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20 Relato de Caso - Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva

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Ortencio FA, et al. Angioplastia Coronária em Paciente com Infarto do Miocárdio e Púrpura Trombocitopênica Idiopática. Rev BrasCardiol <strong>Invasiva</strong>. <strong>20</strong>10;18(3):354-7.idiopática foi realizado no pós-operatório tardio e,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, o paciente estava em uso da terapiapreconizada, corticoterapia (prednisona 5 mg/dia),mantendo-se com contagem <strong>de</strong> plaquetas estável emtorno <strong>de</strong> 100.000/mm³.O paciente foi admitido no Hospital do Coraçãoda Associação do Sanatório Sírio em maio <strong>de</strong> <strong>20</strong>10,com quadro clínico <strong>de</strong> infarto agudo do miocárdiocom supra<strong>de</strong>snivelamento do segmento ST, com alteraçõesdo eletrocardiograma em <strong>de</strong>rivações da pare<strong>de</strong>inferior e precordiais direitas. A creatinina sérica eranormal (1,1 mg/dl) e o ecocardiograma transtorácico<strong>de</strong>monstrou hipocinesia grave da pare<strong>de</strong> inferosseptaldo ventrículo esquerdo, hipocinesia mo<strong>de</strong>rada lateroapicaldo ventrículo direito e fração <strong>de</strong> ejeção <strong>de</strong> 43%. Opico <strong>de</strong> creatina quinase fração MB (CK-MB) massafoi <strong>de</strong> 52,2 ng/ml (normal < 5,1) e <strong>de</strong> troponina I, <strong>de</strong><strong>20</strong> ng/ml (normal < 0,2).A cinecoronariografia realizada logo após a admissãoevi<strong>de</strong>nciou oclusão das artérias <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nteanterior, circunflexa e coronária direita e dos enxertos<strong>de</strong> veia safena para as artérias marginal e ventricularposterior da circunflexa. Os enxertos da artéria mamáriainterna esquerda para a artéria <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte anteriore <strong>de</strong> veia safena para a artéria diagonal estavampérvios, com bom fluxo. A ponte <strong>de</strong> safena para aartéria coronária direita, entretanto, exibia obstrução<strong>de</strong> 80% na porção proximal do segmento venoso efluxo TIMI III.O paciente foi mantido em uso <strong>de</strong> nitroglicerinapor via endovenosa, ácido acetilsalicílico (100 mg/dia),clopidogrel (dose <strong>de</strong> ataque <strong>de</strong> 600 mg e manutenção<strong>de</strong> 75 mg/dia), atenolol (50 mg/dia), captopril (75 mg/dia),atorvastatina (40 mg/dia) e insulina regular por via subcutânea.A dose diária <strong>de</strong> prednisona foi aumentada<strong>de</strong> 5 mg para <strong>20</strong> mg, no segundo dia <strong>de</strong> internação.Em nenhum momento foi utilizada anticoagulação préprocedimentocom heparina.A contagem <strong>de</strong> plaquetas manteve-se em torno <strong>de</strong>100.000/mm³ e no quarto dia o paciente foi submetidocom sucesso a intervenção coronária percutânea,com utilização <strong>de</strong> filtro <strong>de</strong> proteção distal e implante<strong>de</strong> dois stents não-farmacológicos Liberté 4 x 12 mmnos terços proximal e médio na ponte <strong>de</strong> safena paraa coronária direita (Figura 1). Nenhum sangramentoocorreu e o paciente recebeu alta assintomático, trêsdias após a intervenção coronária percutânea.DISCUSSÃOSão poucos os casos publicados <strong>de</strong> associação <strong>de</strong>púrpura trombocitopênica idiopática e infarto agudodo miocárdio, e até o momento não existem recomendaçõespara o manuseio <strong>de</strong>sses pacientes, <strong>de</strong>vendoser realizada cuidadosa escolha <strong>de</strong> antiplaquetários eanticoagulantes e utilizada a melhor estratégia <strong>de</strong> revascularização.A trombólise, um dos pilares do tratamento doinfarto agudo do miocárdio com supra<strong>de</strong>snivelamentodo segmento ST, está contraindicada em <strong>de</strong>corrênciada diátese hemorrágica. Já os antiplaquetários po<strong>de</strong>mser administrados, nas doses <strong>de</strong> ataque e <strong>de</strong> manutençãousuais. 4-6,8 Entre os tienopiridínicos, o clopidogrelé consi<strong>de</strong>rado mais seguro que a ticlopidina, pelamenor incidência <strong>de</strong> efeitos hematológicos adversos.É importante monitorar o número <strong>de</strong> plaquetas nessespacientes, especialmente nos primeiros três meses, eacompanhar o aparecimento eventual <strong>de</strong> sangramentos,que po<strong>de</strong> acarretar a suspensão <strong>de</strong>sses fármacos. 5A utilização <strong>de</strong> heparina não-fracionada ou heparina<strong>de</strong> baixo peso molecular para pacientes com risco <strong>de</strong>sangramento é motivo <strong>de</strong> preocupação, pelo risco do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> trombocitopenia induzida pelaheparina. O fondaparinux, um inibidor indireto do fatorXa, ao contrário da heparina não-fracionada e da heparina<strong>de</strong> baixo peso molecular, não tem efeito nasplaquetas e po<strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> sangramentosnesses pacientes. Tem eficácia semelhante à da enoxaparinano que se refere à redução dos eventos isquêmicosna estabilização clínica da síndrome coronáriaaguda sem supra<strong>de</strong>snivelamento do segmento ST. Suautilização isolada, como terapêutica adjunta à intervençãocoronária percutânea, no entanto, po<strong>de</strong> aumentaras chances <strong>de</strong> aparecimento <strong>de</strong> trombos nocateter. Assim, heparina não-fracionada <strong>de</strong>ve ser acrescentadaao esquema antitrombótico dos pacientesencaminhados a angiografia e a intervenção coronáriapercutânea na síndrome coronária aguda sem supra<strong>de</strong>snivelamentodo segmento ST, estando o fondaparinuxcontraindicado na intervenção coronária percutâneaprimária. Alternativa ainda não disponível no Brasil é abivalirudina, um inibidor direto da trombina que po<strong>de</strong>ser utilizado isoladamente tanto na estabilização clínica<strong>de</strong> pacientes com síndrome coronária aguda semsupra<strong>de</strong>snivelamento do segmento ST como durante aintervenção coronária percutânea no infarto agudo domiocárdio com supra<strong>de</strong>snivelamento do segmento ST.A bivalirudina é superior à associação heparina nãofracionada/inibidorda glicoproteína IIb/IIIa na intervençãocoronária percutânea primária, por reduzir sangramentossem aumentar os eventos isquêmicos. 9Em relação à revascularização miocárdica, há relatosna literatura <strong>de</strong> revascularização cirúrgica bem-sucedidaem pacientes com púrpura trombocitopênicaidiopática, mas nenhum <strong>de</strong>les na vigência <strong>de</strong> infartoagudo do miocárdio com supra<strong>de</strong>snivelamento do segmentoST. Em situações eletivas, <strong>de</strong>ve ser realizadopré-tratamento com gamaglobulina endovenosa quatroa cinco dias antes do procedimento, para aumentaro número <strong>de</strong> plaquetas e diminuir as chances <strong>de</strong>sangramento. 3 Em nosso caso, o antece<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> revascularizaçãocirúrgica prévia associado à i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> lesão com morfologia a<strong>de</strong>quada à intervenção coronáriapercutânea na cinecoronariografia fez com queessa opção terapêutica fosse escolhida. Na Tabela 1355

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