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OPINIÃO<br />

Desejos ambientais para<br />

2018<br />

Acada início de ano renovamos<br />

a esperança de<br />

que tudo o que de mal<br />

enferma a nossa sociedade possa<br />

ser resolvido, ou pelo menos<br />

atenuado. Desta vez não é exceção,<br />

mas à medida que as nossas<br />

vidas vão assistindo à passagem<br />

dos anos, sem que nada de substancial<br />

mude, essa esperança vaise<br />

transmutando em simples desejos.<br />

Desejo de que outros caminhos<br />

sejam encetados, que sejamos<br />

conduzidos a uma sociedade<br />

melhor, e mesmo sendo, inevitavelmente,<br />

um caminho de longas distâncias,<br />

décadas ou mesmo séculos,<br />

que se inicie agora. O que nos<br />

serve de referência para projetar<br />

o novo ano é, incontornavelmente,<br />

o acabado de findar. Apagam-se<br />

as máculas do velho, aproveitamse<br />

as melhores sobras, encolhemolo<br />

à dimensão dos seus primeiros<br />

dias e ficamos em mãos com um<br />

ano acabado de nascer. E, naturalmente,<br />

desejamos que ele concretize<br />

aquilo que o seu antecessor<br />

não conseguiu, que vá muito mais<br />

além. Na procura de uma sociedade<br />

mais sustentável e respeitadora<br />

do equilíbrio ambiental, desejamos<br />

que o terrível pesadelo dos incêndios<br />

não nos volte a incomodar e<br />

que o muito que tem sido dito por<br />

longos anos e mesmo décadas seja,<br />

finalmente, feito. Que o nosso território<br />

seja preparado para que os<br />

Com o acentuar do<br />

aquecimento global<br />

e das alterações<br />

climáticas, devido,<br />

principalmente,<br />

à utilização de<br />

combustíveis fósseis<br />

como fonte de energia,<br />

são cada vez mais<br />

evidentes os efeitos<br />

negativos sobre<br />

o Arquipélago da<br />

Madeira. Começam<br />

os recursos hídricos<br />

a mostrar sinais de<br />

escassez e prevê-se<br />

que até 2050 a sua<br />

disponibilidade possa<br />

reduzir-se em 40%.<br />

incêndios não tomem conta dele,<br />

conseguindo que os terrenos agrícolas<br />

abandonados por entre as<br />

zonas habitacionais fiquem livres<br />

de excessos de vegetação invasora.<br />

De preferência, recuperando neles<br />

a atividade que durante muito tempo<br />

garantiu o sustento de muitas<br />

famílias madeirenses, o cultivo e a<br />

pequena pastorícia. Recuperando a<br />

vegetação indígena nas zonas mais<br />

declivosas que intermedeiam o<br />

tecido urbano e nas quotas médias<br />

e altas da ilha, em pleno espaço<br />

florestal, expandindo esta vegetação<br />

muito mais resistente ao avanço<br />

dos incêndios e guardiã de um<br />

enorme valor patrimonial em biodiversidade.<br />

Que se faça educação<br />

ambiental, não com spots publicitários,<br />

panfletos ou palestras mas<br />

antes através de uma interação<br />

direta com a sociedade, de pessoas<br />

para pessoas, em contextos reais,<br />

sem intermedeios que só distanciam<br />

a mensagem do seu destinatário.<br />

Que se faça vigilância e fiscalização<br />

apertada, não só pelas<br />

entidades públicas responsáveis<br />

mas também por toda a sociedade<br />

e cada um dos cidadãos e grupos<br />

que a constitui. Que haja mecanismos<br />

rápidos e eficazes de intervenção<br />

no momento em que o fogo se<br />

está a iniciar, para que não chegue<br />

sequer a ser um incêndio. Com<br />

o acentuar do aquecimento global<br />

e das alterações climáticas, devido,<br />

principalmente, à utilização<br />

de combustíveis fósseis como fonte<br />

de energia, são cada vez mais evidentes<br />

os efeitos negativos sobre<br />

o Arquipélago da Madeira. Começam<br />

os recursos hídricos a mostrar<br />

sinais de escassez e prevêse<br />

que até 2050 a sua disponibilidade<br />

possa reduzir-se em 40%.<br />

Se pensarmos que, atualmente,<br />

mais de metade da água que captamos<br />

no ambiente para consumo<br />

humano, regas e lavagens se perde<br />

pelo caminho, fica evidente que<br />

muito terá de mudar na forma e<br />

na eficiência com que utilizamos<br />

este recurso. Para além de sermos<br />

desafiados a melhorar a utilização<br />

da água que cada um faz individualmente,<br />

no seio da sua família<br />

ou noutros contextos, há também<br />

a responsabilidade coletiva<br />

de atenuar fortemente este enorme<br />

desperdício que ocorre nas redes<br />

de distribuição. Muito investimento<br />

público terá de ser feito a curto<br />

e médio prazo pois não é só uma<br />

questão ambiental, estas avultadas<br />

perdas representam também desperdício<br />

de dinheiro público (dos<br />

nossos impostos), pois estamos a<br />

captar e tratar água para depois<br />

jogar fora, não faz qualquer sentido.Muitos<br />

mais desejos temos para<br />

este ano de 2018 mas, acima de<br />

tudo, havendo consciência, empenho<br />

e dedicação, tudo se resolve.<br />

Bom ano.><br />

Hélder Spínola<br />

Biólogo/Professor Universitário<br />

20 saber | JANEIRO | 2018

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