Revista TOP MARCHADOR MARCHA PICADA
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HARAS VIAJEIRO<br />
Fernão Costa<br />
Haras Viajeiro/DF<br />
Ocriador Fernão Costa faz parte da<br />
quarta geração de uma família apaixonada<br />
e que sempre se dedicou à criação<br />
do Mangalarga Marchador. A tropa Viajeiro,<br />
no entanto, começou a ser estruturada por seu<br />
pai, Servulo Tadeu Brochado Costa, no início da<br />
década de 70. A participação do pai é tão importante<br />
na criação que, em sua entrevista, Fernão<br />
pediu para responder algumas perguntas na primeira<br />
pessoa do plural. “Também falo em nome<br />
de meu pai, que é meu grande professor e<br />
incentivador. Sempre acreditamos na marcha<br />
picada por sua comodidade inigualável. Em um<br />
passado não tão distante, quando percebemos<br />
que a marcha batida não mais atendia a nosso<br />
grau de exigência quanto ao cômodo, resolvemos<br />
caminhar na contramão daquilo que se via<br />
nas pistas. E como o Mangalarga Marchador realmente<br />
puro sempre foi vocacionado para a marcha<br />
picada, desde sempre contamos com ela no<br />
nosso plantel.”<br />
As pistas nunca foram prioridade, nem para o<br />
pai, nem para o filho, que acredita que o maior<br />
resultado da criação Viajeiro tenha sido o reconhecimento<br />
conquistado de amigos criadores que<br />
merecem seu respeito e que conquistaram resultados<br />
expressivos com cavalos de sua seleção.<br />
O Haras Viajeiro está localizado em Unaí<br />
(MG), no entorno de Brasília (DF), região que<br />
tem se destacado quanto à expansão do mercado<br />
de animais de marcha picada. Fernão afirma<br />
que no entorno da capital o mercado tem crescido<br />
bastante e as competições têm desempenhado<br />
importante papel de fomento à raça. Ele<br />
pondera que Brasília não deve ser considerada<br />
isoladamente, já que seu entorno contribui<br />
muito para tudo o que acontece na região quando<br />
o assunto é o Mangalarga Marchador. Por<br />
isto, o criador destaca a parceria com o núcleo<br />
de Goiás que, em suas palavras, é fundamental<br />
para este fomento.<br />
Recentemente, foi anunciado que Brasília<br />
sediará, em 2018, o Campeonanto Brasileiro de<br />
Marcha Picada – CBMP, o que certamente será<br />
um estímulo a mais para o mercado da<br />
região.“Muitas competições estão sendo realizadas<br />
com este objetivo e novos criadores estão<br />
surgindo e conquistando seu espaço no cenário<br />
Fernão Costa com Banzo do Viajeiro<br />
Servulo Costa<br />
nacional. O Haras Vale das Paineiras e o Haras<br />
Côrtes são bons exemplos, em se tratando de<br />
marcha picada”, analisa ele.<br />
Os novos criatórios chegam para fortalecer a<br />
raça no Centro-Oeste junto não só ao Haras<br />
Viajeiro, mas também àqueles que se dedicam à<br />
marcha picada há mais tempo, como é o caso do<br />
Haras Ameruj, do criador Aderbal Jurema, e o<br />
Haras Diadorim, de Paulo Gontijo, amigos que<br />
investiram não só em criação, mas também em<br />
competições. Como no Nordeste, a marcha<br />
picada também já desponta em Brasília como a<br />
preferida para cavalgadas, o que os deixam bastante<br />
animados.<br />
Também criador de marcha batida, o titular<br />
do Haras Viajeiro percebe que os consumidores<br />
de cada marcha são distintos, e que há uma predileção<br />
do consumidor para uma ou outra.<br />
Entretanto, ele afirma que, em se tratando de<br />
marcha picada, muitos animais de exceção surgiram<br />
e conquistaram o respeito dos criadores da<br />
marcha batida. “Muitos deles já se renderam à<br />
marcha picada e tantos outros já ensaiam uma<br />
investida. O usuário comum também, sem sombra<br />
de dúvidas, tem buscado cada dia mais a<br />
marcha picada”, afirma.<br />
Fernão conta que, desde que a ABCCMM alterou<br />
o Regulamento Geral para Exposições e<br />
Eventos Oficializados do Cavalo Mangalarga<br />
Marchador de 2004, o que se viu foi um grande<br />
avanço na seleção da marcha picada, e o surgimento<br />
de animais superiores, equilibrados, com<br />
energia de movimentos e nobreza. “A ABCCMM<br />
corrigiu um grande equívoco que havia sido praticado<br />
com a exclusão da marcha picada do<br />
padrão racial. A presença da marcha picada nas<br />
exposições nacionais talvez tenha sido a principal<br />
mudança para o mercado. Afinal, é o principal<br />
palco da raça.”<br />
Desde então, o mercado de marcha picada só<br />
aumenta, com algumas vantagens sobre outros<br />
andamentos. “O mercado da marcha batida vive<br />
um momento de superoferta de animais com<br />
bom nível, o que acarreta a queda nos preços.<br />
Aqueles animais com cômodo duvidoso não<br />
estão sequer encontrando espaço no mercado<br />
de usuários. Isto já não acontece com a marcha<br />
picada, pois não há superoferta de animais de<br />
alto nível, e o mercado de usuários sempre estará<br />
aberto em razão da comodidade”, diz o criador.<br />
Ainda que o mercado de marcha picada seja<br />
mais amplo e com maior liquidez, a criação de<br />
cavalos, no geral, foi impactada pela atual situação<br />
econômica do Brasil. De acordo com<br />
Fernão, a recessão atual é, certamente, o maior<br />
desafio que já tiveram. “Neste cenário é preciso<br />
reduzir produção e despesas, o que não é nada<br />
fácil. A redução do número de animais produzidos<br />
colide com a paixão que nos move, enquanto<br />
a das despesas esbarra na elevação do preço<br />
dos insumos em geral, ou seja, na perda do<br />
poder de compra da nossa moeda. É uma situação<br />
bem delicada, porque o mercado se retrai”.<br />
Para minimizar este impacto, o criador afirma<br />
ser preciso planejamento, ou seja, produzir na<br />
medida da capacidade de colocar animais no<br />
mercado e, se possível, buscar de forma incessante<br />
a autossuficiência em volumoso para alimentação<br />
da tropa.<br />
<strong>TOP</strong>Marchador • Marcha Picada | 05