Revista TOP MARCHADOR MARCHA PICADA

Ahistória do Haras Vila Rica começa de
um princípio básico: o amor pelo cavalo.
É o início de tudo e vem desde criança.
Meu pai tinha uma fazenda em Coromandel
(MG) e foram em cima dos cavalos as minhas
maiores aventuras, mas quem me colocou em
cima de um pela primeira vez foi minha mãe, me
puxando em cima de um arreio, e me propiciou
o primeiro contato. Ela nasceu na roça e lá foi
criada até mocinha, acostumada com a vida dura
da casa e do campo. Foi amor e paixão já à primeira
vista. Depois, com o tempo e mais intimidade,
andei sozinho, mas sempre sob seu olhar.
Minhas pernas mal ultrapassavam a sela e galopando
pelos pastos é que senti prazeres e alegrias
inimagináveis como criança. Eram cavalos
comuns, mas meus grandes companheiros quando
ia para a fazenda nos fins de semana. Foi buscando
gado, atravessando rios e descobrindo a
natureza por onde passava que aprendi a admirar
e respeitar esse animal. Aprendi muito com eles.
Nunca perdi o contato com os cavalos. Os
estudos e a profissão me levaram a caminhos
distantes, mas também de reencontros.
Morando em Brasília (DF), através de um criador,
Carlos Burle, tive o primeiro contato com a
raça Mangalarga Marchador. Na época, nem
sabia o que era marcha picada ou marcha batida.
Foi montando que senti a diferença entre elas. A
marcha picada me lembrava mais os cavalos nos
quais eu andava na minha infância.
Em 2005, iniciei meu criatório. Andando em
leilões, fui adquirindo minhas primeiras matrizes.
Na ocasião, a marcha picada ainda não era
valorizada como é hoje. Montei uma “clínica
geriátrica” de excelentes matrizes pelo caminho.
Essas foram as palavras de um criador amigo
meu, André Guimarães, do sufixo Sertanejo, que
também cria marcha picada.
Para essas éguas, comprei um cavalo do meu
primeiro incentivador, Carlos Burle. O cavalo se
chamava Rigoleto HB, filho de ninguém menos
que Herdade Cadilac numa égua Gironda. Já
estava velho, mas ainda era um animal majestoso,
castanho escuro e de um andamento que
enchia os olhos. Por onde passava, chamava
atenção. Até hoje guardo seu sêmen e tenho
filhas dele, ainda novas, netas diretas de
Herdade Cadilac. Na ocasião, mantive os animais
na fazenda do meu pai, em Coromandel.
Em 2008, comprei uma fazenda no município
de Guarda-Mor (MG) e, com seleção e dedicação,
o sonho começou a se tornar realidade.
Adquiri outro garanhão, o Cigano da Fazendinha,
um filho de Veto LJ com Meca LJ em uma égua
Porteira de Tábua. Cigano veio ainda
potro, através de outro grande amigo
e parceiro, Miguel Lupiano. Era um
cavalo de pelagem preta azeviche,
com uma índole e um andamento
que até hoje me trazem saudade.
Morreu cedo, por acidente com
cobra, mas, mesmo assim, deixou uma produção
que seguro até hoje com unhas e dentes. Tenho
três filhos dele, dois pretos e um castanho. São
meus meninos hoje, e meu futuro.
Para cobrir as filhas do Cigano, comprei um
outro cavalo de marcha picada, o Lorde HCS.
Filho de Nobre de Santa Lúcia com uma égua
Catuçaba 53. Lorde vem produzindo filhos de
excelência, tanto em andamento quanto em morfologia.
Hoje, para acrescentar ao criatório, tenho
dois filhos ainda jovens de Haiti Caxambuense,
cavalo comprovado na marcha picada.
Portanto, os ingredientes estão aí. Sempre
desejando deixar a próxima geração melhor que
a anterior. Construindo isso é que vemos que
tudo vale a pena, acreditando e buscando a evolução
de nosso cavalo. Nas cavalgadas pela
fazenda, com amigos e filhos, é que o sonho se
torna uma prazerosa realidade. O cavalo é isso:
é paixão, é sonho, é tradição, é família.
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