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Fechamento Percutâneo de Comunicação Interatrial com Prótese ...

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Rev Bras Cardiol Invas 2005; 13(3): 198-205.<br />

Oliveira EC, et al. <strong>Fechamento</strong> Percutâneo <strong>de</strong> Comunicação <strong>Interatrial</strong> <strong>com</strong> Prótese Amplatzer. Rev Bras Cardiol Invas 2005; 13(3):<br />

198-205.<br />

Artigo <strong>de</strong> Revisão<br />

<strong>Fechamento</strong> Percutâneo <strong>de</strong> Comunicação<br />

<strong>Interatrial</strong> <strong>com</strong> Prótese Amplatzer<br />

Edmundo Clarindo Oliveira 1,2,3,4,5,6,7 , Hel<strong>de</strong>r M. Paupério 2,3,4,5,6,7,8 , Ivan Ferreira <strong>de</strong> Freitas 6,9 ,<br />

Gustavo Lobato Adjuto 3,10 , Tamara Katina 3,11,12 , Marcelo M. Paupério 13 , Andréia A. C. Oliveira 13<br />

RESUMO<br />

O fechamento percutâneo das <strong>com</strong>unicações interatriais<br />

(CIA) tipo ostium secundum (OS) tem se tornado o procedimento<br />

<strong>de</strong> escolha pelo alto índice <strong>de</strong> sucesso e baixa morbimortalida<strong>de</strong>.O<br />

aperfeiçoamento dos materiais existentes e<br />

o surgimento <strong>de</strong> outros têm permitido a realização <strong>de</strong>sse<br />

procedimento <strong>com</strong> sucesso, mesmo em CIAs gran<strong>de</strong>s e<br />

<strong>com</strong>plexas. A prótese Amplatzer, introduzida no mercado<br />

em 1996, tem sido a mais empregada em todo mundo, pela<br />

facilida<strong>de</strong> no manuseio e por permitir o fechamento <strong>de</strong><br />

CIAs gran<strong>de</strong>s, o que não ocorria <strong>com</strong> as outras próteses<br />

disponíveis. Entretanto, em algumas situações, o procedimento<br />

torna-se mais difícil, <strong>com</strong>o nos casos <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicações<br />

maiores que 30mm <strong>de</strong> diâmetro, ausência da veia cava<br />

inferior, bordas muito finas, gran<strong>de</strong> aneurisma do septo<br />

interatrial, septo multifenestrado, hipertensão pulmonar grave,<br />

disfunção do ventrículo esquerdo, <strong>com</strong>unicações múltiplas<br />

e válvula <strong>de</strong> Eustáquio exuberante. O sucesso do procedimento<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do conhecimento <strong>de</strong>ssas particularida<strong>de</strong>s, dos<br />

critérios para a indicação, da i<strong>de</strong>ntificação e tratamento<br />

precoce das <strong>com</strong>plicações e da interação intervencionista,<br />

ecocardiografista, anestesista e cirurgião cardíaco. Essa<br />

revisão visa discutir o fechamento <strong>de</strong> CIA OS <strong>com</strong> a prótese<br />

Amplatzer, em situações habituais e especiais.<br />

DESCRITORES: Defeitos do septo interatrial. Cateterismo<br />

cardíaco. Próteses e implantes. Cardiopatias congênitas.<br />

SUMMARY<br />

Percutaneous Atrial Septal Defect Closure<br />

with Amplatzer Device<br />

Percutaneous closure of secundum atrial septal <strong>de</strong>fect (ASD)<br />

has be<strong>com</strong>e the first choice due to high success and low<br />

morbi-mortality level. Improved materials and the <strong>de</strong>velopment<br />

of new others have allowed the closure of even large and<br />

<strong>com</strong>plex atrial septal <strong>de</strong>fects. The Amplatzer septal occlu<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong>veloped in 1996 has been the <strong>de</strong>vice most used due to<br />

ease of manipulation, high success level, and the possibility<br />

to close large ASD - not possible with other <strong>de</strong>vices. However,<br />

at times the procedure may be pose difficulties, as in<br />

ASD with larger than 30mm diameter, thin rims, absence<br />

of inferior vena cava, septal aneurysm and multi-fenestration,<br />

serious pulmonary hypertension, left ventricle dysfunction,<br />

multiple <strong>com</strong>munications and redundant Eustachian valve.<br />

Procedure success <strong>de</strong>pends on the awareness of these particularities,<br />

on indication criteria, on recognition and treatment<br />

of the <strong>com</strong>plications, and on the interaction between interventionist,<br />

echocardiographist, cardiac surgeon, and anesthesiologist.<br />

This review intends to discuss percutaneous closure of<br />

secundum ASD with Amplatzer <strong>de</strong>vice, in usual and special<br />

situations.<br />

DESCRIPTORS: Heart septal <strong>de</strong>fects, atrial. Heart catheterization.<br />

Prostheses and implants. Heart <strong>de</strong>fects, congenital.<br />

1<br />

Fundação Hospitalar <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

2<br />

Hospital das Clínicas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

(HC-UFMG).<br />

3<br />

Hospital Vera Cruz.<br />

4<br />

Hospital Felício Rocho.<br />

5<br />

Hospital Mater-Dei.<br />

6<br />

Hospital Luxemburgo.<br />

7<br />

Hospital Socor.<br />

8<br />

Hospital Vila da Serra.<br />

9<br />

Hospital São José <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

10<br />

Santa Casa <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />

11<br />

Hospital do IPSEMG.<br />

12<br />

Hospital Life Center.<br />

13<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG).<br />

Correspondência: Edmundo Clarindo Oliveira. R. Teodomiro Cruz, 65/<br />

102 - Novo São Lucas, Belo Horizonte, MG - CEP 30240-530<br />

Tel.: (31) 3283-4092 - Fax: (31) 3337-9988, 91328831<br />

E-mail: clarindo@pib.<strong>com</strong>.br<br />

Recebido em: 27/12/2005 • Aceito em: 24/01/2006<br />

Em 1959, poucos anos após o primeiro tratamento<br />

cirúrgico <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação interatrial (CIA), realizado<br />

em 1951, Hufmagel e Gillespie 1 relataram o<br />

primeiro implante <strong>de</strong> prótese para fechamento <strong>de</strong>ssa<br />

cardiopatia congênita por toracotomia. Vários anos se<br />

seguiram, até que, em 1974, o primeiro caso <strong>de</strong> fechamento<br />

percutâneo <strong>de</strong> CIA fosse realizado, <strong>com</strong> sucesso,<br />

por King e Mills 2 . Em 1983, Rashkind 3 <strong>de</strong>senvolveu<br />

a prótese que leva seu nome. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

introdutores muito calibrosos, <strong>com</strong>o o 23F, e o surgimento<br />

<strong>de</strong> outras próteses mais eficientes fizeram <strong>com</strong><br />

que a Rashkind e suas prece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ixassem <strong>de</strong> ser<br />

utilizadas, ressaltando-se, entretanto, o fato <strong>de</strong>stas terem<br />

sido fundamentais para <strong>de</strong>spertar o interesse dos pesquisadores<br />

por essa forma <strong>de</strong> tratamento. Posteriormente,<br />

vários tipos <strong>de</strong> próteses foram <strong>de</strong>senvolvidos, incluin-<br />

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do o surgimento da Amplatzer 4 (1996), permitindo o<br />

fechamento <strong>de</strong> CIAs gran<strong>de</strong>s, <strong>com</strong> segurança e alto<br />

índice <strong>de</strong> sucesso.<br />

SELEÇÃO DE PACIENTES<br />

As CIAs próximas a estruturas nobres, <strong>com</strong>o as <strong>de</strong><br />

seio venoso, ostium primum e seio coronário, não<br />

po<strong>de</strong>m ser fechadas pela via percutânea. As indicações<br />

para o fechamento <strong>de</strong> CIA são as mesmas da<br />

indicação cirúrgica. CIAs pequenas (menores que 5mm)<br />

e sem repercussão clínica não têm indicação para<br />

fechamento, exceto na presença <strong>de</strong> provável embolia<br />

paradoxal, <strong>com</strong>o acontece nas indicações para fechamento<br />

<strong>de</strong> forame oval. A maioria das CIAs tipo ostium<br />

secundum, que correspon<strong>de</strong>m a 2/3 das CIAs, po<strong>de</strong><br />

ser fechada por via percutânea. Uma distância maior<br />

que 4mm entre as valvas atrioventriculares, a veia<br />

cava superior (VCS), a veia pulmonar superior direita<br />

e o seio coronário torna o procedimento viável e<br />

seguro. Uma distância <strong>de</strong> 2 a 3mm do seio coronário<br />

é aceitável, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seu orifício seja suficientemente<br />

largo para não interferir <strong>com</strong> o fluxo. A presença da<br />

borda anterior (aórtica) não é indispensável 5 .<br />

(<strong>com</strong> orientação pelo ecocardiograma) e liberam-se o<br />

colo e, em seguida, o disco em AD. Antes <strong>de</strong> liberar<br />

a prótese, <strong>de</strong>ve-se checar sua posição, em vários cortes,<br />

pelo ecocardiograma. A angiografia antes e <strong>de</strong>pois do<br />

procedimento e manobras para checar a firmeza da<br />

fixação da prótese são medidas opcionais. Em nossa<br />

prática, não temos realizado angiografias <strong>de</strong> rotina,<br />

sendo o procedimento orientado pelo ecocardiograma.<br />

Algumas vezes, principalmente em CIAs gran<strong>de</strong>s,<br />

a prótese adota uma posição oblíqua (Figura 1) e não<br />

paralela ao septo, atravessando a CIA. A liberação <strong>de</strong><br />

parte do colo em AE e a abertura parcial do disco em<br />

veia pulmonar, geralmente, melhoram o posicionamento<br />

da prótese, permitindo seu implante <strong>com</strong> segurança.<br />

Outras vezes, mesmo <strong>com</strong> essas manobras, a prótese<br />

continua se posicionando obliquamente ao ser recuada.<br />

Nesses casos, a mudança do posicionamento inicial<br />

em veia pulmonar superior esquerda (VPSE) para<br />

outras veias pulmonares ou o uso <strong>de</strong> cateter-balão 7<br />

(Figura 2), introduzido através <strong>de</strong> outra punção veno-<br />

AVALIAÇÃO DO TAMANHO DA PRÓTESE<br />

A re<strong>com</strong>endação clássica para escolha do tamanho<br />

da prótese é <strong>de</strong> que esta seja aproximadamente 2mm<br />

maior ou menor que o tamanho da CIA distendida por<br />

balão (medidas coerentes entre ecocardiograma e fluoroscopia).<br />

Alguns profissionais sugerem que essa medida<br />

não é necessária, escolhendo o tamanho da prótese<br />

<strong>com</strong> base apenas no tamanho regular da CIA, verificado<br />

pelo ecocardiograma 6 acrescido <strong>de</strong> 4mm. Nos casos <strong>de</strong><br />

CIAs gran<strong>de</strong>s (maiores que 30mm <strong>de</strong> diâmetro) ou associadas<br />

a aneurisma, é aconselhável usar prótese 3 a<br />

4mm maior que o diâmetro distendido. Em nossa opinião,<br />

o tamanho distendido é o melhor parâmetro para<br />

a opção e torna o procedimento mais seguro.<br />

Figura 1 - Prótese mal posicionada em CIA gran<strong>de</strong>.<br />

VARIAÇÕES TÉCNICAS<br />

O material <strong>de</strong>senvolvido para o fechamento percutâneo<br />

<strong>de</strong> CIA é direcionado para o procedimento<br />

via veias femorais. A CIA po<strong>de</strong> ser ultrapassada por<br />

vários tipos <strong>de</strong> cateteres posicionados em veia pulmonar<br />

superior esquerda. Em seguida, <strong>com</strong> ajuda <strong>de</strong> fioguia<br />

longo, posiciona-se uma bainha longa e <strong>com</strong><br />

diâmetro <strong>com</strong>patível <strong>com</strong> o tamanho da prótese selecionada.<br />

A colocação <strong>de</strong> bainha em átrio esquerdo (AE)<br />

apresenta risco <strong>de</strong> embolia aérea, principalmente para<br />

artéria coronária direita, <strong>de</strong>vendo-se tomar cuidado<br />

para evitar essa <strong>com</strong>plicação. A retirada do introdutor<br />

na junção da veia cava inferior (VCI) <strong>com</strong> átrio direito<br />

(AD), aguardando-se o retorno <strong>de</strong> sangue antes da<br />

introdução da bainha em AE, diminui o risco <strong>de</strong> embolia,<br />

sendo por isso re<strong>com</strong>endada por muitos autores. Após<br />

o bom posicionamento da bainha em AE, a prótese é<br />

introduzida fixa em um kit, abrindo-se o primeiro disco<br />

em AE; puxa-se, então, a prótese até o septo interatrial<br />

Figura 2 - Prótese posicionada <strong>com</strong> auxílio <strong>de</strong> cateter-balão.<br />

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sa, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> manter a prótese paralela ao<br />

septo quando recuada, têm apresentado sucesso. Na<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a veia femoral por ausência<br />

congênita ou obstrução adquirida da VCI, a VCS 8 ou<br />

as veias hepáticas po<strong>de</strong>rão ser usadas. Quando se<br />

utiliza a VCS através <strong>de</strong> suas tributárias, nem sempre<br />

é fácil conseguir a liberação da prótese, principalmente<br />

em CIAs gran<strong>de</strong>s. Para o fechamento <strong>de</strong> forame oval<br />

ou <strong>de</strong> CIAs pequenas, o procedimento po<strong>de</strong> ser realizado<br />

sem dificulda<strong>de</strong>s. Quando utilizada a VCS através<br />

<strong>de</strong> suas tributárias, o direcionamento da bainha<br />

para veia pulmonar inferior esquerda é quase reto e<br />

evita dobras. Caso seja necessário o posicionamento<br />

em veias pulmonares superiores, a utilização <strong>de</strong> cateteres<br />

<strong>com</strong>o Lehmann ou Sones <strong>de</strong>ntro da bainha longa<br />

facilita o procedimento e diminui a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

dobras. Entretanto, <strong>com</strong>o o risco <strong>de</strong> dobras continua,<br />

a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bainhas mais resistentes facilita o<br />

procedimento. Sugerimos que esse acesso venoso seja<br />

tentado antes da utilização da punção transhepática,<br />

em casos <strong>de</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização da VCI. A<br />

punção transhepática, adotada há vários anos pelos<br />

radiologistas intervencionistas, <strong>com</strong>o opção em casos<br />

<strong>de</strong> impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a VCI ou <strong>de</strong> crianças<br />

muito pequenas para as quais se faz necessário o uso<br />

<strong>de</strong> bainhas calibrosas, tem sido pouco utilizada pelos<br />

cardiologistas intervencionistas, principalmente em<br />

nosso meio. A punção é relativamente simples e segura,<br />

<strong>com</strong> pequenas variações técnicas.<br />

A punção po<strong>de</strong> ser feita orientada por ultra-sonografia<br />

abdominal ou pela inserção <strong>de</strong> cateter em uma<br />

veia hepática através da VCS; essas medidas, entretanto,<br />

não são indispensáveis. Várias técnicas têm sido<br />

<strong>de</strong>scritas para a punção:<br />

1) Inserir a agulha na parte alta do terço inferior do<br />

fígado ou a meia distância entre o diafragma e a<br />

borda inferior do fígado, guiando-a por fluoroscopia<br />

ou ultra-som, ao nível da linha axilar anterior 9 .<br />

Progredir a inserção da agulha, paralelamente ao<br />

piso da sala, até aproximadamente 2 cm da coluna<br />

vertebral. Retirar o estilete da agulha, puxando-o<br />

lentamente, enquanto se injeta pequena quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> contraste. Após certificação <strong>de</strong> que se está<br />

<strong>de</strong>ntro da veia hepática, introduzir fio-guia, dilatador<br />

e bainha e seguir as etapas habituais para a realização<br />

do cateterismo e da intervenção 10,11 (Figura 3).<br />

2) Punção ao nível da linha axilar média abaixo das<br />

costelas, direcionando-se levemente a agulha, nos<br />

sentidos posterior e superior, em direção à coluna<br />

12,13 . Deve-se ter o cuidado <strong>de</strong> evitar punção da<br />

vesícula biliar. Em seguida, proce<strong>de</strong>r às etapas <strong>de</strong>scritas<br />

anteriormente.<br />

3) Semelhante à anterior, fazendo-se a punção ao<br />

nível da linha axilar anterior.<br />

A maioria dos autores re<strong>com</strong>enda a retirada lenta<br />

do cateter <strong>com</strong> pequenas injeções <strong>de</strong> contraste e, quando<br />

fora da veia hepática, a colocação <strong>de</strong> molas ou Gelfoam<br />

para evitar sangramento. Outros apenas mantêm o<br />

paciente em <strong>de</strong>cúbito lateral direito por duas horas e<br />

repouso no leito por 12 horas. Em pacientes <strong>com</strong><br />

pressão venosa alta, o risco <strong>de</strong> sangramento é aumentado,<br />

<strong>de</strong>vendo-se utilizar molas ou Gelfoam, conforme<br />

<strong>de</strong>scrito anteriormente. É <strong>com</strong>um os pacientes se queixarem<br />

<strong>de</strong> dor abdominal e no ombro nas primeiras 24<br />

horas após o procedimento, sendo necessário medicálos.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da técnica utilizada, é aconselhável<br />

retirar todos os sistemas e checar se a prótese está<br />

bem fixa ao sistema liberador, após cinco tentativas <strong>de</strong><br />

implante da prótese sem êxito.<br />

ECOCARDIOGRAMA<br />

A correta interpretação do ecocardiograma é fundamental<br />

para a seleção dos candidatos ao fechamento<br />

percutâneo <strong>de</strong> CIA tipo ostium secundum e para a<br />

realização do procedimento. O exame <strong>de</strong>ve ser feito <strong>de</strong><br />

forma <strong>com</strong>pleta, procurando-se anomalias associadas,<br />

especialmente presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma CIA e <strong>de</strong> retorno<br />

venoso pulmonar. A medida do diâmetro distendido<br />

da CIA é importante, sendo a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> suas<br />

bordas facilitada <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> solução salina agitada.<br />

A distância entre as bordas da CIA e as estruturas<br />

vizinhas <strong>de</strong>ve ser medida cuidadosamente; sugere-se<br />

que as bordas tenham mais <strong>de</strong> 4mm, excetuando-se a<br />

ântero-superior, cuja presença não é necessária, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser a prótese implantada sem ela.<br />

• A borda ântero-superior <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> a distância<br />

entre a margem anterior da CIA e a pare<strong>de</strong> externa<br />

da aorta mais próxima do <strong>de</strong>feito septal;<br />

Figura 3 - Punção <strong>de</strong> veia hepática confirmada à fluoroscopia.<br />

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• A borda ínfero-anterior vai da margem inferior do<br />

<strong>de</strong>feito ao centro do anel tricúspi<strong>de</strong> (plano subcostal<br />

4 câmaras ao 2-D ou horizontal no ecocardiograma<br />

transesofágico);<br />

• A borda súpero-posterior (ou superior) é medida<br />

da margem superior da CIA ao ponto médio do<br />

orifício <strong>de</strong> entrada da VCS no AD (plano subcostal<br />

eixo curto no 2-D ou vertical no ecocardiograma<br />

transesofágico);<br />

• A borda ínfero-posterior (ou inferior) é a distância<br />

da margem inferior do <strong>de</strong>feito ao ponto médio do<br />

orifício <strong>de</strong> entrada da VCI no AD (plano subcostal<br />

eixo curto no 2-D ou vertical no ecocardiograma<br />

transesofágico).<br />

REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO<br />

SEM FLUOROSCOPIA<br />

O fechamento percutâneo <strong>de</strong> CIA po<strong>de</strong> ser realizado<br />

apenas pelo ecocardiograma transtorácico ou<br />

transesofágico, sem ajuda da fluoroscopia. As medidas<br />

das pressões e o cálculo <strong>de</strong> shunt po<strong>de</strong>m ser feitos<br />

posicionando-se o cateter em artéria pulmonar guiado<br />

pelo ecocardiograma, assim <strong>com</strong>o seu posicionamento<br />

em veia pulmonar e as etapas clássicas para a realização<br />

do procedimento. Em casos especiais, <strong>com</strong>o durante<br />

a gravi<strong>de</strong>z, esse método po<strong>de</strong> ser preferido. Segundo<br />

Ewert e Berger 14 , o fechamento <strong>de</strong> CIA e <strong>de</strong> forame<br />

oval po<strong>de</strong> ser realizado <strong>com</strong> segurança em muitos<br />

pacientes, guiado apenas pelo ecocardiograma.<br />

IDADE IDEAL<br />

Alguns autores <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o fechamento precoce<br />

das CIAs para evitar a sobrecarga crônica do ventrículo<br />

direito (VD) ou pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento da CIA.<br />

Segundo Harper et al. 15 , <strong>com</strong>o a CIA e a distância <strong>de</strong><br />

suas bordas em relação às estruturas vizinhas ten<strong>de</strong>m<br />

a crescer proporcionalmente ao crescimento da superfície<br />

corporal, o procedimento é facilitado se realizado<br />

mais tar<strong>de</strong>; por isso sua equipe tem optado por executar<br />

a intervenção quando a criança atinge cerca <strong>de</strong> 5<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e peso em torno <strong>de</strong> 20kg. Em virtu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> usarmos sonda <strong>de</strong> adulto para a realização do<br />

ecocardiograma transesofágico, também temos preferido<br />

fazer o procedimento em crianças que já tenham<br />

<strong>com</strong>pletado 5 anos; entretanto, quando há gran<strong>de</strong> sobrecarga<br />

<strong>de</strong> volume do VD, interferindo <strong>com</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

pondo-estatural, temos ocasionalmente antecipado<br />

a intervenção em crianças <strong>com</strong> peso entre 15<br />

e 20kg.<br />

e o risco <strong>de</strong> embolização é maior. Em tais situações,<br />

sugere-se liberar parcialmente o colo em AE e usar prótese<br />

3 a 4mm maior que o diâmetro distendido da CIA. A<br />

análise cuidadosa da anatomia da CIA e <strong>de</strong> sua relação<br />

<strong>com</strong> as estruturas vizinhas e a certificação <strong>de</strong> que a<br />

prótese está bem fixa, antes <strong>de</strong> sua liberação, diminuem<br />

os riscos e aumentam o sucesso do procedimento.<br />

CIAs múltiplas 17<br />

Na presença <strong>de</strong> duas ou mais <strong>com</strong>unicações interatriais,<br />

<strong>de</strong>ve-se verificar se há tecido suficiente entre<br />

elas para a<strong>com</strong>odar mais <strong>de</strong> uma prótese. Quando há<br />

bordas a<strong>de</strong>quadas entre as <strong>com</strong>unicações, re<strong>com</strong>enda-se<br />

liberar primeiro a prótese menor e, em seguida,<br />

a maior. Em caso <strong>de</strong> escasso tecido entre elas, po<strong>de</strong>se<br />

tentar, <strong>com</strong> balão, transformá-las em uma só CIA 18<br />

e usar uma prótese suficientemente gran<strong>de</strong> para cobrir<br />

todo o orifício criado, ainda que permaneça pequeno<br />

shunt residual sem importância clínica. Nos casos <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>unicações próximas, mas sem tecido suficiente<br />

entre elas para a<strong>com</strong>odar duas ou mais próteses, e na<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformá-las em uma única CIA,<br />

po<strong>de</strong>-se utilizar uma prótese superdimensionada para<br />

tentar cobrir o orifício o máximo possível. Nos casos<br />

<strong>de</strong> CIAs múltiplas, é necessário usar balões con<strong>com</strong>itantes<br />

para avaliar <strong>de</strong>talhadamente os diâmetros e<br />

selecionar a(s) prótese(s) a<strong>de</strong>quada(s) para cada caso.<br />

Aneurisma/fenestração 19<br />

Na presença <strong>de</strong> CIA associada a aneurisma, o i<strong>de</strong>al<br />

é fechá-la fazendo-se um “sanduíche” do mesmo.<br />

Quando a CIA é pequena (diâmetro distendido menor<br />

que 20mm), a utilização <strong>de</strong> próteses maiores, usadas<br />

para o fechamento <strong>de</strong> forame oval, geralmente é a<br />

melhor escolha. Na presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma CIA, a<br />

associação <strong>de</strong> uma prótese <strong>de</strong> forame oval permeável<br />

(FOP) <strong>com</strong> outra <strong>de</strong> CIA facilita o envolvimento do<br />

aneurisma <strong>de</strong> ambos os lados, o que se faz, respectivamente,<br />

pelo maior diâmetro do disco do FOP à direita<br />

e pelo do disco da prótese da CIA maior à esquerda.<br />

PROBLEMAS ESPECIAIS<br />

CIAs gran<strong>de</strong>s 16<br />

Em CIAs gran<strong>de</strong>s (maiores que 30mm <strong>de</strong> diâmetro),<br />

principalmente quando associadas <strong>com</strong> bordas finas (Figura<br />

4), a liberação da prótese po<strong>de</strong> se tornar mais difícil<br />

Figura 4 - CIA gran<strong>de</strong>, <strong>com</strong> bordas finas.<br />

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Disfunção diastólica<br />

A disfunção diastólica, mais freqüente em pacientes<br />

idosos portadores <strong>de</strong> insuficiência coronariana e<br />

miocardiopatias hipertróficas ou restritivas, po<strong>de</strong> aumentar<br />

o risco do procedimento. Nesses pacientes, o aumento<br />

do retorno venoso pulmonar para o ventrículo esquerdo<br />

após a eliminação da fuga para o AE po<strong>de</strong> ocasionar<br />

aumento súbito da pressão capilar pulmonar e e<strong>de</strong>ma<br />

pulmonar. O fechamento da CIA nesses casos <strong>de</strong>ve<br />

ser precedido <strong>de</strong> oclusão temporária da CIA <strong>com</strong> balão<br />

por 15 a 30 minutos, enquanto se me<strong>de</strong> a pressão<br />

capilar pulmonar. Na presença <strong>de</strong> aumento da pressão<br />

capilar pulmonar acima <strong>de</strong> 18mmHg ou <strong>de</strong> aumento da<br />

relação pressão diastólica final e pressão sistólica <strong>de</strong><br />

ventrículo esquerdo, re<strong>com</strong>enda-se <strong>de</strong>ixar fenestração<br />

na prótese 20 , para evitar essa grave <strong>com</strong>plicação.<br />

Hipertensão pulmonar 21<br />

Hipertensão pulmonar (HP) grave é in<strong>com</strong>um em<br />

pacientes portadores <strong>de</strong> CIA, principalmente naqueles<br />

abaixo <strong>de</strong> 30 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Em casos <strong>de</strong> presença <strong>de</strong><br />

HP grave em que haja dúvida quanto à reversibilida<strong>de</strong><br />

da resistência pulmonar e do grau <strong>de</strong> hiperfluxo pulmonar,<br />

são necessários testes para avaliação da vasoreativida<strong>de</strong><br />

pulmonar. Os testes são realizados principalmente<br />

<strong>com</strong> óxido nítrico e oxigênio a 100%. Evidências<br />

claras <strong>de</strong> diminuição da resistência pulmonar e<br />

aumento do fluxo pulmonar para mais <strong>de</strong> 1,8 vezes<br />

em relação ao sistêmico após o emprego <strong>de</strong>ssas substâncias<br />

justificam o fechamento <strong>de</strong> CIA. Outra medida é<br />

o fechamento temporário <strong>de</strong> CIA <strong>com</strong> balão, evitandose<br />

interferência <strong>com</strong> o retorno venoso sistêmico. A<br />

diminuição da pressão pulmonar, ausência <strong>de</strong> aumento<br />

da pressão em AD e aumento do débito sistêmico<br />

após oclusão do <strong>de</strong>feito são evidências favoráveis ao<br />

fechamento. No caso <strong>de</strong> persistirem dúvidas, o uso <strong>de</strong><br />

prótese fenestrada é a melhor opção.<br />

ORIENTAÇÕES<br />

O uso <strong>de</strong> ácido acetilsalicílico na dose <strong>de</strong> 3 a<br />

5mg/kg/dia até a dose máxima <strong>de</strong> 200mg <strong>de</strong>ve ser<br />

iniciado, segundo alguns autores, 48 a 72 horas antes<br />

do procedimento e, segundo outros, somente após a<br />

intervenção. Acreditamos que o início <strong>de</strong> sua administração<br />

antes do procedimento po<strong>de</strong> diminuir riscos <strong>de</strong><br />

embolia. Assim que feita a punção venosa, administrase<br />

heparina na dose <strong>de</strong> 5 a 10.000U para adultos e<br />

<strong>de</strong> 100 a 200U/kg para crianças, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong><br />

manter o tempo <strong>de</strong> coagulação ativado (TCA) acima<br />

<strong>de</strong> 200 segundos. Terminado o procedimento, a heparina<br />

não é neutralizada, exceto em situações especiais.<br />

ácido acetilsalicílico e profilaxia para endocardite <strong>de</strong>vem<br />

ser mantidos por seis meses. Em casos <strong>de</strong> CIAs gran<strong>de</strong>s<br />

(maiores que 30mm para adultos), alguns autores sugerem<br />

a associação <strong>de</strong> clopidogrel, na dose <strong>de</strong> 75mg para<br />

adultos e <strong>de</strong> 1 a 1,5mg/kg/dia para crianças, por um<br />

a dois meses. Nesses casos, atenção especial <strong>de</strong>ve ser<br />

dada para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sangramento e equimoses.<br />

Os pacientes geralmente recebem alta no mesmo<br />

dia do procedimento ou no dia seguinte, estando aptos<br />

a retornar às aulas ou ao trabalho intelectual em três<br />

a quatro dias; ativida<strong>de</strong>s físicas <strong>com</strong>petitivas po<strong>de</strong>m<br />

ser liberadas após um mês do procedimento.<br />

COMPLICAÇÕES<br />

Algumas reações adversas são <strong>com</strong>uns após o<br />

uso <strong>de</strong> Amplatzer.<br />

Cefaléia 22<br />

A cefaléia <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> variável é a reação adversa<br />

mais freqüente. Algumas vezes, ela é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>,<br />

semelhante à enxaqueca grave. A duração dos<br />

sintomas po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> dias até semanas. Em alguns<br />

pacientes <strong>de</strong> nossa série <strong>de</strong> 160 casos, a cefaléia permaneceu<br />

por 12 semanas. A fisiopatologia não está<br />

bem <strong>de</strong>finida e parece estar relacionada ao aumento<br />

dos níveis séricos <strong>de</strong> níquel 23,24 . O tratamento é sintomático.<br />

Dois pacientes <strong>de</strong> nossa série apresentaram<br />

cefaléia intensa, refratária a dipirona e paracetamol, e<br />

tiveram alívio dos sintomas <strong>com</strong> associação <strong>de</strong> paracetamol<br />

e cafeína. Acreditamos que essa associação<br />

seja benéfica <strong>de</strong>vido à semelhança dos sintomas <strong>com</strong><br />

os <strong>de</strong> enxaqueca. Sintomas semelhantes à gripe, <strong>com</strong>o<br />

mialgia, <strong>de</strong>sânimo e febre, po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />

nos primeiros meses após o procedimento. Em um <strong>de</strong><br />

nossos pacientes, observamos cefaléia intensa e temperatura<br />

acima <strong>de</strong> 38°C, <strong>com</strong> duração <strong>de</strong> 35 dias. Seu<br />

estado geral manteve-se bom, apesar <strong>de</strong> proteína C e<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hemossedimentação muito elevadas (212<br />

e 120mm, respectivamente). Ecocardiograma, hemocultura<br />

e tomografia <strong>com</strong>putadorizada <strong>de</strong> crânio e tórax<br />

nada evi<strong>de</strong>nciaram. Tratar-se-ia <strong>de</strong> uma reação inflamatória<br />

intensa? Teria o paciente benefício <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong><br />

corticói<strong>de</strong>? Essas são perguntas ainda sem resposta.<br />

Arritmia<br />

Arritmias, principalmente supraventriculares 25 , po<strong>de</strong>m<br />

surgir nas primeiras semanas após o procedimento,<br />

especialmente nos casos <strong>de</strong> CIAs gran<strong>de</strong>s e em adultos.<br />

O tratamento medicamentoso ou a cardioversão<br />

elétrica estão indicados para as formas persistentes.<br />

Geralmente são transitórias, e a medicação po<strong>de</strong> ser<br />

suspensa após três meses. Há relatos <strong>de</strong> bloqueio<br />

atrioventricular, transitório e permanente, após implante<br />

<strong>de</strong> Amplatzer 26,27 .<br />

Embolia sistêmica<br />

Raramente ocorre embolia sistêmica durante o procedimento<br />

ou relacionada à formação <strong>de</strong> trombo na<br />

prótese 28,29 . Fatores que aumentem o risco <strong>de</strong>vem ser<br />

i<strong>de</strong>ntificados e eliminados, tais <strong>com</strong>o válvula <strong>de</strong> Eustáquio<br />

30 e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chiari exuberantes, que po<strong>de</strong>m ficar<br />

em AE após o implante da prótese. O início do uso <strong>de</strong><br />

ácido acetilsalicílico dois ou três dias antes do procedimento,<br />

o controle do TCA durante a intervenção e<br />

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Oliveira EC, et al. <strong>Fechamento</strong> Percutâneo <strong>de</strong> Comunicação <strong>Interatrial</strong> <strong>com</strong> Prótese Amplatzer. Rev Bras Cardiol Invas 2005; 13(3):<br />

198-205.<br />

a associação <strong>de</strong> clopidogrel em casos <strong>de</strong> CIAs gran<strong>de</strong>s<br />

são condutas que po<strong>de</strong>m diminuir os riscos <strong>de</strong> embolia.<br />

Em três pacientes <strong>de</strong> nossa série, nos quais observamos<br />

quadro <strong>de</strong> disartria, hemiparesia e alterações<br />

visuais transitórias, não i<strong>de</strong>ntificamos trombo na prótese<br />

ou em cavida<strong>de</strong>s cardíacas, nem alteração à tomografia<br />

ou à ressonância magnética.<br />

Embolização da prótese 31,32<br />

A medida correta do diâmetro da CIA, a i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> suas bordas e <strong>de</strong> sua relação <strong>com</strong> estruturas<br />

vizinhas, a correta escolha do tamanho da prótese e<br />

as manobras para verificação <strong>de</strong> seu bom posicionamento<br />

praticamente eliminam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> embolia<br />

da prótese. Entretanto, algumas vezes po<strong>de</strong>rá ocorrer<br />

tal embolização, mesmo após o cumprimento rigoroso<br />

<strong>de</strong>ssas etapas. A Figura 5 mostra um dos nossos casos<br />

em que se verificou embolização para VD <strong>de</strong> uma<br />

prótese número 40, após duas horas <strong>de</strong> um implante<br />

consi<strong>de</strong>rado seguro. A paciente em questão inicialmente<br />

apresentou taquicardia ventricular intermitente e coinci<strong>de</strong>nte<br />

<strong>com</strong> o movimento da prótese para VD.<br />

Após embolização da prótese, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> retirála<br />

no cateterismo ou <strong>de</strong> enviar o paciente para a<br />

cirurgia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da experiência do Serviço, do material<br />

disponível e da localização da prótese. Quando<br />

se optar pela retirada da prótese no cateterismo cardíaco,<br />

sua fixação <strong>com</strong> outro cateter e o emprego <strong>de</strong> bainha<br />

2 a 4F maior que a previamente utilizada facilitam o<br />

procedimento. O caso <strong>de</strong>scrito anteriormente foi encaminhado<br />

para a cirurgia, pois a prótese era gran<strong>de</strong> e<br />

localizada em ventrículo direito e as manobras para<br />

tentar retirá-la apresentariam risco <strong>de</strong> lesão da valva<br />

tricúspi<strong>de</strong>. Ocasionalmente, a embolização po<strong>de</strong> ocorrer<br />

dias ou meses após o implante.<br />

Figura 5 - Embolização <strong>de</strong> prótese número 40 para o VD.<br />

Perfurações 33,34<br />

Encontram-se na literatura relatos <strong>de</strong> alguns tipos<br />

<strong>de</strong> <strong>com</strong>plicação após o fechamento percutâneo <strong>de</strong><br />

CIA, entre os quais se incluem fístula aorta-AE e perfuração<br />

cardíaca, <strong>com</strong> manifestações clínicas variáveis<br />

e óbito. Ainda não está bem <strong>de</strong>finida qual seria a<br />

opção mais segura nesses casos: se o sub ou o superdimensionamento<br />

da prótese. Em nosso Serviço, temos<br />

optado por próteses <strong>de</strong> tamanho suficiente para envolver<br />

a aorta, pela imagem ecocardiográfica.<br />

Sangramento<br />

Sangramento no local da punção po<strong>de</strong> ocorrer,<br />

principalmente em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> punção aci<strong>de</strong>ntal da<br />

artéria femoral. Nesses casos, <strong>de</strong>ve-se dispensar tempo<br />

maior para a <strong>com</strong>pressão local e monitorizar o paciente<br />

pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> pseudo-aneurisma.<br />

As manobras para introduzir a sonda do ecocardiograma<br />

transesofágico <strong>de</strong>vem ser cuidadosas e <strong>de</strong>licadas<br />

para evitar lesão ou mesmo perfuração <strong>de</strong> esôfago<br />

e conseqüente sangramento digestivo. Lubrificação das<br />

sondas e manobras suaves e orientadas por visão direta<br />

através <strong>de</strong> laringoscópio diminuem esse risco.<br />

Comparação <strong>com</strong> a cirurgia 35-37<br />

O fechamento cirúrgico e o fechamento percutâneo<br />

<strong>de</strong> CIA apresentam resultados semelhantes quanto ao<br />

índice <strong>de</strong> fechamento <strong>com</strong>pleto (maior que 97%), à<br />

diminuição das câmaras direitas e à normalização da<br />

classe funcional. Evi<strong>de</strong>nciam-se, porém, algumas diferenças<br />

importantes quando se <strong>com</strong>param as duas técnicas.<br />

O fechamento cirúrgico <strong>de</strong> CIA tem sido realizado<br />

há mais <strong>de</strong> 50 anos, <strong>com</strong> diminuição progressiva da<br />

mortalida<strong>de</strong>, sendo esta menor que 1% nos últimos<br />

10 anos. Entretanto, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação extracorpórea,<br />

<strong>de</strong> incisão cirúrgica, <strong>de</strong> manipulação do<br />

coração e do pulmão, <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> vários cateteres<br />

para monitorização e <strong>de</strong> permanência em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

terapia intensiva, entre outros fatores, tem mantido<br />

uma incidência alta <strong>de</strong> <strong>com</strong>plicações, que po<strong>de</strong>m ser<br />

leves, mo<strong>de</strong>radas e graves. Complicações leves, <strong>com</strong>o<br />

problemas gastrointestinais, infecção urinária, febre,<br />

<strong>de</strong>rrame pleural e/ou pericárdico, atelectasia pulmonar<br />

e infecção da ferida cirúrgica, ocorrem em mais <strong>de</strong><br />

70% dos pacientes. Complicações mo<strong>de</strong>radas — pneumonia,<br />

<strong>de</strong>rrame pleural e/ou pericárdico <strong>com</strong> necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> drenagem, taquicardia juncional e dissociação<br />

atrioventricular — ocorrem em mais <strong>de</strong> 10% dos pacientes.<br />

Entre as <strong>com</strong>plicações graves encontram-se<br />

problemas neurológicos, sepse, insuficiência renal, sangramento<br />

requerendo reoperação, tamponamento cardíaco,<br />

síndrome pós-cardiotomia e bloqueio atrioventricular<br />

<strong>com</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marca-passo <strong>de</strong>finitivo.<br />

Além disso, a cicatriz cirúrgica é <strong>de</strong>finitiva.<br />

Por sua vez, o fechamento percutâneo <strong>de</strong> CIA,<br />

iniciado há mais <strong>de</strong> 25 anos, difundiu-se amplamente<br />

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Oliveira EC, et al. <strong>Fechamento</strong> Percutâneo <strong>de</strong> Comunicação <strong>Interatrial</strong> <strong>com</strong> Prótese Amplatzer. Rev Bras Cardiol Invas 2005; 13(3):<br />

198-205.<br />

nos últimos oito anos <strong>de</strong>vido ao surgimento <strong>de</strong> novas<br />

próteses e à maior facilida<strong>de</strong> para seu implante, bem<br />

<strong>com</strong>o à utilização <strong>de</strong> bainhas <strong>com</strong> diâmetros menores,<br />

apropriadas até mesmo para emprego em crianças.<br />

Entretanto, além <strong>de</strong> ainda não existir uma prótese i<strong>de</strong>al,<br />

verificam-se algumas <strong>com</strong>plicações, entre as quais se<br />

incluem perfuração cardíaca, arritmias, embolias da<br />

prótese, manifestações clínicas relacionadas ao material<br />

da prótese ou <strong>de</strong> fundo imunológico, alto perfil para<br />

uso em crianças <strong>com</strong> CIAs gran<strong>de</strong>s e tempo <strong>de</strong> seguimento<br />

relativamente curto, se <strong>com</strong>parado ao da cirurgia.<br />

Em contrapartida, a ausência <strong>de</strong> cicatriz, o tempo<br />

<strong>de</strong> internação curto, o retorno às ativida<strong>de</strong>s habituais<br />

em poucos dias e o fato <strong>de</strong> ser uma intervenção praticamente<br />

indolor, associados à melhora progressiva<br />

das próteses, fazem <strong>com</strong> que esse método seja, atualmente,<br />

o <strong>de</strong> escolha para fechamento <strong>de</strong> CIA tipo<br />

ostium secundum.<br />

RESULTADOS E SEGUIMENTO TARDIO 38-41<br />

O resultado do seguimento tardio dos pacientes<br />

submetidos a fechamento percutâneo <strong>de</strong> CIA tem sido<br />

excelente. O índice <strong>de</strong> fechamento <strong>com</strong>pleto <strong>de</strong> CIA<br />

sem shunt residual é próximo a 100%, após um ano<br />

do procedimento. Praticamente todos os pacientes estão<br />

em classe funcional I (NYHA), <strong>com</strong> normalização ou<br />

diminuição significativa das câmaras cardíacas direitas.<br />

A incidência <strong>de</strong> <strong>com</strong>plicações tardias é muito baixa,<br />

associada a um alto índice <strong>de</strong> satisfação dos pacientes.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os bons resultados, a baixa morbi-mortalida<strong>de</strong> e<br />

o alto índice <strong>de</strong> sucesso do procedimento e o alto<br />

grau <strong>de</strong> satisfação dos pacientes, associados a uma<br />

melhora progressiva dos materiais utilizados, fazem<br />

<strong>com</strong> que o fechamento percutâneo <strong>de</strong> CIA seja cada<br />

vez mais empregado. Entretanto, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> a cirurgia<br />

cardíaca ser realizada <strong>com</strong> alto índice <strong>de</strong> sucesso<br />

e baixa mortalida<strong>de</strong> há vários anos, o método só se<br />

justifica se mantiver o mesmo índice <strong>de</strong> cura da cirurgia<br />

e apresentar menor morbida<strong>de</strong> e menos <strong>com</strong>plicações.<br />

Para que esses objetivos sejam alcançados, regras rígidas<br />

<strong>de</strong>vem ser seguidas:<br />

1) A indicação <strong>de</strong> fechamento percutâneo <strong>de</strong>ve ser<br />

semelhante às indicações para a cirurgia, não se<br />

justificando realizá-lo, por ser método pouco invasivo,<br />

em CIAs muito pequenas ou sem qualquer<br />

repercussão ou <strong>com</strong>plicação;<br />

2) O procedimento <strong>de</strong>ve ser realizado em serviços<br />

preparados para a condução da intervenção e<br />

para tratamento imediato <strong>de</strong> possíveis <strong>com</strong>plicações;<br />

3) Não se justifica a realização do método por pessoal<br />

não envolvido <strong>com</strong> a fisiopatologia da doença e<br />

que só o execute ocasionalmente;<br />

4) O fechamento <strong>de</strong> CIAs (principalmente das maiores<br />

que 30mm) associadas a aneurisma, multifenestradas<br />

e <strong>com</strong> válvula <strong>de</strong> Eustáquio e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chiari exuberantes<br />

geralmente é trabalhoso, e o sucesso do<br />

procedimento só será obtido se conduzido por<br />

pessoal bem treinado e experiente;<br />

5) O procedimento po<strong>de</strong> apresentar <strong>com</strong>plicações<br />

imediatas e tardias graves, <strong>de</strong>vendo estas serem<br />

conhecidas e pesquisadas;<br />

6) Na presença <strong>de</strong> <strong>com</strong>plicações, a <strong>de</strong>cisão entre<br />

tratar o paciente no laboratório <strong>de</strong> hemodinâmica<br />

ou encaminhá-lo para a cirurgia <strong>de</strong>ve ser criteriosa,<br />

evitando-se insistência <strong>de</strong>snecessária na sala <strong>de</strong><br />

hemodinâmica ou passar do momento i<strong>de</strong>al para<br />

realização da intervenção.<br />

O tratamento <strong>de</strong> várias doenças cardíacas na sala<br />

<strong>de</strong> hemodinâmica tem sido possível <strong>de</strong>vido à maior<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais a<strong>de</strong>quados e melhores.<br />

O fechamento percutâneo <strong>de</strong> CIA é um método que<br />

ten<strong>de</strong> a ser cada vez mais adotado, <strong>com</strong> índice <strong>de</strong><br />

sucesso progressivamente maior. Aos cardiologistas<br />

intervencionistas cabe usá-lo <strong>com</strong> prudência e responsabilida<strong>de</strong>.<br />

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