Futebol na Olimpíada Rio 2016: história e comunicabilidade no Jornal Nacional (Lucas Rodrigues Félix)
Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.
Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.
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Naquele tempo, o recurso do videoteipe era inexistente, com as exibições ocorrendo ao<br />
vivo, sujeitas a gafes. O livro Chatô, o Rei do Brasil (1994) relata que a primeira transmissão<br />
foi repleta de percalços.<br />
Para desespero generalizado, aconteceu o que ninguém poderia imagi<strong>na</strong>r: uma das<br />
câmeras pifou. Não é verdadeira a versão de que o defeito tenha sido provocado por uma<br />
garrafa de champanhe quebrada <strong>na</strong> câmera por Chateaubriand, durante a cerimônia da<br />
tarde – até porque não houve batismo com champanhe. A suspeita que rei<strong>na</strong>va entre os<br />
técnicos era a de que a água-benta espargida sobre as câmeras por Dom Paulo Rolim<br />
Loureiro tivesse molhado e danificado alguma válvula. Mas, qualquer que fosse a causa,<br />
ninguém localizar o defeito. E tudo tinha sido ensaiado cente<strong>na</strong>s de vezes para ser<br />
transmitido por três câmeras, não duas. (MORAIS, 1994, p. 503)<br />
A pouca experiência explicava os problemas. O Brasil era o país primeiro da América<br />
Lati<strong>na</strong> a contar com uma emissora e o quarto em todo o mundo, depois ape<strong>na</strong>s dos Estados<br />
Unidos, da Inglaterra e da França. A pouca força comercial da plataforma <strong>na</strong> época tida como<br />
“rádio como imagens” era compensada pelo próprio Chateaubriand, que possuía um robusto<br />
império midiático sob seu domínio.<br />
Como forma de atrair os anunciantes, os programas ganhavam a inclusão dos<br />
patroci<strong>na</strong>dores em seus <strong>no</strong>mes, algo que já era comum também <strong>no</strong> rádio. Foi assim com o<br />
Repórter Esso, primeiro espaço dedicado regularmente ao jor<strong>na</strong>lismo <strong>na</strong> televisão brasileira,<br />
com estreia em 1952. O programa era produzido pela agência america<strong>na</strong> McCann Erickson,<br />
que também se responsabilizava pela publicidade da rede de postos de gasoli<strong>na</strong> que o<br />
batizava. Tinha diversas edições diárias, marcadas por <strong>no</strong>tícias curtas e rápidas. Assim como<br />
<strong>no</strong> jor<strong>na</strong>lismo televisivo, a Tupi foi igualmente pioneira <strong>no</strong> entretenimento, inclusive <strong>na</strong><br />
dramaturgia, que se utilizava melhor de que o jor<strong>na</strong>lismo, esse quase que inteiramente lido, do<br />
poder de ilustração do <strong>no</strong>vo meio. Seu primeiro grande sucesso foi a adaptação de uma<br />
radio<strong>no</strong>vela para a televisão (SILVA, 2004, p. 24).<br />
Em 1960, a <strong>no</strong>va capital federal, Brasília, já foi i<strong>na</strong>ugurada com a cobertura de três<br />
ca<strong>na</strong>is (TV Nacio<strong>na</strong>l, TV Alvorada e TV Brasília). Mas foi a antiga sede do poder, o <strong>Rio</strong> de<br />
Janeiro, que evidenciou o poder televisivo ao longo da década, com a consagração da<br />
tele<strong>no</strong>vela O Direito de Nascer, que com seu capítulo fi<strong>na</strong>l lotou ginásios <strong>na</strong>s duas maiores<br />
cidades do país, mostrando a força do <strong>no</strong>vo meio, que ainda era uma <strong>no</strong>vidade para a maioria<br />
das famílias 5 .<br />
5<br />
Pelo país, a trama tinha a audiência de cerca de 75% dos televisores existentes. Disponível em:<br />
https://eco<strong>no</strong>mia.uol.com.br/blogs-e-colu<strong>na</strong>s/colu<strong>na</strong>/rei<strong>na</strong>ldo-polito/2015/08/13/o-direito-de-<strong>na</strong>scer-50-a<strong>no</strong>smemoria-de-um-garoto-que-conheceu-os-astros.htm.<br />
Acesso em: 12 mai. 2017.