Sandra Giacomin Schneider. --Lorena,<br />

2009.<br />

71f. : il.<br />

Trabalho apresentado como requisito parcial para<br />

obtenção do grau de Engenheiro de Materiais – Escola de<br />

Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo.<br />

1. Artroplastia 2. Forjamento 3. Haste femoral 4.<br />

Biomateriais I. Título.<br />

CDU 61:62-4


A minha família,<br />

aos meus amigos presentes durante o curso<br />

e as pessoas necessitadas do uso de implantes ortopédicos,<br />

Eu dedico este trabalho.


6<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço a Deus pela possibilidade de uma nova conquista; a minha<br />

orientadora sempre presente durante o andamento do trabalho; a minha família, que<br />

sempre deu suporte para que eu conseguisse atingir meus objetivos na vida; aos<br />

meus amigos, que apesar de seguirmos caminhos opostos nessa nova jornada da<br />

vida, estarão sempre presentes no coração; a todas as empresas que forneceram<br />

dados para elaboração deste trabalho; a todas as pessoas que contribuem para a<br />

melhoria da qualidade de vida das pessoas.


“No dia em que nascer,<br />

e na mente eu nada venha a criar<br />

pode esperar que nem os olhos abrirei...”<br />

Mércia Freire


8<br />

RESUMO<br />

GRABER, F. F.. Empresas nacionais fabricantes de prótese ortopédica:<br />

matéria-prima e processo de fabricação. 2009. f 71. <strong>Monografia</strong> (Trabalho de<br />

Graduação em Engenharia de Materiais) – Escola de Engenharia de Lorena,<br />

Universidade de São Paulo, Lorena, 2009.<br />

As pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) têm<br />

demonstrado um aumento considerável na longevidade dos brasileiros como<br />

conseqüência da melhora na qualidade de vida promovida pelos avanços<br />

tecnológicos e científicos alcançados na medicina moderna. Extima-se que em 2050<br />

o Brasil terá três vezes mais idosos que atualmente. Dessa forma, doenças<br />

relacionadas com a idade como a osteoporose tem obrigado o governo a investir<br />

quantias consideráveis em próteses ortopédicas. Aliado a isso, temos o fato de que<br />

o Brasil ocupa o 4° lugar em termos de acidentes de tran sito, sendo que 26,4% das<br />

vítimas apresentam traumas ortopédicos. A seleção do material mais adequado para<br />

a confecção de uma prótese deve considerar aspectos físicos e biológicos além do<br />

custo. A matéria prima mais indicada para a fabricação próteses permanentes são<br />

importadas e caras. Este fato gera uma disparidade no preço das próteses, com as<br />

importadas a um custo de cerca de US$ 4,5 mil, enquanto as de aço inoxidável<br />

saem por US$ 600. Considera-se que seja por essa razão para o fato de que os<br />

produtos fabricados Brasil sejam, em sua maioria, de aço inoxidável (316L). No<br />

Brasil a comercialização de implantes possui legislação específica para registro junto<br />

à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, num processo declaratório da<br />

competência por parte da empresa interessada condicionado à certificação das<br />

empresas para as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Este trabalho teve como<br />

objetivo levantar dados de empresas nacionais fabricantes de próteses para<br />

reposição total de quadril quanto ao material empregado, ao processo de fabricação<br />

e pesquisa para utilização de novas tecnologias de processamento e de materiais,<br />

mais especificamente relacionados às hastes femorais. Foram encontradas nove<br />

empresas fabricantes da haste femoral e todas utilizam como processo o forjamento<br />

a quente. O principal comprador nacional é o Sistema Único de Saúde (SUS) e o<br />

material mais utilizado é o aço inoxidável. Não foi possível encontrar uma política de<br />

desenvolvimento de novos processos e materiais por parte das empresas. O setor<br />

de pesquisa e desenvolvimento existente nas empresas prioriza melhorias no<br />

processo existente.<br />

Palavras-chave: Artroplastia, forjamento, haste femoral, biomateriais.


ABSTRACT<br />

GRABER, F. F. Domestic manufacturer of orthopedic prostheses: raw materials<br />

and manufacturing processs. 2009. f 71. Monograph (Undergraduate Work in<br />

Materials Engineering) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São<br />

Paulo, Lorena, 2009r.<br />

The Institute of Geography and Statistics (IBGE) have shown a considerable<br />

increase in the longevity of Brazilians as a result of improved quality of life promoted<br />

by the scientific and technological advances made in modern medicine. Forcast that<br />

in 2050 Brazil will have three times older than today. Thus, diseases related to age<br />

and osteoporosis has forced the government to invest considerable sums in<br />

orthopedic prostheses. Allied to this, we have the fact that Brazil ranks 4th in terms of<br />

car accidents, and 26.4% of victims have orthopedic trauma. Selecting the best<br />

material for making a prosthesis should consider physical and biological aspects<br />

beyond the cost. The raw material most suitable for making permanent dentures are<br />

imported and expensive. This fact creates a disparity in the price of the prosthesis,<br />

with imported at a cost of about $ 4.5 thousand, while the stainless steel out for $<br />

600. It is considered that that is the reason for the fact that Brazil are manufactured<br />

goods, mostly of stainless steel (316L). In Brazil, the marketing of implants have<br />

specific legislation for registration with the National Health Surveillance Agency -<br />

ANVISA, a process declaratory of jurisdiction by the company concerned subject to<br />

the approval of companies for Good Manufacturing Practices (GMP). This study<br />

aimed to collect data of domestic manufacturers of prostheses for total hip<br />

replacement on the material used, the manufacturing process and search for new<br />

processing technologies and materials, more specifically related to femoral stems.<br />

We have found nine manufacturers of the femoral stem and all use the process as<br />

hot forging. The main buyer is the National Health System (SUS) and the most<br />

common material used is stainless steel. Could not find a policy for developing new<br />

materials and processes by firms. The industry research and development in existing<br />

companies prioritize improvements in the existing process.<br />

Keywords: Arthroplasty, forging, femoral stems, biomaterials.


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO................................................................................ 12<br />

2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................... 17<br />

2.1 Histórico do Uso de Implantes.................................................. 17<br />

2.2 Artroplastia Total de Quadril..................................................... 20<br />

2.2.1 Tipos de prótese.................................................................... 21<br />

2.2.2 Implicações cirúrgicas ........................................................... 21<br />

2.3 Processos de Fabricação ......................................................... 24<br />

2.3.1 Fundição ............................................................................... 24<br />

2.3.2 Forjamento ............................................................................ 27<br />

2.3.3 Usinagem.............................................................................. 36<br />

2.3.4 Tecnologia do Pó .................................................................. 44<br />

3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 54<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................... 56<br />

5 CONCLUSÕES .............................................................................. 59<br />

REFERÊNCIAS.................................................................................... 62<br />

Anexo 1 – Compilação dos dados obtidos por meio eletrônico e/ou telefone .. 64<br />

Anexo 2 – Impressão das informações eletrônicas..................................... 69


12<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O emprego de metais e ligas metálicas como uso em biomateriais só tornouse<br />

possível depois do desenvolvimento de um procedimento asséptico cirúrgico<br />

(desenvolvido por Lister por volta do ano de 1860), do aperfeiçoamento da<br />

anestesia, da reposição do sangue e do fluido humanos perdidos [1]. Antes disso, os<br />

procedimentos cirúrgicos sempre causavam infecção nos pacientes, o que também<br />

inviabilizava o uso das próteses. Além disso, o ramo da engenharia de materiais não<br />

estava desenvolvido e não se conheciam materiais metálicos com adequadas<br />

propriedades de resistência mecânica e estabilidade química disponíveis para<br />

confecção de implantes ortopédicos. Alguns metais nobres, como o ouro, eram<br />

dúcteis não oferecendo a resistência necessária. As ligas ferrosas disponíveis, além<br />

do cobre, zinco e alumínio, não apresentavam estabilidade química adequada,<br />

produzindo substâncias tóxicas por oxidação dos metais em contato com fluidos do<br />

corpo humano [2].<br />

Os primeiros procedimentos utilizando biomateriais foram introduzidos por<br />

volta de 1900 e consistiam apenas em dispositivos para a fixação das fraturas, os<br />

quais estavam sujeitos a falhas devido a utilização de materiais inadequados e ainda<br />

ausência de tecnologia adequada para a fabricação [2].<br />

O grande passo dado para o avanço tecnológico no uso dos biomateriais só<br />

veio em meados da segunda guerra mundial, pois a corrida para o desenvolvimento<br />

de tecnologia gerou o aparecimento de várias ligas e processos que passaram a ser<br />

utilizado na fabricação de próteses.<br />

No entanto, o primeiro desafio foi a busca por materiais inertes, ou seja,<br />

aqueles que não interagem com o meio biológico, não provocando reações<br />

inflamatórias ou infecciosas no local da implantação[3]. Dentro dessa classificação<br />

encontram-se os metais puros (ouro, titânio e platina), ligas metálicas (Ti-6Al-4V, Co-<br />

Cr-Mo, Co-Cr-Ni; Pt-Rh), cerâmicas (alumina, porcelanas, carbono vítreo, grafite<br />

pirolítico), termoplásticos (polietileno, polipropileno, polimetilmetacrilato),<br />

elastômeros (silicones) e os materiais compósitos (dimetacrilato e quartzo).


13<br />

Mais tarde, pesquisadores introduziram o princípio da bioatividade, ou seja, a<br />

capacidade que alguns materiais possuem de provocar a ligação com tecidos vivos,<br />

sem formar a camada fibrosa que os separa do tecido. O novo conceito deu origem<br />

a mais uma classe de biomateriais: os materiais bioativos como, por exemplo:<br />

hidroxiapatita, fluorapatita, tricalciofosfato (reabsorvíveis); biovidros e hidroxiapatita<br />

de altíssima densidade (não reabsorvíveis) [4].<br />

Uma pesquisa publicada em 2000, na revista “Minas Faz Ciência”, pela Prof.ª<br />

Marivalda Magalhães, informou que só no trânsito cerca de 500 mil pessoas eram<br />

mortas por ano em todo o mundo e que, de acordo com o Ministério dos<br />

Transportes, 15 milhões ficavam feridas ou inválidas. Para continuarem levando uma<br />

vida normal muitas dessas pessoas dependiam de implantes em uma ou várias<br />

partes do corpo. Também fazem parte desse grupo as vítimas de acidentes de<br />

trabalho ou na prática esportiva, e as que sofrem de doenças degenerativas, como a<br />

osteoporose [5].<br />

Diversos autores também alertam para os problemas osteoarticulares,<br />

relacionados principalmente com o envelhecimento da população mundial. Estimase<br />

que as fraturas de colo de fêmur (devido à osteoporose) passarão de cerca de<br />

1,7 milhão (em 1990) para mais de 6 milhões em 2050 [6]. Essa população, se não<br />

convenientemente tratada, demandará intervenção cirúrgica para colocação de<br />

implantes ortopédicos. Dessa forma, fica claro que também será necessário investir<br />

em prevenção.<br />

A crescente melhora dos métodos cirúrgicos e dos materiais para implante é<br />

devida à cooperação entre os centros de pesquisas das mais variadas áreas como a<br />

ciência dos materiais, informática, medicina, projeto e metrologia dentre outras [7].<br />

A Figura 1, retirada da ASM-International, ilustra as diversas partes<br />

reconstituídas por implantes de biomateriais de modo a prolongar e aumentar a<br />

qualidade de vida das pessoas [7].


14<br />

Figura 1 – Diferentes aplicações para implantes [7].<br />

Em diversas situações, os biomateriais podem ser úteis na substituição ou na<br />

reconstituição de algumas partes do corpo, entretanto, nem sempre o organismo<br />

aceita os materiais implantados, e isto é um fato que atormenta os médicos e faz<br />

muitos pacientes voltarem à mesa de cirurgia [8].<br />

Atualmente são usados mais de 40 itens para reconstituição e substituição de<br />

componentes do corpo humano e de acordo com a ANVISA, em 2004 os gastos do<br />

SUS com ortopedia totalizaram cerca de 60 milhões e reais, com 6.337 itens<br />

fornecidos por 39 empresas e os preços dessa lista variando entre R$ 3,17 e R$<br />

48.000,00. Somente o procedimento de artroplastia total de quadril gerou - no âmbito<br />

do SUS - quase 10 mil internações e um gasto total de quase R$ 30 milhões para a<br />

compra de próteses, valor esse correspondente a 38% do gasto com implantes<br />

ortopédicos. Somado a isso, houve - somente em 2004 - cerca de 1500 cirurgias de<br />

revisão, responsáveis por um gasto adicional de quase R$ 7 milhões em próteses.<br />

Esses números não refletem a demanda real por tais serviços, uma vez que, a<br />

perspectiva de vida do brasileiro vem aumentando ano a ano, passando de 71,3


15<br />

anos em 2003 para 71,7 anos em 2004. Com o aumento continuado da longevidade<br />

do brasileiro, haverá necessidade de se ampliar a oferta desta tecnologia [8].<br />

A Figura 2 apresenta detalhes sobre uma artroplastia total de quadril [9].<br />

Figura 2 – Artroplastia total de quadril: (a) esquemático (b) radiografia de caso real<br />

[9].<br />

Os maiores problemas encontrados na substituição total de quadril são a<br />

infecção, deslocamento, ruptura ou perda da prótese; perda de massa óssea e<br />

fratura óssea nas proximidades do implante; fragmentação do cimento ósseo e/ou<br />

desgaste do componente de polietileno da prótese, além da elevação da<br />

concentração de íons metálicos no sangue. Algumas dessas complicações são<br />

consequências diretas do material empregado.<br />

A maior parte dos estudos corresponde à avaliação da prótese do tipo<br />

Charnley, desenvolvida na década de 60, com haste femoral em aço inoxidável e<br />

acetábulo em polietileno que foi classificada como "padrão ouro" para a artroplastia<br />

de quadril. Este sistema ainda é bastante empregado até os dias de hoje e


16<br />

apresentou de bons a excelentes desfechos clínicos. Contudo, na opinião de<br />

diversos pesquisadores e clínicos, o desgaste do componente acetabular polimérico<br />

tem sido considerado a principal falha das próteses empregadas [8].<br />

O estudo realizado por Chohfi at all (1997) diz que a idade e as características<br />

dos pacientes influenciam na escolha das próteses. Dependendo desses fatores,<br />

temos três combinações para os implantes: a primeira sugere que para uma<br />

expectativa de vida de 5 a 15 anos e atividade moderada, a combinação<br />

metal/polietileno seria o mais indicado; para uma expectativa de vida de 10 a 20<br />

anos e atividade normal, a combinação seria cerâmica/polietileno; e acima de 20<br />

anos de expectativa de vida e grande atividade, o ideal seria a combinação<br />

metal/metal ou, eventualmente, cerâmica/cerâmica [10]. Exemplos desses pares são<br />

apresentados na Figura 3.<br />

Figura 3 – Exemplos de implantes para artroplastia total de quadril: (a)<br />

metal/polímero; (b) cerâmica/polímero e (c) meta/metal.<br />

O objetivo deste trabalho é traçar um perfil tecnológico no país na área de<br />

implantes para artroplastia total de quadril com base no levantamento dos processos<br />

de fabricação, das normas e regulamentação.<br />

Para uma melhor compreensão deste assunto serão apresentados maiores<br />

detalhamentos com relação à haste femoral, principal foco do estudo.


17<br />

2 REVISÃO DA LITERATURA<br />

2.1 Histórico do Uso de Implantes<br />

Devido à natureza degenerativa da artrite, os cirurgiões tentam há mais de um<br />

século tratar esta doença debilitante, de modo que muitas pessoas necessitam de<br />

cirurgia para aliviar a dor terrível e manter suas juntas móveis. As tentativas iniciais<br />

para tratar artrites de quadris incluíam artrodese (fusão), osteotomia, a divisão do<br />

nervo, e desbridamentos. O objetivo no início era remover esporões, depósitos de<br />

cálcio e cartilagem irregular numa tentativa de suavizar as superfícies da junta. Na<br />

verdade houve uma grande procura de algum material que poderia ser utilizado para<br />

consertar ou até mesmo substituir o quadril. Várias propostas e ensaios foram feitos,<br />

incluindo o uso de músculos, gordura, bexiga de porco, ouro, magnésio e zinco,<br />

porém todos fracassaram. Cirurgiões e cientistas foram incapazes de encontrar um<br />

material que fosse biocompatível com o corpo e ainda suficientemente forte para<br />

resistir às forças aplicadas no quadril [12].<br />

Em 1925, um cirurgião em Boston, Massachusetts, M.N. Smith-Petersen, MD,<br />

moldou um pedaço de vidro na forma de um hemisfério oco que poderia caber sobre<br />

a esfera da articulação do quadril e proporcionar uma nova superfície lisa para o<br />

movimento, porém, mesmo provando ser biocompatível, o vidro não poderia suportar<br />

o esforço da caminhada e rapidamente fracassou. Persistente, ele procurou outros<br />

materiais para sua "artroplastia de molde", incluindo plástico e aço inoxidável. A<br />

indústria naval utilizava o aço inoxidável para resistir à corrosão nos oceanos e,<br />

levando em conta a resistência à corrosão por fluidos corporais, a aplicação do aço<br />

inoxidável na cirurgia pareceu natural [12].<br />

A melhoria drástica foi feita em 1936 quando os cientistas fabricaram uma liga<br />

de cromo cobalto, que foi quase imediatamente aplicada à ortopedia. Esta nova liga<br />

tinha boas propriedades mecânicas e ao mesmo tempo muita resistência à corrosão<br />

fazendo com que continuasse a ser empregada em várias próteses desde aquela<br />

época. Embora este novo metal provasse ser um grande sucesso, a técnica de


18<br />

"resurfacing" ainda não era muito adequada. Tornou-se claro que o alívio da dor não<br />

foi tão previsível como o esperado, e o movimento do quadril permaneceu limitado<br />

para muitos pacientes. Artroplastia de molde também não permitia aos cirurgiões<br />

tratarem as numerosas e variadas deformidades de artrite do quadril. A busca por<br />

diferentes tipos de próteses continuou [12].<br />

Frederick R. Thompson, de Nova York, e Austin T. Moore, da Carolina do Sul,<br />

desenvolveram, separadamente, substituições totais da esfera do quadril que<br />

poderiam ser usadas para tratar fraturas de quadril e também alguns casos de<br />

artrite. Este tipo de substituição da anca, chamado hemiartroplastia, apenas<br />

abordava o problema da cabeça femoral artrítica. O acetábulo doente (encaixe do<br />

quadril) não era substituído. A prótese era constituída de uma haste de metal<br />

colocada na cavidade óssea do fêmur, conectada em uma peça com uma esfera de<br />

metal que se encaixava no soquete do quadril. Apesar de muito popular nos anos<br />

50, os resultados permaneceram imprevisíveis e a destruição do soquete persistiu;<br />

além disso, não havia nenhum método verdadeiramente eficaz para assegurar o uso<br />

do componente no osso, com isso, um grande número de pacientes desenvolveu dor<br />

por causa deste afrouxamento do implante. O resultado desejado ainda não fora<br />

alcançado [12].<br />

Em 1938, o Dr. Jean Judet e seu irmão, o Dr. Robert Judet, ambos de Paris,<br />

tentaram usar um material acrílico em substituição da superfície da anca. Este<br />

acrílico possuía uma superfície lisa, mas, infelizmente, tendia a se soltar. A idéia foi<br />

levar o Dr. J. Edward Haboush do Hospital para Doenças Articulares de Nova York,<br />

a utilizar uma cola rápida de uso odontológico para realmente colar a prótese ao<br />

osso. Uma nova fase de técnicas de fixação havia começado [12].<br />

Na Inglaterra, um cirurgião muito inovador, John Charnley, também estava<br />

tentando resolver estes problemas e algumas de suas idéias eram tão ousadas e<br />

criativas que ele era seriamente questionado por muitos de seus colegas. Ele foi<br />

mandado para um sanatório isolado para tuberculosos convertido em um hospital<br />

improvisado. Este centro de Wrightington, Manchester, Inglaterra, tornou-se um<br />

manancial de conhecimentos para o tratamento cirúrgico da artrite. Charnley<br />

agressivamente perseguia métodos eficazes de substituir tanto a cabeça femoral<br />

como o acetábulo do quadril. Em 1958, substituiu um soquete danificado por artrite


19<br />

por um implante de teflon. Ele esperava que isto permitisse uma superfície lisa<br />

comum para articular com o metal. Quando o teflon não atingiu este objetivo, ele<br />

passou a tentar de polietileno que funcionou devidamente bem. A fim de obter a<br />

fixação desta peça de polietileno bem como o implante femoral ao osso, Charnley<br />

emprestou polimetilmetacrilado dos dentistas. Esta substância, conhecida como<br />

cimento ósseo, foi misturada durante a operação e em seguida utilizada como forte<br />

agente de reboco para prender firmemente a articulação artificial ao osso.<br />

Verdadeiramente este era o nascimento da "artroplastia total do quadril" [12].<br />

Em 1961, Charnley estava realizando regularmente a cirurgia com bons<br />

resultados. Ele ainda melhorou as técnicas e os desenhos dos componentes.<br />

Milhares de pessoas foram aliviados com êxito da dor no quadril e os resultados a<br />

longo prazo tornaram-se previsíveis. A Rainha da Inglaterra o condecorou por sua<br />

imensa contribuição. Ele agora era conhecido como Sir John Charnley [12].<br />

Desde então, muitos cirurgiões especializados melhoraram suas técnicas a<br />

partir dos conceitos que começaram no centro da Inglaterra. Métodos de fixação e<br />

técnicas reais de cimentação passaram a ser significativamente melhores.<br />

Refinamentos no desenho da prótese da articulação do quadril tem evoluído de<br />

forma mais clara. Hoje, mais de 100.000 cirurgias são realizadas anualmente nos<br />

Estados Unidos, utilizando os princípios de uma artroplastia de baixa fricção com um<br />

soquete de polietileno e uma prótese femoral de metal [12].<br />

Nos últimos dez anos tem havido um esforço considerável de investigação na<br />

tentativa de ainda melhorar os métodos de fixação. Ocasionalmente verificou-se que<br />

a fixação por cimento degradava com o tempo, assim, implantes com superfícies<br />

texturizadas que permitem ao osso crescer dentro delas têm sido desenvolvidos.<br />

Estes implantes foram testados em animais e agora estão sendo utilizados em seres<br />

humanos. Os resultados destas articulações não cimentados são muito promissores<br />

quando elas são utilizadas nas circunstâncias corretas [12].<br />

Dr. Bertin ajudou a projetar e desenvolver novas próteses totais do quadril e<br />

instrumentos para uso em cirurgia. Estas inovações melhoraram a recuperação do<br />

paciente, a função e resultados em longo prazo. Algumas dessas melhorias foram


20<br />

patenteadas e são utilizadas por muitos outros cirurgiões nos Estados Unidos e ao<br />

redor do mundo [12].<br />

2.2 Artroplastia Total de Quadril<br />

Artroplastia ou Prótese Total do Quadril se caracteriza pela substituição ou<br />

troca da articulação do quadril. Esta cirurgia foi idealizada por ortopedistas para<br />

restabelecer a função da articulação coxo-femoral já que muitos fatores acometem<br />

esta articulação, sendo que os mais importantes são: Artrose de Quadril (Figura 4) e<br />

Fraturas do Colo do Fêmur [13].<br />

Figura 4 – Representação esquemática de um quadril [11].<br />

As primeiras próteses idealizadas foram confeccionadas com materiais que<br />

tinham pouca biocompatibilidade, entre eles podemos citar o ouro, acrílico, vidro,<br />

baquelite, etc. As próteses atuais são feitas de materiais totalmente bio compatíveis,<br />

e os mais empregados são: polietileno de alta densidade, cromo-cobalto, titânio,<br />

polimetilmetacrilato [13].<br />

Existem vários tipos de prótese de quadril. A indicação de usar uma ou outra<br />

prótese depende da idade do paciente, do tipo de doença, da qualidade do osso e<br />

da experiência do cirurgião [13].


21<br />

2.2.1 Tipos de prótese<br />

Prótese cimentada. A prótese cimentada é aquela em que usa-se cimento<br />

ósseo para fixar o componente acetabular na bacia e a parte femoral no fêmur<br />

sendo que a mais utilizada é a prótese de Charnley. O acetábulo é confeccionado<br />

com polietileno de alta densidade (tipo especial de plástico) e a parte femoral é feita<br />

de liga metálica. Normalmente esta prótese é usada em pacientes idosos [13].<br />

Prótese não-cimentada. A prótese não-cimentada é aquela em que suas<br />

partes (acetábulo e componente femoral) são fixadas diretamente na superfície<br />

óssea, sem a utilização de cimento. Este tipo é indicado para pessoas mais jovens,<br />

com boa qualidade óssea [13].<br />

Prótese Híbrida. Na prótese híbrida, o componente acetabular é fixado à<br />

bacia através de parafusos, sendo o componente femoral fixado com cimento ao<br />

fêmur. É usada em pacientes com até 75 anos de idade [13].<br />

Prótese Cefálica uni-polar e bi-polar. As próteses uni e bi-polares são<br />

utilizadas em pacientes idosos, com fratura do colo do fêmur e que necessitam sair<br />

do leito o mais precocemente possível [13].<br />

Endo-prótese. As endo-próteses são utilizadas para a substituição de<br />

grandes segmentos ósseos, como no caso de um tumor que comprometa a parte<br />

superior do fêmur [13].<br />

Prótese em Copa. As próteses em copa estão em desuso, sendo utilizadas<br />

eventualmente em pacientes com fratura de acetábulo em péssimas condições de<br />

saúde, pois uma prótese total necessita de maior tempo cirúrgico e anestésico,<br />

dificilmente suportado por esse tipo de paciente[13].<br />

2.2.2 Implicações cirúrgicas<br />

Normalmente, a cirurgia de artroplastia de quadril pode ser considerada bem<br />

sucedida pois as complicações são raras. A complicação mais temível‚ é uma<br />

infecção, porém, a possibilidade que ela ocorra em um quadril que nunca foi<br />

operado antes é de menos de 1%. A infecção pode ser causada por bactérias que


22<br />

entram no quadril no momento da operação, por isso, algumas precauções são<br />

tomadas no momento da cirurgia além de ser invevitável o uso de antibióticos<br />

durante o período de internação hospitalar. Caso o paciente que foi submetido a<br />

uma artroplastia total do quadril tiver uma infecção bacteriana em qualquer parte do<br />

corpo, ela deverá ser tratada rapidamente para evitar riscos maiores [13].<br />

A perda da fixação da prótese é a principal complicação a longo prazo e a<br />

durabilidade da mesma é determinada por três fatores:<br />

• A habilidade do cirurgião: se a operação é bem feita evitando-se todos<br />

os riscos de infecção, seguindo todos os procedimentos cirúrgicos, se o médico é<br />

experiente e se a reabilitação do pós-operatório for cuidadosamente feita, o implante<br />

irá durar mais.<br />

• O esforço que a prótese será submetida: isto dependerá da atividade<br />

que o paciente exercer depois da operação. Exercícios vigorosos como correr ou<br />

levantar objetos pesados podem causar grandes esforços na operação e acabar<br />

soltando a prótese ao decorrer do tempo. Pessoas com excesso de peso podem<br />

causar problemas na prótese mesmo em atividades normais.<br />

• Estado ósseo do paciente: às vezes osteoporose, deformidades, ou<br />

cirurgias prévias podem comprometer a qualidade da fixação da prótese ao osso.<br />

A cirurgia da artroplastia total do quadril é um procedimento realizado com<br />

grande apuro técnico, com variadas opções de material cirúrgico que trazem<br />

gratificante alívio das dores e a incapacidade dos pacientes de se locomoverem [13].<br />

Luxações também podem ocorrer, porém em poucos casos. Elas significam<br />

que a esfera metálica da cabeça da prótese sai de dentro da cavidade do acetábulo.<br />

Esta esfera fica presa dentro do acetábulo, pois existe uma força dos músculos do<br />

quadril que a seguram assim, pacientes com os músculos enfraquecidos estão mais<br />

sujeitos a que isso ocorra. Durante as primeiras semanas após a operação, antes<br />

que se forme uma cicatrização firme no local, o paciente está mais sujeito a luxação.<br />

Nesta fase, certas posições do quadril devem ser evitadas e estas vão ser indicadas<br />

pelo cirurgião e os fisioterapeutas, que já estão familiarizados com este tipo de<br />

operação, vão ensiná-lo como deixar seu quadril em segurança. Caso ocorra uma


23<br />

luxação da prótese, geralmente ela é recolocada no lugar simplesmente puxando o<br />

membro inferior, porém ocasionalmente pode ser necessária uma cirurgia para<br />

recolocá-la em sua posição correta [13].<br />

Uma outra observação a se colocar durante a cirurgia é o cuidado com as<br />

lesões dos nervos. Os nervos que estão em risco de serem comprometidos durante<br />

a cirurgia da artroplastia do quadril são: o nervo glúteo superior, obturador, femoral e<br />

ciático.<br />

Em ocasiões raras, pode haver fratura do fêmur durante a operação ou por<br />

traumatismos sofridos algum tempo depois além de poder ocorrer desgaste do<br />

polímero da prótese após anos de uso [13].<br />

O paciente deve ter consciência que o quadril operado não é igual ao quadril<br />

normal, apesar de alguns pacientes sentirem-se absolutamente normais. O alívio da<br />

dor e a qualidade da artroplastia são determinados em parte pelo tipo de problema<br />

que o paciente tem. É pouco comum que haja algum tipo de dor após a operação<br />

que não possa ser explicada [13].<br />

Uma outra complicação clínica muito freqüente é a formação de coágulos nas<br />

veias da perna, o que pode causar um tromboembolismo. Ocasionalmente, os<br />

coágulos podem mover-se pela circulação até os pulmões e causar preocupações<br />

maiores. A possibilidade de risco de vida é de uma em várias centenas de<br />

operações por isso, algumas medidas são tomadas para evitar os coágulos, como<br />

por exemplo, iniciar exercícios logo após a cirurgia e usar meias para varizes por<br />

algum tempo além de algumas vezes ser necessária a administração de alguns<br />

medicamentos para prevenir tais complicações [13].<br />

Outras complicações ainda menos freqüentes podem ocorrer, já que uma<br />

cirurgia de grande porte como uma artroplastia sempre envolve riscos, mas o<br />

paciente deve ter em mente que a possibilidade de ter qualquer problema mais sério<br />

é muito pequena se forem tomados todos os cuidados.


24<br />

2.3 Processos de Fabricação<br />

O desenvolvimento de novos processos de fabricação e aperfeiçoamento dos<br />

mesmos vem crescendo durante os anos devido à corrida por novas tecnologias<br />

pelo avanço do mercado mundial. Porém, processos básicos como fundição e<br />

forjamento ainda são amplamente usados com a mesma técnica de muitos anos<br />

atrás.<br />

Para abordar o tema proposto nesse trabalho serão apresentados conceitos<br />

teóricos de técnicas utilizadas na fabricação das hastes femorais, empregadas<br />

atualmente, bem como alguns processos que encontram-se em estudo, na esfera<br />

mundial:<br />

• Fundição<br />

• Forjamento<br />

• Usinagem<br />

• Metalurgia do Pó<br />

2.3.1 Fundição<br />

Fundição é um processo de fabricação onde um metal ou liga metálica, no<br />

estado líquido, é vazado em um molde com formato e medidas correspondentes aos<br />

da peça a ser produzida [14]. A peça produzida por fundição pode ter as formas e<br />

dimensões definitivas ou não, por isso, em muitos casos após o processo, a peça é<br />

usinada para serem feitos ajustes dimensionais ou mesmo conformada<br />

mecanicamente (por exemplo, por forjamento), para que as formas e dimensões<br />

finais sejam obtidas. A Figura 5 ilustra o processo de vazamento de metal no estado<br />

líquido em um molde.


25<br />

Figura 5 – Vazamento do metal líquido em um processo de fundição [11].<br />

Em muitos casos, os processos de fundição apresentam algumas vantagens<br />

em relação a outros tipos de processos de fabricação, como no caso da produção de<br />

peças muito grandes. Por outro lado, as propriedades mecânicas de peças fundidas<br />

geralmente são inferiores às propriedades de peças conformadas mecanicamente.<br />

Além disso, durante o processo de solidificação pode haver formação de porosidade<br />

[14].<br />

Alguns dos fatores que devem ser considerados para se escolher<br />

adequadamente o processo de fabricação são:<br />

• Quantidade de peças a produzir.<br />

• Tolerâncias requeridas.<br />

• Grau de complexidade.<br />

• Especificação do metal.<br />

• Acabamento superficial desejado.<br />

• Custo do ferramental.


26<br />

• Comparativo econômico entre usinagem e fundição.<br />

Algumas considerações importantes devem ser feitas com respeito ao<br />

escoamento do metal líquido na cavidade do molde, o qual é influenciado pela<br />

temperatura de vazamento, taxa de resfriamento, fluidez, existência de turbulência,<br />

contração de solidificação, transferência de calor no molde, características do lingote<br />

(ou molde), que dependem do processo de fundição. A Figura 6 ilustra a<br />

solidificação de um metal com a nucleação heterogênea junto a parede do molde.<br />

Normalmente a estrutura de solidificação é dendrítica [14].<br />

Figura 6 - Solidificação de metal junto à parede do molde (a) e o avanço da<br />

interface sólido/líquido (b e c) [14].<br />

Um metal apresenta uma temperatura de fusão bem definida, isto é, ele inicia<br />

e termina o processo de solidificação em uma temperatura bem determinada. Já as<br />

ligas apresentam uma temperatura onde se inicia o processo de solidificação e uma<br />

temperatura onde termina esse processo. Dentro da faixa de temperaturas em que<br />

ocorre a solidificação para uma liga existe sempre uma mistura de sólido e líquido. A<br />

temperatura de vazamento dever ser estar sempre acima da temperatura onde<br />

existem 100% de líquido (superaquecimento). O vazamento, no caso de ligas, dentro<br />

de uma faixa de temperaturas onde se tem sólido e líquido prejudica o<br />

preenchimento completo do molde [14].<br />

A taxa de resfriamento tem efeito no desenvolvimento da estrutura do fundido,<br />

como mostra a Figura 7.


27<br />

Figura 7 - Ilustração esquemática de frentes de solidificação (a) dendrítica colunar,<br />

(b) dendrítica equiaxial e (c) equiaxial [14]<br />

A maioria dos metais comercialmente utilizados apresenta contração durante<br />

o processo de solidificação. Isso deve ser levado em conta na fabricação do molde.<br />

Para compensar essa contração existe no projeto do molde a adição de um<br />

massalote. Esse massalote é a última parte a se solidificar e concentra a contração<br />

de solidificação. O massalote é retirado da peça após a solidificação e<br />

desmoldagem, sendo sucateado. A Figura 8 ilustra o fenômeno de contração [14].<br />

Figura 8 - Ilustração esquemática do fenômeno de contração durante a solidificação<br />

[14].<br />

2.3.2 Forjamento<br />

Forjamento é o processo de fabricação no qual um tarugo de metal é<br />

deformado dentro das mais variadas formas geométricas e com grandes<br />

deformações plásticas. Este processo de fabricação está dividido em dois grandes<br />

grupos: forjamento a frio e forjamento a quente [15].


28<br />

Estas classificações provem da temperatura na qual o processo ocorre. No<br />

processo de forjamento a quente, a temperatura deve estar acima da faixa<br />

correspondente à temperatura de recuperação e recristalização do metal a ser<br />

forjado já o forjamento a frio, o processo é realizado abaixo da temperatura de<br />

recristalização do material.<br />

No processo de forjamento a frio pode-se encontrar algumas vantagens em<br />

relação ao processo a quente como, por exemplo: melhores propriedades<br />

mecânicas da peça, melhor qualidade superficial, menor custo de operação. Assim<br />

pode-se notar que esta tecnologia atinge os interesses de empresas que buscam<br />

redução de custos dos processos.<br />

Comparadas com as peças fundidas, as peças forjadas podem receber<br />

dimensões menores devido a sua maior resistência mecânica. Nas peças forjadas<br />

as fibras são orientadas, os grãos se apresentam com uma estrutura mais fina, as<br />

porosidades inexistem, desta forma estas peças apresentam uma resistência<br />

mecânica superior às peças fundidas ou mesmo usinadas [15].<br />

De um modo geral, todos os materiais conformáveis podem ser forjados. Os<br />

mais utilizados para a produção de peças forjadas são os aços (comuns e ligados,<br />

aços estruturais, aços para cementação e para beneficiamento, aços inoxidáveis<br />

ferríticos e austeníticos, aços ferramenta), ligas de alumínio, de cobre<br />

(especialmente os latões), de magnésio, de níquel (inclusive as chamadas<br />

superligas, como Waspaloy, Astraloy, Inconel, Udimet 700, etc., empregadas<br />

principalmente na indústria aeroespacial) e de titânio [17].<br />

O material de partida é geralmente fundido ou, mais comumente, laminado -<br />

condição esta que é preferível, por apresentar uma microestrutura mais homogênea.<br />

Peças forjadas em matriz, com peso não superior a 2 ou 3 kg, são normalmente<br />

produzidas a partir de barras laminadas já as de maior peso são forjadas a partir de<br />

tarugos ou palanquilhas, quase sempre também laminados, e cortados previamente<br />

no tamanho adequado. Peças delgadas, como chaves de boca, alicates, tesouras,<br />

tenazes, facas, instrumentos cirúrgicos, etc., podem ser forjadas a partir de recortes<br />

de chapas laminadas [17].


29<br />

Apesar das vantagens do forjamento a frio, a maioria das operações de forja é<br />

realizada a quente. Usam-se duas classes básicas de equipamentos para a<br />

operação de forja: o martelo de forjar que aplica golpes de impacto rápidos sobre a<br />

superfície do metal; e as prensas de forjar que submetem o metal a uma força<br />

compressiva aplicada relativamente de uma forma lenta [15].<br />

De uma forma genérica pode-se dividir o forjamento em:<br />

2.3.2.1 Forjamento em matriz aberta (forjamento livre)<br />

Forjamento em matriz aberta consiste em conformar por pressão com<br />

ferramentas que se movimentam umas contra as outras e que não contêm a forma<br />

da peça ou somente a contêm em parte [16]. Ele é realizado entre matrizes planas<br />

ou de formas muito simples, conforme exemplificado na Figura 9. Freqüentemente, o<br />

forjamento livre é usado para preparar a forma da peça (esboço) para o forjamento<br />

em matriz [18].<br />

Figura 9 – Esquema do processo de forjamento em matriz aberta [18].<br />

A moldagem livre é apropriada para a confecção de peças de tamanhos<br />

diversos, que devem receber formas simples e lisas com superfícies planas ou<br />

uniformemente redondas [16].<br />

Geralmente, o processo de forjamento livre é utilizado para fabricar peças de<br />

tamanhos grandes, com forma relativamente simples (como por exemplo, eixos de<br />

navios e de turbinas, ganchos, correntes, âncoras, alavancas, excêntricos,<br />

ferramentas agrícolas, etc.) e também para pré-conformar peças que serão<br />

submetidas posteriormente a operações de forjamento mais complexas [17].


30<br />

2.3.2.2 - Forjamento em matriz fechada<br />

O forjamento em matriz usa blocos de matriz cuidadosamente usinados para<br />

produzir peças forjadas com tolerâncias dimensionais bastante precisas.<br />

Normalmente, para justificar a utilização dessas matrizes relativamente caras, esse<br />

processo é usado para taxas de produção altas. A Figura 10 mostra as etapas<br />

envolvidas na fabricação de uma biela automotiva.<br />

Figura 10 - Etapas envolvidas na fabricação de uma biela automotiva. As cavidades<br />

1 e 2 realizam o desbaste e a expansão, a cavidade 3 realiza o forjamento bruto” e<br />

as cavidades 4 e 5 o acabamento e a rebarbação, respectivamente.<br />

Em geral, no forjamento em matriz o tarugo é primeiro desbastado e<br />

esquadrinhado para ajustar o metal nas posições corretas na matriz para o<br />

forjamento subseqüente. O tarugo pré-moldado é então colocado na cavidade da<br />

matriz de forja em bruto para atingir uma forma próxima à desejada. A maior parte<br />

da mudança da forma ocorre quase sempre nessa etapa. Em seguida a peça é<br />

transferida para uma matriz de acabamento, onde é forjada para a forma e<br />

dimensões finais [16].


31<br />

Nos casos em que a deformação ocorre dentro de uma cavidade totalmente<br />

fechada, sem zona de escape, é fundamental a precisão na quantidade fornecida de<br />

material: uma quantidade insuficiente implica falta de enchimento da cavidade e<br />

falha no volume da peça já um excesso de material, causa sobrecarga no<br />

ferramental com probabilidade de danos ao mesmo e ao maquinário [17].<br />

Dada a dificuldade de dimensionar a quantidade exata fornecida de material,<br />

é mais comum empregar um pequeno excesso. As matrizes são providas de uma<br />

zona oca especial para recolher o material excedente ao término do preenchimento<br />

da cavidade principal. O material excedente forma uma faixa estreita (rebarba) em<br />

torno da peça forjada. A rebarba exige uma operação posterior de rebarbação para<br />

remoção [17].<br />

A rebarba atua como uma "válvula de segurança" para o excesso de metal na<br />

cavidade da matriz. Ela atua como um regulador de escape do metal, portanto uma<br />

rebarba muito fina aumenta muito a resistência de escoamento do sistema de<br />

maneira que a pressão sobe para valores bem altos, assegurando que o metal<br />

preencha todos os espaços da cavidade da matriz. O segredo do projeto da rebarba<br />

é ajustar de tal forma as suas dimensões de maneira que a extrusão do metal<br />

através da abertura estreita para a rebarba seja mais difícil do que preencher os<br />

detalhes mais intrincados da matriz. Porém, isso não deve ser feito em excesso para<br />

não só criar altas cargas de forjamento, como também evitar problemas com a<br />

deformação ou quebra da matriz. O ideal é projetar a rebarba ao mínimo necessário<br />

à realização do trabalho [16].<br />

Normalmente a cavidade de forja em bruto e a cavidade de acabamento são<br />

usinadas no mesmo bloco de matriz. Com freqüência, são feitos o desbaste e a<br />

expansão do metal nos extremos do bloco da matriz [17].<br />

Em forja com matrizes fechadas é extremamente difícil produzir componentes<br />

com filetes muito agudos. almas finas e frisos ou arestas muito altas. Além disso, as<br />

matrizes de forja devem ser afuniladas para facilitar a remoção das peças acabadas.<br />

Este ângulo de saída varia 5°a 7° para superfícies inte rnas e de 7° a 8° para<br />

superfícies externas [16].


32<br />

A matriz de forjamento é normalmente fabricada com blocos de aço<br />

ferramenta para trabalho a quente. As cavidades no bloco são produzidas por meio<br />

de usinagem, normalmente envolvendo a eletro erosão, por isso seu elevado custo<br />

[18].<br />

Em geral, cada matriz possui diversas cavidades. As primeiras têm a função<br />

de desbastar e expandir a barra formando um esboço. Em seguida, este é forjado na<br />

cavidade de “forja em bruto” para atingir uma forma próxima à desejada, sendo que<br />

a maior parte da deformação ocorre nesta etapa. Depois, a peça é transferida à<br />

matriz de acabamento, onde atinge as dimensões finais e ocorre o corte da rebarba,<br />

conforme ilustra a figura [18].<br />

2.3.2.3 - Equipamentos para forjamento<br />

Basicamente existem dois tipos de equipamentos utilizados no forjamento que<br />

são os martelos (que deformam o material através de golpes rápidos de impactos na<br />

superfície do metal) e as prensas (que submetem o metal a compressão a uma<br />

velocidade relativamente baixa). Alguns exemplos de tipos de equipamentos são:<br />

Prensas de fuso. São constituídas de um par porca/parafuso, com a rotação<br />

do fuso, a massa superior se desloca, podendo estar fixada no próprio fuso ou então<br />

fixada à porca que neste caso deve ser móvel, dando origem a dois subtipos de<br />

prensas: as de fuso móvel e as de porca móvel [16]. Ligado ao fuso há um disco de<br />

grande dimensão que funciona como disco de inércia, acumulando energia que é<br />

dissipada na descida. O acionamento das prensas de fuso pode ser de três tipos:<br />

através de discos de fricção, por acoplamento direto de motor elétrico e acionado<br />

por engrenagens [16]. A Figura 11 mostra uma prensa de fuso.


33<br />

Figura 11 – Foto de uma prensa de fuso [11].<br />

Prensas excêntricas ou mecânicas. Depois do martelo de forja, a prensa<br />

mecânica é o equipamento mais comumente utilizado. Pode ser constituído de um<br />

par biela/manivela, para transformar um movimento de rotação, em um movimento<br />

linear recíproco da massa superior da prensa [16].<br />

Para melhorar a rigidez deste tipo de prensa algumas variações do modelo<br />

biela/manivela foram propostos assim nasceram as prensas excêntricas com cunha<br />

e as prensas excêntricas com tesoura [16].<br />

Prensas excêntricas com cunha e com tesoura que tem a finalidade de serem<br />

mais rígidas que uma prensa excêntrica convencional [16].<br />

O curso do martelo neste tipo de prensa é menor que nos martelos de<br />

forjamento e nas prensas hidráulicas. O máximo de carga é obtido quando a massa<br />

superior está a aproximadamente 3 mm acima da posição neutra central. São<br />

encontradas prensas mecânicas de 300 a 12.000 toneladas. A pancada de uma<br />

prensa é mais uma aplicação de carga crescente do que realmente um impacto. Por<br />

isto as matrizes sofrem menos e podem ser menos maciças. Porem o custo inicial de<br />

uma prensa mecânica é maior que de um martelo [16].


34<br />

Prensas hidráulicas. As prensas hidráulicas são máquinas limitadas na<br />

carga, na qual a prensa hidráulica move um pistão num cilindro. A principal<br />

característica é que a carga total de pressão é transmitida em qualquer ponto do<br />

curso do pistão. Essa característica faz com que as prensas hidráulicas sejam<br />

particularmente adequadas para operações de forja do tipo de extrusão. A<br />

velocidade do pistão pode ser controlada e mesmo variada durante o seu curso. A<br />

prensa hidráulica é uma máquina de velocidade baixa, o que resulta em tempos<br />

longos de contato com a peça que pode levar a problemas com a perda de calor da<br />

peça a ser trabalhada e com a deterioração da matriz. Por outro lado. a prensagem<br />

lenta de uma prensa hidráulica resulta em forjamento de pequenas tolerâncias<br />

dimensionais. As prensas hidráulicas são disponíveis numa faixa de 500 a 18.000<br />

toneladas, já tendo sido construídas, também, prensas hidráulicas de 50.000<br />

toneladas. O custo inicial de uma prensa hidráulica é maior do que o de uma prensa<br />

mecânica da mesma capacidade. São disponíveis na literatura técnica fatores para<br />

conversão entre a capacidade das prensas e dos martelos de forja [16].<br />

Martelo. A peça mais comumente usada dos equipamentos de forja é o<br />

martelo de forja. Os dois tipos básicos de martelo são: martelo de queda livre com<br />

prancha e o martelo de duplo efeito. No martelo de queda com prancha, a matriz<br />

superior e a massa cadente são elevadas por rolos de atrito engrenados à prancha,<br />

correntes ou outros mecanismos. Quando a prancha é liberada, a massa cadente cai<br />

sob a influência da gravidade para produzir a energia da pancada. A prancha é<br />

imediatamente elevada para nova pancada. O forjamento com um martelo é<br />

normalmente feito com pancadas repetidas. Os martelos podem atingir entre 60 e<br />

150 pancadas por minuto dependendo do tamanho e capacidade. A energia suprida<br />

pelas pancadas é igual à energia potencial devido ao peso da massa cadente e da<br />

altura de queda. Os martelos de queda são classificados pelo peso da massa<br />

cadente. Entretanto, uma vez que o martelo é uma máquina limitada<br />

energeticamente, no qual a deformação se processa até que a energia cinética é<br />

dissipada pela deformação plástica da peça de trabalho ou pela deformação elástica<br />

das matrizes e da máquina, é mais correto classificar essas máquinas em termos da<br />

energia transmitida [16].


35<br />

Uma capacidade maior de forja é atingida com um martelo de duplo efeito no<br />

qual o martelo é acelerado no seu curso descendente por pressão de vapor ou ar<br />

comprimido em adição à gravidade. O vapor ou ar comprimido podem também<br />

serem usados para elevar o martelo no seu curso ascendente. Nos martelos de<br />

queda o choque produzido pela queda da massa é transmitido para toda a estrutura<br />

da máquina, bem como para as fundações. O que é um grande transtorno [16].<br />

Para amenizar este fato foram desenvolvidos os martelos de contragolpe, em<br />

que a chabota se movimenta ao mesmo tempo em que a massa superior<br />

encontrando-se ambas no meio do percurso. Desta forma a reação do choque<br />

praticamente inexiste e não é transmitida para a estrutura da máquina e fundações<br />

[16].<br />

Dada a configuração deste tipo de martelo temos como desvantagens:<br />

• maior desalinhamento entre as partes superior e inferior da matriz;<br />

• a força de forjamento deve estar localizada no meio da matriz para<br />

evitar grandes atritos entre as massas e as guias;<br />

• não é possível manipular a peça durante o movimento do martelo<br />

• maiores despesas de manutenção<br />

Uma característica comum aos martelos é que em função do forjamento ser<br />

feito por meio de golpes, o martelo adquire grande flexibilidade, pois enquanto as<br />

prensas são limitadas em termos de força (só podem ser aplicadas se a força<br />

requerida for menor que a disponível), nos martelos esta limitação não existe uma<br />

vez que o martelo aplicará golpes sucessivos até que a conformação desejada se<br />

processe. Desta forma os martelos são mais indicados para o uso com matrizes de<br />

múltiplas cavidades em que em um único bloco existem as cavidades para préconformação<br />

e conformação final [16].<br />

Outro aspecto relativo aos martelos é que estes requerem em média 400%<br />

mais energia, que as prensas, para executar a mesma deformação [16].


36<br />

Partindo-se do desenho da peça usinada deve-se incorporar algumas<br />

alterações para que seja possível o seu forjamento. Estas alterações são:<br />

• previsão de sobre metal para usinagem;<br />

• previsão de ângulos de saída para as superfícies que forem paralelas a<br />

direção de forjamento;<br />

• previsão de raios de concordância para os cantos;<br />

2.3.3 Usinagem<br />

2.3.3.1 Definição de usinagem<br />

Segundo a norma DIN 8580, o processo de usinagem aplica-se a todos os<br />

processos de fabricação onde ocorre a remoção de material sob a forma de cavaco.<br />

Os processos de fabricação por remoção de material são comumente<br />

conhecidos como processos de usinagem, os quais são apresentados na Figura 12,<br />

e são normalmente considerados secundários porque têm como material de partida<br />

os materiais previamente obtidos por processos primários (fundição, conformação,<br />

etc.). Dificilmente ocorre a presença isolada de um ou outro destes processos na<br />

fabricação de peças ou componentes. Por ser considerado um processo secundário,<br />

a usinagem normalmente atua como processo complementar em relação aos<br />

demais processos, como por exemplo, no acabamento do produto final. [19].<br />

Figura 12 - Alguns processos de fabricação por remoção (usinagem) [19].


37<br />

Em relação a outros processos por deformação plástica, onde não a perda de<br />

material, a usinagem ocorre uma remoção de massa de material dependendo da<br />

forma final do produto. Este material pode sair em forma de partículas ou cavacos de<br />

acordo com os processos de usinagem utilizados.<br />

A principal vantagem dos processos de usinagem com relação aos demais<br />

processos é a possibilidade de obtenção dos mais diversificados e complexos perfis<br />

de peças, com dimensões e tolerâncias bastante estreitas. Contudo, alguns<br />

inconvenientes podem ser destacados:<br />

• Grande perda da matéria inicial em forma de cavaco se comparado<br />

com os processos de deformação, onde as perdas são muito menores;<br />

• Desgaste das ferramentas utilizadas no processo, resultado da ação<br />

tribológica que ocorre no contato entre o par ferramenta / peça durante o trabalho;<br />

• Devido à natureza da usinagem, que promove a conformação da peça<br />

por meio da ação cisalhante de ferramentas de corte ou simplesmente promove a<br />

remoção do volume excedente sem redistribuir o material, as fibras ou a orientação<br />

da estrutura dos materiais são quebradas ou descontinuadas durante o processo, o<br />

que pode comprometer em parte as propriedades do componente, dependendo da<br />

direção em que o mesmo vai ser solicitado em serviço [19].<br />

Por esse motivo, no caso de componentes ou peças que terão aplicações de<br />

grande responsabilidade, procura-se optar por processos de conformação ou<br />

deformação plástica (forjamento, por exemplo), os quais normalmente possibilitam<br />

melhores propriedades mecânicas no componente acabado; reservando-se a<br />

usinagem somente para o necessário [19].<br />

Falar em necessário não quer dizer que utilizar a usinagem seja inviável.<br />

Processos de usinagem são amplamente utilizados durante pelo menos alguma<br />

etapa da fabricação de um produto metálico como, por exemplo, no acabamento,<br />

onde é necessário tirar a matéria prima sobressalente causada por um processo de<br />

conformação (como o forjamento) para chegar a forma final da peca.


38<br />

Segundo Trent apud Evangelista [20], durante a década de 1980<br />

aproximadamente 10% de toda a produção de metais era transformada em cavaco.<br />

Já a estimativa para o final da década de 90 era que os gastos anuais dos Estados<br />

Unidos com usinagem fosse algo em torno de US$ 250 bilhões [20].<br />

Existe uma extensa variedade de processos de usinagem de que se pode<br />

fazer uso, dependendo da geometria da peça a usinar, da geometria final que se<br />

deseja obter e do grau de acabamento e tolerâncias especificadas no projeto. Estes<br />

(processos de usinagem) podem ser classificados basicamente em dois grandes<br />

grupos: os convencionais e os não convencionais [19].<br />

Os processos convencionais englobam aqueles que se utilizam ferramentas<br />

cortantes ou abrasivas, enquanto que os não convencionais incluem processos<br />

químicos, térmicos, eletroquímicos, eletro térmicos e mesmo mecânicos [19].<br />

Três processos podem ser considerados básicos na usinagem e que dão<br />

origem aos outros processos encontrados. A Figura 13 apresenta estes 3 processos<br />

universais são: torneamento, fresamento e furação.<br />

Figura 13 - Figura esquemática representativa dos processos “universais” de<br />

usinagem [19].


39<br />

Torneamento: consiste num processo onde um sólido cilíndrico bruto é<br />

transformado retirando-se cavaco de sua periferia com a finalidade de se obter um<br />

objeto com formas definidas e com precisão. Neste processo a peça gira em torno<br />

do eixo principal da máquina e a ferramenta desloca-se numa trajetória no mesmo<br />

plano do referido eixo. O torneamento é normalmente executado com ferramenta<br />

mono cortante podendo também ser executado com ferramentas com múltiplo fio de<br />

corte e até com brocas, alargadores e fresas [21]. A Figura 14 mostra uma<br />

ferramenta em trabalho com o sentido de rotação da peça e o deslocamento da<br />

ferramenta.<br />

Figura 14 – Figura representando o processo de torneamento [21].<br />

Fresamento: esta operação consiste em remover cavaco de um material com<br />

a finalidade de construir superfícies planas ou com uma determinada forma. Neste<br />

processo, utiliza-se uma ferramenta chamada fresa que consiste numa ferramenta<br />

provida de dentes cortantes paralelos a superfície a ser usinada. Por meio do<br />

movimento combinado entre a rotação da ferramenta e o deslocamento da peça são<br />

produzidas superfícies variadas [22]. A ferramenta gira no sentido horário, seus<br />

dentes retiram o cavaco da superfície da peça que se desloca no sentido do<br />

movimento do avanço como mostrado na Figura 15.


40<br />

Figura 15 – Figura representando o processo de fresamento [22].<br />

Furação: é um dos processos de usinagem mais utilizados na indústria<br />

manufatureira. Consiste na abertura de um furo cilíndrico numa peça, através de<br />

uma ferramenta chamada furadeira por meio de uma broca, fazendo com que seja<br />

removido todo o material compreendido no volume do furo final, na forma de cavaco.<br />

Em cada um dos processos, utilizam-se ferramentas diferenciadas que irão<br />

auxiliar na efetiva consolidação do processo. Então, podem-se ter equipamentos<br />

como tornos, fresadoras, furadeiras, retificadoras, etc., utilizando ferramentas como<br />

pastilhas intercambiáveis, fresas, brocas, rebolos e outras.<br />

2.3.3.2 Mecanismos de corte / usinagem<br />

Para qualquer tipo de ferramenta, seja ela manual ou para utilização em<br />

máquinas, o corte do material ocorre sempre pelo que se pode chamar de “princípio<br />

fundamental”; um dos mais antigos e elementares que existe é “a cunha” [19].<br />

A característica mais importante da cunha é o seu ângulo de gume (ß).<br />

Quanto menor for o ângulo do gume, mais aguda será a ferramenta, e maior<br />

facilidade ela terá para penetrar no material. Em contrapartida, a resistência<br />

mecânica da aresta cortante de uma ferramenta excessivamente aguda é menor, e a<br />

mesma pode ser levada ao colapso prematuro caso as pressões envolvidas na<br />

execução do corte sejam elevadas [19]. A Figura 16 ilustra os princípios básicos do<br />

corte de materiais.


41<br />

Figura 16 - Esquema ilustrativo do princípio básico do corte de materiais.<br />

O estudo do mecanismo de formação do cavaco é de fundamental<br />

importância para um melhor entendimento dos fenômenos envolvidos no processo<br />

de usinagem [19].<br />

A teoria da plasticidade atribuída à formação dos cavacos, não permite<br />

explicar satisfatoriamente os fenômenos observados, uma vez que as velocidades e<br />

deformações são muito grandes se comparadas com aquelas tratadas na teoria da<br />

plasticidade [19].<br />

Em geral, no corte de “metais” a formação do cavaco em condições normais<br />

de trabalho com ferramenta de metal duro ou aço rápido, se processa da seguinte<br />

forma: durante a usinagem, devido à penetração da ferramenta na peça, uma<br />

pequena porção de material é recalcada contra a superfície de saída da ferramenta,<br />

ou então, o material recalcado sofre uma deformação plástica, a qual aumenta<br />

progressivamente, até que as tensões de cisalhamento se tornem suficientemente<br />

grandes, de modo a se iniciar um deslizamento (sem que haja com isso uma perda<br />

de coesão) entre a porção de material recalcada e a peça. Este deslizamento se<br />

realiza segundo os planos de cisalhamento dos cristais da porção do material<br />

recalcada. Durante a usinagem estes planos instantâneos irão definir certa região<br />

entre a peça e o cavaco. Estes planos são simplesmente os de cisalhamento. Este<br />

plano é tomado quando possível paralelo aos planos de cisalhamento dos cristais<br />

desta região, e é definido pelo ângulo de cisalhamento Φ, conforme mostra Figura<br />

17 [19].


42<br />

Figura 17 - Representação esquemática do plano de cisalhamento [19].<br />

Em seguida, continuando a penetração da ferramenta em relação à peça,<br />

haverá uma ruptura parcial ou completa na região de cisalhamento, dependendo<br />

naturalmente da ductilidade do material e das condições de usinagem. Para os<br />

materiais altamente deformáveis, a ruptura se realiza somente nas imediações da<br />

aresta cortante e o cavaco originado é denominado de cavaco contínuo (para os<br />

materiais frágeis se origina o cavaco de cisalhamento ou de ruptura) [19].<br />

Prosseguindo, devido ao movimento relativo entre a ferramenta e a peça,<br />

inicia-se um escorregamento da porção de material deformado e cisalhado (cavaco)<br />

sobre a superfície de saída da ferramenta. Enquanto tal ocorre, uma nova porção de<br />

material (imediatamente adjacente à porção anterior) está se formando e cisalhando.<br />

Esta nova porção irá também escorregar sobre a superfície de saída da ferramenta,<br />

repetindo novamente o fenômeno [19].<br />

De acordo com o demonstrado, conclui-se que a formação do cavaco em<br />

condições normais de trabalho é um fenômeno periódico, inclusive a formação do<br />

cavaco contínuo. Tem-se alternadamente uma fase de recalque e uma fase de<br />

escorregamento, para cada pequena porção de material removido [19].


43<br />

O mecanismo de formação do cavaco é de compreensão mais fácil e mais<br />

acessível quando se considera o corte ortogonal (Figura 18) com formação contínua<br />

do cavaco. A formação do cavaco no corte ortogonal é considerada um fenômeno<br />

bidirecional, o qual se realiza em um plano normal à aresta cortante, isto é, no plano<br />

de trabalho. Esta simplificação não altera, porém, a essência do fenômeno, pois as<br />

conclusões aí obtidas são aplicáveis ao corte tridimensional (Figura 18), que ocorre<br />

na maioria das aplicações [19].<br />

Figura 18 - Esquema ilustrativo representativo dos tipos de corte. a) corte ortogonal.<br />

b) corte tridimensional [19]<br />

No estudo do corte ortogonal admitem-se algumas considerações para<br />

simplificação do processo analítico tais como: a formação do cavaco é lamelar,<br />

contínuo e sem formação de aresta postiça; não existe contato entre a superfície de<br />

folga da ferramenta e a peça usinada; e a espessura de corte e a velocidade de<br />

corte é constante com o tempo, dentre outras [19].<br />

O estudo do corte ortogonal permite a dedução de uma série de relações e<br />

cálculos que podem ser bastante úteis para um perfeito entendimento do processo,<br />

entre elas: relações geométricas, relações cinemáticas, cálculo do grau de recalque,<br />

cálculo do ângulo de cisalhamento, etc. [19].<br />

2.3.3.3 Aplicações de usinagem<br />

O processo de usinagem, como foi mostrado, tem inúmeras aplicações em<br />

metais. Ele pode ser utilizado tanto na confecção de peças com geometrias variadas<br />

e complexas como em processo secundário de conformação, por exemplo, seu uso<br />

para o acabamento de peças forjadas. Dependendo do material em questão, não é<br />

aplicável o uso da usinagem para obtenção do produto final pois há grande perda de<br />

matéria prima em forma de cavaco, que apesar de poder ser reutilizada, ainda


44<br />

fornece um gasto excessivo ao processo. Na Figura 19, está demonstrado algumas<br />

peças feitas por usinagem.<br />

Figura 19 – Exemplos de peças feitas pelo processo de usinagem [11]<br />

2.3.4 Tecnologia do Pó<br />

A tecnologia do pó é um processo de fabricação de peças metálicas, não<br />

metálicas e cerâmicas, que vem se desenvolvendo numa taxa cada vez mais<br />

crescente. Trata-se de uma técnica de fabricação que permite a produção de peças<br />

com formas definitivas ou praticamente definitivas dentro de tolerâncias bastante<br />

apertadas. Caracteriza-se, também, pela fabricação e obtenção de peças em<br />

grandes quantidades e é um processo que permite um elevado índice de isotropia<br />

estrutural, além de possibilitar a fabricação de peças complexas e de peças simples<br />

com o mesmo grau de dificuldade. Em princípio, na metalurgia do pó, não há<br />

necessidade de operações secundárias e de acabamento posterior [23].<br />

Tecnologia do pó consiste em transformar pós de metais, ligas metálicas e<br />

substâncias não-metálicas em peças resistentes, empregando-se apenas pressão e<br />

calor. O aquecimento é realizado em condições controladas de temperatura, tempo<br />

e atmosfera denominado sinterização.


45<br />

Uma aplicação comum desta técnica é em materiais refratários, ou seja, com<br />

pontos de fusão extremamente elevados (como por exemplo, molibdênio e<br />

tungstênio) que impossibilitam métodos metalúrgicos tradicionais.<br />

O campo de aplicação da técnica é vasto, pois se trata de um método<br />

bastante vantajoso economicamente em relação aos outros.<br />

A tecnologia do pó surgiu para produzir formas complexas, como as<br />

mostradas na Figura 20, que demandariam muitas etapas de fabricação e alta<br />

produção de cavaco. Para formas como as mostradas, a tecnologia do pó<br />

apresenta-se como a única alternativa viável para a produção em larga escala.<br />

Figura 20 - Peças típicas obtidas através da tecnologia do pó [23].<br />

Alguns produtos são quase que exclusivamente fabricados por essa técnica:<br />

• metais refratários, tais como o tungstênio, molibdênio e tântalo;<br />

• metal duro ou carbonetos de metais, como os de tungstênio, tântalo e<br />

titânio, aglomerados com cobalto;<br />

• mancais porosos autolubrificantes, de bronze ou ferro;<br />

• filtros metálicos de bronze ou aço inoxidável;


46<br />

• discos de fricção metálicos, à base de cobre ou ferro, misturados com<br />

alguma substância de alto coeficiente de atrito;<br />

• certos tipos de contatos elétricos, por exemplo, W-Ag, W-Cu, Mo-Ag e<br />

Mo-Cu; e escovas coletoras de corrente de diversas composições.<br />

As matérias-primas utilizadas no processo são os pós metálicos e nãometálicos.<br />

Elas são rigorosamente controladas em termos de tamanho das<br />

partículas, distribuição do tamanho das partículas, forma das partículas, porosidade<br />

e estrutura das partículas, superfície, densidade aparente, velocidade de<br />

escoamento, compressibilidade, composição química e pureza. Entre os diversos<br />

métodos de fabricação dos pós metálicos destacam-se industrialmente a moagem,<br />

atomização, condensação, decomposição térmica, redução e a eletrólise, que é,<br />

atualmente, o método mais empregado.<br />

2.3.4.1 Processo de Tecnologia do Pó<br />

A primeira etapa do processo é a obtenção e mistura dos pós, cujo objetivo é<br />

obter a granulometria necessária e garantir a homogeneidade da matéria prima. Os<br />

pós podem ser obtidos por processos físicos, químicos, mecânicos ou físicoquímicos.<br />

A Figura 21 mostra um dos métodos físicos de obtenção de pós mais usuais:<br />

a atomização, onde o metal fundido é vazado por um orifício, formando um filete que<br />

é bombardeado por jatos de ar, gás ou água. Após isso, o pó é recolhido, reduzido e<br />

peneirado.


47<br />

Figura 21 – Esquema didático do processo de atomização [24].<br />

Após feita a obtenção dos pós na granulometria necessária, a matéria prima<br />

passa por um processo de compactação que é uma das operações básicas da<br />

Tecnologia do Pó. O pó é colocado nas cavidades das matrizes, montadas em<br />

prensas especialmente fabricadas para essa finalidade, seguido da aplicação de<br />

pressões determinadas, de acordo com o tipo de material utilizado. A Figura 22<br />

representa esquematicamente o processo de compactação de pós metálicos.


48<br />

Figura 22 – Representação esquemática do processo de compactação dos pós<br />

metálicos [11].<br />

A etapa final do processo é a sinterização. A sinterização consiste em<br />

aquecer a peça compactada em uma temperatura, abaixo da temperatura de fusão<br />

do metal ou liga (cerca de 70 a 90% da temperatura de fusão), e em atmosfera<br />

controlada. Além da temperatura e da atmosfera utilizada, o tempo de sinterização<br />

também é muito importante. Esse tempo pode variar de minutos a horas. A Tabela 1<br />

apresenta temperaturas e tempos de sinterização para vários metais [24].<br />

Tabela 1 - Temperaturas e tempos de sinterização para vários metais [24].<br />

Material Temperatura (ºC) Tempo (min.)<br />

Cobre, latão e bronze 760-900 Oct-45<br />

Ferro e ferro carbono 1000-1150 Aug-45<br />

Níquel 1000-1150 30-45<br />

Aços Inoxidáveis 1100-1290 30-60<br />

Ligas para magnetos permanentes 1200-1300 120-150<br />

Ferritas 1200-1500 10-600<br />

Carbeto de Tungstênio 1430-1500 20-30<br />

Molibidênio 2050 120<br />

Tungstênio 2350 480<br />

Tântalo 2400 480


49<br />

Ao se aquecer o compactado verde a uma temperatura característica para<br />

cada material, ocorrerá a união entre as partículas. Este fenômeno é conhecido<br />

como densificação, e ele ocorre via transporte de massa, idealizada na Figura<br />

23[23].<br />

Figura 23 - Evolução de certa quantidade de pó para a sua correspondente<br />

quantidade densificada [23].<br />

2.3.4.2 Vantagens da utilização da Tecnologia do pó<br />

De acordo com o Grupo Setorial de Metalurgia do Pó [25], as principais<br />

vantagens para a utilização deste processo são:<br />

- Apresenta um aproveitamento de matéria prima acima de 95% (Figura 24)<br />

- Este aproveitamento reflete-se no custo de fabricação permitindo que o<br />

produto seja economicamente vantajoso frente aos obtidos por outros processos.<br />

- É um processo não poluente que exige uma baixa energia de transformação.<br />

Por este motivo é também uma opção ecologicamente correta.


50<br />

Figura 24 – Gráfico de aproveitamento da matéria prima em diferentes processos<br />

[25]<br />

- Propriedades mecânicas dimensionadas de acordo com a aplicação, ou<br />

seja, paga-se pelo que se precisa evitando-se desperdício pelo uso de materiais<br />

superdimensionados (Figura 25).<br />

Figura 25 – Relação entre resistência mecânica com tolerâncias geométricas das<br />

peças [25].<br />

- Permite a fabricação de altos volumes de peças (Tabela 2).<br />

- Permite a fabricação de pecas com formas complexas.<br />

- Otimas tolerâncias dimensionais.<br />

- Ótimo acabamento superficial.


51<br />

Tabela 2 – Diferenças entre processos de conformação [25].<br />

- Possui um bom desempenho em aplicações criticas de longa duração.<br />

- Permite as mais variadas combinações de elementos químicos(ligas) e por<br />

conseqüência varias microestruturas.<br />

- Permite a fabricação de materiais compósitos.<br />

- O controle da porosidade permite a fabricação de mancais auto-lubrificantes<br />

impregnados com óleo e de filtros metálicos.<br />

- Este mesmo controle da porosidade permite a fabricação de materiais com<br />

densidade 100% cujas propriedades mecânicas excedem as dos materiais obtidos<br />

por processos convencionais (Figura 26).


52<br />

Figura 26 – Gráfico de limite de resistência a tração para diferentes materiais [25].<br />

2.3.4.3 Aplicações Médicas e dentárias<br />

Os materiais metálicos produzidos por tecnologia do pó encontram varias<br />

aplicações nas áreas médicas e odontológicas. Entre os materiais produzidos por<br />

esta tecnologia e mais utilizados para estas aplicações estão os aços inoxidáveis de<br />

composição típica do aço AISI 316L, sendo que para estas aplicações, o aço tem<br />

restrições maiores quanto ao teor de elementos intersticiais em relação ao AISI<br />

316L, e devem atender a norma ASTM F-138[25].<br />

A possibilidade de uso destes aços em aplicações médicas se deve à sua<br />

elevada resistência à corrosão, relacionada com a formação de películas passivas,<br />

altamente protetoras. Além destes aços, aços inoxidáveis especiais como, por<br />

exemplo, as ligas MA 956 e PM 2000 produzidas por metalurgia do pó (mechanical<br />

alloying), têm sido considerados para aplicações como implantes removíveis, pelas<br />

suas propriedades de alta resistência a corrosão e biocompatibilidade. As<br />

propriedades magnéticas destes dois últimos aços impedem a sua aplicação para<br />

implantes permanentes [25].<br />

O titânio e suas ligas são outra classe de materiais muito utilizada em<br />

aplicações medicas, principalmente devido à sua propriedade de resistência à


53<br />

corrosão devido à formação de camada passiva com alta resistência ao ataque por<br />

cloreto, presente nos meios fisiológicos. Estes materiais têm sido fabricados pela<br />

técnica de metalurgia do pó com vantagens de a porosidade inerente ao processo,<br />

favorecer o processo de osseointegração, desejáveis em algumas aplicações como<br />

implantes [25].<br />

Alguma das principais aplicações dos materiais fabricados por tecnologia do<br />

pó na área medica são próteses ortopédicas e os aparelhos cirúrgicos.<br />

A Figura 27 mostra um implante ortopédico temporário produzido por<br />

tecnologia do pó. A principal vantagem da produção de pecas para aplicações<br />

médicas por este processo é a obtenção de componentes com geometrias<br />

complexas, já com formato próximo ao do acabamento final, o que representa<br />

grande vantagem econômica e tecnológica[25].<br />

Figura 27 – Implante ortopédico temporário [25]<br />

A porosidade inerente aos produtos fabricados pela tecnologia do pó, embora<br />

diminua a resistência à corrosão, pode se tornar grande vantagem em aplicações<br />

em que se exija osseointegração, pois favorece este processo. A porosidade pode<br />

ser diminuída pela técnica de moldagem de pós por injeção que utiliza pos muito<br />

finos, produz materiais com alta densidade e poucos poros arredondados, o que<br />

diminui a susceptibilidade à corrosão em frestas [25].<br />

A resistência à corrosão dos materiais para aplicações médicas é de elevada<br />

importância e esta diretamente relacionada à biocompatibilidade deste material. Isto<br />

se dá pois dispositivos médicos em contato com fluidos fisiológicos do corpo podem<br />

sofrer reações de corrosão e os produtos de corrosão podem afetar de forma


54<br />

adversa o corpo humano pela liberação de íons estranhos no organismo humano<br />

que podem levar à falha do implante [25].<br />

3 MATERIAIS E MÉTODOS<br />

O estudo deste trabalho tem como objetivo levantar dados de empresas<br />

nacionais fabricantes de próteses para reposição total de quadril sobre o material<br />

empregado, o processo de fabricação e pesquisa para utilização de novas<br />

tecnologias de processamento e de materiais, mais especificamente relacionados às<br />

hastes femorais.<br />

Este estudo teve como ponto de partida o relatório do Fórum de Biotecnologia<br />

e Biomateriais realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro em dezembro de<br />

2005 e escrito pela Professora Doutora Gloria de Almeida Soares. Segundo<br />

informações desse relatório, existiam, em 2005, 12 fabricantes nacionais registrados<br />

na ANVISA atendendo à área de artroplastia, um no Paraná e os demais em São<br />

Paulo, conforme apresentado na Tabela 3.<br />

Tabela 3 – Tabela das empresas nacionais que atuam no setor de ortopedia<br />

(Retirada do Relatório do Fórum de Biomateriais – UFRJ dezembro/2005) [26].


55<br />

Constatou-se ainda que os produtos fabricados eram, em sua maioria, de aço<br />

inoxidável, principalmente o aço 316L (ASTM F318, F319), sendo a "Villares Metals"<br />

o maior fornecedor dessa matéria prima [26].<br />

A partir dessas informações foram realizadas as seguintes etapas:<br />

- atualização das empresas nacionais que atuam em ortopedia por meio do<br />

site da ANVISA;<br />

- selecionar apenas as empresas relacionadas à artroplastia,<br />

- cadastrar endereço eletrônico e telefone para contato da pesquisa, e<br />

- enviar questionário e/ou fazer contato por telefone.<br />

Na área de serviços do site da ANVISA conseguiu-se uma primeira lista<br />

contendo todas as empresas de produtos para a saúde incluindo desde remédios<br />

até os implantes ortopédicos, referentes ao ano de 2008, totalizando<br />

aproximadamente 251 empresas.<br />

Para separar as empresas fabricantes de haste femoral foi necessário<br />

encontrar os sites de cada uma e consultar a relação de produtos. Com esses<br />

dados, foram encaminhados questionários eletrônicos com as seguintes perguntas<br />

relacionadas ao desenvolvimento dessa monografia:<br />

1. Qual a técnica de conformação utilizada pela empresa na fabricação das<br />

próteses<br />

2. Já surgiu a idéia de se utilizar metalurgia do pó para confecção das próteses<br />

Por quê<br />

3. Qual a demanda da empresa para comercialização das próteses<br />

4. As próteses são feitas somente por encomenda<br />

5. Existe interesse por pesquisa de novos processos de fabricação ou novos<br />

materiais para as próteses<br />

6. A matéria prima utilizada é nacional ou importada<br />

7. Em relação aos materiais utilizados, quais são os mais requisitados Por<br />

quê Custo ou qualidade


56<br />

As empresas que não responderam eletronicamente foram contatadas por<br />

telefone para obter as informações necessárias. Os resultados da pesquisa foram<br />

avaliados empregando-se conceitos estatísticos básicos.<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

A partir das 251 empresas cadastradas na ANVISA como fabricantes de<br />

produtos para a saúde, referentes aos anos de 2007 e 2008, foram encontradas 17<br />

empresas, sendo duas delas apenas distribuidoras de prótese de quadril, os dados<br />

estão apresentados na Tabela 4.<br />

Tabela 4 – Tabela das empresas nacionais que atuam no setor de ortopedia.<br />

Empresa Cidade/UF Site/Telefone Classificação Observação<br />

BAUMER<br />

Mogi Mirim/SP<br />

www.baumer.com.br<br />

(19) 3805-7655<br />

Fabricante -<br />

BIOMECANICA Jaú/SP<br />

www.biomecanica.com.br<br />

(14) 2104-7900<br />

Fabricante -<br />

BIOTECHNOLOGY Rio Claro/SP<br />

-<br />

(19) 3534-9566<br />

Distribuidor -<br />

ENGIMPLAN Rio Claro/SP<br />

www.engimplan.com.br<br />

Não fabrica haste<br />

Fabricante<br />

(19) 3522-7407<br />

femoral<br />

IMPOL<br />

Diadema/SP<br />

www.impol.com.br<br />

(11) 4071-6464<br />

Fabricante -<br />

INCOMEPE<br />

Cotia/SP<br />

www.incomepe.com.br<br />

(11) 4615-4666<br />

Fabricante -<br />

IOL IMPLANTES<br />

S. B. do www.iolimplantes.com.br<br />

Campo/SP<br />

(11) 4071-8515<br />

Fabricante -<br />

JUSIMED *<br />

www.jusimed.com.br<br />

Curitiba/PR<br />

(41) 3303-7661<br />

Distribuidor -<br />

MB OSTEOS *<br />

www.mbosteos.com.br<br />

São Paulo/SP<br />

(11) 5507-2525<br />

Distribuidor Representante<br />

MDT<br />

Rio Claro/SP<br />

www.mdt.com.br<br />

(19) 2111-6500<br />

Fabricante -<br />

METABIO<br />

Rio Claro/SP<br />

-<br />

(19) 3535-5300<br />

Fabricante -<br />

ORTOBIO<br />

Maringá/PR<br />

www.ortobio.ind.br<br />

(44) 3269-5045<br />

Fabricante -<br />

ORTOSÍNTESE São Paulo/SP<br />

www.ortosintese.com.br<br />

(11) 3948-4000<br />

Fabricante -<br />

OSTEOMED Rio Claro/SP<br />

www.osteomedimplantes.com.br<br />

Produtos para<br />

Fabricante<br />

(19) 3523-2064<br />

coluna-<br />

PROSÍNTESE *<br />

www.prosintese.com.br<br />

São Paulo/SP<br />

(11) 3549-3100<br />

Distribuidor -<br />

SIST. IMPL. NAC. *<br />

www.sinimplante.com.br<br />

Produtos para<br />

São Paulo/SP<br />

Fabricante<br />

(11) 2169-3000<br />

odontologia<br />

STRYKER *<br />

www.stryker.com.br<br />

Empresa com filial<br />

São Paulo/SP<br />

Fabricante<br />

0800-7719960<br />

no Brasil<br />

* Empresas novas encontradas cadastradas pela ANVISA.


57<br />

Comparado ao cadastro de 2005 (Tabela 3) foram encontradas cinco novas<br />

empresa. No entanto, cabe ressaltar que a empresa ENGIMPLAN é fabricante de<br />

outros produtos ortopédicos, mas não da haste femoral, a empresa Sistema de<br />

Implantes Nacional é fabricante de produtos odontológicos e a empresa STRYKER é<br />

uma filial no Brasil de uma empresa internacional. Dessa forma, foram encontradas<br />

9 (nove) empresas nacionais fabricantes da haste femoral.<br />

Os dados referentes ao questionário enviado por meio eletrônico e/ou obtidos<br />

por telefone encontram-se no Anexo I. A Tabela 5 apresenta o meio utilizado para<br />

contato e quais questões foram atendidas pelas 9 empresas.<br />

Tabela 5 – Questões respondidas pelas empresas.<br />

Empresas<br />

Questões respondidas<br />

1 2 3 4 5 6 7<br />

BAUMER* x x x x x x x<br />

BIOMECANICA** x N N N N N N<br />

IMPOL** x x N N x x N<br />

INCOMEPE* N N N N N N N<br />

IOL IMPLANTES* x N N N N N N<br />

MDT** x x N N N x x<br />

METABIO* ** x N N N N N N<br />

ORTOBIO* ** N N N N N N N<br />

ORTOSÍNTESE* x N N N N N N<br />

TOTAL (%) 78 33 11 11 22 33 22<br />

* contato por meio eletrônico<br />

** contato por telefone<br />

N - não respondeu<br />

Na Tabela 5 observa-se que a questão referente ao processo de fabricação<br />

utilizado na confecção das próteses ortopédicas foi a de maior interesse por parte<br />

das empresas (78%). As empresas utilizam o mesmo método de fabricação para a<br />

produção das hastes femorais dos implantes ortopédicos: o Forjamento a Quente.<br />

Acredita-se que este fato está associado às facilidades operacionais e econômicas.<br />

Com relação a processos alternativos de fabricação (questão 2), mais<br />

precisamente a metalurgia do pó, as empresas (33%) relatam não haver previsão<br />

para tal. Ressalta-se que essas empresas possuem um setor de Pesquisa &<br />

Desenvolvimento.


58<br />

As questões 3 e 4 relacionadas a comercialização foi respondida somente por<br />

uma empresa (11%).<br />

Duas empresas responderam a questão 5 (22%) e três empresas<br />

responderam a questão 6 (33%), cujas informações são que as matérias primas<br />

utilizadas nas confecções das próteses são todas importadas, excluindo o Aço<br />

Inoxidável ASTM F 138 que é fornecido por empresas nacionais como a Villares<br />

(atual Gerdau). A empresa Baumer citou que os materiais utilizados são<br />

determinados por instituições internacionais como a ASTM e a ISO e, por isso, fica<br />

difícil a aplicação de um novo tipo de material, pois a normatização do mesmo para<br />

o uso por meio destes órgãos é complexa.<br />

Duas empresas responderam a questão 7 (22%) mostrando que as próteses<br />

feitas em Aço Inoxidável tem mais saída no mercado devido a sua melhor relação<br />

custo/benefício.<br />

Observando a Tabela 5, com relação às respostas das questões, verifica-se<br />

que a empresa Baumer foi a única que respondeu a todas, inclusive ela informa que<br />

possui a maior fatia do mercado nacional (Figura 28).<br />

Baumer).<br />

Figura 28 – Demanda no mercado nacional (Dados fornecidos pela própria


59<br />

5 CONCLUSÕES<br />

O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil tecnológico no país na área de<br />

implantes para artroplastia total de quadril com base no levantamento da matéria<br />

prima, dos processos de fabricação e do mercado. A partir dos dados coletados foi<br />

possível chegar a nove (9) empresas nacionais fabricantes da haste femoral. Dos<br />

Resultados obtidos nesse trabalho pode-se concluir que:<br />

1. As empresas utilizam o mesmo processo de fabricação para confecção das<br />

próteses (forjamento a quente) em vista de ser um processo de conhecimento<br />

geral, de fácil aplicação, grande êxito nas qualidades do produto final além de<br />

possuir um custo de aplicação relativamente vantajoso.<br />

2. Com relação às matérias primas utilizadas, observou-se que as empresas<br />

utilizam o Aço Inoxidável F 138 nacional, este aço é responsável também pela<br />

maioria das próteses feitas, pois apresenta um custo muito inferior as<br />

próteses de Titânio e/ou outros materiais, os quais são adquiridos por<br />

fornecedores fora do Brasil.<br />

3. As empresas que produzem próteses de aço visam muito no mercado interno<br />

principalmente o SUS (Sistema Único de Saúde) que é um grande<br />

consumidor dessas próteses que devido ao baixo custo. Porém, as empresas<br />

seguem normas internacionais visam atender as exigências do mercado<br />

internacional.<br />

As matérias-primas mais indicadas para a fabricação próteses permanentes -<br />

ligas de titânio e ligas cobalto-cromo-molibdênio - apresentam a desvantagem de<br />

serem importadas e caras. Este fato gera uma disparidade no preço das próteses,<br />

com as importadas a um custo de cerca de US$ 4,5 mil, enquanto as de aço<br />

inoxidável saem por US$ 600[26].<br />

Infelizmente o critério para seleção de uma prótese para artroplastia é o seu<br />

custo. Em uma situação de extrema necessidade o certo seria escolher materiais<br />

que tivessem qualidade superior. A escolha pelo valor do produto faz com que<br />

ocorram muitas cirurgias para reparação (recolocação) de novas próteses gerando,


60<br />

além do custo adicional, um risco ao paciente submetido à uma nova cirurgia de<br />

grande porte.


61<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] J. B. Park, R. S. Lakes, Biomaterials an Introduction, Plenum Press, second<br />

edition, 1992<br />

[2] http://www.rbo.org.br acessado em 25/04/2009<br />

[3] Boschi, A. O. O que é necessário para que um material possa ser considerado<br />

biomaterial. In: CONGRESSO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE<br />

METALURGIA E MATERIAIS, 50., Agosto1-4, 1995, São Pedro. Anais.. . São Paulo:<br />

ABM, 1996. v.6, p. 43-53.<br />

[4] Willians, D. F. Biofuncionality and biocompatibility. Medical and Dental Materials.<br />

New York: VCH , 1992.<br />

[5] http://revista.fapemig.br/materia.phpid=121 acessado em 26/04/2009<br />

[6]http://www.boneandjointdecade.org/ViewDocument.aspxContId=529,<br />

em 26/04/2009<br />

acessado<br />

[7] http://www.biomet.com.br acessado em 27/04/2009<br />

[8] http://www.anbio.org.br/pdf/2/tr10_biomateriais.pdf acessado em 22/03/2009<br />

[9] Callister Jr., W. D. Ciência e Engenharia de Materiais – Uma Introdução, 5ed, Rio<br />

de Janeiro: LTC, p. 508-511, 2002<br />

[10] Willians, M.:“30 Jahre CoCrMo Metall/Metall-Gleitpaarung bei uftendoprothesen<br />

mit wenig Verschleiss”, in Schmidt, M.: Die Metalpaarung“Metasul” in der<br />

Hüftendoprothetik, Bern, Verlag Hans Huber, 1995. p. 39-49.<br />

[11] http://www.images.google.com acessado em 28/04/2009<br />

[12] http://www.utahhipandknee.com/history.htm acessado em 15/08/2009


62<br />

[13]http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/artro_quadril.ht<br />

m acessado em 16/08/2009<br />

[14]http://www.poli.usp.br/.../Processos%20de%20Fundição%20e%20Sinterização.pdf<br />

acessado em 10/09/2009<br />

[15] http://www.ebah.com.br/ acessado em 10/09/2009<br />

[16] http://www.ebah.com.br/forja-generico-a19021.html acessado em 10/09/2009<br />

[17]http://www.gefmat.furg.br/material_did/conformacao/ForjamentoUFSC.pdf<br />

acessado em 15/09/2009<br />

[18]http://www.dalmolim.com.br/EDUCACAO/MATERIAIS/Biblimat/siderurgia3.pdf<br />

acessado em 20/10/2009<br />

[19] JESUS, E. R. B. Ferramentas de Usinagem em Aço Rápido AISI M2 Obtido por<br />

Conformação por “Spray”. São Paulo, 2004, disponível em http://www.ebah.com.br<br />

[20] EVANGELISTA, N.; SOARES, R. B.; KUNRATH, A. O. - Um passo para<br />

aprimorar métodos de avaliação da usinabilidade. Máquinas e Metais, Fevereiro<br />

2003, p. 124-140<br />

[21] http://www.fei.edu.br/mecanica/me733/Me733a/ApTorneamento01.pdf acessado<br />

em 05/11/2009<br />

[22] http://www.fei.edu.br/mecanica/me733/Me733a/Apfresamento01.pdf acessado<br />

em 05/11/2009<br />

[23] DELFORGE D. Y. M. et al. Sinterização de uma mistura de cavaco de aço<br />

inoxidável com pó do mesmo material. Uma nova tecnologia para a reciclagem de<br />

metais REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto, 60(1): 95-100, jan. mar. 2007<br />

[24] MACHADO I. Introdução à Manufatura Mecânica. Processos de Fundição e<br />

Sinterização disponível em<br />

http://www.poli.usp.br/.../Processos%20de%20Fundição%20e%20Sinterização.pdf


63<br />

[25] COSTA I. et al. A Metalurgia do Pó, Alternativa Econômica com Menor Impacto<br />

Ambiental, 1ed, São Paulo, Matallum Eventos Técnicos, p 17-100, 2009<br />

[26] SOARES, G. A, Biomateriais. Fórum de Biotecnologia Biomateriais, UFRJ, Rio<br />

de Janeiro, dez 2005


64<br />

Anexo 1 – Compilação dos dados obtidos por meio<br />

eletrônico e/ou telefone<br />

Endereço<br />

BAUMER<br />

Av. Prefeito Antonio Tavares Leite, 181 - Parque da Empresa CEP 13.803-330 - Mogi Mirim - SP<br />

Telefone 19 3805 7655<br />

Email<br />

baumer@baumer.com.br<br />

Site<br />

www.baumer.com.br<br />

Dados obtidos<br />

Qual a técnica de confomação utlizada na fabricação das proteses<br />

Conformação a quente por forjamento, usinagem e microfusão.<br />

Qual a demanda da empresa para comercialização das próteses<br />

A Baumer detém cerca de 37% do mercado de próteses nacionais.<br />

As próteses são feitas somente por encomenda<br />

Há duas linhas de próteses, sendo: Prótese Convencionais que seguem padrãos pré-estabelecidos,<br />

dimensões e características pré-definidas e ficam a disposição no estoque ou distribuidor e Próteses não<br />

Convencionais que são projetadas, desenhadas e fabricadas de acordo com as características e patologia<br />

específica de cada paciente.<br />

Em relação aos materiais utilizados, quais são os mais requisitados e porque custo ou<br />

qualidade<br />

Os matérias mais utilizados são: Liga de Aço Inoxidável Cr Ni Mo ASTM F 138 / NBR ISO 5832-1; Liga de<br />

Titânio ASTM F 136 / NBR ISO 5832-3; Titanio Puro ASTM F 67 / NBR ISO 5832-2; Polietileno UHMWPE<br />

ASTM F 648 / NBR ISO 5834-2. Os mais requisitados para a linha de Trauma e próteses cimentadas é a<br />

Liga de Aço Inoxidável Cr Ni Mo ASTM F 138 devido a o menor custo, preço mais baixo e porque para<br />

próteses cimentadas o aço inoxidável é tido como matéria prima que apresenta melhor custo benefício. A<br />

qualidade é determinada por normas nacionais e internacionais e é verificada pelos orgãos certificadores<br />

nacionais e internacionais.<br />

Existe na empresa uma pesquisa por novos metodos de confecção ou novos materiais para as<br />

proteses<br />

Em termos de materiais não, proque os mesmos são determinados por instituições internacionais como a<br />

ISO e ASTM e para utilização é preciso antes a liberação por parte desses orgãos. A indústria é proibida<br />

de utiliziar qualquer material que não esteja normatizado por tais instituições.<br />

A matéria prima utlizada é nacional ou importada<br />

Somente a Liga de Aço Inoxidável Cr Ni Mo ASTM F 138 é de origem nacional (Villares) , o restante das<br />

matérias primas são importadas de países da Europa e Estados Unidos.<br />

Já surgiu a idéia de utilizar metalurgia do pó para confecção das proteses Porque<br />

A Baumer nunca utilizou a metalurgia do pó como meio de produção de próteses. No passado foi tentado<br />

por algumas indústrias americanas, mas os resultados não foram bons, com alto índice de fraturas devido<br />

a baixa resistência mecânica. Esse processo foi abandonado por completo. Atualmente se utiliza como<br />

processo o forjamento, a microfusão e usinagem. Como há grandes investimentos consolidados nesses 3<br />

processos, não se justifica a adoção, validação e investimento em um novo processo.


65<br />

Endereço<br />

Telefone<br />

Email<br />

Site<br />

Rua 2 s/n, Jaú<br />

14 2104 7900<br />

contato@biomecanica.com.br<br />

www.biomecanica.com.br<br />

BIOMECANICA<br />

Dados obtidos<br />

Foi feito um contato por telefone porém a pessoa responsável pelo setor pediu que enviasse um email<br />

para anakeila.ruiz@biomecanica.com.br porém não foi conseguido todos os dados necessários para<br />

elaboração do trabalho, apenas o processo de fabricação das próteses<br />

BIOTECHNOLOGY<br />

Endereço AV. 55, 1251 JD Kennedy, Rio Claro SP CEP: 13500-000<br />

Telefone 19 3534 9428<br />

Email -<br />

Site -<br />

Dados obtidos<br />

Foi feito um contato via telefone e descobriu-se que a empresa é apenas distribuidora das proteses<br />

ENGIMPLAN<br />

Endereço<br />

Avenida 68, nº 227 - CEP 13504-221 - Rio Claro - SP<br />

Telefone 19 3522 7407<br />

Email -<br />

Site<br />

www.engimplan.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Foi feito um contato via telefone e descobriu-se que a Engimplan não fabrica a haste femoral<br />

IMPOL<br />

Endereço<br />

Av. Dr. Ulysses Guimarães, 3533 - CEP: 09990-080 - Diadema SP<br />

Telefone 11 4071 6464<br />

Email<br />

impol@impol.com.br<br />

Site<br />

www.impol.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Foi feito um contato por telefone e os dados obtidos foram:<br />

- processo de fabricação utilizado é o forjamento.<br />

- as matérias primas (tirando o aço inoxidável ASTM F 138) são todas importadas.<br />

- não há uma linha de pesquisa em novos materias e métodos de fabricação.<br />

- não há previsão para o uso de metalurgia do pó.


66<br />

INCOMEPE<br />

Endereço Rua Martiniano Lemos Leite, 60 , Bairro Vl Jovina, Cotia, SP CEP: 06705511<br />

Telefone 11 4615 4666<br />

Email -<br />

Site<br />

www.incomepe.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Foi feito um contato por telefone porém pediram que enviasse um email para rbraga@incomep.com.br<br />

mas não se obteve resposta<br />

IOL IMPLANTES<br />

Endereço<br />

Rua Dona Maria Fidelis 226 Bairro Piraporinha Diadema -SP<br />

Telefone 11 4071 8515<br />

Email -<br />

Site<br />

www.iolimplantes.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Os dados obtidos com a pesquisa foram:<br />

- o processo de fabricação utilizado é o forjamento.<br />

- a empresa foi fundada em Junho de 1992, e fabrica as linhas completas de órteses e próteses<br />

ortopédicas.<br />

JUSIMED<br />

Endereço Av. Paraná, 996 / 998 Lojas 01 e 02 | Cabral Curitiba - PR CEP 80035-130<br />

Telefone 41 3303 7661<br />

Email<br />

jusimed@jusimed.com.br<br />

Site<br />

www.jusimed.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Empresa distribuidora de próteses<br />

MB OSTEOS<br />

Endereço R. Arizona, 1426 - 1º andar - Brooklin - São Paulo - SP - CEP 04567-000<br />

Telefone 11 5507 2525<br />

Email -<br />

Site<br />

www.mbosteos.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Através do site, consegui-se informações que a MB OSTEOS representas algumas marcas<br />

internacionais fabricantes de implantes além da fabricar alguns produtos que não são focos deste trabalho


67<br />

MDT<br />

Endereço Avenida Brasil, 2983 - Rio Claro - SP - 13505-600<br />

Telefone 19 2111 6500<br />

Email<br />

mdt@mdt.com.br<br />

Site<br />

www.mdt.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Os dados obtidos por telefone com o contato com o responsável pelo setor foram:<br />

- o processo de fabricação utilizado é o forjamento.<br />

- próteses de aço tem mais saída pelo custo delas.<br />

- desconhecimento do termo metalurgia do pó.<br />

- a matéria prima é importada tirando o aço inoxidável.<br />

METABIO<br />

Endereço<br />

Av 37 nº 1907 – Jardim Quitandinha - CEP 13501-460 - Rio Claro/ SP<br />

Telefone 19 3535 5301<br />

Email -<br />

Site<br />

www.metabio.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Os dados obtidos pela pesquisa foram:<br />

- empresa fundada em 1998 e atualmente com 90 funcionários.<br />

- certificada pela Anvisa e em processo de ISO 9001.<br />

- utilização de forjamento na fabricação.<br />

- ampla tecnologia em máquinas para desenvolver os processos.<br />

- atua no mercado com inúmeros tipos de produtos.<br />

ORTOBIO<br />

Endereço<br />

Avenida Mauá, 1133 - Zona 03 - CEP 87050-020 - Maringá - PR<br />

Telefone 44 3269 5045<br />

Email<br />

contato@ortobio.ind.br<br />

Site<br />

www.ortobio.ind.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Foi feito um contato porém não se obteve resposta e o site não contém informações suficientes para<br />

utilizar nos dados do trabalho<br />

ORTOSÍNTESE<br />

Endereço<br />

Rua Professor Affonso José Fioravanti, Nº 63 CEP. 02998-010- São Paulo / SP<br />

Telefone 11 3948 4010<br />

Email -<br />

Site<br />

www.ortosintese.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Foi obtido como resposta do email:<br />

"Sr. Fernando estou repassando seu email para o departamento técnico de ortopedia, grato Carlos A.<br />

Bertasso"<br />

Porém não foi obtida reposta. Os dados utilizados no trabalho foram conseguidos por meio do site da<br />

empresa.


68<br />

OSTEOMED<br />

Endereço<br />

Rua 26 nº 2123 - Jd. São Paulo - Cep 13503-011 - Rio Claro - SP<br />

Telefone 19 3523 2064<br />

Email<br />

contato@osteomedimplantes.com<br />

Site<br />

www.osteomedimplantes.com<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Fernando, bom dia.<br />

Infelizmente não poderemos te ajudar, pois nosso ramo de atuação é<br />

exclusivamnte implantes para a coluna vertebral. Existem outras empresas<br />

aqui em Rio Claro que talvez possam te ajudar.<br />

Boa sorte.<br />

Thiago Henrique de Moraes - Gerente de Processos<br />

Osteomed Ind. e Com. de Implantes Ltda<br />

PROSÍNTESE<br />

Endereço Rua do Paraíso, 45 - 10º andar - Paraíso - CEP: 04103-000<br />

Telefone 11 3549 3100<br />

Email -<br />

Site<br />

www.prosintese.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Empresa que engloba diversos grupos fabricantes e distribuidores de produtos feitos com biomateriais.<br />

SISTEMA DE IMPLANTES NACIONAL<br />

Endereço Av. Vereador Abel Ferreira, 1100 - Jd. Anália Franco - São Paulo - SP CEP: 033340-000<br />

Telefone 11 2169 3000<br />

Email -<br />

Site<br />

www.sinimplante.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Empresa de produtos odontológicos<br />

STRYKER<br />

Endereço -<br />

Telefone 0800 7719960<br />

Email -<br />

Site<br />

www.stryker.com.br<br />

Dados<br />

Obtidos<br />

Empresa internacional fabricante de próteses com escritório de vendas no Brasil.


69<br />

Anexo 2 – Impressão das informações eletrônicas<br />

BAUMER


70<br />

OSTEOMED IMPLANTES<br />

ORTOSÍNTESE


71<br />

BIOMECÂNICA<br />

IMCOMEPE

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