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Boletim Informativo AcervaPR Abril 2017

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n.º01<br />

Jan/Abr <strong>2017</strong><br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong><br />

ACERVA PARANAENSE<br />

PAULO<br />

MATULLE<br />

Conheça a história de<br />

um dos cervejeiros mais<br />

queridos de Curitiba<br />

PRODUZINDO<br />

SOURS<br />

Ricardo Harmuch<br />

e Edvan Zuanazzi<br />

comentam os desafios da<br />

produção deste estilo<br />

NOITE DAS<br />

ARTESANAIS<br />

Confira o ranking dos<br />

participantes no<br />

evento mais popular da<br />

Acerva Paranaense<br />

NOVAS<br />

PARCERIAS<br />

Novo presidente da Procerva,<br />

Richard Buschmann,<br />

estreita os laços com os<br />

cervejeiros caseiros<br />

P R O P A G A N D O • A • C U L T U R A • D A • C E R V E J A • C A S E I R A


2<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

expediente editorial<br />

ACervA<br />

PARANAENSE<br />

Eleitos em Assembleia Ordinária de 28 de novembro de<br />

2016, de forma voluntária, dirigem a Acerva Paranaense:<br />

DIRETORIA <strong>2017</strong><br />

Gabriel Henrique Batista do Nascimento<br />

Presidente<br />

Vilmar José Sidoski<br />

Vice-Presidente<br />

Luis Claudio Damiati Theossi<br />

1.º Secretário<br />

Leandro David Figueiredo de Oliveira<br />

2.º Secretário<br />

henrique Stefani e Silva Neto<br />

1.º TESOUREIRO<br />

José Roberto Calixto Júnior<br />

2.º TESOUREIRO<br />

COORDENAÇÕES<br />

Lenir Filho, Helio Lambais e Carlos Paiva<br />

Coordenação Social<br />

eventos@acervaparanaense.com.br<br />

Lenir Filho e Vilmar José Sidoski<br />

Coordenação Técnica<br />

cursos@acervaparanaense.com.br<br />

Fabrício Friedemann e Francisco Kaseker<br />

Coordenação de TI<br />

suporte@acervaparanaense.com.br<br />

Adriane Baldini e Darice Zanardini<br />

Coordenação de Comunicação<br />

falecom@acervaparanaense.com.br<br />

André Feofiloff<br />

Coordenação Jurídica<br />

Carlos Radigonda<br />

Coordenação de Integração<br />

Edvan Zuanazzi, Mauricio Cardozo e Michel Sfredo<br />

Coordenação de Ações Coletivas<br />

parcerias@acervaparanaense.com.br<br />

Palavrinha com o<br />

Associado desde 2013, Gabriel Nascimento, 39, teve início<br />

no mundo da cerveja artesanal como quase toda pessoa que<br />

se depara com um rótulo diferente no mercado: “eu não tinha<br />

o costume de beber cerveja por achar as opções comerciais<br />

insossas. Até que em 2010, comprei uma Colorado Indica no<br />

supermercado, me perguntando do porquê dela custar 13 reais.<br />

Depois de bebê-la, meu pensamento foi: tem alguma coisa<br />

acontecendo no mundo que não estou sabendo...” E então, como<br />

todos nós, ele escolheu a pílula do conhecimento (em alusão<br />

ao Matrix, saca?) e começou a frequentar lojas e bares locais<br />

especializados para saber mais sobre a bebida. Em 2011 ouviu<br />

alguém falar que haviam pessoas que faziam cerveja em casa<br />

e então ficou curioso: por um ano inteiro estudou tudo o que<br />

podia sobre a cerveja, até criar coragem e fazer o curso de cerveja<br />

caseira em maio de 2012, na Cervejaria Bodebrown. Mais cinco<br />

meses preparando equipamentos, até sair a primeira brassagem<br />

- e então, nunca mais parou.<br />

Atualmente, Gabriel preside a Acerva Paranaense de forma<br />

voluntária há dois anos, e, juntamente com uma grande equipe<br />

de associados que, também voluntários como ele, compõem<br />

diversas coordenações e, juntos, estão fazendo a diferença para<br />

que a Acerva seja vista por diversos públicos de consumo como<br />

a representação e identidade do movimento de produção caseira<br />

de cerveja, sidra e hidromel no estado do Paraná.<br />

Das expectativas desse novo canal de comunicação, gostaria<br />

da participação de todos os associados com o objetivo de<br />

somar conhecimentos, e que a Acerva Paranaense continue a<br />

ultrapassar as barreiras de panelas e garrafas e indo muito<br />

além — pois daqui, já nasceram<br />

(e ainda nascerão) muitas<br />

amizades importantes, receitas<br />

inesquecíveis e imponentes<br />

empresas cervejeiras.<br />

A todos, uma boa leitura!<br />

Presidente<br />

por adriane baldini, editora-chefe<br />

Gabriel Henrique<br />

Batista do Nascimento<br />

Presidente <strong>2017</strong><br />

O <strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da ACervA-PR é uma publicação feita de modo voluntário e altivo e está sob responsabilidade da Coordenação de<br />

Comunicação da Associação dos Cervejeiros Artesanais Paranaenses; a publicação é gratuita e dirigida aos seus respectivos associados e parceiros.<br />

É proibida a reprodução total ou parcial de textos e fotografias sem a autorização da instituição, do colaborador e/ou da jornalista responsável.<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL<br />

Adriane Baldini FENAJ/PR 6.462<br />

(dribal21@gmail.com)<br />

PAUTA, DIAGRAMAÇÃO, DESIGN GRÁFICO,<br />

EDITORAÇÃO PRIMÁRIA E FINAL<br />

Adriane Baldini<br />

REVISÃO<br />

Darice Zanardini, Cleverson da Silva e<br />

Leandro David Figueiredo de Oliveira<br />

foto de Capa / OFICIAIS<br />

Darice Zanardini<br />

ILUSTRAÇÕES<br />

Freepik<br />

MÉTODO DE DISTRIBUIÇÃO<br />

On-line e on demand<br />

Você tem críticas, elogios, sugestões<br />

de pauta ou deseja anunciar aqui?<br />

Mande-nos um e-mail para<br />

falecom@acervaparanaense.com.br!<br />

Será um prazer!


Nossos<br />

ENCONTROS<br />

(SAGRADOS)<br />

SEMANAIS<br />

ranking parcial<br />

A Noite das Artesanais nada mais é do que<br />

um encontro oficial dos associados da Acerva<br />

Paranaense com os objetivos de consolidar<br />

a cultura cervejeira, de fortalecer o network<br />

entre convidados, associados, parceiros e<br />

patrocinadores e, principalmente, de evidenciar<br />

a própria receita de cerveja. Os encontros têm<br />

ocorrido quase sempre na primeira terça-feira e<br />

na última quarta-feira de cada mês, em bares<br />

que privilegiam a cerveja artesanal, iniciando<br />

sempre às 19h.<br />

Para participar é fácil: basta pegar 2L da sua<br />

cerveja artesanal e levá-los em qualquer noite<br />

em que estará ocorrendo o evento; a orientação<br />

é para que procure a Coordenação de Eventos,<br />

representados por Lenir Filho e Helio Lambais,<br />

que colocarão sua amostra para gelar — sem<br />

nenhum pré-cadastro pela internet, apenas<br />

no local! Algum sommelier associado fará a<br />

distribuição dos estilos (servindo sempre das<br />

mais leves para as mais fortes) e em seguida,<br />

dia 25<br />

1.º - Rodrigo Gabiatti<br />

(American Blond Ale)<br />

2.º - Lenir Filho e<br />

Michelle Winters<br />

(Black IPA)<br />

3.º - Ricardo Harmuch<br />

(Saison de ameixa)<br />

*OS REIS DA NOITE*<br />

JANEIRO FEVEREIRO MARcO<br />

CERVEJARIA SAPOPEMBA DRAKKAR BEER & FOOD MODE HOP BAR<br />

dia 07<br />

1.º - Guilherme Perito<br />

(Specialty Beer com brett)<br />

2.º - Carlos Monteforte<br />

(Stout)<br />

3.º - Lenir, Michele e Erasmo<br />

(Gose)<br />

3.º - Erasmo Fraccalvieri<br />

(Berliner de framboesa)<br />

dia 22<br />

1.º - Helio Lambais<br />

(British Golden Ale)<br />

2.º - Alceu Pires (APA)<br />

2.º - João Maximiniano<br />

(Trippel)<br />

3.º - Gustavo Salles<br />

(Session IPA)<br />

é feita a abertura oficial. Sempre que possível<br />

o cervejeiro que trouxe a cerveja deverá contar<br />

detalhes do estilo escolhido, da produção, do<br />

processo de envase e da história da marca<br />

pessoal. Todos os presentes receberão uma<br />

pequena amostra de todas as cervejas, que<br />

poderão receber feedbacks importantes de<br />

outros cervejeiros, sommeliers e juízes BJCP que<br />

estiverem presentes no momento, com o objetivo<br />

de corrigir falhas (se houver a necessidade), bem<br />

como ter a noção da aprovação de degustadores<br />

esporádicos — fundamental para alavancar a<br />

uma futura formação técnica.<br />

No final do evento, um membro da Acerva<br />

Paranaense irá perguntar para todos os presentes<br />

qual foi a amostra que foi mais marcante.<br />

Ganha a cerveja que acumulou mais pontos e,<br />

consequentemente, o cervejeiro é celebrado<br />

como campeão da noite. Curtiu? Fique de olho<br />

no nosso Calendário Oficial de Eventos em nossa<br />

página oficial (www.acervaparanaense.com.br) e<br />

no Facebook!•<br />

Dia 3<br />

1.º - Angelo Adriano (APA)<br />

2.º - Lucas Bonancin<br />

(Saison com cardamomo)<br />

2.º - Ricardo Harmuch<br />

(Berliner de amora)<br />

3.º - João Maximiniano<br />

(Dubbel)<br />

dia 22<br />

1.º - Lucas Bonacin<br />

(Roggenbier)<br />

2.º - Paulo Matulle<br />

(Brown Ale)<br />

3.º - Eugênio Fabian<br />

(APA)<br />

ABRIL<br />

THE FISH N’CHIPS ENGLISH PUB<br />

Dia 4<br />

1.º - Carlos Paiva (IPA)<br />

2.º - Rodrigo Gabiatti<br />

(Porter com amêndoas)<br />

2.º - Maurício Werneck<br />

(Fruit Beer de manga)<br />

3.º - Lenir Filho e<br />

Michelle Winters<br />

(Saison de cupuaçu)<br />

3<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong>


estilos para produzir<br />

Complicada<br />

e perfeitinha<br />

fotos<br />

e entrevista<br />

de adriane baldini<br />

FEITA EM 2 de março<br />

de <strong>2017</strong><br />

<br />

4<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

Ricardo Harmuch, 43, é médico veterinário e Edvan<br />

Carlos Zuanazzi, 27, é um jovem administrador. Ambos<br />

iniciaram o contato com as primeiras grandes panelas<br />

entre 2012 e 2013 e se conheceram em um curso de<br />

off-flavors em 2015; desde então, passaram a brassar<br />

juntos. De uns dois anos para cá, estão apostando nas<br />

nem tão benquistas cervejas de estilo sour (ácidas e<br />

azedas, para deixar, mais claro), e em cervejas com alto<br />

teor de volume alcoólico — quase todas, com leveduras<br />

diferenciadas.<br />

INTRODUÇÃO AO PALADAR<br />

É muito raro alguém produzir uma sour do dia para noite;<br />

mesmo sabendo disso, Edvan, se interessou em produzilas<br />

depois que provou uma cerveja do estilo da Way<br />

Beer, nos meados de 2014; depois de se surpreender<br />

com o sabor, passou a estudar bastante o estilo. Do<br />

tempo que iniciou as pesquisas sobre as sours até a<br />

produção que achou ideal, levou aproximadamente seis<br />

meses — onde a recompensa veio a galope, pois, sua<br />

segunda produção, a Sour Saison com Butiá, ficou em<br />

1.º lugar no IV Concurso Paranaense de Cerveja Feita<br />

em Casa (2015), concorrendo com mais 15 amostras<br />

na categoria “Especialidades”.<br />

Já Ricardo diz que sempre gostou de alimentos azedos,<br />

tendo paixão desde pequeno pelas maçãs verdes. O<br />

contato pela primeira vez com uma cerveja azeda foi<br />

mais inusitado: “fui visitar um amigo cervejeiro que<br />

mora no interior e ele havia feito uma Munich Helles,<br />

que, por algum motivo, desandou. Ele estava quase<br />

jogando toda a produção fora, quando eu resolvi<br />

experimentar... Aquilo, não sei como, ficou com o sabor<br />

muito parecido com uma lambic — claro que sabia que<br />

houve uma contaminação por bactéria, mas, para mim,<br />

aquilo ficou muito bom”, diz ele, rindo. Depois passou<br />

a estudar a fundo as cervejas belgas, além de receber<br />

grande influência do amigo Edvan.<br />

Para eles, existem diversos atrativos em se produzir<br />

artesanalmente as sours; além, claro, do paladar, há o<br />

incentivo financeiro, pois a média do custo de insumos é<br />

barata; a grosso modo, a receita de uma sour se resume<br />

em malte estilo pilsen e trigo não maltado, quantidade<br />

específica da fruta desejada, pouquíssimo lúpulo<br />

(e geralmente seco) e de um agente microbiológico<br />

– brettanomyces, pediococcus ou lactobacilos<br />

(ressaltando que cada micro-organismo dará um perfil<br />

diferenciado para a cerveja). Pode parecer ser simples,<br />

mas, definitivamente, não é fácil de produzi-la. “O pulo<br />

do gato das sours é a técnica”, diz Ricardo.<br />

E a técnica que o cervejeiro se refere é, ainda, um<br />

grande mistério, pois, quando se fala no universo das<br />

cervejas ácidas, “tudo é sempre passível de muito,<br />

muito teste”, ressalta Edvan. Os dois fazem, ora juntos,<br />

ora em suas respectivas casas, constantes e incessantes<br />

testes para descobrirem parâmetros da quantidade exata<br />

da inserção das frutas; eles costumam dividir o mosto<br />

(cerca de) 70L em quatro porções e, de cada uma,<br />

anotam o resultado de testes do acréscimo diferenciado<br />

de frutas inteiras, da variação do pH dos lactobacilos e,<br />

ainda, o tempo de maturação. Ainda, não recomendam<br />

o acréscimo de ácido lático para trazer acidez à cerveja<br />

— simplesmente pelo fato deles serem totalmente<br />

perceptíveis no paladar, porém, é tolerável para corrigir<br />

o mosto.<br />

Das técnicas que mais utilizaram até o momento estão a<br />

de sour mash e ketlle sour, no qual ambas utilizam tempo<br />

menor de produção e baixo risco de contaminação,<br />

claro, se houverem cuidados como a vedação da panela<br />

para que não tenha contato com o oxigênio (pois é certo<br />

que os lactobacilos poderão produzir ácido acético ou


EDVAN (DE BARBA) E RICARDO: MUITA PESQUISA ATÉ CHEGAR à SOUR IDEAL.<br />

haver contaminação por algum outro micro-organismo<br />

que se utilize de oxigênio). Depois o mosto é transferido<br />

para um barril e nele é inserido CO 2<br />

para a retirada total<br />

de oxigênio e a fermentação ocorre entre 40 e 45 graus,<br />

entre dois a cinco dias, tendo o pH aferido, bem como<br />

o alívio da pressão, constantemente.<br />

FRUTAS E PROCESSOS<br />

Para este estilo de cerveja, “esqueça as frutas comerciais,<br />

daquelas vindas, por exemplo, do Mercado Municipal.<br />

Elas são muito doces, e o foco aqui são as mais azedas<br />

e ácidas possíveis”, diz Ricardo. De tantos testes<br />

que já fizeram, aconselham a usar aquelas roubadas<br />

provindas do pé: uvaia, butiá, amora, ameixa, nêspera e<br />

pitanga. Também já fizeram testes com cupuaçu (aqui<br />

vai a polpa), lichia e romã. Edvan aconselha sempre a<br />

estudar o perfil da fruta, priorizando a quantidade de<br />

açúcar e acidez que há nelas: “quanto mais doce for a<br />

fruta, mais seca ela tornará a cerveja”.<br />

E ainda, sem sombra de dúvidas, os dois aconselham<br />

o uso de culturas puras. Reutilizar aquilo que não se<br />

tem certeza do controle de propagação (isso, se houver)<br />

pode estragar todo o processo – por isso, Ricardo<br />

avisa aos que nunca se aventuraram pelos mares<br />

das cervejas azedas a se prevenirem no seguro barco<br />

do conhecimento avançado sobre micro-organismos<br />

e ainda, na utilização de equipamentos específicos<br />

(como o pHmetro). Importantíssimo também ressaltar a<br />

sanitização, que deve ser feita com ácido peracético em<br />

tudo aquilo que for poroso (incluem-se aí tudo o que for<br />

de plástico e silicone) e, objetos de vidro e inox devem<br />

ser lavados com soda ou autoclavados.<br />

Pensa que acabou? Além de cada um brassar a média<br />

de 1.200L/ano (ou seja, em TODOS os finais de<br />

semana), eles estão se preparando para iniciar estudos<br />

da maturação de sours em barris de carvalho europeu.<br />

Para quem se interessou em produzir este estilo, Edvan<br />

recomenda e leitura constante caso seja esse seu novo<br />

nicho de produção. De tudo aquilo que lhe inspirou,<br />

recomenda as leituras do livros abaixo*. Ah, ainda houve<br />

tempo de perguntar se eles ainda têm vida social — e<br />

eles juraram que sim! E se duvidar, ainda responderão<br />

suas dúvidas, caso você as tenha! edivanzuanazzi@<br />

gmail.com e rharmuch@yahoo.com.br.•<br />

5<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

American Sour<br />

Beers: Innovative<br />

Techniques for Mixed<br />

Fermentations,<br />

de Michael Tonsmeire<br />

Wild Brews: Beer<br />

Beyond the Influence<br />

of Brewer’s Yeast, de<br />

Jack Jeff Sparrow e<br />

Stan Hieronymus<br />

Brew Like a Monk:<br />

Trappist, Abbey, and<br />

Strong Belgian Ales and<br />

How to Brew, de Tim<br />

Webb e Stan Hieronymus<br />

How to Brew:<br />

Everything You Need<br />

to Know to Brew Beer<br />

Right the First Time,<br />

de John J. Palmer.<br />

*todos os títulos disponíveis para venda na amazon.com


O QUE ROLOU POR AQUI<br />

curso DE Água Cervejeira<br />

Na tarde de 4 de março ocorreu o curso de “Água<br />

Cervejeira”, ministrado pelo especialista no assunto,<br />

Alexandre Garay, que também é associado da Acerva-<br />

PR. O curso foi promovido pela Detect Laboratório,<br />

existente no mercado há 16 anos e dedicado à prestação<br />

de serviços em análises em desenvolvimento mineral e<br />

ambiental, e também pela Fermentaria, empresa que<br />

será lançada em breve e que promete um novo conceito<br />

de gastronomia artesanal.<br />

O evento teve a participação de 19 pessoas, sendo 18<br />

associados da Acerva-PR, a maioria de Curitiba; também<br />

vieram associados de Umuarama, Castro, Ponta Grossa<br />

e Colombo.<br />

FONTE: ALEXANDRE GARAY<br />

FOTOS: FABRÍCIO FRIEDEMANN<br />

onde a mesma exerce um importante papel em todo<br />

o processo da brassagem”. Outro ponto abordado foi a<br />

função de cada um dos sais utilizados para modificar o<br />

perfil da água, pois, a maioria dos cervejeiros adquire<br />

kits de sais e os adicionam em suas receitas sem levar<br />

em consideração a água que utilizam — o que torna-se<br />

um grande erro, prejudicando a finalização da receita.<br />

Durante o beer break os participantes degustaram<br />

diversos produtos derivados da fermentação au levain<br />

e variedades da charcutaria artesanal. No fim do<br />

evento houve o sorteio de duas cestas com alimentos<br />

artesanais. Todos os participantes receberam certificado<br />

de participação.<br />

Os principais tópicos abordados foram voltados para a<br />

conscientização em cuidar e trabalhar a água destinada<br />

para produção de cerveja; segundo Garay, “a maior parte<br />

dos cervejeiros artesanais dá pouca atenção à agua,<br />

O preço do curso foi de R$335 e associados da Acerva-<br />

PR tiveram desconto (R$290). Está previsto um novo<br />

curso em meados de junho ou julho deste ano — fique<br />

de olho na página do Facebook da Acerva-PR!•<br />

6<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

curso DE cafés & cervejas<br />

FONTE e FOTO: Felipe guandalini<br />

Em 18 de março a Cervejaria Masmorra promoveu um<br />

curso de Café & Cervejas em parceria com Marcelo<br />

Franck, da Franck’s Ultra Coffee. O objetivo do curso,<br />

que durou 4h, foi aprimorar os conhecimentos sobre<br />

os mais variados tipos de café, métodos de extração,<br />

moagem, torra e prova sensorial.<br />

Frank já participou da produção da Dogma EAP, Way<br />

Brown Coffee, Way Irish Coffee, Way Cascara Sour,<br />

Perro Libre White Coffee Tree, Mercado do Malte<br />

Session Coffee IPA, Porter e RIS da Mutt Dog, Grimpa<br />

Coffee IPA entre outras, no qual deu dicas importantes<br />

em como combinar o sabor do café com o da cerveja.<br />

O preço do curso foi de R$100, com desconto para<br />

associados da Acerva-PR (R$80), que teve a lotação<br />

máxima de 20 participantes — que, ainda, ganharam<br />

um pacote de café da Franck’s Ultra Coffee.•


1.ª Avaliação Coordenada<br />

DO SEMESTRE<br />

FONTE: HELIO LAMBAIS<br />

FOTO: ADRIANE BALDINI<br />

A 1.ª Avaliação Coordenada de <strong>2017</strong> da Acerva<br />

Paranaense ocorreu na manhã de 1.º de abril e teve<br />

como objetivo viabilizar uma análise sensorial crítica,<br />

pautada pelo guia BJCP 2015 sobre as amostras<br />

enviadas.<br />

A avaliação foi permitida apenas para os associados<br />

ativos, que puderam inscrever apenas um único estilo<br />

e garrafa, no qual receberam feedbacks importantes<br />

para corrigerem (se for o caso) as amostras enviadas —<br />

caso queiram enviá-las para concursos importantes que<br />

ainda estão por vir, como o Sul Brasileiro e o Nacional.<br />

Depois de avaliarem a cerveja, no final da súmula a<br />

cerveja recebe uma pontuação, variando de 0-13 (PROBLEMA/aromas ou sabores indesejados predominam), 14-<br />

20 (REGULAR/sabores indesejados ou muito fora de estilo), 21-29 (BOM/erra o alvo no estilo e/ou pequenas<br />

falhas), 30-37 (MUITO BOM/Dentro dos parâmetros do estilo, falhas mínimas), 38-44 (EXCELENTE/exemplifica<br />

bem o estilo, requer mínimos ajustes) e 45-50 (DESTACADO/exemplo do estilo de classe mundial). De todas as<br />

mostras enviadas, destacou-se uma belgian dark strong ale com notas entre 35 e 39.<br />

A avaliação durou cerca de três horas e recebeu o total de nove amostras, avaliadas pelos juízes Ricardo Pena<br />

(recognized), Henrique Cruz, Ricardo Traple (certified), João Maximiliano e Helio Lambais (Provisional).<br />

7<br />

A Acerva Paranaense agradece a todos os associados que participaram desta primeira avaliação, bem como o<br />

coordenador social Helio Lambais, que organizou e realizou o evento e Felipe Guandalini, da Cervejaria MarmorrA,<br />

que recebeu de bom grado as amostras. Todas as fichas de avaliação foram remetidas aos associados inscritos.<br />

A próxima Avaliação Coordenada está programada para ocorrer em 1.º de julho. Fique de olho!•<br />

GRUPOS DE ESTUDOS<br />

DO BJCP<br />

O professor do curso de Sommelier da<br />

Universidade Positivo, juíz BJCP certificado<br />

e associado da Acerva Paranaense, Henrique<br />

Cruz, está promovendo encontros para formar,<br />

qualificar e capacitar novos juízes no Beer<br />

Judge Certification Program (BJCP). Os estudos<br />

ocorrem na Cervejaria Masmorra (Rua Itupava,<br />

1142, Alto da XV, Curitiba-PR), piso superior,<br />

sempre às 19h. Cada encontro custa R$50<br />

e deve ser pago antecipadamente. Se você se<br />

interessou em estudar mais sobre as cervejas do<br />

mundo todo, mande um e-mail para henrique@<br />

umacervejapordia.com.br!<br />

FONTE:<br />

henrique cruz<br />

foto:<br />

felipe guandalini<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

As datas dos próximos encontros são 19/abr, 03/<br />

mai, 17/mai, 31/mai, 14/jun, 28/jun, 12/jul,<br />

26/jul, 16/ago e 30/ago. Programe-se!•


O QUE ROLOU POR AQUI<br />

ACERVAS NO FESTIVAL<br />

BRASILEIRO DA CERVEJA<br />

FOTO DE<br />

ADRIANE BALDINI<br />

8<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

De 8 a 11 de março de <strong>2017</strong> foi realizado o 9.º Festival Brasileiro da Cerveja no Parque Vila<br />

Germânica, em Blumenau-SC, que recebeu 41 mil visitantes durante os quatro dias de evento.<br />

Dentre este total, marcaram presença os associados das Acervas Brasil, Candanga (DF), Catarinense<br />

(SC) Carioca (RJ), Baiana (BA) Cearense (CE) Gaúcha (RS) e claaaaro, a Paranaense (PR), que se<br />

reuniram (de modo relâmpago!) no dia 10 para essa foto bacana aí! Valeu pessoal!•<br />

1.ª brassagem coletiva<br />

na cervejaria masmorra<br />

FOTOs DE darice zanardini<br />

Na tarde ensolarada de 18 de fevereiro ocorreu com grande sucesso<br />

a 1.ª Brassagem Coletiva da Acerva Paranaense na Cervejaria<br />

MasmorrA. O estilo escolhido foi uma Wee Heavy, preparada com<br />

panela e equipamentos de Azenildo Biella, que, juntamente com<br />

o associado Paulo Matulle, tocaram a brassagem tarde adentro.<br />

Muitos cervejeiros caseiros iniciantes compareceram para sanar<br />

dúvidas clássicas sobre rampas de temperatura, locais para<br />

compra de equipamentos, fermentação, sanitização e muitos<br />

outros assuntos.<br />

Às 18h foi sorteado um kit de insumos cervejeiros — uma<br />

cortesia do Mercado do Malte que, juntamente com a Bio4<br />

Soluções Biotecnológicas, patrocinou os insumos do evento — e<br />

o sortudo foi o associado João Parolin, que concorreu com outros<br />

62 inscritos.<br />

O mosto foi fermentado e maturado pelo coordenador social da<br />

Acerva, Lenir Filho. Agradecemos a presença e a colaboração de<br />

todos!•


1.º Churras da Acerva!<br />

Fonte: Lenir Filho<br />

Fotos: Grupo WhatsApp <strong>AcervaPR</strong><br />

Esperado há muito tempo, ocorreu<br />

no finzinho da manhã do sábado,<br />

25 de março, o 1.º Churrasco Oficial<br />

da Acerva Paranaense na Cervejaria<br />

Swamp!<br />

A adesão ao evento funcionou assim:<br />

cada associado levou o que iria<br />

consumir, utensílios e cerveja caseira;<br />

por conta da Acerva-PR ficaram<br />

30kg de carvão, 20kg de gelo e 9kg<br />

de costela, além de pratos, copos e<br />

guardanapos descartáveis — isso<br />

sem contar o impecável revezamento<br />

de diversos churrasqueiros oficiais<br />

diante do fogo!<br />

O evento recebeu aproximadamente<br />

60 pessoas durante todo o dia.<br />

Preparem-se para próximo!•<br />

9<br />

Curso avançado<br />

de levedura<br />

Fonte e fotos:<br />

fabio schineider<br />

Durante todo o dia 8 de abril ocorreu um excelente curso de levedura<br />

de nível avançado promovido pelo associado Fabio Schineider e<br />

Maria Helena Bybyk. Quem ministrou o curso foi uma das mais<br />

experientes biotécnicas da área cervejeira, Gabriela Muller, que<br />

também é proprietária da empresa de fermentos líquidos Levteck<br />

Tecnologia Viva, de Florianópolis/SC.<br />

Os tópicos abordados foram bioquímica da fermentação de<br />

Saccharomyces e Brettanomyces (assimilação de nutrientes<br />

e formação de compostos de sabor, fermentações mistas<br />

(Saccharomyces, Lactobacillus e Brettanomyces), métodos de<br />

inoculação de leveduras (Yeast Pitching Rate), manipulação de<br />

leveduras (propagação e reuso de leveduras; utilização correta de<br />

leveduras líquidas e coleta e propagação de leveduras selvagens)<br />

e formas de armazenamento de leveduras (placa de Petri, Slant<br />

e criopreservação). Houve também a parte prática, onde os<br />

participantes puderam ver de perto processos de esterilização e<br />

preparação de placas para receber amostras de leveduras, entre<br />

outros.<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

O curso teve a duração de 8h, no qual participaram 30 pessoas<br />

(sendo 28 associados da Acerva-PR). A aula foi encerrada com um<br />

churrasco de confraternização, que durou até as 2h da manhã!<br />

O preço do curso foi de R$300,00 e associados da Acerva-PR<br />

tiveram desconto (R$250,00). Aguardem muitos outros que estão<br />

por vir!•


10<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

ENTREVISTA


Cervejeiro de<br />

Nascimento<br />

Pense em alguém que é calmo, com um tom de voz levemente tímido e com sotaque<br />

do interior, de sorriso fácil e com um olhar bastante analítico quando o assunto<br />

é cerveja. Eis que esse é Paulo Sérgio Matulle, 44, cuja relação com<br />

a bebida o revela como um grande professor no assunto, transcendo até mesmo<br />

aprendizados técnicos, ensinados em dezenas de cursos afora.<br />

fotos e entrevista de adriane baldini<br />

feita em 2 de fevereiro de <strong>2017</strong><br />

ORIGEM<br />

Descendente de ucranianos, poloneses, alemães e<br />

romenos, Matulle, como é conhecido, é nascido na<br />

pequena Palmital, no interior do Paraná. As figuras dos<br />

avôs – em especial da avó polaca, Angelina, por parte<br />

de pai, é a que mais teve influência em sua formação<br />

cervejeira. A matriarca tinha pequenas plantações de<br />

trigo e de centeio nos arredores da casa; ela ensinou o<br />

pequeno Paulo da importância ao saber quando o grão<br />

estava maduro o suficiente para colheita, feita a mão<br />

por ele e por toda a família.<br />

Depois dos grãos separados, ele observava a<br />

avó fazer malteação de modo primitivo; ela<br />

colocava os grãos em uma grande gamela<br />

e os deixava de molho até germinarem.<br />

Durava de cinco a sete dias, dependendo da<br />

estação. Depois que apareciam as radículas,<br />

ela escoava os grãos e os deixava secando no<br />

sol, sobre sacos de estopa. De lá, os grãos<br />

beiravam o lado de dentro de um forno a<br />

lenha, no qual, mais tarde, presenteava o<br />

malte com um toque de aroma defumado.<br />

Como naquela época não havia moedor pessoal, o<br />

malte era moído em um moinho coletivo feito de pedras<br />

sobrepostas. De volta para casa, a avó esquentava a<br />

água e nele colocava todo o malte moído, no qual o<br />

termômetro da brassagem era até onde o dedo dela<br />

aguentava — naquela época, ela e nenhum outro<br />

cervejeiro caseiro imigrante usufruíam de qualquer<br />

tecnologia cervejeira; lembrando de que quando viu a<br />

avó fazer procedimento pela primeira vez, a casa sequer<br />

tinha energia elétrica. O calor das pedras do fogão a<br />

lenha controlavam a temperatura da panela, mesmo<br />

quando o fogo se apagava. No outro dia, o mosto<br />

era coado em um pano de algodão grosso limpo; um<br />

pouco antes, ela colhia algumas flores de lúpulo —<br />

segundo ele, alguém se lembrou de trazer uma muda<br />

da trepadeira durante a imigração, que foi plantada ao<br />

mesmo tempo em que a cevada e o trigo — e, depois<br />

disso, a fermentação era feita com tabletes de fermento<br />

de pão ou de batata.<br />

A cerveja fabricada era consumida por toda a família<br />

(crianças, como ele na época, inclusive) e era produzida<br />

apenas em grandes festividades de Ano Novo, Páscoa<br />

e Natal. Ele até hoje não imagina de onde vinham as<br />

garrafas e tampinhas, tampouco de como elas eram<br />

fechadas. Mas elas eram servidas na mesa com tantos<br />

outros primores fabricados também pelas mãos da<br />

matriarca, como massas caseiras e mais uma infinidade<br />

de pães, bolos, roscas e conservas, além do hidromel<br />

(que o avô chamava de “vinho de mel”).<br />

Da “cervejada” da avó, ele tem na memória das<br />

informações da bebida a turbidez, de coloração<br />

amarelo-escuro, do aroma de fermento e defumado,<br />

do paladar adocicado, do corpo leve e de carbonatação<br />

adequada o suficiente para não incomodar o paladar de<br />

uma criança.<br />

A limpeza do “equipamento cervejeiro” na época<br />

constava apenas no uso de uma colher de soda cáustica<br />

com água quente, e pronto. Não havia sequer o<br />

conhecimento de uma possível contaminação cruzada<br />

— e isso, tavez, é que tenha o tornado tão destemido.<br />

11<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong>


Tempos depois, mudou-se jovem ainda para Curitiba,<br />

tornou-se eletricista e casou-se com a gentil Solange<br />

Fernandes. Hoje são pais de duas filhas adultas,<br />

presenças constantes e bem quistas entre os encontros<br />

cervejeiros que Matulle frequenta.<br />

APRENDIZ<br />

Ele se lembra de que a primeira vez que fez cerveja<br />

sozinho, em Curitiba, foi no ano de 1987. Acompanhado<br />

da esposa, retornavam à cidade natal duas vezes ao ano<br />

e, de lá, traziam o malte; como o lúpulo não estava na<br />

época de colheita, ele comprava tudo o que conseguia<br />

encontrar, em estado seco, em casas de produtos<br />

naturais quando estava de volta à capital. Como ainda<br />

assim era difícil de produzir a cerveja em casa na época,<br />

Matulle seguiu a tradição da matriarca de produzir a<br />

cerveja também nas épocas festivas.<br />

Com o passar de uma década e meia, a<br />

internet se popularizou e ele passou a pesquisar<br />

muita coisa; varava noites traduzindo<br />

artigos de sites ingleses e americanos sobre a<br />

produção de cerveja caseira, comprou livros,<br />

fez os cursos que pôde. Viu, de perto, o<br />

movimento cervejeiro (res)surgir; encontrou<br />

poucas, mas novidades em equipamentos<br />

cervejeiros, em variedades de malte e de<br />

lúpulo, além de méis e de leveduras.<br />

A cada novo artigo lido ou palavras trocadas com amigos,<br />

aperfeiçoava a produção cervejeira com receitas que<br />

fazia de cabeça, pois, naquela época, o BJCP sequer<br />

havia chego ao Brasil. Para tanto, dos colegas que<br />

experimentavam suas cervejas (e isso perdura até hoje),<br />

não se lembra de ninguém que tenha reclamado — pelo<br />

contrário: o xingavam (gentilmente, segundo ele) pelo<br />

fato de a mesma ter acabado tão rápido.<br />

12<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

“Na maioria das<br />

vezes, sempre dá pra<br />

arrumar a receita<br />

que ficou fora do<br />

esperado.<br />

Não tenha<br />

medo de<br />

errar, de<br />

experimentar,<br />

de fazer<br />

testes.<br />

Boas<br />

cervejas<br />

nascem<br />

da ousadia”.


Em uma brassagem qualquer, ao ouví-lo falar<br />

com grande naturalidade de acrescentar tantas<br />

coisas na brassagem, o amigo Garay veio com<br />

a brincadeira: “Meu, você parece um bruxo!<br />

Mistura tanta coisa nesse caldeirão, só fazendo<br />

magia mesmo para as coisas darem certo”.<br />

E não é que dava? Tanto é que o apelido vingou.<br />

Hoje, quem não o conhece pelo sobrenome,<br />

fatalmente o conhece pelo apelido: BRUXO!<br />

Então, decidiu entrar para a Acerva Paranaense quando<br />

a sociedade foi fundada. Lá firmou laços de amizade<br />

duradouros com os mesmos malucos que possuem a<br />

paixão pela cerveja.<br />

E haja tanta bruxaria para que as receitas tornem-se<br />

apenas e exclusivamente únicas, tanto quesito de sabor,<br />

de aroma e de sensações na boca. Elas recebem quase<br />

todo tipo de fruta, madeira, lúpulo, malte, especiarias<br />

e tudo aquilo mais que a mente fértil do Matulle possa<br />

imaginar. Ele tampouco faz cervejas para se enquadrar<br />

no BJCP, apesar de ser um bom medalhista em<br />

concursos. “Faço a cerveja e só depois de quando ela<br />

está na garrafa é que eu a enquadro em algum estilo”,<br />

diz ele.<br />

Ainda sobre o BJCP: devido à sua educação cervejeira<br />

vir de berço, ele acha que a instituição pode fazer<br />

duas frentes aos novos cervejeiros que estão surgindo:<br />

a primeira, de educar os cervejeiros para seguirem<br />

padrões; a segunda, como é o caso de cervejeiros mais<br />

experientes como ele, o BJCP acaba por “castrar”<br />

inovações por parte dos mesmos, mas, claro, este é um<br />

pondo de vista dele (não se inflamem!).<br />

Das dicas que ele sempre passa, listamos<br />

algumas aqui: a primeira é que os iniciantes<br />

não tenham medo de testar métodos e<br />

procedimentos. Ele costuma fazer uma única<br />

brassagem e separar quantidades iguais e<br />

fazer acréscimos de insumos diferenciados<br />

para cada uma delas (sem medo nenhum<br />

de haver contaminação cruzada!). A<br />

segunda é separar de três a quatro garrafas<br />

de cada produção e armazená-las com<br />

rolhas,de cortiça e sintéticas, e “esquecêlas”<br />

em um quarto escuro. Segundo ele,<br />

pouco mais de um a dois anos depois, as<br />

cervejas evoluirão de modo espetacular<br />

— e deverão, obrigatóriamente, ser<br />

degustadas em momentos restritos aos sorrisos<br />

familiares, ou então, com os amigos.<br />

13<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

MESTRE<br />

Por ter grande conhecimento na área, não é difícil<br />

perceber que Matulle quase sempre está rodeado por<br />

pessoas que sempre lhe pedem dicas de como melhorar<br />

alguma coisinha na brassagem. Ele, que aprendeu tudo<br />

o que sabe por osmose, acha que reter o conhecimento<br />

sobre a cerveja é um grande egoísmo: “Tudo o que<br />

aprendi em casa, sempre fiz questão de repassar<br />

adiante. Não entendo como as pessoas não conseguem<br />

serem mais solidárias neste ponto”, reflete ele.<br />

Ainda assim, de tudo o que tomou e produziu com<br />

grande esplendor hoje, nada se compara com a cerveja<br />

da vó Angelina — até ele mesmo tentou reproduzir da<br />

mesma forma que ela fazia, mas, ainda assim, não era<br />

feita pelas mãos dela. Para tanto, eis que ele replicou o<br />

conhecimento dela com grande esmero para quem quer<br />

que seja, talvez até melhor do que ela.<br />

“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem<br />

de repente aprende.” Guimarães Rosa •


cervejolandia<br />

made in<br />

por adriane baldini<br />

*rótulos e imagens cedidas gentilmente<br />

pelos cervejeiros caseiros em março de <strong>2017</strong><br />

curitiba<br />

Conheça alguns dos cervejeiros caseiros da Acerva Paranaense!<br />

Xbeer homebrew<br />

14<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

BARRACUDA<br />

home brew<br />

Frente a esta cervejaria, que tem cerca de 4 anos, está<br />

Alexandre Garay — um dos associados mais antigos da<br />

Acerva Paranaense. O nome homenageia o esporte que<br />

ele mais gosta, a pesca submarina: “o primeiro grande<br />

peixe que peguei foi uma barracuda de 14kg. Como<br />

esta espécie é extremamente agressiva, logo tornou-se<br />

para mim um grande troféu; então resolvi homenageá-la<br />

dando o nome à minha cervejaria”. E a paixão pelo mar<br />

inspirou também todas as suas produções, como Orca<br />

(Baltic Porter), Boto (APA), Marisco (Dubbel), Peixe Porco<br />

(Rauch), Barracuda (IPA), Blond Moon (Blond Ale), Duna<br />

(Bohemian Pilsen), Sereia (Witbier), Cavalo Marinho (Red<br />

Ale), Tortuga (Saison), Perola Negra (Imperial Stout),<br />

Maria Farinha (Viena Lager), além de produzir, ainda,<br />

hidromel.<br />

Iniciada pelos trio de cervejeiros João Carlos Maximiano, Ricardi Quarelli e<br />

Roberto Varella há 3 anos, a maioria dos estilos produzidos pela cervejaria são<br />

da escola belga. Atualmente, a Xbeer está sob o comando apenas de João Carlos,<br />

também conhecido como “Maestro”, e tem como carros-chefes os estilos Straight<br />

Lambic (cultura pura), Wood<br />

Ageds e Hidroméis. A maioria<br />

de suas produções tem sido<br />

presença marcante na final em<br />

algumas das competições de<br />

cervejeiros caseiros regionais<br />

e sul brasileiras.<br />

A estrela dessas produções está a Orca, que foi premiada<br />

com medalha de ouro na categoria “Escuras” no V<br />

Concurso Paranaense de Cervejas Artesanais, em 2016.


Birra Gabiatti<br />

Rodrigo Gabiatti, natural de Pato Branco<br />

(PR), fundou a cervejaria há quase 4<br />

anos. Os estilos que costuma produzir<br />

são IPA, Imperial IPA, Stout, Porter,<br />

Altbier, American Blonde Ale, Weiss,<br />

Witbier e Hop Weiss. Atualmente, o<br />

cervejeiro está se dedicando a uma<br />

aromática e encorpadíssima Porter<br />

com amêndoas, que promete fazer<br />

muito sucesso neste ano nos concursos<br />

cervejeiros afora!<br />

Bonna Beer<br />

Surgida em meados de 2014 entre uma<br />

parceria de Lucas Bonancin Amaral com<br />

o cunhado, Floresval Nunes Moreira<br />

Junior. Os dois iniciaram as primeiras<br />

brassagens da Bonna Beer com diversos testes de estilos. Atualmente,<br />

devido à falta de tempo do parceiro, apenas Lucas é que anda tocando as<br />

panelas, e com grandes acertos. Das receitas que costuma repetir sempre<br />

estão as Stouts e Roggenbier — sendo esta última premiada com o 3.º lugar<br />

no IX Concurso Nacional das Acervas em 2016 na categoria German Wheat<br />

& Rye Beer, sendo este o primeiro concurso que ele participou. Esta é uma<br />

cervejaria que ainda você vai ouvir falar muito!<br />

Covil Beer<br />

Existente desde junho de 2014, tem como<br />

responsáveis os cervejeiros Eugenio Fabian<br />

Guy Von Westphalen, José Gilberto Sampaio<br />

Ribeiro, José Antônio Schebauer e Leo<br />

Macioszek. Os estilos que costumam fazer<br />

sempre são IPA, APA, Black IPA, Weiss, Hop<br />

Weiss e Witbier. A cevejaria ganhou medalha<br />

de prata com uma American IPA (14B) no III<br />

Concurso Paranaense de Cervejas Caseiras.<br />

15<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

Kuribrew<br />

Uma das mais novatas cervejarias<br />

caseiras filiadas à Acerva Paranaense,<br />

a Kuribrew possui apenas 1 ano, tendo<br />

como cervejeiros o casal José Luiz<br />

Claudino e a esposa Marissa Magalhães,<br />

que ajuda nas brassagens e, ainda, é responsável pelo desenvolvimento<br />

dos rótulos. Os estilos que costumam produzir são Witbier, Porter, APA,<br />

White IPA, Black IPA, American IPA, e, ultimamente, estão se aventurando<br />

também no mundo das sours. A cervejaria ainda não participou de nenhuma<br />

premiação, pois ainda almeja, primeiramente, feedbacks importantes sobre<br />

os estilos brassados. É isso aí!


artigo<br />

Os obstáculos<br />

das pequenas<br />

cervejarias no<br />

século XX<br />

artigo de<br />

Paulo Procópio Burian<br />

revolucaoartesanal.blogspot.com<br />

16<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

Nos últimos anos o mercado de cervejas artesanais<br />

tem experimentado um forte crescimento. De acordo<br />

com reportagem do jornal “Valor”, de fevereiro de<br />

2016, o mercado de cervejas artesanais no Brasil<br />

vem apresentando um forte crescimento anual, da<br />

ordem de 30% a 40%¹. Esse cenário pode<br />

ser facilmente constatado nas principais<br />

cidades brasileiras nos últimos 10 anos,<br />

período em que o número de cervejarias<br />

e bares destinados às artesanais cresceu<br />

bastante e agora encontra um público<br />

cada vez maior.<br />

Se por um lado esse cenário favorável tem sido motivo<br />

para celebrar, por outro lado nos leva a perguntar porque<br />

durante todo o século XX o Brasil passou basicamente<br />

sob o domínio da grande indústria cervejeira com suas<br />

American Standard Lagers, feitas em grande parte com<br />

cereais não malteados, sem preocupação maior com<br />

a qualidade. Por que teria demorado tanto para que<br />

as artesanais surgissem como uma opção de melhor<br />

qualidade?<br />

Na verdade, nem sempre o mercado cervejeiro<br />

brasileiro foi dominado pela grande indústria. No (bem<br />

documentado) livro A Cerveja e a Cidade do Rio de<br />

Janeiro - de 1888 ao início dos anos 30², a historiadora<br />

Teresa C. de Novaes Marques ilustra como as pequenas<br />

cervejarias de alta fermentação no Rio de Janeiro<br />

disputavam mercado com a Brahma até o início do<br />

século XX e quais os obstáculos enfrentados por elas.<br />

Para fazer frente às dificuldades para<br />

obtenção de vasilhames e ampliar o<br />

alcance de seus produtos, sobrevivendo às<br />

recorrentes crises cambiais, até o início<br />

do século XX as pequenas cervejarias<br />

no Rio de Janeiro, como a Guarda Velha<br />

e a Santa Maria, disponibilizavam suas<br />

cervejas em um espaço integrado onde se<br />

fabricava, bebia, comia e jogava, além de<br />

eventualmente contar com alguma atração<br />

musical. Esses ambientes eram frequentados por<br />

operários, pobres imigrantes e trabalhadores negros,<br />

todos pertencentes ao conceito do cidadão típico<br />

brasileiro, cenário que torna mais fácil a compreensão<br />

do preconceito que enfrentavam por parte de uma<br />

parcela da sociedade.<br />

Um dos obstáculos enfrentados por essas cervejarias<br />

menores de alta fermentação era a forte campanha de<br />

jornais de grande circulação, como a Gazeta de Notícias.<br />

Em 1912, sob o título “A fábrica de cerveja Santa Maria:<br />

horrorosa imundice nos domínios das ratazanas”, o<br />

periódico publicou reportagem criticando as condições<br />

de higiene do local e o perfil dos frequentadores,<br />

desdenhando inclusive do seu paladar e do gosto por<br />

tremoços ³.


Mas nem tudo foi só ataque. A Santa Maria recebeu<br />

apoio de outros meios de comunicação como o Jornal do<br />

Comércio, que, no dia seguinte, teceu elogios à fábrica<br />

e tratou com mais benevolência seus frequentadores.<br />

Novamente a Gazeta de Notícias veio à público (re)<br />

fazer acusações, chegando a defender inclusive a<br />

necessidade de caçar a licença daquela cervejaria.<br />

Embora não houvesse qualquer evidência de ligação<br />

entre o jornal Gazeta de Notícias e a Brahma, era<br />

evidente que ambos estavam em campanha para<br />

depreciar as cervejarias de alta fermentação. Por trás de<br />

reportagens claramente de cunhos higienistas estavam<br />

interesses da grande indústria cervejeira em prejudicar<br />

as pequenas cervejarias para dominar o mercado das<br />

cervejas populares.<br />

Outra arma que a Brahma utilizava para<br />

combater as pequenas cervejarias era por<br />

meio da venda casada, condicionando<br />

a comercialização de suas cervejas<br />

em bares que contraíam empréstimos a<br />

cláusulas de exclusividade estabelecidas<br />

em contrato. Além disso a Brahma passou<br />

a fabricar alguns tipos de cervejas<br />

mais populares, com menores preços,<br />

para concorrer diretamente com essas<br />

pequenas cervejarias — tanto que passou<br />

a produzir receitas de baixa fermentação<br />

com a Ipiranga (registrada em 1900)<br />

e a ABC (registrada em 1905), de alta<br />

fermentação, mas pasteurizada.<br />

Além disso, como parte da estratégia de eliminar<br />

as pequenas cervejarias e ampliar o domínio sobre o<br />

mercado, a Brahma se associou ao empresário da noite,<br />

Pascoal Segreto, para estabelecer exclusividade de suas<br />

cervejas ABC e a Guarany no restaurante do seu teatro,<br />

limitando ainda mais o espaço para as concorrentes<br />

menores — prática que, ao longo do tempo, se tornou<br />

corriqueira entre as grandes indústrias cervejeiras e<br />

diferentes estabelecimentos.<br />

A resistência às campanhas difamatórias por parte<br />

das pequenas cervejarias não era trivial, pois mesmo<br />

sendo organizadas em entidades ativas, as pequenas<br />

cervejarias tinham poder limitado para influenciar, por<br />

exemplo, decisões de política fiscal, que muitas vezes<br />

as prejudicavam.<br />

Por fim, outro obstáculo refere-se ao poder da<br />

propaganda. Com maior acesso a recursos financeiros,<br />

a Brahma não abriu mão de utilizar grandes campanhas<br />

publicitárias visando concentrar ainda mais o mercado<br />

em suas mãos. Um exemplo foi o lançamento da<br />

Brahma Chopp no início dos anos 1930, que se<br />

valeu substantivamente de jornais e rádios, contando<br />

inclusive com um jingle composto por Ary Barroso e<br />

Bastos Tigre e interpretado por Orlando Silva, um dos<br />

mais importantes cantores brasileiros daquela época.<br />

Diante desses obstáculos enfrentado pelas pequenas<br />

cervejarias, fica mais fácil compreender porque o<br />

mercado cervejeiro ficou tão concentrado ao longo do<br />

século XX.<br />

Quem sabe agora não seja a hora da<br />

nova leva de pequenas cervejarias, com<br />

seus produtos diferenciados e de alta<br />

qualidade, voltarem a ocupar um espaço<br />

maior nesse mercado. Os amantes da boa<br />

cerveja agradecem.•<br />

[1] http://www.valor.com.br/cultura/blue-chip/4418136/cervejaartesanal-nao-e-moda.<br />

[2] MARQUES, Teresa C. de N. A CERVEJA E A CIDADE DO RIO DE JANEIRO.<br />

Paço Editorial, Brasilia, DF, 2015.<br />

[3] MARQUE, T.C.N, 2010).<br />

17<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong>


PELO PRASIL BARONIL<br />

acerva<br />

brew day<br />

<strong>2017</strong><br />

18<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong><br />

Na tarde de domingo, 9 de abril, ocorreu o Acerva<br />

Brew Day da Acerva Paranaense, realizado na Tiwanaku<br />

Cervejaria e patrocinado pelo Acervo do Malte e Bio4<br />

Soluções Biotecnológicas. A data corresponde ao fim de<br />

semana onde as Acervas do Brasil inteiro se dedicam a<br />

brassar uma receita que irá representar seus respectivos<br />

estados no Concurso Nacional das Acervas, que neste<br />

ano ocorrerá de 15 a 17 de junho em Natal-RN.<br />

A receita escolhida foi uma Saison, no qual os cervejeiros<br />

Helio Lambais, Ricardo Harmuch e Azenildo Biella<br />

foram os responsáveis por cuidar da produção durante<br />

toda a tarde.<br />

Ao mesmo tempo ocorreu um churrasco por conta da<br />

Acerva-PR! O associado e proprietário do Tiwanaku,<br />

Eduardo Reiner, caprichou nos pães de malte e nas<br />

sidras, Garay trouxe algumas produções de charcutaria<br />

e Francisco Kaseker trouxe um creme sensacional para<br />

os pães de alho (valeu piazada prendada!). Ainda rolou<br />

muita cerveja caseira trazida pelos participantes do<br />

evento.<br />

Às 17h houve o sorteio de um kit de insumos cervejeiros,<br />

patrocinado pelo Acervo do Malte; o vencedor — e<br />

acreditem, não foi “xunxo” — foi o associado Paulo<br />

Matulle! Também foram contemplados no sorteio<br />

Wallison Guizilin, que ganhou uma caneca de vidro da<br />

Acerva-PR, Nathalia Lopes de Almeida, que ganhou<br />

uma camiseta da Acerva-PR, e Francisco Kaseker, que<br />

recebeu um pet de 1L de sidra, cortesia do Tiwanaku.<br />

<br />

O evento durou até as 20h e reuniu cerca de 60 pessoas<br />

durante todo o dia. O mosto será fermentado e maturado<br />

pelo coordenador social da Acerva-PR, Lenir Filho.<br />

Valeu pela presença, pessoal! Ano que vem tem mais!•


Fortalecendo<br />

Laços & Cervejas<br />

parceiros<br />

Conversa #1<br />

por adriane baldini<br />

entrevista em 23 de março<br />

Richard Buschmann é o cervejeiro frente à Bastards<br />

Brewery, e foi eleito em 17 de outubro do ano passado<br />

como o presidente da Associação das Microcervejarias do<br />

Paraná (Procerva) para a gestão do biênio <strong>2017</strong>-2018.<br />

Uma das principais metas de gestão de Richard é a de<br />

firmar laços com a Acerva Paranaense, no qual muito<br />

dos associados que estão atualmente na instituição<br />

saíram das panelas: “A diferença é que uns, como ocorre<br />

até hoje, ainda mantêm a cerveja como hobby e outros<br />

visionaram ganhar dinheiro com isso. Independente<br />

das escolhas de cada um, todos somos iguais e temos<br />

a mesma intenção: a de propagar a cultura da cerveja<br />

artesanal”, diz ele. Ele ainda lembrou da época em que<br />

decidiu sair das panelas: “quando decidimos partir para<br />

a profissionalização, fomos muito bem recebidos pela<br />

Procerva e pelas cervejarias que já existiam, como a<br />

Gauden Bier, Bodebrown, Way Beer e muitas outras. Em<br />

nenhum momento ninguém hesitou em nos ajudar, e<br />

claro, como presidente, também farei isso quando algum<br />

cervejeiro caseiro queira optar pela profissionalização”,<br />

enfatiza.<br />

Atualmente, o maior trabalho que a Procerva tem feito<br />

é o de se fazer entender e, ainda, definir aos órgãos<br />

públicos o que é o nicho da cerveja artesanal, pois existe<br />

há muito pouco tempo (no máximo, 15 ou 16 anos) —<br />

diferente das gigantes cervejarias, existentes no mercado<br />

há, no mínimo, 80 anos. “Diferente das tradicionais<br />

cervejarias, trazemos ao consumidor produtos de estilos<br />

diferenciados e inovadores ao paladar, mas, produzidos<br />

em baixa escala. Ainda assim somos tratados como<br />

igual, e nossa luta é a de melhorar as taxas de impostos.<br />

Antes que alguém ache que estamos ‘reclamando’, pelo<br />

fato de as microcevejarias venderem o litro da cerveja<br />

mais caro (ou então, do pint), é bom lembrar que<br />

pagamos muito mais impostos”, diz Richard.<br />

Para tanto, a Procerva iniciou conversas com a Receita<br />

Estadual para exemplificar as dificuldades de tributações<br />

e logística, bem como o Ministério da Agricultura, “no<br />

qual já tivemos uma excelente aproximação. Fiscais do<br />

país inteiro se reuniram em Curitiba e fizeram um curso<br />

de cerveja na panela, e assim, compreenderam como<br />

ocorrem os processos de produção da cerveja artesanal.<br />

Tivemos um feedback de como as coisas ocorrem por<br />

lá e ambos os lados entenderam que muita coisa ainda<br />

precisa ser mudada, mas que isso envolve as esferas<br />

políticas e legais, e que, infelizmente, elas não ocorrem<br />

do dia para noite” diz ele, lembrando também que já<br />

conseguiram algumas poucas vitórias.<br />

Para tanto, para expandir a cultura cervejeira, a<br />

Procerva prevê a participação em festivais, parcerias<br />

e em tantas outras formas de expansão da cultura<br />

cervejeira. Segundo Richard, as as cervejas artesanais<br />

representam cerca de 1% das vendas de cerveja do país<br />

e há, ainda, muito o que ser feito. “Para que tenhamos<br />

um comparativo, a cerveja artesanal alcança cerca de<br />

15% nos Estados Unidos, e eles, de modo organizado,<br />

impuseram a meta de chegar a 20% do volume de<br />

consumo em 2020. Ainda há ainda muito o que fazer<br />

para amadurecer o mercado”.<br />

E para isso, ele conta com o apoio da Acerva<br />

Paranaense quando o assunto é educar o paladar de<br />

novos consumidores, difundir a cultura cervejeira e,<br />

ainda, firmar laços aquém promessas incertas. “Se<br />

houve problemas de entendimento no passado entre as<br />

duas instituições, foi por talvez não termos o mesmo<br />

entendimento. Porém, com essa nova gestão, tanto<br />

por parte da Procerva quanto da Acerva, acredito que<br />

estamos no mesmo caminho. Tamo junto!”, encerra ele.<br />

Aguardem outras novidades na conversa #2 da Procerva!•<br />

19<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong>


calendario oficial<br />

MAIO<br />

Mr. Hoppy Matheus Leme - dias 9 e 24<br />

JUNHO<br />

Masmorra Cervejaria - dias 6 e 21<br />

JULHO<br />

Tiwanaku Cervejaria - dias 4 e 19<br />

AGOSTO<br />

We Are Bastards Pub - dias 9 e 23<br />

20<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Informativo</strong> da Acerva Paranaense n.º01 abril/<strong>2017</strong>

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