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DENÚNCIA PROFÉTICA<br />
na Igreja Católica, enquanto a Igreja<br />
não for reconhecida como a base do<br />
edifício internacional, a alma das relações<br />
entre os povos e a guardiã de<br />
toda a moral, não poderá haver na esfera<br />
internacional, para os povos, paz<br />
verdadeira.<br />
Em outros termos, ou o mundo se<br />
converte e reproduz fielmente a visão<br />
agostiniana da “Civitas Dei”, em que<br />
cada povo leva o amor de Deus a ponto<br />
de renunciar a tudo quanto lese aos<br />
outros povos; ou pelo contrário, o mundo<br />
será aquela cidade do demônio,<br />
em que todos levam o amor de si mesmos<br />
a ponto de se esquecer de Deus,<br />
de calcar aos pés a moral, e de fazer<br />
da violação dos direitos dos povos<br />
fracos a norma habitual de sua conduta.<br />
De todas as fases em<br />
que se divide a história,<br />
foi sem dúvida a Idade<br />
Média aquela que mais<br />
se aproximou da realização<br />
perfeita de uma<br />
civilização católica. Na<br />
esfera internacional,<br />
o conceito dominante era de “Cristandade”.<br />
Esse conceito político tem<br />
os mais sólidos fundamentos teológicos,<br />
e se baseia na doutrina do Corpo<br />
Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo,<br />
no qual nos inserimos por meio<br />
do santo Batismo. Toda a tendência<br />
dos melhores doutrinadores consistia<br />
em reconhecer ao todo homogêneo<br />
formado pelos povos católicos,<br />
um só chefe espiritual, o Papa. Assim,<br />
obedientes a uma só doutrina, a um<br />
só pensamento, aos preceitos de uma<br />
só civilização — a católica — esses<br />
povos estavam sujeitos ao veredictum<br />
paternalmente imparcial de um só<br />
juiz, o Papa.<br />
A pseudo-reforma protestante rompeu<br />
essa maravilhosa unidade, e retirou<br />
da alçada do tribunal internacional<br />
que era o Papado, numerosos<br />
povos. Rompido o elo de subordinação<br />
entre o Pai comum e tantos filhos<br />
rebeldes, evaporou-se das relações internacionais,<br />
de modo completo, o ambiente<br />
de família. E, à ordem cristã<br />
baseada no amor fraterno, se substituiu<br />
uma ordem baseada na desconfiança<br />
e no ódio. Nascer do ódio, significa<br />
nascer do mal, nascer<br />
do pecado, nascer do fracasso.<br />
E, de fato, o pecado, o<br />
fracasso e o mal foram as<br />
três raízes mais profundas<br />
e mais ativas da nova ordem<br />
de coisas.<br />
(Excertos de artigo<br />
publicado no<br />
“Legionário”,<br />
nº 491, 8/2/1942.<br />
Título nosso.)<br />
Nossa Senhora<br />
da Paz,<br />
venerada na<br />
Basílica de<br />
Santa Maria<br />
Maior, em Roma