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Na página 8:<br />
<strong>Plinio</strong> e Rosée<br />
fantasiados de<br />
marajá e marani;<br />
à direita, com<br />
suas fantasias<br />
de marqueses do<br />
Ancien Régime<br />
As fantasias de<br />
Carnaval idealizadas<br />
por Dona Lucilia —<br />
com as quais vestia seus<br />
filhos — tendiam ao<br />
sério e a estimular a<br />
inocência das crianças,<br />
ao contrário de outras<br />
que exploravam<br />
o burlesco<br />
te que acompanhava os meneios da<br />
cabeça e me dava a impressão de<br />
uma espécie de sismógrafo muito<br />
nobre da alma humana. Além disso,<br />
era presa ao turbante por uma grande<br />
pedra “preciosa”, e esse pormenor<br />
de uma “jóia” incrustada na testa,<br />
da qual se desprendia uma elegante<br />
pluma, parecia mais ou menos<br />
a profundidade do pensamento<br />
da qual se destacava uma construção<br />
alígera...<br />
O resto da roupa era igualmente<br />
de seda, guarnecida de jóias falsas,<br />
anéis, colares, etc. Os sapatos,<br />
com as pontas voltadas para cima e<br />
revestidos de cetim lilás, pareceramme<br />
particularmente graciosos, pois<br />
achei muito feliz a idéia de calçados<br />
que se erguiam da vulgaridade do<br />
chão, como se o seu usuário dissesse:<br />
“Eu toco no solo, mas o melhor<br />
de mim mesmo se faz alheio à poeira.<br />
Por isso viro a ponta para cima.”<br />
Assim como com as fantasias de<br />
outros Carnavais, essa do marajá era<br />
preparada no clima criado por Dª<br />
Lucilia, falando-me com seriedade<br />
acerca do personagem que eu iria representar,<br />
e imaginando uma vestimenta<br />
que, conforme os padrões e as<br />
posses dela, deveria ficar seriamente<br />
bonita. Quer dizer, com inocência<br />
e seriedade, ela tinha empenho em<br />
que eu me apresentasse bem. v<br />
(Extraído de conferência<br />
em 12/6/1982)