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POLÍTICADepois deJosé DirceuÁlvaro Pereira*Estava escrito que o deputadoJosé Dirceu seria cassado. Pormais que ele tenha tentado protelaro julgamento, com sucessivosrecursos apresentados ao SupremoTribunal Federal, a história mostraque o plenário da Câmara costumadecidir questões políticas segundoos humores da opinião pública. EDirceu foi vítima, claro, de um julgamentopolítico. Seus advogadosinsistiram em dizer que não haviaprovas documentais ou mesmotestemunhais que pudessem incriminá-locomo responsável, emmaior parte, pelo chamado “mensalão”.Neste caso, no entanto, asprovas não eram importantes. Nacondição de chefe da Casa Civilda Presidência e responsável pelacoordenação política do governo,não havia como dissociar a figurade Dirceu de tantos outros nomesenvolvidos com o esquema de arrecadaçãoilegal de recursos peloPT. José Genoino, Delúbio Soares,Sílvio Pereira e Waldomiro Dinizfreqüentavam, regularmente, osprincipais gabinetes do Palácio doPlanalto.Ao longo dos últimos anos,José Dirceu tornou-se uma espéciede símbolo da nova ordem representadapela eleição de Luiz InácioLula da Silva. Ex-líder estudantil,ex-líder guerrilheiro com passagempor Cuba, Dirceu voltou clandestinamenteao Brasil em plena ditadura.Instalou-se com identidade falsano interior do Paraná. Assumiunovamente a identidade de JoséDirceu quando o presidente JoãoFigueiredo concedeu a anistia política,em 1979. Desde então, filiouseao PT e firmou-se como um deseus principais quadros, ao lado deLula, José Genoino e tantos outros.O que fará Dirceu, a partir deagora, privado do exercício dosdireitos políticos? Ele próprio nãosabe muito bem o que fará. Na ent<strong>revista</strong>que concedeu após a cassação,afirmou que perder o mandato“é uma dor que vocês não podemimaginar, é como perder a própriavida”. De fato, para quem sempreteve a política como principalatividade, deve ser extremamentedoloroso ficar inelegível pelo prazode 10 anos, ou seja, até 2015.A cassação de José Dirceu, pormaioria expressiva de 293 votos,encerra o primeiro ciclo de puniçãodos responsáveis pela manipulaçãoilegal de recursos públicoscom fins políticos e/ou eleitorais.Os deputados, pressionados pelaopinião pública, optaram pela puniçãomáxima aos dois principaispersonagens da crise: o ex-ministrochefe da Casa Civil da Presidênciae seu acusador mais contumaz, odeputado Roberto Jefferson. Atéagora, um único acusado foi absolvidopelo plenário da Câmara: odeputado Sandro Mabel, do PL deGoiás, em cujas contas bancáriasnão havia depósitos das empresasA crise políticacontribuiu, dealguma forma,para aceleraro debatesucessóriode Marcos Valério. Outros acusadosde receber recursos ilegalmente,como os deputados José Janenee Pedro Correa, do PP, deverão tero mesmo destino de Dirceu eJefferson. Criou-se, para esses casos,uma espécie de jurisprudência.O processo de investigaçãopolítica deflagrado pelo Congresso,por meio de três CPIs, irá seestender pelo menos até março de2006, ou seja, até as vésperas dasconvenções partidárias que escolherão,em junho, os candidatos àspróximas eleições presidenciais. Acrise política contribuiu, de algumaforma, para acelerar o debatesucessório. O presidente Lula jáse coloca, abertamente, como candidatoà reeleição, até por falta deuma alternativa mais plausível nosquadros do PT. Resta saber se odesgaste provocado pela crise lhepermitirá concorrer às eleições comalguma chance de vitória. Nos partidosde oposição, à frente o PSDB,o problema é o excesso de candidatosdispostos a enfrentar Lula: ogovernador de São Paulo, GeraldoAlckmin; de Minas, Aécio Neves; eo prefeito de São Paulo, José Serra.*Álvaro Pereira é jornalista econsultor em Comunicação eMarketing.Fenacon em Serviços – Novembro/Dezembro 2005 19

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