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‘CONCEIÇÃO LIMA E INOCÊNCIA MATA, DOIS LADOS DA MODERNATRAVESSIA LITERÁRIA SÃO­TOMENSE’,A CasaAqui projetei a minha casa:alta, perpétua, de pedra e claridade.O basalto negro, porosoviria de Mesquita.Do Riboque o barro vermelhoda cor dos ibiscospara o telhado.Enorme era a janela e de vidroque a sala exigia um certo ar de praça.O quintal era plano, redondosem trancas nos caminhos.Sobre os escombros da cidade mortaprojetei a minha casarecortada contra o mar.Aqui.Sonho ainda o pilar –uma retidão de torre, de altar.Ouço murmúrios de barcosna varanda azul.E reinvento em cada rosto fioa fioas linhas inacabadas do projeto.Margarida Paredes e Jessica FalconiEstas são as linhas acabadas do poema “A Casa” que Conceição Limaprojetou segundo Inocência Mata numa cadência […] intimista, onde semesclam vozes de felicidade que intentam reverter a apetência para anostalgia regressiva, e em que perpassam paisagens visando neutralizar anostalgia do tempo da ilusão: [estas] imagens líricas da realidade [vão­setransformar em] corrosivas e antilíricas quando a desilusão se instalar:E quando te perguntaremresponderás que aqui nada aconteceusenão na euforia do poema.Escreveu Conceição Lima no poema intitulado “1975” data que aponta acelebração da independência de S.Tomé no dia 12 de Julho de 1975.


A origem são­tomense, a amizade, a paixão pela literatura, e visões domundo singulares aproximam estas duas mulheres extraordinárias (fotojuntas). De lugares diferentes de enunciação, uma escrevendo inspiradostextos poéticos, outra, densos textos de crítica literária ambas pertencem àmesma linhagem, a da moderna literatura são­tomense.Conceição Lima [inscreveu o seu nome] como uma das vozes <strong>mais</strong> originaisda poesia africana de língua portuguesa, diz Inocência Mata que, ao viajarcomo crítica literária pelos textos da literatura africana, se converteu numadas <strong>mais</strong> apaixonadas críticas das literaturas africanas de língua portuguesa,produzindo teoria e conhecimento ao mesmo tempo em que é uma vozacutilante sobre os processos políticos são­tomense e angolano. Ojornalismo também faz parte da sua história de vida aos microfones da RDPÁfrica em Lisboa assim como faz parte da história de vida de ConceiçãoLima, jornalista, locutora e produtora da BBC em Londres, com programasproduzidos em dezenas de países além de correspondente estrangeira devárias agências noticiosas. Do seu trabalho contam dezenas de entrevistas aescritores como Alda Espírito Santo, Mia Couto, Paulina Chiziane, Pepetela eSaramago, artistas e políticos. (fotos) Foi a última jornalista a entrevistar ofalecido Jonas Savimbi, líder da Unita.Inocência Mata e Conceição Lima são oriundas de S. Tomé e Príncipe,pequeno estado insular, situado no Atlântico, o oceano que Gilroyenegreceu. Os são­tomenses são atores e protagonistas dos modernosfenômenos da globalização. Nas rotas da ignóbil saga do tráfico negreiro edo trabalho forçado, a comercialização do sangue, da religião e da cultura,desenvolveram um processo de interação, confronto e diálogo entre asculturas africanas e a cultura colonial portuguesa que, atravessadas porrelações desiguais de poder e dominação, potenciaram um processo deabertura a uma outra realidade transatlântica ligada à emigração e aotrabalho da qual Inocência Mata e Conceição Lima hoje fazem parte, adiáspora são­tomense.Tal como o esboço identitário da poesia de Conceição Lima, que o olharpoético projeta nas “linhas inacabadas” da Casa, fragmentos contraditóriosdão conta de identidades culturais constantemente em renegociação noespaço são­tomense construindo­se a partir daquilo que para Inocência Mataé o exemplum de um encontro reiterado de várias diásporas e fluxosmigratórios recentes (Mata 2005:148), um dos lugares da pós­modernidade ede muitos outros pós, nas quais se cruzam a original voz poética deConceição Lima e o trabalho crítico de Inocência Mata, como já foi dito, numencontro afetivo, intelectual e político.


Sem universidade pública no país de origem, duas ilhas de 135.000habitantes, estas duas mulheres atravessaram o Atlântico (fotos na Europa)e depois da formação acadêmica superior, da diáspora europeia afirmaramas suas vozes como mulheres, negras, africanas e intelectuais. Oriundas doque os ocidentais chamam “margem” não só capturaram o “centro” comohoje em dia falam de um lugar situado nas estruturas do conhecimento epoder.Inocência Mata (fotos) é Doutora em Letras e professora na área deLiteraturas Pós­coloniais, Multiculturalismo e Dinâmicas Interculturais eMultilinguismo e Políticas Linguísticas na Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa onde, num universo de centenas de professores, é oúnico docente negro. O reconhecimento público de que é alvo vem dacomunidade africana em Portugal que já a distinguiu com diversashomenagens e prêmios. Porque é mulher e africana, os seus textos sãosubmetidos, segundo Jacques le Goff aos mesmos aparatos de dominaçãoimpostos pelas ideologias hegemônicas e não circulam como merecem naEuropa, o que não acontece no Brasil. Os meios de comunicação e aseditoras privilegiam os homens e brancos nas suas opções editoriais. A suaatual pesquisa em Literaturas Africanas centra­se na questão do Póscolonialismoe nos processos de encontro cultural em contextosmulticulturais. Professora convidada de inúmeras universidades estrangeiras,tem dezenas de ensaios publicados em revistas. É autora de vários livros,(fotos capas livros) entre os quais Emergência e Existência de umaLiteratura: o Caso Santomense (Lisboa: 1993), Diálogo com as Ilhas: sobreCultura e Literatura de São Tomé e Príncipe (Lisboa: 1998), LiteraturaAngolana: Silêncios e Falas de uma Voz Inquieta (Lisboa/Luanda: 2001), ASuave Pátria: Reflexões Político­culturais sobre a Sociedade São­tomense(Lisboa: 2004) e Laços de Memória & Outros Ensaios sobre LiteraturaAngolana (Luanda: 2006); e em co­autoria: Mário Pinto de Andrade: UmIntelectual na Política (Lisboa, 2000: com Laura Padilha), BoaventuraCardoso: a Escrita em Processo (São Paulo, 2005: com Rita Chaves e TaniaMacêdo) e (com Laura Padilha), A Poesia e Vida: Homenagem a Aldaespírito Santo (Lisboa: 2006) A Mulher em África: Vozes de uma Margemsempre Presente (Lisboa: 2007) e A Literatura Africana e a Crítica Póscolonial:Reconversões (Luanda: Nzila, 2007) é o seu último livro,recentemente lançado em Setembro em Luanda.Maria da Conceição Costa de Deus Lima, (foto) nasceu em Santana, na ‘Ilhade Nome Santo’, a 8 de Dezembro de 1961 e tem de uma madona cristã onome, como ela própria refere no seu Canto obscuro às raízes. Nosprimeiros anos da década de Oitenta explorou os seus próprios caminhostrilhados na Europa/ de coração em África e também de coração no


“desencontro” entre o continente africano e o processo colonizatórioportuguês e que marcaram a história do arquipélago. Deste processo fazparte o colapso da economia da cana­de­açúcar e a posterior debandadados senhores das roças para o Brasil no seguimento das ”Revoltas dosEscravos” séc. XVI e XVII inspiradas pelas ações do mítico “rei Amador”.“Afroinsularidade”:Deixaram nas ilhas um legadode híbridas palavras e tétricas plantaçõesengenhos enferrujados proas sem alentonomes sonoros aristocráticose a lenda de um naufrágio nas Sete PedrasAqui aportaram vindos do Nortepor mandato ou acaso ao serviço do seu rei:navegadores e piratasnegreiros ladrões contrabandistassimples homensrebeldes proscritos tambéme infantes judeustão tenros que feneceramcomo espigas queimadasNas naus trouxerambússolas quinquilharias sementesplantas experimentais amarguras atrozesum padrão de pedra pálido como o trigoe outras cargas sem sonhos nem raízesporque toda a ilha era um porto e uma estradasem regressotodas as mãos eram negras forquilhas e enxadasE nas roças ficaram pegadas vivascomo cicatrizes, cada cafeeiro respira agora umescravo morto.E nas ilhas ficaramincisivas arrogantes estátuas nas esquinascento e tal igrejas e capelaspara mil quilômetros quadradose o insurrecto sincretismo dos paços natalícios.E ficou a cadência palaciana da ússua


o aroma do alho e do zêtê d’óchino tempi e na ubaga télae no calulu o louro misturado ao óleo de palmae o perfume do alecrime do mlajincon nos quintais dos luchansE aos relógios insulares se fundiramos espectros – ferramentas do impérionuma estrutura de ambíguas claridadese seculares condimentossantos padroeiros e fortalezas derrubadasvinhos baratos e auroras partilhadasÀs vezes penso em suas lívidas ossadasseus cabelos podres na orla do marAqui, neste fragmento de Áfricaonde, virado para o Sulum verbo amanhece altocomo uma dolorosa bandeira.É assim que nesta escrita se guardam distâncias em relação a qualquercelebração da crioulidade, onde se inserem dinâmicas de exclusão einclusão que na sociedade são­tomense impossibilitam toda a representaçãodicotômica do centro e da periferia.Esta mesma distância em relação ao discurso da crioulidade, numaperspectiva <strong>mais</strong> teórica é defendida por Inocência Mata ao definir acrioulidade (e a atual “retórica” da crioulidade) como uma reciclagem ereedição da teoria sociológica luso­tropicalista de Gilberto Freire (Mata2006:290) e ao traçar cartografias da literatura são­tomense onde é evidenteuma revisitação de leituras <strong>mais</strong> pluralistas e abrangentes.É neste sentido que Inocência Mata aborda o trabalho da personalidadetalvez <strong>mais</strong> notória do arquipélago, Francisco José Tenreiro, autor deensaios e poemas que afirmam uma perspectiva de exaltação do processode transculturação ocorrido no espaço são­tomense, muitas vezes omitindoas relações de desigualdade existentes entre as duas partes no processo deformação do grupo crioulo e as contribuições de outros grupos étnicoculturaiscomo é o caso da comunidade dos angolares, minoria étnica cujapresença no arquipélago remonta à chegada dos portugueses e dosescravos libertos; dessa presença na narração literária da identidadenacional são­tomense Inocência Mata registra sobretudo a poesia deFernando Macedo, que através da representação dos angolares recupera


uma vertente “marinha” da literatura são­tomense tradicionalmenteatravessada pelo elemento telúrico (Mata 2005:142­144).A paisagem humana e cultural do arquipélago também é alterada pelachegada de trabalhadores contratados oriundos quer de outras “partes” doimpério português, quer de outras áreas do continente africano. Da cidadanialiterária desta outra componente, Inocência Mata refere textos isolados de F.J. Tenreiro, Manuela Margarido, Alda Espiríto Santo, ou seja, a tradiçãoliterária São­tomense.É Conceição Lima quem escreve poemas onde se ouve a voz de serviçais econtratados, no intuito de retratar o estatuto multicultural do universo sãotomense:“Manifesto imaginado de um serviçal”Chão inconquistado, chama­me teu que sobre minha fronte seesvai a lua esburacada na senzala. Não <strong>mais</strong> regressarei ao Sul.Morador interdito, ficarei nas tuas entranhas. Aqui, onde tudodei e me perdi. Morro sem respirar o hálito de uma outra cidadeque adubei.Irmãos:Deitai­me amanhã no terreiro à hora do sol nascente: queroolhar de frente as plantações. Quero contemplar, morto e inteiro, meulegado involuntário de africano em África desterrado.Clamo o pó que reclama a exaustão serena do meu corpo.Não mo podeis usurpar, ngwêtas, com o ferro da vossa força.Não mo negueis, ó híbridos forros, com o vosso frio desdém deséculos. Este barro é meu, espinho a espinho penetrou o osso dosmeus passos como um sopro cruel e palpitante. Até ao fim ondeagoracomeço porque a morte é o estuário de onde desertam os barcostodosque cavaram meu destino.Irmãos:Pelo mar viemos com febre. De longe viemos com sede.Chegamos de muito longe sem casa.Dai­me a beber agora a amarga infusão do caule do aloé, queroesgotar o cálice do nosso calvário.Dai­me uma coreografia de labaredas e vertigens que a nossasaga é uma constelação de astros absurdos.Dai­me amanhã em oferenda todos os sons que criei e os sonsque não criei mas aprendia puíta, o ndjambi, o bulauê


a dêxa também e o socopéTrazei­me os silêncios todos que percorriMostrai­me os caminhos que não trilhei mas construíCelebrai­me anônimo na praça que não verei mas anteviIlhas! Clamai­me vosso que na mortenão há desterro e eu morro. Coroai­me hojede raízes de sândalo e ndombóSou filho da terra.Neste e noutros poemas, Inocência Mata identifica a voz de «sujeitosdesterritorializados que buscam, ainda hoje, um lugar simbólico no espaçogeocultural em que se nativizaram» (Mata 2007), isto é, os grupos etnoculturaistradicionalmente “excluídos” não apenas pelas práticas ‘discursivas’da sociedade colonial e pós­colonial, mas também (e sobretudo) pelosistema de atribuição de cidadania política, econômica e social. As palavrasdo serviçal evidenciam, por outro lado, o fato dos fenômenos detransculturação celebrados por Tenreiro não corresponderem a formasconcretas de partilha do espaço público, da “praça” cuja construção (esentido) foi e continua a ser um processo elaborado por diferentes agentes esuas mútuas relações, que alteram de maneira constante o perfil identitáriode todos os sujeitos envolvidos, isto é, da própria “Casa”. É nesse sentidoque Conceição Lima constrói a autorepresentação no seu “Canto obscuro àsraízes”, poema que abre o segundo livro publicado, A Dolorosa Raiz doMicondó:Eu, Katona, ex­nativa de AngolaEu, Kalua, nunca <strong>mais</strong> em QuelimaneEu, nha Xica, que fugi à grande fomeEu que libertei como carta de alforriaeste dúbio canto e sua turva ascendência.Como observa Russell Hamilton «O foco de muitos dos poemas destesegundo livro está <strong>mais</strong> intimamente ligado num sentido genealógico àautobiografia e aos ancestrais da poeta que de África foram levados para asIlhas” (Hamilton: tradução livre). A instância autobiográfica torna­semodalidade poética reconfigurando as raízes históricas e culturais que sãocoletivas: ao traçar genealogias pessoais, a poesia de Conceição Limaentrelaça a sua própria autobiografia com a “biografia” da nação sãotomense.O que lemos na sua poesia são paisagens do “eu” e da nação e osmúltiplos fios que ligam a representação da identidade à representação doespaço, ela própria construída numa multiplicidade de dimensões queabrangem relações sincrônicas entre os vários grupos sociais e relaçõesdiacrônicas entre diferentes gerações de “são­tomenses”.


A evocação do projeto nacionalista e a desilusão pós­independência noplano local cruzam­se e dialogam com o pensamento panafricanista,revelando o desencontro histórico entre os dois projetos que marcaram ahistória recente do pensamento africano. Sobre a leitura do projetonacionalista feita por Conceição Lima, leia­se o poema “1975”, «cujo título»diz Inocência Mata é «enfatizada pela dedicatória, “à geração da Jota”:JMLSTP, “braço jovem” do MLSTP, partido da independência e do regimemonopartidário, organização juvenil a que a autora pertenceu» (Mata2006b:241)E quando te perguntaremresponderás que aqui nada aconteceusenão na euforia do poema.Diz que éramos jovens éramos sábiosE que em nós as palavras ressoavamcomo barcos desmedidosDiz que éramos inocentes, invencíveise adormecíamos sem remorsos sem presságiosDiz que engendramos coisas simples perigosas:caroceiros em floruma mesa de pedra a cor azulum cavalo alado de crinas furiosasOh, sim ! Éramos jovens, terríveismas aqui ­ nunca o esqueças ­ tudo aconteceunos mastros do poema.Ao por o projeto da nação a dialogar com o pensamento panafricanista,Conceição Lima recompõe na sua obra poética a densidade histórica epolítica desse espaço insular que pode constituir hoje um paradigma fecundopara a reflexão sobre os processos identitários contemporâneos em geral eafricanos em particular. Pode­se ler nesse sentido o longo poema “1953” emque se evoca o massacre de Batepá levado a cabo pela administraçãocolonial em São Tomé enquanto no continente Kwame Nkrumah, «oafricano», ia transformando a Costa de Ouro no Ghana independente de1957. Quatro anos depois, em 1961 as cinzas de Lumumba adubam a terrado Congo, cuja população no Leste da Republica Democrática do Congoestá a ser alvo de massacres étnicos e se encontra à beira de uma catástrofehumanitária neste momento em que nos encontramos …e inspiraram estepoema inédito que Conceição Lima enviou para ser lido na Fliporto.


Congo 1961Ele debulha as ruínas do dia novoParturiente de mãos atadas e vergado.Caminha de mãos atadas e cercadoNuma aurora de ruídos e mil portas.Seu amor ficou na outra margemTecendo o recomeço em mil ausênciasE ele avança entre serpentes e cascasÀ sua volta tronco e luz se despedaçam.Para o muro ele avança e feridoPor punhais idiomas e minériosHá um jorro de espelho e de relógioEm seu corpo de lenha e de naufrágio.Nem pão nem vinho.Um corpo de sufrágio e de lenhaO prodígio desta cinza que subjugou a morte.Ao convocar para a página as utopias falhadas e ao representar a“multiculturalidade” do espaço são­tomense, vislumbramos uma das utopias


da atualidade, a sociedade “pluricultural”, que Inocência Mata aborda emrelação ao espaço ex­imperial, do outro lado do Atlântico: Portugal.Se os poemas de Conceição Lima captam e interpretam de maneira originala riqueza que se gera naquele ponto de encontro entre a representação deum caminho íntimo e “regionalizado” (o local?) e o destilado poético daquiloque move a(s) humanidade(s) (o global?), oferecendo assim uma projeçãoda contemporaneidade diaspórica, o trabalho crítico de Inocência Mataassume como ferramenta teórica orientadora a convivência fecunda do sabervivencial com referências disciplinares e teóricas variadas, oriundas detradições “geo­críticas” diferentes. Entre referências dos estudos culturais,dos estudos literários, do trabalho filosófico latino­americano dainterculturalidade e muitas outras referências, Inocência Mata constrói umareflexão sobre as representações identitárias produzidas no seio dasociedade portuguesa e seu impacto nas práticas sociais reais com oobjectivo crítico de apontar estratégias de interpretação da realidade quelevem a agenciamentos concretos em direção ao pluriculturalismo real epleno. Estes dois “pontos” nos dois lados do Atlântico (e cada um deles comas suas próprias relações internas e externas) parecem dialogar nas vozesde Conceição Lima e Inocência Mata oferecendo um campo de análise econstrução de sentidos ainda por explorar.«Sabemos agora que a Praça é minúsculaA extensão da nossa esperaNunca coube em tais limites»Em tais limites também não cabe o lugar destas duas mulheres negrasafricanas e intelectuais. Como escritora acho que as editoras têm que deixarde editar quase exclusivamente homens e brancos e a academia tem quedeixar de falar quase exclusivamente de homens brancos e mortos, para queas vozes destas e doutras mulheres intelectuais continuem a ser ouvidas eassim o Baobá …“Há­de nascer de novo…” como “…o micondó – belo,imperfeito, no centro do quintal”. (foto das duas juntas).1Veja-se a Apresentação de Inocência Mata em O Útero da Casa.

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