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O T A

O_turista_aprendiz

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O T u r i s t a A p r e n d i z<br />

aceitando crítica do amigo, trata da modificação do poema “Vitória-régia”, esboçado ainda<br />

na Amazônia, em um fragmento do livro de viagens que ele já define como um diário,<br />

considerando talvez sua leitura de Martius ou Maria Graham:<br />

[...] na “Vitória-régia” fiz o poema intencionalmente dentro duma tese e discuti a<br />

tese com você e com o Couto e depois desfiz o poema como você me aconselhou,<br />

fiz dele a prosa, um dos dias do diário do Turista Aprendiz 22 .<br />

Após as precárias capas em folha sulfite, nota-se o aparecimento de uma capa<br />

unificadora, maior, em cartolina verde-clara, dobrada ao meio e com abas, a qual, além do<br />

título a tinta preta – “O Turista Aprendiz/ (Viagens pelo Amazonas até/ o Peru, pelo Madeira<br />

até a Bolívia/ e por Marajó até dizer chega)/ 1927” 23 –, merece uma alegoria da América.<br />

Desenho a grafite, modela uma cabeça de mulher com feições indígenas, mas adornada<br />

com uma coroa ibérica pequenina, posta de banda, sem majestade, apesar da cruz que<br />

a domina e lhe dá a marca da colonização. O irônico enfeite acirra o contraste com as<br />

feições, tão severas quanto as da estátua da Liberdade.<br />

Essa capa ilustrada conservou uma “Dedicatória”, prenunciada a lápis azul, mas<br />

não preenchida, e, em cópia carbono, salvos da primeira versão datiloscrita acima relatada,<br />

trechos que ladeiam e se imiscuem na versão que foi integralizada em uma datilografia<br />

de 1942, conforme carta de Mário a Murilo Miranda em 1º agosto do ano seguinte 24 . A<br />

versão integral assim se estrutura: datiloscrito original, fita azul nos nove primeiros fólios,<br />

aberto pelo “Prefácio”, de “São Paulo, 30-XII-1943”, sequenciado pelos registros de 7 a 13<br />

de maio, 1927, em oito páginas. São registros reescritos, descartada uma versão anterior na<br />

datilografia em fita preta, no conjunto que absorve a continuação do texto, a partir da página<br />

22 MORAES, Marcos Antonio de. (Org.). Correspondência Mário de Andrade & Manuel Bandeira.<br />

Ed. cit., p. 376.<br />

23 No título está a paródia de MA ao título do livro de seu avô materno, Apontamentos de<br />

viagem de São Paulo à capital de Goiás, desta à do Pará, pelos rios Araguaia e Tocantins e do Pará<br />

à Corte: considerações administrativas e políticas, publicado em 1883 pela Tipografia Gazeta do<br />

Povo (V. MORAES, Joaquim de Almeida Leite. Apontamentos de viagem. Introdução, cronologia<br />

e notas de Antonio Candido. São Paulo: Companhia das Letras, 1995).<br />

24 Nessa carta, ao discutir com o diretor da Revista Acadêmica sobre os trabalhos que entrariam<br />

no número em homenagem a seus 50 anos, MA mostra-se preocupado com o valor dos textos:<br />

“([...] No Turista é mais fácil de garantir porque, no ano passado, datilografei ele e me recordo<br />

mais)” (V. série “Correspondência”, Arquivo Mário de Andrade, IEB-USP).<br />

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