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Duque de Saint-Simon<br />
(1675-1755)<br />
G. Kralj<br />
Nascido em Paris, recebeu cuidadosa educação e<br />
abraçou a carreira das armas, onde obteve assinalados<br />
êxitos militares.<br />
Deixou o exército em 1702 e a partir de então viveu,<br />
ora na corte de Versailles, ora em seu castelo de<br />
La Ferté-Vidame.<br />
Em 1723, após a morte do Regente — Duque<br />
Filipe de Orleáns, sobrinho de Luís XIV —, Saint-<br />
Simon retirou-se em seu castelo, onde redigiu suas<br />
célebres “memórias”, uma das obras-primas da prosa<br />
francesa.<br />
Com profundo senso de observação e de modo<br />
atraente, Saint-Simon descreve os principais personagens<br />
de seu tempo e narra os mil pequenos<br />
fatos de vida da corte, abrangendo o período de<br />
1691 a 1723. Em suas memórias Saint-Simon revive<br />
todo o reino de Luís XIV (acima)<br />
de meios materiais, ou o fez — sem<br />
culpa própria — de modo incompleto,<br />
imperfeito, o Espírito Santo,<br />
a rogos de Nossa Senhora, a ajudará<br />
e abençoará para que sua ação se<br />
torne útil e fecunda, a fim de salvar<br />
as almas. Porém, se por preguiça ela<br />
não estudou apologética, o Divino<br />
Espírito Santo certamente não a favorecerá,<br />
pois ele não supre as mazelas<br />
dos negligentes.<br />
Ora, o que se dá com a doutrina<br />
sucede também com a cortesia<br />
e o saint-simonianismo. Quem possui<br />
os meios e o tempo para aprendê-los,<br />
deve fazê-lo. Quem não<br />
tem, confie em Nossa Senhora, seja<br />
desinteressado e seu trato fará<br />
bem às almas. Insisto: o saint-simonianismo<br />
não aproveitará ao egoísta<br />
nem será útil àqueles que manifestam<br />
um tratamento interesseiro,<br />
pois este corrompe tudo. Nas<br />
relações e conversas com o próximo,<br />
cumpre ser abnegado, amar seriamente<br />
a Deus e ao nosso semelhante<br />
por amor de Deus.<br />
Pela admiração se<br />
aprende o “saintsimonianismo”<br />
Como se aprende e se cultiva essa<br />
forma de cortesia a que chamamos<br />
de saint-simoniana?<br />
Posso responder evocando meu<br />
exemplo pessoal. Aprendi, primeiramente,<br />
de modo vivo e direto —<br />
aliás, o mais importante —, prestando<br />
atenção, admirando, procurando<br />
entender, na medida do possível,<br />
as pessoas com alguma tradição<br />
saint-simoniana com as quais convivi<br />
desde pequeno. Entre elas a fräulein<br />
Mathilde, nossa preceptora, alguns<br />
parentes e conhecidos que freqüentavam<br />
minha casa ou que eram<br />
visitados por mim, e em cuja educação<br />
refulgiam belos traços da formação<br />
dos antigos tempos.<br />
Com o passar dos anos tornei-me<br />
ávido de conhecer mais, compreendi<br />
a beleza desse modo de ser, entendendo<br />
tratar-se não apenas de um<br />
dote mundano, mas, acima dos defeitos<br />
do personagem em si, de um<br />
valor da civilização católica. Então,<br />
quando me caiu nas mãos uma compilação<br />
de textos de Saint-Simon, minha<br />
alma teve sede de tomar contato<br />
com a obra completa dele. Li, sublinhei<br />
e reli os vários volumes, e confesso<br />
“invejar” os que ainda não os<br />
leram, pois podem ter a alegria — já<br />
saboreada por mim — de fazê-lo pela<br />
primeira vez...<br />
Portanto, àqueles que é dado ler<br />
Saint-Simon, alegrem-se! Os que não<br />
o conseguem, não chorem, pois há algo<br />
melhor do que isto: se nos ambientes<br />
autenticamente católicos encontrarem<br />
algumas pessoas saint-simonianas,<br />
procurem admirá-las e entendê-las.<br />
Sobretudo, almejem ser inteiramente<br />
desinteressados, e o Divino Espírito<br />
Santo lhes ensinará o resto. Máxime<br />
se devotos de Nossa Senhora, por<br />
meio de quem obtemos todas as graças<br />
do Céu. <br />
v<br />
(Extraído de conferência<br />
em 22/5/1970)<br />
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