Futebol na Olimpíada Rio 2016: história e comunicabilidade no Jornal Nacional (Lucas Rodrigues Félix)
Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.
Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.
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“uma das mais arrebatadoras da <strong>história</strong>” do programa 66 . O dominical foi aberto por Sandra<br />
Annenberg e Cláudia Cruz 67 , que fizeram uma retrospectiva dos fracassos anteriores, entre o<br />
tri e o tetracampeo<strong>na</strong>to.<br />
O domingo do tetra foi um dia que demorou vinte a<strong>no</strong>s para chegar e jamais será<br />
esquecido. Em 74, foi a Holanda que atrapalhou tudo. Em 78, o Brasil caiu numa<br />
armadilha da tabela da Copa. Em 82, quem não se lembra, foram aqueles três gols<br />
do italia<strong>no</strong> Paolo Rossi numa tarde de Sol em Barcelo<strong>na</strong>. Em 86, o drama de tantos<br />
pê<strong>na</strong>ltis perdidos contra a França. Em 90, aquele passe de cinema de Marado<strong>na</strong>. Mas<br />
hoje, hoje foi o dia do brasileiro lavar a alma, depois de 120 minutos de sofrimento.<br />
Nesse 17 de julho, cada brasileiro se sentiu como se tivesse entrado em campo <strong>na</strong><br />
Califórnia. Cada brasileiro sofreu como se fosse o goleiro <strong>na</strong> hora do pê<strong>na</strong>lti. Cada<br />
brasileiro pode fi<strong>na</strong>lmente soltar o grito preso <strong>na</strong> garganta há 24 a<strong>no</strong>s: eu sou<br />
tetracampeão! A taça do mundo é <strong>no</strong>ssa! Uma vitória que todos os jogadores<br />
dedicaram ao campeão Ayrton Sen<strong>na</strong>. (Fantástico. TV Globo. 17 de julho de 1994.<br />
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yf6QsNvMrNA)<br />
Exatos onze domingos antes da conquista do tetracampeo<strong>na</strong>to, o país havia sido paralisado<br />
pela morte de Ayrton Sen<strong>na</strong> da Silva, o ídolo brasileiro mais celebrado <strong>no</strong> universo esportivo.<br />
Após bater forte <strong>na</strong> curva Tamburello, durante o Grande Prêmio de San Mari<strong>no</strong> 68 , o piloto sofreu<br />
um profundo da<strong>no</strong> cerebral, sendo declarado morto horas depois. Pelo país inteiro, os estádios de<br />
futebol, lotados <strong>na</strong>quele 1º de maio, e já habituados aos conflitos mais acirrados entre torcidas,<br />
silenciaram. No Morumbi, que recebeu o confronto entre o São Paulo e o Palmeiras, os fãs das<br />
duas equipes se uniram para home<strong>na</strong>gear o ídolo declaradamente torcedor do Corinthians. No<br />
Maracanã, mais de 100 mil flamenguistas e vascaí<strong>no</strong>s também se juntaram <strong>no</strong>s gritos de “olê, olê,<br />
olá, Sen<strong>na</strong>, Sen<strong>na</strong>”.<br />
Dias depois, o cortejo do caixão entre o aeroporto de Guarulhos e a<br />
Assembleia Legislativa de São Paulo reuniu 300 mil pessoas.<br />
Ayrton era um aficio<strong>na</strong>do por futebol. Duas sema<strong>na</strong>s antes do acidente fatal, deu o pontapé<br />
inicial para um amistoso entre a Seleção e um combi<strong>na</strong>do dos times franceses do Paris Saint-<br />
Germain e Bordeaux. O piloto chegou a brincar que também mirava o tetra, já que havia vencido<br />
por três vezes o campeo<strong>na</strong>to mundial de Fórmula 1. Mesmo com a partida sendo <strong>na</strong> França, terra<br />
de Alain Prost, seu grande rival <strong>na</strong>s pistas, ele foi aplaudido pelo estádio inteiro. Após a fi<strong>na</strong>l da<br />
66<br />
O depoimento foi dado para a série Domingos Inesquecíveis, que comemorou os 30 a<strong>no</strong>s do programa.<br />
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VrOcpirmXvU. Acesso em: 25 abr. 2017.<br />
67<br />
A jor<strong>na</strong>lista apresentou diversos programas da TV Globo ao longo da década de 1990, sendo conhecida<br />
também como a voz padrão da companhia telefônica do <strong>Rio</strong> de Janeiro, que <strong>na</strong> época era presidida por Eduardo<br />
Cunha, com quem viria a se casar e envolver em escândalos de corrupção. Disponível em<br />
http://oglobo.globo.com/brasil/a-historia-de-amor-entre-cunha-claudia-cruz-17873007. Acesso em: 14 abr. 2017.<br />
68<br />
No mesmo fim de sema<strong>na</strong>, antes da morte de Sen<strong>na</strong>, Rubens Barrichello já havia sofrido um grave acidente<br />
<strong>no</strong>s trei<strong>no</strong>s livres, enquanto o austríaco Roland Ratzenberger morreu durante o trei<strong>no</strong> de classificação para a<br />
corrida, que não foi cancelada nem após o acidente envolvendo Ayrton. Disponível em:<br />
http://www.ayrtonsen<strong>na</strong>.com.br/piloto/formula-1/temporada-1994/grande-premio-de-san-mari<strong>no</strong>-1994/. Acesso<br />
em: 14 abr. 2017.