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Revista ATRAÇÃO - 5ª Edição

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PARA REFLEXÃO<br />

As máscaras ocultando a realidade<br />

Honestidade versus utilidade<br />

¹ Delegada da ABRAME (Associação brasileira dos Magistrados Espíritas)<br />

em Sergipe, Diretora de Eventos da ALEESE e coordenadora de Estudos<br />

da FEES.<br />

ausência dela, a honestidade será sempre a melhor escolha.<br />

Sejamos então pragmáticos ao analisar a afirmativa<br />

acima: i) para o materialista, o culto à honestidade deve<br />

ser a melhor escolha porque ao considerar nada mais e-<br />

xistir após o encerramento da vida biológica, pelo menos<br />

que deixe para a posteridade, especialmente para os que<br />

lhes são caros (familiares ou não), o legado das virtudes<br />

que praticava; ii) para os que acreditam numa existência<br />

apenas, na vida depois da morte e na prestação de contas<br />

no dia do juízo final, a vida ao compasso da honestidade<br />

é condição sine qua non para adentrar no Reino<br />

da Luz; iii) por fim, para os que creem na vida depois<br />

da morte e na pluralidade de existências necessárias à<br />

evolução espiritual, ela (a honestidade) também é imprescindível<br />

para atingir a estatura moral que levará a<br />

encarnações futuras em condições de se aproximar cada<br />

vez mais da perfeição relativa, dado que a absoluta somente<br />

Deus a possui.<br />

Seja qual for o aspecto observado, a honestidade<br />

será sempre a melhor opção. E a verdadeira utilidade<br />

somente será aquela que induza o indivíduo a galgar as<br />

montanhas da sabedoria, da verdade, da bondade, da<br />

justiça, e que o atraia para as paragens onde a razão não<br />

se divorcia da bondade, o conhecimento não repele o<br />

sentimento e a inteligência<br />

não se desvincula do amor.<br />

Não obstante a constatação de que muito erraremos<br />

ainda, não se pode abstrair a urgência em<br />

desenvolver a maturidade necessária para identificar<br />

os equívocos e, ao mesmo tempo, não estacionar<br />

no remorso improdutivo, posto que há um roteiro<br />

de reparação a esperar pelos que tergiversaram na<br />

caminhada.<br />

Ainda sobre o tema honestidade, no livro Tao Te<br />

Ching, (escrito no século VI a.C.) Lao Tsé, no Poema<br />

19, fala sobre os benefícios que um povo usufruirá<br />

quando não se precisar mais falar sobre virtude,<br />

sinceridade, porque então já lhes serão inerentes;<br />

quando não se tornar mais necessário o direito e<br />

a moral serem prescritos porque então já lhes será<br />

imanente; e quando os atos não carregarem, envoltos<br />

em incontáveis disfarces, desejos inconfessáveis.<br />

Embora a maioria de nós esteja a anos luz de distância<br />

desse momento esplendoroso, pode-se, ao<br />

menos, refletir sobre a beleza do conteúdo de cada<br />

verso. O título: “Os fundamentos da verdadeira ética”.<br />

De mil benefícios goza um povo<br />

Quando não se fala mais em ser virtuoso nem santo.<br />

Verdadeira reverência e amor sincero<br />

Medram em uma sociedade<br />

Em que o Direito e a moral deixam de ser prescritos.<br />

A ordem não reina em uma sociedade<br />

Onde o interesse determina o agir.<br />

Esses princípios não podem ser prescritos,<br />

Mas devem ser vividos.<br />

Somente onde eles são vivenciados<br />

É que ajudam os homens.<br />

A ética genuína só existe<br />

Onde o homem vive de dentro da sua fonte<br />

E age pela pureza do seu coração;<br />

Onde a genuinidade do seu ser<br />

Se revela em atos desinteressados<br />

E isentos de desejos 4 .<br />

Eis o desafio a que todos somos defrontados diuturnamente,<br />

muito mais pela visão distorcida do que pela<br />

dificuldade em perceber o que realmente importa para<br />

bem-estar duradouro. Se revolvermos o nosso íntimo<br />

com pureza de coração, facilmente perceberemos que<br />

somente necessitamos do que lograrmos alcançar com<br />

honestidade. Afinal, é como ensinou Cícero: tudo que é<br />

honesto é útil, mas nem tudo que é útil é honesto.<br />

4 Lao-Tsé. Tao Te Ching. São Paulo : Martins Claret, 2008, p. 62.<br />

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