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Reflexões teológicas<br />
atingindo, portanto, a disposição<br />
da vontade, da inteligência<br />
e da sensibilidade, o<br />
cumprimento do Primeiro<br />
Mandamento em toda<br />
a sua amplitude pelo<br />
homem. Mas numa<br />
amplitude tal que<br />
não fica apenas<br />
o preceito a ser<br />
cumprido, mas um<br />
voo da alma para<br />
Deus, que se realiza,<br />
por assim dizer,<br />
independente do preceito,<br />
por uma propriedade da<br />
alma que vai para o Criador.<br />
Fundamentalmente, é a<br />
impostação das almas em face<br />
d’Ele, não só para que todas vão<br />
para o Céu e sejam felizes, mas é para<br />
que possam ordenar para a glória<br />
de Deus esta Terra, teatro de batalha<br />
esplendoroso da glória d’Ele.<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo amará<br />
a Terra mesmo depois de destruída<br />
pelo incêndio, por ocasião do Juízo,<br />
como um general preza um campo<br />
de batalha no qual ganhou um grande<br />
embate. Se depois houve um homem<br />
que ateou fogo e liquidou com<br />
as gramas do campo de batalha; para<br />
o general isso é uma coisa muito<br />
secundária. O importante é que ele<br />
venceu a batalha naquele campo.<br />
Assim também a Terra. Os homens<br />
bons, os justos tornaram-na<br />
sagrada pela batalha que venceram<br />
com Nosso Senhor Jesus Cristo.<br />
É nessa amplitude que se pode<br />
falar do caráter fundamentalmente<br />
moral desse plano.<br />
Gustavo Kralj<br />
Um só todo na ordem moral<br />
Ao estudar certas correntes teológicas,<br />
vi que faziam uma distinção<br />
entre o plano moral e o ontológico.<br />
Entretanto, não me parecia adequado<br />
distinguir o plano moral do ontológico<br />
daquela maneira, porque a<br />
raiz da Moral está na Ontologia. A<br />
boa Ontologia das coisas é o funda-<br />
O Divino Mestre - Igreja de<br />
São João e São Paulo,<br />
Veneza, Itália<br />
mento, o ponto de partida da Moral,<br />
pois a ordem das coisas está na natureza<br />
das mesmas coisas, é um imperativo<br />
desta natureza.<br />
...devemos<br />
pensar em Nosso<br />
Senhor Jesus<br />
Cristo Sacerdote:<br />
oferecendo esse<br />
imenso bonum,<br />
verum, pulchrum<br />
que o precioso<br />
Sangue d’Ele<br />
tornou possível.<br />
Na época, eu li aquilo, percebi<br />
que estava errado e não sabia refutar.<br />
Com o curso dos anos, fui refletindo<br />
e conseguindo explicitar.<br />
Ademais, a ordem moral latu<br />
sensu é intimamente vinculada<br />
à ordem moral em seu<br />
sentido estrito. Elas se<br />
condicionam mutuamente.<br />
De maneira<br />
que não pode haver<br />
uma ordem moral<br />
sem verdadeiro<br />
pulchrum, sem um<br />
autêntico verum; e<br />
não pode haver um<br />
autêntico verum sem<br />
pulchrum; os três elementos<br />
do triângulo por<br />
sua vez se revertem uns nos<br />
outros e constituem um só<br />
todo no qual, entretanto,<br />
podem-se fazer distinções.<br />
Então, um mundo pulcro, acontecimentos<br />
pulcros, almas pulcras,<br />
uma História pulcra, tudo isso faz<br />
parte desse conjunto moral ao qual<br />
me refiro.<br />
É assim também que devemos<br />
pensar em Nosso Senhor Jesus Cristo<br />
Sacerdote: oferecendo esse imenso<br />
bonum, verum, pulchrum que o<br />
precioso Sangue d’Ele tornou possível.<br />
Enquanto Rei, Ele tinha o plano de<br />
fazer com que a História apresentasse<br />
um verum, bonum, pulchrum resplandecente,<br />
e que a Terra fosse mais bela,<br />
depois de ter vencido a prova e as<br />
tentações do demônio, do que seria se<br />
ao demônio não fosse dada a oportunidade<br />
de tentar.<br />
Pensemos nas naus de Vasco da<br />
Gama procurando atravessar o cabo<br />
da Boa Esperança. Aquilo tem um<br />
pulchrum em si que é o pulchrum da<br />
tormenta e o do homem procurando<br />
enfrentá-la. Tem uma beleza própria<br />
da luta do homem contra os elementos.<br />
Maior ainda é a beleza da luta do<br />
homem contra o homem. E uma batalha<br />
— que é a luta de muitos contra<br />
muitos — tem uma beleza muito<br />
maior do que a luta de um contra<br />
outro.<br />
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