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Futebol na Olimpíada Rio 2016: história e comunicabilidade no Jornal Nacional (Lucas Rodrigues Félix)

Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.

Trabalho sobre o predomínio do futebol em relação aos demais esportes na repercussão midiática, especialmente televisiva, analisando em retrospectiva o seu impacto no país e o histórico de exibições da TV Globo na área. Averigua-se de forma destacada a cobertura realizada pela emissora diante da final masculina entre Brasil e Alemanha durante a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, e a edição do Jornal Nacional sobre a conquista brasileira.

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45<br />

a CBF escolheu Luiz Felipe Scolari, que durante as Elimi<strong>na</strong>tórias formou uma equipe em que<br />

priorizava o sentimento de união ao grupo, com o elenco acabando conhecido como a “família<br />

Scolari”. Felipão, como ficou mais <strong>no</strong>tabilizado, levou o time a passar sem percalços por<br />

adversários me<strong>no</strong>s conhecidos, até que a Inglaterra surgiu como a rival <strong>na</strong>s quartas de fi<strong>na</strong>l. Os<br />

inventores do futebol foram superados por 2 a 1, com os gols brasileiros oriundos dos pés de<br />

Ro<strong>na</strong>ldinho Gaúcho e Rivaldo, que junto de Ro<strong>na</strong>ldo, então recém-recuperado de uma grave lesão,<br />

formaram um trio de “erres” que encantou o país. Graças ao fuso horário, diversos jogos<br />

aconteciam durante a madrugada, quebrando o hábito de reunião das pessoas, e assim<br />

proporcio<strong>na</strong>ndo índices de audiência gigantescos mesmo para o padrão de uma Copa. Na ocasião,<br />

a TV Globo, foi a única detentora dos direitos de transmissão em rede aberta 70 .<br />

Da Copa de 2002, o jogo inesquecível foi aquele em que cometi uma peque<strong>na</strong> loucura –<br />

Brasil e Inglaterra, quartas de fi<strong>na</strong>l. No horário brasileiro, a partida começava às três horas<br />

da madrugada. Foi talvez a única vez <strong>na</strong> televisão que uma transmissão deu cem por cento<br />

de share, 63 pontos de audiência, e a concorrência, zero – traço, como se diz <strong>na</strong><br />

linguagem de TV. Emanuel Castro gritava <strong>no</strong> meu ouvido: “Ô maluco, os outros estão<br />

dando traço, vamos fazer <strong>história</strong>!”. O helicóptero da Globo começou a sobrevoar São<br />

Paulo e eu pedi que as pessoas apagassem e acendessem as luzes de casa. Coisa de<br />

maluco. Já pensou a vergonha se ninguém acendesse e apagasse a luz? De repente, a<br />

câmera aberta lá de cima, e milhares e milhares de casas <strong>no</strong> bairro da Casa Verde e ao<br />

redor, perto da margi<strong>na</strong>l do Tietê, apagando e acendendo as luzes, uma loucura. Esse é o<br />

poder da Seleção Brasileira e da Rede Globo. (BUENO, 2015, p. 43)<br />

Os números reforçam a prática quadrie<strong>na</strong>l do brasileiro em alterar a sua roti<strong>na</strong> para<br />

acompanhar o torneio.<br />

Uma vez a cada quatro a<strong>no</strong>s, o Brasil é um país quieto e vazio. As ruas das cidades,<br />

grandes e peque<strong>na</strong>s, calam seus muitos decibéis de buzi<strong>na</strong>s e motores, os pedestres<br />

apressados desaparecem. Os vendedores ambulantes, sem compradores, somem das ruas.<br />

Portas metálicas fecham as entradas de lojas e bancos. Ape<strong>na</strong>s alguns ônibus, cumprindo<br />

sua obrigação, percorrem seus itinerários em vão. Andando pelas ruas desertas, ouve-se o<br />

vento do inver<strong>no</strong> tropical soprar folhetos de propaganda, decorados com bolas de futebol<br />

e bandeiras brasileiras, anunciando as ofertas de ocasião. Olhando para o alto, as fachadas<br />

desertas de edifícios de apartamentos exibem para ninguém sua decoração feita de<br />

bandeiras <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e grandes faixas de pa<strong>no</strong> verde e amarelo tocadas pelo vento<br />

indiferente.<br />

De modo difuso, parece vir de todos os apartamentos, casas, escritórios e bares, uma<br />

textura indistinta feita das vozes metálicas de diversos locutores esportivos, <strong>no</strong>s rádios e<br />

televisores ligados, transmitindo um único evento, falando de uma bola e dos jogadores<br />

que a conduzem, vestindo uniformes com as cores da bandeira <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. [...] Em frente a<br />

cada televisor ou rádio ligados, um grupo de brasileiros escuta, calado, tenso, em transe, à<br />

espera do desenlace dos fatos do jogo. [...]<br />

Uma Copa do Mundo representa para os brasileiros o verdadeiro momento ritual de<br />

celebrar a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidade. [...] (GASTALDO, 2002, p. 19-20)<br />

70<br />

A estreia da Seleção <strong>no</strong> torneio conseguiu a melhor audiência de partidas de Copas do Mundo desde o início<br />

da medição, em 1986, com 64 pontos de média e picos de 73. Disponível em:<br />

http://www.terra.com.br/exclusivo/<strong>no</strong>ticias/2002/06/03/024.htm. Acesso em: 15 abr. 2017.

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