29.01.2018 Views

Revista Dr Plinio 239

Fevereiro de 2018

Fevereiro de 2018

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> comenta...<br />

Divulgação (CC3.0)<br />

Trinta dias de viagem, durante a<br />

qual ele passa longas horas silencioso,<br />

vendo o mar passar. Às vezes, desce<br />

para a sala de jantar onde, nas horas<br />

das refeições, tem longas conversas<br />

com pessoas de terceira ordem,<br />

que tomam nota do que ele diz para,<br />

quando ele morrer, publicarem suas<br />

confidências para ganhar dinheiro.<br />

Desembarcam em Santa Helena<br />

e, daí a pouco, dá uma espécie de<br />

câncer no estômago dele. No fim de<br />

sua vida, ele estava tão fraco que não<br />

tinha força para levantar as pálpebras,<br />

e assim morreu.<br />

Em determinada altura de sua vida,<br />

ainda no auge de seu triunfo,<br />

perguntaram para ele:<br />

– Qual foi o dia mais feliz de sua<br />

vida?<br />

A resposta dele é famosa:<br />

– O dia de minha Primeira Comunhão.<br />

Portanto, era a felicidade que ficara<br />

para trás.<br />

Napoleão na Ilha de Santa Helena<br />

Um prelúdio da<br />

felicidade futura<br />

Mas, então, se é para caminhar<br />

cada vez mais se distanciando daquilo<br />

que nós procuramos com ebriedade,<br />

o que é a vida?<br />

Uma vez que não posso evitar os<br />

dissabores, inquietações, desilusões,<br />

e encontro a fórmula da felicidade<br />

nas saudades dos primeiros passos<br />

de minha existência, devo compreender<br />

o seguinte: nesta vida, a felicidade<br />

é relativa.<br />

Entretanto, Deus não seria Deus<br />

se fizesse dessa primeira felicidade<br />

originária apenas um sarcasmo: “Vive,<br />

Eu te dou uma lambiscada na taça<br />

inefável da felicidade e te solto no<br />

mar das dores. Anda.”<br />

Não, Deus não faz isso. Ele dá ao<br />

homem uma promessa magnífica:<br />

“Aquela felicidade que tiveste no<br />

início, meu filho, foi uma amostra da<br />

bem-aventurança eterna que terás<br />

no fim. Não é real<br />

que vais te afundando<br />

de infelicidade<br />

em infelicidade.<br />

Pelo contrário,<br />

a verdade é que, no<br />

fim do caminho, encontrarás<br />

a felicidade.<br />

Terás que passar<br />

pelos umbrais<br />

da morte, mas para<br />

além desta encontra-se<br />

a felicidade<br />

radiosa da qual Jesus<br />

Cristo goza no<br />

Céu. Tudo quanto<br />

foi felicidade em<br />

tua infância está para<br />

a que terás no futuro<br />

como a luz de<br />

um vaga-lume está<br />

para a de dez mil<br />

sóis reunidos. Não<br />

se pode ter ideia do<br />

que seja essa felicidade<br />

que te espera.<br />

Terás de caminhar e<br />

sofrer. Sofre com retidão e receberás<br />

esse prêmio. Caminha, afunda-te na<br />

dor, na dificuldade, com resignação<br />

e coragem, transpõe esse mar de tormentas<br />

e cai na sepultura; do outro<br />

lado será a aurora eterna! Não olha<br />

para teu passado como para a felicidade<br />

perdida. Olha para ele como a<br />

promessa da felicidade a ser adquirida.”<br />

Gemendo sob o peso da cruz<br />

Ao que alguém poderia responder:<br />

“Senhor, como tudo isso é grandioso,<br />

como é magnífico! Permiti-me<br />

dizer: como é misericordioso, como<br />

é terrível! Uma tão longa caminhada<br />

durante a qual não encontro<br />

um oásis, uma gota de água cristalina,<br />

uma sombra, um pouco de grama<br />

verde, um coqueiro, e tenho que<br />

caminhar, caminhar, caminhar, partir<br />

do Mar Vermelho para chegar ao<br />

outro lado do oceano... Senhor, sei<br />

que é um oceano de delícias, pois<br />

Vós o afirmais. E dizeis mais: a delícia<br />

para mim sereis Vós, e eu creio,<br />

meu Deus. Mas, Senhor, tende pena<br />

de mim! Quero muito chegar lá,<br />

mas não tenho forças para atravessar<br />

esse deserto. Tanto mais que não<br />

se trata apenas de transpô-lo. Muito<br />

mais do que isso, é mister atravessá-<br />

-lo direito. É a lei da minha cruz, ó<br />

meu Deus: carregar a vossa.<br />

“Carregar a cruz de não pecar, de<br />

ser virtuoso, de cumprir os vossos<br />

santos e magníficos Mandamentos.<br />

Mas estes são como a felicidade: encantam-me,<br />

começo a cumpri-los e<br />

eles me pesam. E o peso é tão grande<br />

que às vezes, por minha culpa,<br />

caio e tenho a desgraça de Vos ofender...<br />

Em minha jovem idade, quando<br />

vejo <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> com setenta e sete<br />

anos, imagino quanto tempo vou ter<br />

que andar nesse deserto!”<br />

Um outro dirá a esse coitado:<br />

– Então peça a Deus para morrer.<br />

– Também não, – responderia o<br />

jovem – tenho medo de morrer. Meu<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!