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Revista Curinga Edição 11

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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CURINGA | EDIÇÃO <strong>11</strong><br />

O sentido da morte reúne inúmeras associações simbólicas que ganham notoriedade com o<br />

tempo. Segundo o cristianismo, uma das mais difundidas concepções é datada há quase dois mil anos e marca o fim da etapa de<br />

Jesus Cristo na Terra. Desde o pecado original, a humanidade passou a necessitar de salvação. Mas quem poderia prever que uma<br />

pequena mordida seria suficiente para condenar Cristo à morte?<br />

No ano de 1948 nascia, na cidade catarinense de Indaial, Álvaro Thais, que 31 anos depois passaria a assumir a identidade de<br />

INRI Cristo. O homem que alega ser Cristo reencarnado utiliza de sua oratória peculiar no cumprimento de sua missão, cujo objetivo<br />

é difundir seus ensinamentos à humanidade. Aos 66 anos, o dobro da idade de Cristo, o que o “Cristo brasileiro” tem a dizer<br />

sobre a morte?<br />

CURINGA: Por ser uma pessoa pública,<br />

diversas nomes devem ser atribuídas<br />

à sua figura. Como o senhor prefere<br />

se denominar?<br />

INRI CRISTO: Ninguém é obrigado a<br />

crer, mas eu sou o primogênito de Deus,<br />

ancestral da humanidade, o primeiro<br />

macaco que nasceu sem rabo. Reencarnei,<br />

renasci Noé, Abraão, Moisés, David<br />

e depois Jesus. Agora sou INRI e esse<br />

é meu novo nome. INRI é o nome que<br />

Pilatos escreveu acima de minha cabeça<br />

quando eu agonizava na cruz, quando<br />

cuspiam em meu rosto, quando me<br />

humilhavam, quando se cumpriam as<br />

escrituras. INRI é o nome que custou o<br />

preço do sangue. Guardai-o em vossas<br />

cabeças e sereis fortes e felizes, meus<br />

filhos. Meu coração bate forte de amor<br />

por todos vós.<br />

C: O senhor se intitula primogênito<br />

de Deus. Quando foi, então, o momento<br />

em que descobriu que deveria assumir<br />

esta identidade?<br />

IC: Desde criança obedeço a uma<br />

voz, uma única voz, forte e imperiosa,<br />

que fala no interior da minha cabeça,<br />

mas foi em 1979, durante um jejum em<br />

Santiago do Chile que o senhor revelou<br />

a minha identidade. Até então eu era<br />

profeta de um Deus desconhecido. Até<br />

o jejum, eu desconhecia quem era esse<br />

ser poderoso, essa força sobrenatural<br />

que me comandava. Só sentia que tinha<br />

de obedecer, e nas vezes que titubeava<br />

e não obedecia era acometido por uma<br />

dor lancinante na cabeça. Eu não tinha<br />

consciência de minha identidade e<br />

condição, pois estava cumprindo o que<br />

está previsto nas sagradas escrituras<br />

com relação ao meu retorno. Desde que<br />

me desvencilhara dos cadeados do raciocínio,<br />

dogmas impostos pelas religiões,<br />

tornei-me ateu face aos idolátricos<br />

deuses inventados pelos homens. Nessa<br />

condição iniciei minha vida pública em<br />

1969; vivia como profeta de um Deus<br />

desconhecido, o cosmos, a quem chamava<br />

de pai.<br />

C: Dentro da sua crença, qual é sua<br />

perspectiva sobre a morte?<br />

IC: Na verdade, eu não tenho crença,<br />

sou cético e vivo de acordo com a<br />

racionalidade das coisas, de acordo com<br />

os meus sentidos. Nunca creio em nada<br />

até que se prove o contrário. Para mim o<br />

mundo é repleto de fantasias, mentiras<br />

e dogmas, que são os cadeados do raciocínio.<br />

Logo, não creio na morte, pois tenho<br />

consciência de que ela não existe. A<br />

morte é apenas um agradável sono após<br />

um árduo dia de trabalho, uma perspectiva<br />

de descanso, o começo de uma nova<br />

vida. Todos vós havereis de reconhecer<br />

um dia que a terra é a mãe purificadora<br />

no sofrimento, que pacientemente espera<br />

seus filhos queridos para o reencontro<br />

místico da renovação.<br />

C: Ainda que diga ser o enviado de<br />

Deus, o senhor tem um corpo físico. Antes<br />

da sua passagem, quais são os próximos<br />

passos que pretende traçar em prol<br />

da humanidade?<br />

IC: Tenho 45 anos de vida pública e<br />

estou sempre deixando a minha mensagem<br />

na cabeça dos que têm ouvidos<br />

para ouvir e olhos para ver. A minha<br />

mensagem sempre é a da onisciência,<br />

onipotência e onipresença de Deus.<br />

Sendo meu pai onipresente, ele vivifica<br />

cada célula de vosso corpo e cada partícula<br />

de vosso sangue. Logo, se não<br />

podeis vos desligar dele nem mesmo<br />

quando cometeis um pecado, um delito,<br />

por que necessitais de alguém para<br />

vos religar a ele? Como há dois mil anos,<br />

continuo ensinando sempre de novo<br />

a orar em casa, no quarto, com a porta<br />

fechada. Não sou religioso, sou filósofo<br />

da liberdade consciencial, ensino os<br />

seres humanos a serem livres, a buscar<br />

o altíssimo diretamente, sem intermediários,<br />

independente de crendices ou<br />

superstições. Nada quero, nada tenho<br />

e nada temo. A minha única missão<br />

aqui na Terra é libertar o meu povo da<br />

escravidão da idolatria, da fantasia e da<br />

mentira, dos dogmas impostos pelas religiões.<br />

Desse modo, o meu plano é que<br />

quando eu partir aqui da Terra, fiquem<br />

os meus herdeiros, aqueles que guardaram<br />

as minhas palavras e que viverão<br />

dentro desse plano místico que meu pai<br />

mandou ministrar.<br />

C: De que maneira o senhor conduz<br />

os seus fiéis no momento da morte?<br />

IC: Conduzo meus filhos ensinandolhes<br />

com muito gosto que um dia todos<br />

terão que partir, descansar e dormir o<br />

sono dos justos, até porque a morte não<br />

existe. Morte é uma palavra obscena,<br />

macabra, muito usada pelos embustólogos,<br />

falcatruólogos, engodólogos, que se<br />

dizem religiosos, para amedrontar, atormentar<br />

os seres humanos. Ensino meus<br />

filhos que, ao partir, o corpo cansado,<br />

surrado, irá descansar no aconchego da<br />

mãe terra. Mais adiante, irão aguardar<br />

sem pressa que o senhor, meu pai, propicie<br />

que a mãe natureza lhes restitua outro<br />

corpo a fim de começarem uma nova<br />

etapa, uma nova luta, portanto, uma<br />

nova vida aqui na Terra, dando continuidade<br />

ao ciclo vital no plano terrestre.<br />

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