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conversas Conversas com Sabor mos sempre duas horas de estudos todos os dias. As tardes de quartas-feiras eram para o desporto e as sextas-feiras, ao invés das suas horas de estudo, tínhamos sempre uma sessão de cinema no pavilhão gimnodesportivo. Italiano (risos)... - Não (risos). Por acaso, não. Estou no colégio até ao 9. ano. A APEL os 10.º e o 11.º ano. No Liceu Jaime Moniz, o 12.º ano. E tu, Sílvia, a tua vida académica. Em termos de trajecto académico, quais são as tuas referências? - Colégio Apresentação de Maria, desde sempre, até ao 9.º ano. O resto, na APEL, até ao 12.º ano. Como acabei por ter uma boa média no final do 12.º ano, estava indecisa se ia para Advocacia ou se ia para Relações Internacionais. Aqui tive a influência de um amigo do meu avô que me disse que seria melhor Relações Internacionais. Entretanto, passados dois anos do curso de Advocacia na Universidade Clássica, começaram a surgir problemas de saúde nos meus avós e eu sozinha, sem mãe nem pai, tive que voltar para casa, para a Madeira. Acabei por não seguir aquilo que pretendia com uma certa mágoa mas hoje em dia percebo que não tinha outra volta a dar. Já respondeste à pergunta que eu tinha para te fazer. - Calculei que sim... Está agora a fazer 25 anos que te lanças no mercado de trabalho, através da Madeira Wine Company e na área de Relações Públicas. - Sim. Comecei numas férias de verão quando estava na faculdade, a colaborar com a Madeira Wine. A Madeira Wine tem um espaço no Funchal, ao lado do Turismo que se chama o The Blandy Wine Lounge, e foi aí que comecei. Quando voltei da próxima vez, convidaram-me para integrar a equipa na área de relações públicas - a receber as visitas. Saudades desses tempos iniciais? - Muitas... Hoje em dia, quando entro na Madeira Wine, uma das coisas que me deixa mais saudade é o cheiro a vinho. Muitas, muitas saudades. Aprendi muito. Relações Públicas que continuarias depois noutros contextos profissionais, nomeadamente Edicarte, Portimar, Grão d’Uva, Museu do Brinquedo quando se transfere para a baixa do Funchal... - Sim, e também a própria estrutura do Museu do Brinquedo. Ajudava o José António e foi uma experiência fantástica. Relações Públicas que continuarias noutros contextos profissionais, nomeadamente a Edicarte e a Portimar, e o Grão d’Uva, o Museu do BrinquedoNão é cansativo essa coisa de estares sempre a relacionar-te? - Não. É das coisas mais fáceis para mim. A ligação que tenho com as pessoas, o entusiasmo, o dar, o viver, o vivenciar, para mim é das coisas mais fantásticas e fáceis para mim e que tenho. É um lado que para mim, é quase inato. Vítor, com a experiência que entretanto adquiriste via acadé- 16 saber | JANEIRO | 2018
com sabor mica, na área do Turismo, percebo pelo teu percurso profissional que estiveste ligado ao grupo Porto Bay em certa altura e ao Reid’s em outra altura. Porquê é que não quiseste continuar nessa área, em termos de vocação, que te diz alguma coisa? - Tirei o curso de Gestão Hoteleira no Porto. Entretanto, quando vim para a Madeira, tive a oportunidade de fazer a abertura do hotel Cliff Bay como diretor de Aprovisionamentos e Compras, que me deu uma grande experiência nessa área. Para mim, foi uma grande escola num grupo espetacular, que trata muito bem as pessoas e são extremamente competentes naquilo que fazem. Entretanto, como já estava tudo pronto a funcionar, e a minha presença já não traria nada de novo, uma das empresas que forneceu o Cliff Bay no início, fez-me uma proposto no sentido de abrir uma empresa na Madeira para fornecer outros hotéis. Entretanto, tive uma proposta do Reid’s para trabalhar na mesma área, e como era um hotel diferente, aceitei. Ao fim de um ano, achei que não havia já nada de novo e estimulante para continuar, aceitei a proposta para abrir a empresa na Madeira. Tive também um convite para abrir um restaurante em Luanda e conjuguei as suas coisas: o restaurante e a empresa de artigos de hotelaria. O projeto que acabarias por abraçar em Luanda e o chef francês Maurice... - Sim, foi um chef francês que veio cá para a Madeira e que me abordou para o negócio, ele com uma experiência vasta na cozinha francesa, criou-se uma empatia e ele convidou-me para trabalhar com ele no restaurante. Começámos com um pequeno restaurante na rua dos Ferreiros, depois saltamos para a Casa da Vinha no Estreito de Câmara de Lobos. Isso era, de alguma forma, uma maneira de te manteres ligado à hotelaria que tinha sido o curso que tinhas tirado, ou de casar alguma apetência que já tinhas para a culinária? - Sim. Estava despertada a questão da culinária. A minha era cozinheira, a minha tia-avó tinha sido pasteleira, o meu primo é chefe de cozinha e foi chefe de cozinha do Regency e portanto, houve sempre essa ligação à culinária. À parte isso, havia a parte hoteleira que eu sempre gostei, o relacionamente com as pessoas e na altura tinha as duas coisas que era os artigos de hotelaria e o restaurante que me dava essa ligação e o relacionamento com as pessoas que lá iam. Porquê é que decidiste interromper esse elo com a restauração? - Coincidiu com o nascimento da minha primeira filha. Eu sentia essa falta dos momentos com a família que desde sempre prezo. Lembro-me de não estar em casa no dia de Natal, na Páscoa, fim do ano e isso alertou-me para a escravatura em que vivia, e então decidi parar por aí. Há 10 anos, entraste no ramo imobiliário. Porquê esta mudança drástica para este ramo? - Foi uma oportunidade. Mais uma vez, tem a ver com o relacionamento com as pessoas, conhecer caras novas... E também a parte de arranjar apartamentos de férias faz parte da Hotelaria. Tem tudo a ver, uma com a outra.Sinto-me bem quando crio novas amizades e novos conhecimentos, seja de cá da Região, seja do estrangeiro, e sim, sinto a parte hoteleira aí. A ARS em que tu também entras, Sílvia, em 2009, já conhecias o Vítor ou foi através dessa coincidência profissional que acabas por conhecê-lo? - Não. Nós já nos conhecemos há muitos anos, desde a altura em que eu estava na Madeira Wine. Quando estava no Museu do Brinquedo – não sei bem como aconteceu – sei que tomámos um café e falámos de yoga. Foi inquietação à primeira vista, quer dizer, não foi inquietação mas foi uma conversa normalíssima... - Sim. Foi exactamente como disseste. Ele estava sentado na esplanada, eu já conhecia aquela cara e comecámos a conversar. Como é que se cimenta depois a vossa relação de então até ao dia de hoje? - Numa primeira fase, foi complicado mas foi gradual, como todas as relações. Foi se desenvolvendo e tornando-se mais forte até chegar ao ponto de ele me convidar a trabalhar com ele na Master – fazíamos equipa na altura, e aí entro na realidade imobiliária. Como é a realidade imobiliária nesta terra? É fácil vender casas, apartamentos? Quando vemos uma Lisboa e um Porto rebentarem por todo o lado, na Madeira isto acontece mas se calhar, de uma forma mais tímida... - Não é assim tão tímida. Nós vemos, em termos locais, nos últimos anos, em 2014 por exemplo, a retoma do mercado e as vendas têm crescido. Quem está há mais tempo e é mais conhecido no mercado, tem mais facilidades e contactos do que eu que iniciei há relativamente pouco tempo. Existem muitos fogos vazios na Madeira? Porque sempre se falou em haver muitos fogos vazios... - Dizem que sim... Não tenho ideia do número. E tu Vítor, que estás há mais tempo neste ramo, o que te parece? - Em termos de - se é mais fácil vender, é muito relativo porque quando se torna mais fácil, aparecem mais imobiliárias. Aparecendo mais imobiliárias, há mais concorrência. Embora cada uma tenha o seu serviço, as pessoas querem é comprar a sua casa mas não há na Madeira, uma confiança no agente imobiliário como existe nos EUA ou em Inglaterra, por exemplo. Lá, as pessoas vão às agências imobiliárias para comprarem uma casa ou para vender, da mesma forma que se preciso de um processo em tribunal, recorro a um advogado. Aqui, as pessoas acham que conseguem vender e comprar por si próprias, o que pode correr bem e pode correr mal. E depois com o aparecimento de tantas imobiliárias neste momento, penso que, o número está desactualizado neste momento mas arrisco a dizer que são 150 neste momento na Madeira, é muita imobiliária e todas elas a trabalhar da mesma maneira, isto é, tenho uma casa à venda e vamos pôr no site que não temos que pagar por isso. Isto significa que uma casa pode ter 150 imobiliárias a vendê-la, com preços PUB saber | JANEIRO | 2018 17
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