Revista Winner ABC - Edição 08
Revista voltada ao amantes do Tênis!
Revista voltada ao amantes do Tênis!
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A REVISTA DE TÊNIS DO <strong>ABC</strong><br />
Distribuição gratuita<br />
ANO 3 • EDIÇÃO 8 • JAN. / FEV. / MAR. 2018<br />
O TÊNIS<br />
VIVE<br />
Brasil Open leva bom público<br />
na volta ao Ibirapuera,<br />
mas apresenta falhas na<br />
organização
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 2
Expediente<br />
A <strong>Revista</strong> WINNER é o veículo de<br />
divulgação do esporte para o Grande<br />
<strong>ABC</strong>, direcionada aos esportistas<br />
e empresários da região, com sua<br />
distribuição gratuita.<br />
Editor responsável<br />
Antonio Kurazumi<br />
antonio@revistawinner.com.br<br />
Supervisão editorial<br />
Guilherme Menezes<br />
guilherme@revistawinner.com.br<br />
Supervisão comercial<br />
Rodrigo Rocha<br />
comercial@revistawinner.com.br<br />
Jornalistas responsáveis<br />
Guilherme Menezes (MTB: 57.858)<br />
Antonio Kurazumi (MTB: 54.632)<br />
Direção de arte e diagramação<br />
Rodrigo Rocha<br />
Fotos<br />
Marcello Zambrana, Rodrigo Rocha e<br />
Divulgação<br />
Colaboradores<br />
Carlos Alberto Soares de Souza, Neusa<br />
S. Oguihara de Souza, Ricardo Coelho e<br />
André Lima<br />
Editoração e comercialização<br />
Imagem Brasil Produções<br />
Impressão<br />
FortPress Gráfica e Editora Eireli EPP<br />
Rua Xavantes , 434 - Vila Pires<br />
Santo André - SP - Tel: (11) 4810-6830<br />
Tiragem desta edição<br />
3.000 exemplares<br />
Os artigos publicados nesta revista<br />
expressam exclusivamente a opinião<br />
de seus autores e são de sua inteira<br />
responsabilidade.<br />
É preciso refletir<br />
Com proposta consolidada de trabalho, a <strong>Winner</strong> <strong>ABC</strong> entra no 3º ano<br />
de vida pulando um obstáculo a cada dia. Os desafios para manter uma<br />
revista segmentada de tênis são grandes no Brasil, ao mesmo tempo que<br />
lidamos com a responsabilidade que temos e colocamos em nós de ajudar o<br />
esporte. Nessa edição, reforçamos o propósito de levar informações relevantes<br />
a você, independente se joga ou não tênis, se é amador ou profissional. A nota<br />
de corte aumentou, sabemos disso, e temos que nos aprofundar mais e mais<br />
no conteúdo.<br />
Sempre pensamos em levar algo novo, que te faça refletir. Assim, a matéria de<br />
capa trata da cobertura que fizemos inloco do Brasil Open. Analisamos como foi<br />
a volta do torneio para o complexo esportivo do Ibirapuera, depois da passagem<br />
pelo Pinheiros. Antecipando a leitura, um ponto importante: não dá para falar<br />
desse campeonato, único ATP 250 realizado em São Paulo, sem ter como base<br />
a realidade do tênis nacional. Há muito o que melhorar.<br />
E se a modalidade evolui a todo instante, impulsionada pela ciência e<br />
tecnologia, não podemos passar batidos. Com duas referências da medicina,<br />
preparamos um material sobre perfil genético - e de que forma ele pode ajudar<br />
no desenvolvimento de um jogador - e uma entrevista especial para o quadro<br />
Lesões, com doutor que já fez parte da equipe brasileira na Copa Davis.<br />
Em rodas de pessoas que trabalham com a modalidade no <strong>ABC</strong>, refletimos sobre<br />
a necessidade de fazer o tênis crescer na região. Há potencial. Daí a importância<br />
em destacar o Instituto Mauá de Tecnologia, que tem o tênis inserido no<br />
campus São Caetano, com três quadras. Outra reportagem que traz novidades<br />
é referente ao clube da Mercedes, sob nova coordenação na modalidade e uma<br />
parceria com o Esperia.<br />
O Fala Leitor vem “quentinho” com os bastidores do último Miami Open,<br />
inclusive com papo revelador do participante da vez com o árbitro brasileiro<br />
Carlos Bernardes, falando sobre medidas para tornar o esporte mais atraente e<br />
até os bastidores da discussão com Rafael Nadal.<br />
Apresentamos também os campeões de 2017 da Liga <strong>ABC</strong>, assim como um<br />
papo bem bacana com Flávio Saretta, que se transformou em um dos principais<br />
comentaristas de tênis do país e desde janeiro está com um programa próprio<br />
no Bandsports.<br />
Para terminarmos por aqui, tem alguma sugestão de matéria, alguma ideia?<br />
Mande para nós. Vamos fazer juntos a <strong>Winner</strong>, pelo melhor do tênis.<br />
Rua Yolanda Suppi Bosqueiro, 40<br />
Jd. Belita - São Bernardo do Campo - SP<br />
CEP: 09851-350<br />
Tel.: (11) 4392-7184<br />
facebook.com/revistawinnerabc<br />
www.revistawinner.com.br<br />
Boa leitura!<br />
EQUIPE WINNER
SUMÁRIO<br />
05<br />
SACADA DO<br />
SARETTA<br />
06<br />
OS MELHORES DE 2017<br />
LIGA <strong>ABC</strong><br />
<strong>08</strong><br />
CURIOSIDADE:<br />
FACULDADE DO TÊNIS<br />
09<br />
EMPREENDEDORISMO:<br />
Mercedes reestrutura<br />
o tênis<br />
12<br />
especial: O TÊNIS VIVE<br />
BRASIL OPEN 2018<br />
16<br />
COLUNA:<br />
RICARDO COELHO<br />
18<br />
COLUNA: ANDRÉ LIMA<br />
SWEET SPOT<br />
19<br />
FALA LEITOR:<br />
MIAMI OPEN 2018<br />
20<br />
SAÚDE: A genética<br />
influencia, mas não decide<br />
o jogo<br />
22<br />
LESÕES: ENTREVISTA<br />
COM DR. GILBERTO BANG<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 4
MÍDIA<br />
Sacada do<br />
Saretta<br />
Antonio Kurazumi<br />
Com programa próprio na<br />
televisão, ex-tenista usa<br />
linguagem popular para<br />
conquistar novos amantes<br />
da modalidade<br />
Se é difícil ser escutado pelas<br />
pessoas que comandam o<br />
tênis brasileiro, ex-jogadores<br />
têm nos veículos de comunicação<br />
a chance de transmitir o que<br />
pensam sobre a modalidade. Eles<br />
ajudam a formar opiniões e<br />
compartilham experiências<br />
vivenciadas no circuito.<br />
É assim com Fernando<br />
Meligeni, uma das<br />
vozes mais críticas<br />
à gestão do tênis,<br />
e é assim com<br />
Flávio Saretta, que<br />
desde janeiro apresenta<br />
o programa “Sacada do<br />
Saretta” no Bandsports<br />
e concedeu entrevista à<br />
<strong>Winner</strong> <strong>ABC</strong> para contar<br />
detalhes da carreira atual.<br />
Saretta é nome importante<br />
na emissora, inclusive pelo<br />
tênis ter se transformado em<br />
uma das principais apostas do<br />
canal em 2018. O Bandsports<br />
conseguiu a exclusividade<br />
no país para mostrar todos<br />
os ATP 500, com exceção<br />
do Rio Open, e Roland<br />
Garros. Nesse ano,<br />
a previsão é exibir<br />
330 jogos aos telespectadores.<br />
“Passamos com exclusividade o dia histórico<br />
do Federer, quando ele se tornou o mais velho<br />
número 1. Foi uma audiência alta. Na semana<br />
com Acapulco, Dubai e Brasil Open, chegamos<br />
a mostrar 12 partidas por dia, além do Ace<br />
(programa exibido duas vezes por semana,<br />
também com a participação do ex-tenista)”,<br />
enumerou Saretta.<br />
Mas não pensem que é fácil obter esse espaço<br />
para o tênis. Segundo ele, a luta é diária. “É<br />
um esporte difícil de pôr numa grade porque<br />
você não sabe que horas começa, que horas<br />
termina, o jogo é longo, então isso é uma<br />
dificuldade grande”, justifica o apresentador<br />
e comentarista. “Os eventos são caros para<br />
colocar na televisão. Ao mesmo tempo, os<br />
presidentes das empresas adoram tênis. É<br />
caro, mas você vende o esporte na TV. É uma<br />
briga nossa, o tempo todo, precisa ter muita<br />
persistência”, acrescenta.<br />
Na função de comentarista, Flávio Saretta<br />
não dá opiniões apenas pensando em quem<br />
conhece o tênis. Diferente de algumas pessoas<br />
do meio, ele fala para o público que não é<br />
familiarizado com as regras, com o próprio<br />
esporte. “A minha maneira de comentar é com<br />
uma linguagem mais simples, que falo no dia a<br />
dia, o tênis temos que comentar para que tudo<br />
mundo entenda, não só quem ama, inclusive<br />
para quem está zapeando de canal, que vê um<br />
ou dois pontos. Se falo algo que interesse a<br />
essa pessoa, posso fazer com que ela comece<br />
a acompanhar”, destaca.<br />
Sobre o “Sacada do Saretta”, que estreou em<br />
janeiro e tem cerca de 15 minutos de duração<br />
(nas noites de sexta-feira), o ex-tenista explica<br />
que a ideia é compartilhar curiosidades. “O<br />
programa tá muito massa, bom humor com<br />
Marcello Zambrana<br />
informação”, resume ele, com a linguagem<br />
popular que tanto gosta.<br />
O comentarista não se anima quando é preciso<br />
falar sobre a gestão do tênis, pelo raciocínio<br />
de que não é escutado. “É complicado falar<br />
da Confederação (CBT), vejo que eles pensam<br />
entre eles e não estão abertos a ouvir outras<br />
pessoas, opiniões. Podem até ouvir, mas vai<br />
ser sempre do jeito deles e isso me incomoda”.<br />
Assim como outros ex-companheiros, ele<br />
acha que deveria haver mais diálogo, com<br />
a participação de jogadores que têm a<br />
experiência para ajudar no desenvolvimento<br />
do tênis. “Falta incentivo para os meninos, tem<br />
cada vez menos crianças aprendendo a jogar<br />
tênis no Brasil”, lamenta.<br />
Recentemente, Saretta treinou o jovem<br />
Eduardo Russi Assumpção, mas a parceria<br />
durou pouco tempo - menos de seis meses. O<br />
ex-top 50 não descarta uma nova experiência,<br />
desde seja com um tenista “com muita vontade<br />
de crescer”.<br />
“O tênis evoluiu porque os meninos estão<br />
mais fortes e altos e o jogo mais rápido,<br />
mas não acho que mudou o treinamento<br />
dentro da quadra, os exercícios, em relação<br />
a minha época. Mudou a preparação física, o<br />
suplemento, a prevenção de lesão, acho que<br />
isso sim.”<br />
Para concluir, Flávio Saretta tenta explicar<br />
o porquê de o jogador talentoso não ter ido<br />
além de 44 no ranking da ATP. “Pensando<br />
hoje, ou melhor, várias vezes, acho que faltou<br />
uma postura mais forte de alguém ao meu lado<br />
no sentido de ficar colocando um objetivo,<br />
uma meta maior.”<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 5
OS MELHORES DE 2017<br />
Liga <strong>ABC</strong> de Tênis premia<br />
67 tenistas e apresenta<br />
novidade no regulamento<br />
para a temporada<br />
Como já é tradição, a Liga <strong>ABC</strong> de<br />
Tênis premiou os melhores tenistas<br />
do 12º Circuito <strong>ABC</strong> de 2017, em<br />
março, na Cervejaria Fritz, em Santo André.<br />
Foram entregues 67 troféus, distribuídos para<br />
tenistas de diferentes idades e categorias.<br />
A entidade está com novidades para a<br />
temporada, inclusive no regulamento.<br />
“Nossas expectativas são boas, temos<br />
aproximadamente 40 novos tenistas filiados<br />
até o momento. Nosso site está de cara nova,<br />
mais moderno. Também houve uma alteração<br />
no regulamento em relação à soma dos pontos<br />
para o ranking geral. Serão considerados no<br />
total os nove melhores resultados, porém,<br />
apenas dois de duplas (eram três no ano<br />
passado)”, explicou o presidente da Liga <strong>ABC</strong><br />
de Tênis, Carlos Alberto Soares de Souza, o<br />
Carlinhos.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 6<br />
Crédito: facebook oficial da Liga <strong>ABC</strong> de Tênis
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<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 7
CURIOSIDADE<br />
ESCOLA do Tênis<br />
Antonio Kurazumi<br />
Modalidade faz parte<br />
do dia a dia do Instituto<br />
Mauá de Tecnologia, que<br />
oferece três quadras a<br />
alunos e colaboradores<br />
Encontrar quadras voltadas à prática<br />
do tênis em faculdades do país não<br />
é algo comum. No Instituto Mauá de<br />
Tecnologia (IMT), porém, a modalidade já tem<br />
longa história e é reconhecida como aliada no<br />
desempenho dos alunos em sala de aula.<br />
No campus São Caetano do Sul, o tênis é jogado<br />
em três quadras poliesportivas - denominadas<br />
assim porque também são utilizadas para a<br />
prática do futsal, vôlei, basquete e handebol.<br />
“As dimensões das quadras são as mesmas<br />
que as oficiais, ficando o diferencial para os<br />
recuos (fundo e lateral), que são menores.<br />
Nosso piso também é constituído de um<br />
material emborrachado, tornando o jogo<br />
mais rápido que os pisos duros tradicionais,<br />
feitos normalmente de cimento”, explica<br />
o Coordenador do Centro de Esportes e<br />
Atividades Físicas da Mauá, Waldomiro Garcia<br />
Ferreira.<br />
O professor foi contratado pela Mauá em 2005<br />
e naquela época o tênis já se fazia presente.<br />
“Na época fiquei muito surpreso e satisfeito<br />
em notar que a instituição valorizava o tênis.<br />
O IMT entende que o corpo e a mente se<br />
completam. Esta linha de pensamento segue<br />
até hoje com um grande diferencial frente a<br />
outras instituições de ensino, que não têm<br />
espaço para a modalidade”, compara Ferreira.<br />
O coordenador de esportes da Mauá enfatiza<br />
que a reitoria vê no esporte, o tênis no caso,<br />
um complemento ao aprendizado dos alunos.<br />
A própria ciência comprova que a atividade<br />
física ajuda no entendimento acadêmico.<br />
“Existem inúmeros estudos comprovando que<br />
realizar atividade física ou um esporte ajuda<br />
no desempenho dos estudos. Nosso cérebro<br />
fica mais oxigenado, melhorando as ligações<br />
(sinapses) internas, além da descarga de<br />
hormônios que melhoram nossa disposição. A<br />
atividade física também ajuda na qualidade do<br />
sono e nesse período ocorre a recuperação do<br />
organismo de forma geral”, ensina Waldomiro<br />
Ferreira, lembrando que a modalidade também<br />
pode ser usada para fazer ligações com as<br />
áreas de Engenharia, Administração e Design<br />
- cursos oferecidos pelo IMT -, por meio de<br />
exemplos nas salas de aula.<br />
Modus operandi<br />
Fundada com a missão de propagar o<br />
ensino e à pesquisa científica e tecnológica,<br />
a instituição leva esses ideais para o tênis.<br />
Para difundir o esporte, o setor responsável<br />
por Ferreira monta quadro com horários<br />
disponíveis para o tênis e entrega ao<br />
departamento de marketing, que faz a<br />
informação chegar a todos os alunos e<br />
colaboradores por diferentes canais de<br />
comunicação.<br />
Gratuitas, as aulas de tênis são realizadas<br />
de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h<br />
(início do último horário) por cerca de<br />
112 praticantes - que também podem<br />
alugar as quadras para jogos recreativos. E<br />
importante, as atividades são comandadas<br />
pelo professor Cássio Vetorrazi, ex-jogador<br />
que possui CREF (que certifica a formação<br />
em educação física). “Ele é qualificado para<br />
desenvolver um bom trabalho. Essa é uma<br />
modalidade difícil e tendo um profissional<br />
especializado o aprendizado se torna mais<br />
rápido e fácil. Isso também se aplica para as<br />
turmas nos níveis intermediário, avançado e<br />
treinamento”, comenta Ferreira. “A visão do<br />
especialista consegue captar os erros mais<br />
sutis, corrigindo de imediato”, completa.<br />
O Instituto Mauá ainda conta com uma<br />
equipe de competição, com três atletas no<br />
masculino e três no feminino. “A modalidade<br />
é pouco explorada pelas instituições que<br />
realizam o esporte universitário. Está sendo<br />
feito um esforço com essas entidades para<br />
que o tênis seja melhor promovido”, conta<br />
Waldomiro, que tenta otimizar o jogo dos<br />
tenistas da Mauá com convite a clubes. “São<br />
momentos agradáveis, pois ampliamos nosso<br />
conhecimento de como a modalidade está<br />
sendo desenvolvida. O Mesc (São Bernardo)<br />
e o Tênis Clube de São Caetano já estiveram<br />
conosco, assim como já jogamos com tenistas<br />
da Associação Atlética Banco do Brasil de<br />
Itapecerica da Serra.” Que seja sempre assim.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 8
EMPREENDEDORISMO<br />
Mercedes reestrutura o tênis e<br />
faz parceria com o Esperia<br />
Antonio Kurazumi<br />
Clube de Diadema<br />
tem nova gestão na<br />
modalidade, que já<br />
alterou a metodologia de<br />
treinamento<br />
A<br />
despeito da verba reduzida, é com<br />
trabalho qualificado que a Mercedes<br />
pretende ganhar terreno no tênis.<br />
O clube, que fica na divisa de Diadema com<br />
São Bernardo, está com novo comando na<br />
modalidade. Coordenador de tênis no Esperia,<br />
o ex-jogador Albers Bernardes assumiu função<br />
idêntica na agremiação do <strong>ABC</strong> e projeta<br />
colher frutos em médio prazo.<br />
“A mudança na gestão foi para modernizar<br />
a atividade dentro da Mercedes. Queremos<br />
atender melhor os associados e praticantes da<br />
modalidade, trazer mais jogadores e participar<br />
dos campeonatos da Liga <strong>ABC</strong> e Interclubes”,<br />
enumerou a supervisora de esportes, Priscila<br />
Almeida, que também passou pelo Esperia.<br />
Em pouco tempo desde que foi oficializado<br />
no cargo, Albers diz que implementou uma<br />
nova linguagem para o tênis, otimizando as<br />
aulas em grupo. É dessa maneira, qualificando<br />
o treinamento dos seus jogadores, que a<br />
Mercedes espera dar um salto de arrecadação<br />
com a modalidade. Segundo ele, a associação<br />
fatura cerca de R$ 5 mil por mês com o tênis,<br />
valor que é utilizado para pagar os profissionais<br />
e fazer a compra de materiais - sendo ainda<br />
que uma parte vai para o próprio clube. A ideia<br />
é dobrar esse valor.<br />
“As aulas (em grupo) seguem processos de<br />
trabalho, definidos por blocos de tempo.<br />
Em cada bloco se realiza uma determinada<br />
atividade, sempre alternando ajuda individual<br />
dada pelo professor com tarefas distribuídas<br />
aos demais alunos. Além de dar o treino, o<br />
professor (Wanderley Guimarães, que foi<br />
formado na base do Esperia) atua como<br />
um gestor do tempo, garantindo que todos<br />
vivenciem situações previsíveis, imprevisíveis<br />
e por vezes intermediária”, explica o<br />
coordenador, que também é capitão da<br />
seleção paulista juvenil.<br />
“Nossa filosofia é trazer os treinos para o<br />
mais perto possível da realidade do jogo, com<br />
o máximo de situações com ‘bola viva’ que<br />
pudemos proporcionar. Procuramos usar o<br />
máximo possível de exercícios com a bola em<br />
jogo, usando lançamento com carrinho em<br />
situações muito pontuais somente quando é<br />
necessário”, acrescentou Albers.<br />
Além da metodologia que busca se aproximar<br />
do que o tênis pede, os destaques são<br />
encaminhados para o Esperia. Por meio de<br />
parceria, eles são direcionados ao clube de São<br />
Paulo para dar sequência à evolução. Desde<br />
o início desse novo momento da Mercedes,<br />
dois nomes já ganharam oportunidade: Rafael<br />
Antunes e Willian Carvalho.<br />
Quadras novas<br />
As duas quadras duras da Mercedes<br />
devem ter outra ‘cara’ até o fim do primeiro<br />
semestre, conforme revelou o coordenador<br />
de tênis. A reforma pretende deixar as<br />
partidas mais “gostosas de se assistirem”.<br />
“Estamos iniciando uma reforma que usará<br />
um material sintético que vai emborrachar<br />
o piso das quadras, tornando-as mais<br />
macias. Também deixaremos o piso mais<br />
áspero, provocando um jogo mais lento e<br />
agradável.”<br />
Assim, com as quadras novas e um trabalho<br />
qualificado, a Mercedes pensa em receber<br />
alunos de fora. Há interesse, inclusive, em<br />
estabelecer parcerias com professores do<br />
<strong>ABC</strong> para o uso das quadras em esquema<br />
de locação. O clube tem 120 tenistas<br />
atualmente, mas foca na qualidade e - com<br />
essas ações - se movimenta para ampliar<br />
o número de praticantes nas suas duas<br />
quadras.<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 9
André Lima - Colunista<br />
Olá, amigos do tênis!<br />
Que prazer entrar no time <strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong>.<br />
Estou empolgado com a coluna por aqui e com<br />
o desafio de trazer informação efetivamente<br />
relevante para um público tão seleto.<br />
Bom, me chamo André Lima e sou criador do<br />
canal do YouTube “Speak On TENNIS”, espaço<br />
onde trarei dicas sobre equipamento, regras e<br />
muito mais sobre tênis.<br />
Aqui e no canal vou abordar um assunto<br />
menos óbvio, como será parte do que<br />
publicar no YouTube. Você sabe o que é<br />
“Sweet Spot”?<br />
Sweet Spot, numa tradução livre do inglês para<br />
o português é “ponto (ou área) doce”. É a área<br />
dentro da cabeça da raquete, quase no centro<br />
ou um pouco acima da parte encordoada<br />
que, ao sofrer o impacto da batida da bola,<br />
proporciona ao tenista a melhor sensação<br />
possível, a batida perfeita.<br />
E que diferenças isso faz pra quem joga tênis?<br />
A resposta é: TODAS POSSÍVEIS, com letras<br />
garrafais mesmo.<br />
Imagine jogar tênis conseguindo obter a maior<br />
potência, o mais intenso efeito, a melhor<br />
sensação de toque com o maior conforto que<br />
for possível, tudo isso recebendo a menor<br />
carga de vibração do aro e das cordas?<br />
Além disso, pense como seria gastar menos<br />
energia e receber menos impacto no corpo,<br />
essencialmente na mão, braço, antebraço e<br />
ombros...<br />
Pois bem, se você consegue obter regularidade<br />
em atingir o Sweet Spot da sua raquete o<br />
maior número de vezes que for possível,<br />
terá todos estes benefícios e não só isso.<br />
Também terá mais precisão nos seus golpes e<br />
consequentemente mais domínio geral como<br />
jogador.<br />
É importante destacar que há vários pontos<br />
que promovem variações na posição e<br />
tamanho do Sweet Spot e aqui farei uma lista<br />
de aspectos mais óbvios que interferem no<br />
mesmo imediatamente:<br />
• Tamanho da cabeça da raquete:<br />
Cabeça maior, Sweet Spot maior;<br />
• Formato da cabeça:<br />
OVAL – Sweet Spot um pouco acima do<br />
centro, considerando a raquete na vertical.<br />
REDONDA/CIRCULAR – Sweet Spot<br />
praticamente no centro da cabeça;<br />
• Tensão da corda:<br />
Tensão mais alta reduz o ponto doce;<br />
• Tipo de corda:<br />
Copolímeros de poliéster e outros<br />
monofilamentos por serem mais “duras”<br />
reduzem substancialmente o ponto doce, ao<br />
passo que as sintéticas, de multifilamentos,<br />
aumentam um pouco essa área;<br />
Acho que com essas poucas informações você<br />
já consegue entender como é importante<br />
aumentar o número de batidas atingindo o<br />
Sweet Spot o maior número possível de vezes<br />
e igualmente saberá o que te ajuda ou não na<br />
hora de aumentar essa verdadeira área nobre<br />
da sua raquete.<br />
Para fechar, jamais desista de uma raquete<br />
nova com a qual parece nunca se acostumar.<br />
Experimente variar a altura do ponto de<br />
impacto, subindo um pouco em direção<br />
ao topo da cabeça ou ainda abaixando um<br />
pouco mais próximo do centro, buscando o<br />
real sweet spot desta nova raquete. Mesmo<br />
sendo um modelo novo da mesma raquete<br />
que usava anteriormente, o ponto doce<br />
pode estar ligeiramente deslocado. Entender<br />
isso pode te ajudar a manter a nova arma ao<br />
invés de desistir e tentar outro modelo, pelos<br />
transtornos naturais da troca e, claro, pra que<br />
não faça um novo investimento no curtíssimo<br />
prazo.<br />
Bem, por enquanto é isso! Para mais visite<br />
www.YouTube.com/SpeakOnTENNIS.<br />
Te espero por lá!<br />
Abraço,<br />
André Lima<br />
André Lima atua como professor de tênis desde<br />
1995. Assessorou a parte técnica de eventos como<br />
o Challenger de Belo Horizonte por quase 10 anos e<br />
foi Árbitro da CBT /Juiz de Cadeira certificado como<br />
White Badge da ITF. Além disso atuou por 5 anos na<br />
HEAD Brasil, à frente da Coordenação de Patrocínios<br />
e como especialista em equipamento. É atualmente<br />
Diretor de Conteúdo do CONATÊNIS – Congresso<br />
Nacional Online de Tênis e Criador do Canal Speak<br />
On TENNIS do YouTube<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 10
Minha Experiência<br />
FALA LEITOR<br />
Cesar André Marchetti – Especial para a <strong>Winner</strong><br />
Todos perguntam por que fui ao Miami<br />
Open pela 4ª vez e respondo que a<br />
cidade fica relativamente perto do<br />
Brasil, são cerca de oito horas de voo. Além<br />
disso, esse torneio é mais barato do que<br />
outros na Europa, sem deixar de reunir os<br />
principais jogadores do mundo. Já assisti a<br />
vários campeonatos de tênis, inclusive Roland<br />
Garros, mas acredito que em Miami o custo<br />
benefício é melhor.<br />
É tudo de bom. Miami é uma cidade com<br />
imensa gastronomia para todos os gostos e<br />
bolsos, e a praia tem areia branca e água azul.<br />
De quebra, para quem gosta da vida noturna<br />
e balada, irá encontrar de tudo um pouco na<br />
Ocean Drive.<br />
Neste ano, eu e meu cunhado resolvemos<br />
trazer para o Miami Open nossos filhos de 14<br />
anos, que também jogam tênis e curtiram o<br />
evento.<br />
Adquirimos os ingressos antecipados para as<br />
duas sessões (diurna e noturna) de segunda<br />
e terça-feira, já na 2ª semana do torneio.<br />
Você compra para a quadra principal, que é<br />
numerada, e pode assistir também os jogos<br />
das outras quadras - nesse caso, sem lugar<br />
demarcado, as cadeiras são ocupadas por<br />
ordem de chegada. Os bilhetes que fechamos,<br />
chamados de level 100, custam 170 dólares<br />
por sessão. Outra opção é o “collectors clube”,<br />
em que você desembolsa 65 dólares (com 50<br />
de consumação). Nessa área mais vip e restrita<br />
você pode tomar uma champagne ou vinho e<br />
comer algo diferente de um fast food.<br />
A língua é mais fácil para nós, brasileiros, dá<br />
para se virar com o inglês, espanhol ou até<br />
o “portunhol”. E, em muitas quadras, você<br />
consegue ficar a poucos metros do jogador,<br />
sentir mais o jogo e o próprio clima do torneio.<br />
Um aviso importante para quem não conhece<br />
o Miami Open: use protetor solar e vá com<br />
um boné ou chapéu, pois o sol é intenso -<br />
registramos muitas pessoas se refrescando<br />
embaixo de árvores. As partidas começam às<br />
11h e o sol só se põe às 19h. Chegando cedo,<br />
você consegue ver alguns treinos e inúmeros<br />
tenistas.<br />
Só no nosso primeiro dia, acompanhamos os<br />
jogos do Verdasco contra o Kukkinakis (que<br />
tirou o Federer na 2ª rodada), Nick Kyrgios<br />
e Fábio Fognini, Venus versus Konta, mas<br />
o que valeu o dia mesmo foi o do Zverev<br />
contra o veterano Ferrer, em que fiquei no 1º<br />
banco da quadra central. O espanhol venceu<br />
o 1º set apresentando um tênis agressivo e<br />
competente. No 2º, o Zverev elevou o nível<br />
e levou. O último set ficou equilibrado, com o<br />
Ferrer dando 110% do seu tênis diante de um<br />
menino de 20 anos que já é o 5º do mundo.<br />
Com uma bola muito mais pesada, o alemão<br />
ganhou o duelo nos detalhes. Fazia alguns<br />
anos que não via o David Ferrer jogar tão bem,<br />
mas não aguentou o jogo do Zverev, que com<br />
certeza será o número 1 do mundo logo.<br />
No 2º dia, tirei foto com o Nick Bollettieri<br />
e conversei com o árbitro brasileiro Carlos<br />
Bernardes. Falei por muito tempo com ele.<br />
O Bernardes comentou sobre as mudanças<br />
que estão deixando o tênis mais atrativo para<br />
a televisão, como por exemplo um relógio na<br />
quadra para cobrar o tempo dos tenistas na<br />
hora do saque. Falando no assunto, perguntei<br />
sobre o episódio com o Nadal (o espanhol<br />
disse que não gostaria de ver mais o juiz em<br />
suas partidas). O Bernardes garantiu que o<br />
assunto já é passado e o Nadal teria entendido<br />
que o problema não era com o árbitro, mas sim<br />
com a regra - pelo fato de o número 1 demorar<br />
para colocar o serviço em jogo à época.<br />
Não me arrependi de ter voltado a Miami.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 11
especial<br />
Os bastidores dO<br />
Brasil Open<br />
Antonio Kurazumi<br />
De volta ao Ibirapuera, único torneio de nível ATP<br />
realizado em São Paulo agrada público, mas ainda pode<br />
ser melhor aproveitado<br />
Marcello Zambrana<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 12
A<br />
história do menino Luca Banzato com<br />
o Brasil Open é um exemplo de onde<br />
queremos chegar com essa matéria.<br />
Com apenas 10 anos, ele joga tênis e começou<br />
a competir faz pouco tempo. Pensando em<br />
motivar o garoto, o tio Dalton Teixeira Filho<br />
resolveu levá-lo ao Ibirapuera. Chegando ao<br />
complexo, de carro, logo avistaram o francês<br />
Gael Monfils, estrela e garoto-propaganda<br />
do ATP 250. Luca recebeu o tão almejado<br />
autógrafo. O jovem se empolgou com tudo<br />
aquilo, aprendeu e curtiu cada ponto dos jogos<br />
que assistiu, mas antes de ir embora precisou<br />
de paciência para pegar uma assinatura de<br />
Fabio Fognini. A espera levou uma hora. Não<br />
bastasse isso, as pessoas que trabalhavam no<br />
torneio não sabiam dizer se o italiano ainda<br />
estava nos vestiários ou se já tinha partido.<br />
“Na verdade, não tinha organização para chegar<br />
nos jogadores. Andando pela parte externa<br />
vimos por onde eles entravam e saiam (tenistas)<br />
e ficamos por ali esperando. Os autógrafos<br />
foram na sorte e na raça”, explicou Dalton.<br />
A despeito das informações desencontradas, a<br />
experiência no Ibirapuera fortaleceu os sonhos<br />
de Luca. “Ele está motivado, viu até onde pode<br />
ir (na carreira) com muito esforço, treino e<br />
dedicação”, garantiu o tio, que também dá<br />
suas raquetadas. “Valeu todo o evento para<br />
mim, ele assistindo os jogos, perguntando,<br />
comentando. A alegria dele não teve preço.”<br />
Na condição de um esporte, o tênis carrega<br />
um aspecto emocional que dá a um torneio<br />
do nível do Brasil Open - único desse porte<br />
realizado em São Paulo - a oportunidade<br />
de fidelizar uma criança igual ao Luca, de<br />
conquistar novos amantes para a modalidade.<br />
Porém, pela falta de uma divulgação mais<br />
agressiva e de comunicação com o próprio<br />
público presente, as chances se perdem.<br />
Não fica o legado e olha que tivemos um<br />
caso recente com a arena do tênis nos Jogos<br />
Olímpicos do Rio de Janeiro.<br />
Na sua 18ª edição, o evento voltou ao<br />
complexo do Ibirapuera depois de passagem<br />
“Valeu todo o evento para<br />
mim, ele assistindo os jogos,<br />
perguntando, comentando. A<br />
alegria dele não teve preço”<br />
pelo Pinheiros. A mudança agradou ao público,<br />
vide os números, mas não escapou das críticas<br />
dos jogadores e de falhas na organização. São<br />
qualidades ou problemas que muitas vezes se<br />
refletem na realidade do tênis no país, como<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 13
Marcello Zambrana<br />
escondida do público e a reportagem sofreu<br />
para encontrá-la. É aí que entra outra<br />
oportunidade desperdiçada de massificar o<br />
tênis entre os jovens. A maioria sequer teve<br />
conhecimento dos aquecimentos abertos de<br />
Monfils naquela quadra - um deles, inclusive,<br />
teve direito à música e “dancinhas” do francês.<br />
a ausência de um lugar ideal para se fazer<br />
campeonatos na cidade. Apesar de ser de<br />
fácil localização, o Brasil Open só teve duas<br />
quadras cobertas de jogo, além de mais três<br />
para treinos e duas de aquecimento.<br />
Publicamente, os tenistas reclamaram da<br />
escassez de opções para treinamento e<br />
ainda não gostaram das poucas quadras<br />
disponibilizadas pelos organizadores.<br />
Conforme a reportagem apurou, o uruguaio<br />
Pablo Cuevas, tricampeão em São Paulo,<br />
e o português Gastão Elias tiveram que se<br />
preparar na Hebraica. Segundo admitiu o<br />
diretor do torneio brasileiro, Roberto Marcher,<br />
não foi fácil tirar o ATP 250 de um local privado<br />
para um estatal. Lembrou das dificuldades em<br />
fazer a programação com apenas duas quadras<br />
reservadas para jogos, mas se defendeu: “acho<br />
que nossas quadras de treino são boas e super<br />
adequadas”.<br />
A divulgação também poderia ter sido<br />
melhor. As pessoas que transitavam pela<br />
região do Ibirapuera, seja de automóvel ou<br />
a pé, só tiveram a certeza que alguns dos<br />
principais tenistas do mundo estavam por ali<br />
ao passar pela entrada principal do ginásio.<br />
Não havia sinalização nas cercanias. Falha,<br />
aliás, que se estendeu para dentro do torneio,<br />
com confusão em informar onde era a sala<br />
de imprensa. A quadra 1 ficou praticamente<br />
No palco principal do Ibirapuera, o ginásio<br />
que comporta cerca de 10 mil pessoas,<br />
não houve controle do acesso do público<br />
ao setor inferior. Mesmo com ingressos<br />
para a arquibancada superior (o ticket mais<br />
barato para o campeonato), o telespectador<br />
conseguia ter entrada liberada ao lugar que<br />
tem visão próxima dos tenistas. Os seguranças<br />
permitiam o acesso sem pedir o bilhete. O<br />
calor também atrapalhou, a organização<br />
poderia ter colocado climatizadores para<br />
amenizar a situação.<br />
Assessoria - Divulgação<br />
“Foi o melhor Brasil Open de todos.<br />
Foi um baita público, só perdemos<br />
para quando veio o Nadal. Mesmo<br />
sem ter brasileiros no fim de semana.<br />
Isso demonstra a evolução do tênis<br />
no país. O brasileiro gosta de tênis,<br />
entende um pouco mais do esporte”.<br />
Roberto Marcher, dir. do Brasil Open<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 14
Pontos positivos<br />
Se no Pinheiros havia poucas opções de<br />
alimentação e filas enormes se formavam para<br />
comprar cerveja, o evento no Ibirapuera se<br />
destacou nesse ponto. A variedade foi enorme,<br />
tanto que os torcedores davam a volta inteira<br />
no complexo para escolher o que comer,<br />
entre lanches, doces e até comida japonesa.<br />
O público ainda pôde participar de atividades<br />
interativas, levando brindes para casa.<br />
“Gostei muito. O universo do tênis por si só já<br />
é fascinante e quando temos a chance de ver<br />
Monfils, Fognini, Cuevas, entre outros, não<br />
podemos deixar passar. Além, claro, de torcer<br />
pelos brasileiros. O evento foi ótimo. Muito<br />
organizado, preços acessíveis e eventos muito<br />
legais na parte externa”, opinou o representante<br />
comercial Anderson Vito, que saiu do <strong>ABC</strong> para<br />
acompanhar o torneio, inclusive a final.<br />
Marcello Zambrana<br />
A participação e presença dos telespectadores<br />
também merecem uma menção honrosa, já<br />
que o Brasil Open só ficou atrás da edição de<br />
2013 em relação ao número de pessoas que<br />
acompanharam os jogos - vale citar, porém,<br />
que as cadeiras só começaram a ficar cheias<br />
na quinta-feira. O preço da entrada contribuiu<br />
para a alavancada nos números.<br />
E seria injusto não elogiar a iniciativa do Brasil<br />
Open em trazer o capitão da Argentina na Copa<br />
Davis, Daniel Orsanic, para clínica com jovens<br />
e um workshop com treinadores. Fora isso, o<br />
tradicional Kids Day fez parte da programação,<br />
reunindo 250 crianças (leia mais na página 16).<br />
No fim da atividade, Thomaz Bellucci e André<br />
Sá apareceram de surpresa para conversar, tirar<br />
fotos e distribuir autógrafos para os pequenos.<br />
A Despedida<br />
Depois de ter salvado a participação<br />
brasileira em 2017, com o título em<br />
duplas no Pinheiros, André Sá se<br />
despediu do tênis no Ibirapuera. Curiosamente,<br />
a homenagem em São Paulo veio antes do<br />
jogo em que culminou na sua aposentadoria.<br />
Logo na sequência da derrota, a ATP publicou<br />
vídeo homenageando o veterano, com direito<br />
a depoimento do tenista Rafael Nadal. Sá<br />
venceu 11 títulos na ATP e chegou às quartas<br />
de final em simples em Wimbledon, em 2012.<br />
Foi o único tenista nacional a disputar quatro<br />
edições das Olimpíadas. Agora, segue no<br />
tênis na função de<br />
treinador de Thomaz Bellucci e recebeu cargo<br />
da Federação Internacional de Tênis (ITF)<br />
para intermediar as relações entre jogadores<br />
e a entidade. Fazer aparições esporádicas no<br />
circuito, como faz o australiano Ll eyon Hewitt?<br />
Nem pensar, ele assegura que a chance é zero.<br />
“Tudo foi no momento certo. Estou feliz de ter<br />
parado por decisão minha. Tinha condições<br />
fisicamente e tecnicamente de continuar. O<br />
momento agora é de encerrar um capítulo e<br />
começar um novo.”<br />
Números do Brasil Open de 2018:<br />
• 42.548 espectadores (capacidade do Ginásio do Ibirapuera: 9.000);<br />
• 5.184 bolas Wilson utilizadas pela organização;<br />
• 630 toalhas utilizadas pelos jogadores;<br />
• 22 mil garrafas de água;<br />
• 12.600 kg de gelo;<br />
• 1.200 garrafas de isotônicos fornecidas aos jogadores;<br />
• 5.000 refeições para jogadores e staff;<br />
• 22 países representados: Alemanha, Argentina, Áustria, Belarus,<br />
Brasil, Chile, Croácia, Espanha, Estados Unidos, Equador, França,<br />
Holanda, Itália, Mônaco, Nova Zelândia, Peru, Portugal, República<br />
Dominicana, República Tcheca, Rússia, Sérvia e Uruguai;<br />
• 54 jogos (27 simples chave principal, 15 de duplas, 12 de qualifying);<br />
• 56 jogadores no total;<br />
• 52 árbitros (1 supervisor, 1 referee, 1 referee do qualifying, 2 chiefs,<br />
7 árbitros de cadeira e 40 juízes de linha);<br />
• 20 boleiros e 1 chefe de boleiros;<br />
• Mais de 40 horas de transmissão na Fox Sports 2. Bandsports, TV<br />
Gazeta e TV Brasil;<br />
• 57 veículos e 163 jornalistas credenciados;<br />
• US$ 582,870 de premiação (cerca de R$ 1,8 milhão). O campeão de<br />
simples Fabio Fognini levou US$ 92.<strong>08</strong>5 (cerca de R$ 302 mil).<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 15
O emocional e o tático<br />
estão fazendo a diferença<br />
Ricardo Coelho<br />
Eu estive no Brasil Open analisando os<br />
jogos e observando as tendências e<br />
novidades. Vi boas partidas.<br />
Vou começar falando dos brasileiros.<br />
Guilherme Clezar passou do qualifying e<br />
jogou com propriedade, firme e agressivo,<br />
agora sendo treinado por Larri Passos - já<br />
conseguimos ver o trabalho do técnico.<br />
Sacando bem, o Clezar derrotou Thiago<br />
Monteiro em uma partida dura. Ele só parou<br />
no cabeça número 1 do torneio, o espanhol<br />
Albert Ramos Vinolas.<br />
O Rogerinho (Rogério Dutra Silva), meu<br />
ex-pupilo, fez um excelente Brasil Open.<br />
Furou a primeira rodada sobrando diante do<br />
americano Tennys Sandgren. Vi evolução<br />
por parte dele nesse nível de torneio, mais<br />
maduro, assim como a questão da preparação<br />
Pegando como exemplo<br />
a final, vimos que os<br />
tenistas têm buscado, a<br />
cada dia, a iniciativa dos<br />
pontos<br />
física. A esquerda também melhorou muito e a<br />
parte tática é outro ponto em que ele evoluiu<br />
e merece destaque. Ele fez um grande jogo<br />
com o argentino Zeballos nas quartas de final,<br />
caindo apenas no terceiro set.<br />
Falando dos estrangeiros, o Monfils não<br />
jogou o tênis que está acostumado, mas<br />
protagonizou lances incríveis que levantaram<br />
o público no Ibirapuera. O Zeballos fez um<br />
excelente campeonato, voltou a atuar em bom<br />
nível de novo, perdendo na semifinal para o<br />
Nicolas Jarry. O chileno foi a principal surpresa<br />
do Brasil Open, ou melhor, já é uma realidade.<br />
Nunca tinha visto ele jogar ao vivo, tem golpes<br />
potentes e um saque muito forte, com certeza<br />
ouviremos falar bastante desse tenista ainda.<br />
Quem também merece lembrança é o Fognini,<br />
o grande campeão, consistente e mais focado<br />
em relação às últimas edições. O Ramos parou<br />
no Jarry, que fez prevalecer a juventude e as<br />
potências do seu jogo.<br />
Fazendo uma análise do torneio, vimos<br />
de uma forma geral a evolução técnica de<br />
alguns atletas, tais como o Rogerinho, Jarry<br />
e o próprio Clezar e outros voltando a jogar<br />
bem - aí cito o Zeballos e o Fognini. O evento<br />
teve um nível igual, o que definiu o vitorioso<br />
do derrotado foram os detalhes nos aspectos<br />
emocional, físico e tático.<br />
Entrando em detalhes, as partes física e<br />
técnica dos jogadores estão parecidas, eles<br />
melhoraram esses itens e não têm muito<br />
buraco no jogo. O lado emocional e o tático<br />
estão sobressaindo mais.<br />
Pegando como exemplo a final, outra questão<br />
importante de dizer é que no aspecto técnico,<br />
seja o saque forte do Jarry ou no serviço mais<br />
tático do Fognini, por exemplo, estão sendo<br />
utilizados a todo momento, assim como os<br />
potentes golpes de fundo. Os tenistas têm<br />
buscado, a cada dia, a iniciativa dos pontos.<br />
Vejo que essa juventude, como o próprio<br />
Jarry, estão priorizando o físico, foi nítido que<br />
ele sentiu na final e só jogando mais partidas<br />
nesse nível que o corpo vai se acostumando.<br />
Pensando no nível de jogo em si, o Brasil Open<br />
valeu a pena.<br />
KIDS DAY<br />
Marcello Zambrana<br />
Tive o privilégio de fazer parte da equipe<br />
de treinadores. É muito importante para o<br />
crescimento das crianças, o tênis brasileiro<br />
precisa de mais eventos como esse para se<br />
massificar.<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 16
PRODUTOS<br />
DESENHADOS<br />
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TECNOLOGIA<br />
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intensivo, que procuram uma bola<br />
premium para competições ou treinos.<br />
Esta bola de tênis premium é ideal para<br />
uso em quadras de saibro, mas também<br />
pode ser utilizada em quadra rápida,<br />
devido a sua qualidade e resistência.<br />
Muito utilizada em torneios profissionais.<br />
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Av. Pereira Barreto, 1500 • Baeta Neves<br />
Fone: (11) 3181-8940<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 17
saúde<br />
A genética influencia, mas não<br />
Antonio Kurazumi<br />
@ InYou<br />
Referência no assunto,<br />
doutor Fábio César dos<br />
Santos diz que análise do<br />
DNA pode fazer parte de<br />
um trabalho integrado<br />
que visa melhora da<br />
performance do tenista<br />
De todos os esportes, o tênis é um<br />
dos que mais pede atletas completos<br />
do ponto de vista físico. Nesse<br />
cenário, saber sobre a genética pode ajudar<br />
no desempenho, mas por si só não é capaz<br />
de determinar o limite de um jogador ou o<br />
campeão de um torneio - até porque a ciência<br />
ainda não descobriu a função da maior parte<br />
dos genes.<br />
Referência no assunto e um dos médicos<br />
mais respeitados do país em saúde funcional<br />
e medicina do estilo de vida, Fábio César dos<br />
Santos diz que a análise do perfil genético é<br />
essencial para potencializar as capacidades do<br />
atleta. Com os dados em mãos, é recomendado<br />
um trabalho personalizado que pode alterar<br />
os caminhos desse tenista, otimizando a sua<br />
performance.<br />
“A genética não é o destino. Mas o que está escrito no<br />
nosso livro genético, transmitido através de nossas<br />
gerações, faz parte fundamental do que seremos em<br />
nossas vidas. A influência do meio externo, em tudo o<br />
que nos cerca, incluindo os nutrientes que nos chegam<br />
através da dieta ou suplementos, a forma como lidamos<br />
com movimento e exercício, a quantidade e qualidade<br />
de nosso sono, a forma como lidamos com eventos<br />
estressantes, tem interação fundamental com nossas<br />
variantes genéticas”<br />
“A genética isoladamente não é destino.<br />
Precisamos entender os hábitos do<br />
competidor, bem como características de seu<br />
histórico e cruzar todos esses fatores com um<br />
planejamento estratégico adequado feito por<br />
equipe multidisciplinar”, enumera o doutor.<br />
Dados recentes mostram que há gene que é<br />
mais comum em atletas de força do que nos de<br />
resistência, por exemplo. “Os cientistas estão<br />
encontrando mais genes que influenciam<br />
a capacidade atlética e eu espero que isso<br />
possa ser usado para adaptar programas de<br />
treinamento, para que todos atinjam o melhor<br />
desempenho possível”, acrescenta Fábio<br />
César dos Santos, que também é colunista do<br />
programa Fôlego, da Rádio Bandeirantes. Um<br />
dos genes citados pelo especialista é o ACTN3,<br />
conhecido como ‘gene sprint’ e que codifica<br />
uma proteína encontrada somente nas fibras<br />
musculares de contração rápida, usadas para<br />
velocidades e movimentos de explosão.<br />
Se você descobrir por meio da análise que<br />
não tem um gene necessário para jogar tênis,<br />
não se desespere e fique achando que está<br />
em desvantagem. Daí entra a importância<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 18
decide o jogo<br />
da nutrição personalizada. “Hoje sabemos<br />
através dessas análises que temos genes<br />
‘respondedores’ e ‘não respondedores’ a<br />
diferentes estímulos. Os dados mais fortes<br />
que encontramos são os relacionados aos<br />
nutrientes. Certos nutrientes são capazes<br />
de ajudar caminhos metabólicos, modular<br />
respostas inflamatórias, entre outras coisas,<br />
podendo ajudar no estímulo muscular”, ensina<br />
o médico. “Claro que os aminoácidos são os<br />
constituintes básicos para formar proteínas e<br />
músculos, mas não é só isso. Você tem uma<br />
série de outras substâncias, entre vitaminas<br />
e minerais, que dão uma resposta mais<br />
satisfatória”. Há, porém, um tripé que deve ser<br />
respeitado para obter melhor performance:<br />
além da própria alimentação, tem a questão<br />
do quanto de estímulo hormonal é recebido<br />
pelo corpo e a exigência de um treino bem<br />
orientado para fazer a musculatura responder.<br />
O médico afirma que não existe idade ideal<br />
para fazer a avaliação genética, mas enfatiza<br />
que “o quanto antes soubermos trabalhar<br />
sobre essas variáveis, maior potência podemos<br />
ter em nossas intervenções”. Fábio dos Santos<br />
orienta os jogadores a treinarem mais o<br />
aspecto em que eles sejam favorecidos pela<br />
genética, a fim de alavancar os resultados.<br />
O TÊNIS<br />
Para o treinador e colunista da <strong>Winner</strong> <strong>ABC</strong>,<br />
Ricardo Coelho, o tênis atual exige série de<br />
capacidades. “Precisa ter a mistura de força,<br />
resistência e velocidade no tênis. Tirando a<br />
técnica e a estratégia de jogo, o físico é super<br />
importante. Se você chega bem na bola, se<br />
está bem equilibrado, faz a diferença. Estar<br />
equilibrado, vale reforçar, tem a ver com a<br />
força, de ficar parado e firme no chão para<br />
bater e, se você não tiver isso no tênis, fica<br />
complicado. Não adianta ser inteligente, ter<br />
talento e não ter físico”, comentou.<br />
“A coleta do material genético é um procedimento<br />
bastante simples feito através da saliva ou de<br />
esfregaço da mucosa oral (bochecha). Em atletas,<br />
talvez o ponto mais importante seja identificação<br />
de variantes genéticas que afetem diretamente a<br />
performance”<br />
acessível<br />
O médico, que presta consultoria ao grupo<br />
InYou, que trabalha a análise genética em<br />
cruzamento com dados do estilo de vida<br />
em uma plataforma digital, lembra que<br />
os testes vêm se tornando mais viável<br />
financeiramente. “Não tenho dúvidas que a<br />
medicina personalizada, com foco no estilo<br />
de vida e na funcionalidade do metabolismo<br />
de cada atleta é que faz a diferença. E vamos<br />
falar a verdade, quem é que não gostaria de<br />
saber um pouquinho mais sobre si mesmo?”<br />
*Fábio César dos Santos é cardiologista pósgraduado<br />
em nutrologia, presidente fundador<br />
da Associação Brasileira de Saúde Funcional e<br />
do Estilo de Vida (ABRASFEV), vice-presidente<br />
da Associação Latino-Americana de Medicina<br />
do Estilo de Vida (LALMA), membro do Board<br />
Internacional em Medicina do Estilo de Vida<br />
(IBLM), diretor nacional do projeto global True<br />
Health Initiative e fundador presidente do<br />
evento anual Lifestyle Summit Brazil<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 19<br />
Av. Caminho do Mar, 2.173 Rudge Ramos SBC www.heroisdomar.com.br (11) 4365-1170
lesões<br />
Gilberto Bang:<br />
“O excesso de confiança em apenas um diagnóstico<br />
é muito arriscado”<br />
Antonio Kurazumi<br />
Em entrevista à <strong>Winner</strong><br />
<strong>ABC</strong>, ex-médico do Brasil<br />
na Copa Davis fala<br />
sobre as lesões menos<br />
conhecidas no tênis e<br />
erros que prejudicam os<br />
jogadores<br />
“Um médico conhece, em média, 300<br />
diagnósticos diferentes num universo de<br />
milhares deles, ou seja, a chance de não<br />
saber ou de errar o diagnóstico é maior do<br />
que acertar e por isso é importante que<br />
todos colaborem para que sejam aplicados<br />
os melhores conhecimentos, procedimentos<br />
diagnósticos e terapêuticos”. A opinião que<br />
dá início à reportagem é de Gilberto Bang,<br />
referência em medicina esportiva no tênis com<br />
a experiência de trabalhar há mais de 15 anos<br />
na modalidade.<br />
Ex-médico do Brasil na Copa Davis, Bang<br />
concedeu entrevista exclusiva à <strong>Winner</strong> <strong>ABC</strong>.<br />
A nossa ideia inicial era falar sobre lesões<br />
raras - ou menos populares, como ele preferiu<br />
classificar -, mas a conversa se aprofundou e<br />
entrou nos riscos de se fazer um diagnóstico<br />
errado. O especialista disse que a busca por<br />
um diagnóstico mais comum é perigoso e<br />
que “apenas a experiência, conhecimento e<br />
vivência permitem pensar fora da caixa.”<br />
O doutor, que acompanha alguns tenistas<br />
pelo circuito profissional, ainda responde se<br />
o avanço da ciência esportiva e o aumento<br />
da exigência física na modalidade levaram à<br />
ampliação no número de lesões nos últimos<br />
anos. Confira:<br />
Doutor, fale sobre sua formação, experiência<br />
no tênis e atividades que realiza atualmente.<br />
Comecei a trabalhar com tênis na extinta<br />
academia Unisys Arena, em São Paulo, em<br />
2002. Desde então, tive a oportunidade de<br />
acompanhar treinos, torneios e conhecer quase<br />
todos os principais tenistas e personalidades<br />
da história do tênis brasileiro. Também foram<br />
muitos anos viajando, de torneios de academia<br />
a Grand Slam, mas certamente participar da<br />
Copa Davis representando o Brasil é o ponto<br />
mais marcante.<br />
Após o encerramento das atividades da Unisys<br />
Arena, fui para a academia Mesq Tênis, onde<br />
continuo atendendo tenistas e dando suporte<br />
a profissionais de saúde da área.<br />
Em 2014, pedi para o capitão João Zwetsch<br />
me substituir na Copa Davis e passei a<br />
trabalhar no São Paulo Futebol Clube. Ainda<br />
viajei junto com a equipe brasileira para a Fed<br />
Cup em 2016.<br />
Com sua vivência no tênis, o que é uma lesão<br />
rara? Como o tenista sabe que está diante<br />
de um problema físico que não é comum na<br />
modalidade?<br />
Eu chamaria de lesões menos populares no<br />
circuito tenístico. Por exemplo, praticamente<br />
todos os tenistas conhecem o “tennis elbow”<br />
(lesão no cotovelo), mas não o “tennis toe”,<br />
apesar de muitos terem ou conhecerem<br />
alguém com esse problema. Essa lesão é a<br />
famosa “unha preta” no pé (mais comum no<br />
hálux, dedão do pé). A carga sobre o dedo e<br />
o atrito com o calçado provocam essa lesão,<br />
que é caracterizada por uma hemorragia por<br />
baixo da unha. É a mesma aparência de uma<br />
unha machucada por uma martelada. O quadro<br />
pode ser tão doloroso na fase aguda que pode<br />
incapacitar o jogador de caminhar normalmente.<br />
No recente caso do Nadal, a lesão (no músculo<br />
flexor da coxa) propriamente dita é comum.<br />
Isto é, a lesão muscular grau 1 é comum no dia<br />
a dia da clínica ortopédica, mas como o nome<br />
do músculo não é tão popular assim, a lesão é<br />
vista como rara.<br />
Na maioria das vezes, o tenista faz de tudo<br />
para não largar a raquete e acredita que sua<br />
lesão seja uma simples tendinite, bursite,<br />
distensão ou contratura. Quando as medidas<br />
convencionais não geram o resultado esperado,<br />
ele procura assistência especializada e a lesão<br />
pode não ser mais simples. Aquele início da<br />
dor poderia realmente ser uma tendinite<br />
comum, por exemplo, mas se não tratada<br />
adequadamente pode resultar em lesões mais<br />
graves cujos nomes são menos populares e<br />
consequentemente consideradas mais raras.<br />
Doutor, podemos dizer que não há lesões no<br />
tênis que sejam desconhecidas da ciência ou<br />
é errado colocar dessa maneira? Há casos em<br />
que houve dúvida sobre o tratamento, como<br />
por exemplo a lesão no quadril do Guga.<br />
Sem dúvida, há lesões que desconhecemos<br />
ou por não saber de sua existência realmente<br />
ou não sabermos o diagnóstico correto.<br />
Naturalmente, buscamos os diagnósticos mais<br />
comuns e apenas a experiência, conhecimento<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 20
e vivência nos permitem pensar fora da caixa.<br />
É bom lembrar que lesão não se refere apenas<br />
a uma alteração da estrutura. Lesão pode se<br />
referir a um dano funcional, ou seja, a queda<br />
de rendimento pode ser considerada uma<br />
lesão funcional e o jogador pode, nesse caso,<br />
não apresentar nenhuma lesão visualmente<br />
detectada. Por esse motivo existe a limitação<br />
de jogos em calor excessivo, pois o dano<br />
ao organismo ocorre no nível metabólico<br />
(funcional) e não estrutural.<br />
Em que região do corpo são mais recorrentes<br />
as lesões raras atualmente e quais são as que<br />
dão mais dor de cabeça aos médicos? Explique<br />
o porquê.<br />
Considerando as estatísticas, o tenista<br />
profissional tem mais lesões da cintura para<br />
baixo porque ele usa mais os membros<br />
inferiores para transmitir energia à bola,<br />
enquanto o amador tem mais problemas da<br />
cintura para cima - pois utiliza a força do braço<br />
para acelerar a bola ou gerar mais potência ao<br />
golpe. Quando ocorre o inverso é um sinal de<br />
alerta, já que sai da curva da normalidade.<br />
O que mais dificulta os profissionais de saúde<br />
é a qualidade e a totalidade de informações<br />
com que se trabalha para fazer o diagnóstico<br />
e gerenciar o tratamento. Não é raro que<br />
as informações iniciais sejam superficiais e<br />
tendenciosas buscando um diagnóstico comum<br />
e que, especialmente na visão do tenista, não<br />
necessite interromper a prática esportiva.<br />
Assim, se faz um diagnóstico inicial errado<br />
baseado apenas em sintomas locais e, quando<br />
não se observa o resultado esperado com o<br />
tratamento, buscam outras informações que<br />
não foram abordadas na primeira avaliação.<br />
Qual é a relação das lesões raras com a<br />
evolução da modalidade? Esses problemas<br />
físicos incomuns aumentaram nos últimos<br />
anos? Explique.<br />
À medida em que a tecnologia avançou<br />
e foi aplicada à ciência esportiva, houve<br />
evolução na forma de se jogar tênis. Isso<br />
levou ao aperfeiçoamento do gesto esportivo<br />
impactando sobre a economia de energia e<br />
melhor aproveitamento das capacidades físicas<br />
e mentais. Ao mesmo tempo que a tecnologia<br />
contribuiu para melhorar a análise biomecânica<br />
(e consequentemente o treinamento), ela<br />
também ajudou a melhorar a análise estrutural<br />
como, por exemplo, através da ressonância<br />
magnética e exames com reconstruções 3D.<br />
Porém, existe o que se chama dissociação<br />
clínico-radiológica, ou seja, nem tudo que<br />
aparece nos exames o indivíduo sente ou está<br />
relacionado ao quadro clínico. Um exemplo<br />
clássico é o da ressonância magnética da<br />
coluna vertebral. Na faixa etária dos 20 anos de<br />
idade, quase 40% dos indivíduos sem sintomas<br />
apresentam algum grau de degeneração dos<br />
discos. Aos 30 anos, mais de 50% vão apresentar<br />
essa alteração, mas nem por isso sentirão dor<br />
ou vão necessitar de qualquer tratamento.<br />
Isso significa que em parte essa melhora dos<br />
equipamentos levou ao exagero diagnóstico e<br />
ao aumento do número de diagnósticos, mas<br />
não necessariamente ao aumento do número<br />
real de lesões. Possivelmente, os jogadores<br />
tenham as mesmas lesões que há 20 ou 30<br />
anos, mas apenas não sabíamos o que era pela<br />
dificuldade de diagnóstico. Na última grande<br />
revisão científica de lesões relacionadas ao<br />
tênis, não se pode concluir que o aumento da<br />
exigência física levou ao aumento de lesões.<br />
Quando o tênis está diante de uma lesão que<br />
é o que parece? O que é preciso fazer para<br />
evitar a confusão, seja por parte do jogador ou<br />
do corpo médico que o acompanha?<br />
O problema maior é o que citei nas respostas<br />
anteriores. A experiência, a qualidade e<br />
totalidade de informações e a evolução diante<br />
do tratamento são os pontos fundamentais<br />
para o diagnóstico preciso. Veja o raciocínio<br />
comum: dor no ombro é igual a tendinite ou<br />
bursite; dor no cotovelo é sinônimo de “tennis<br />
elbow”; dor na coluna é um mal jeito; dor no<br />
joelho ou é lesão de menisco, condromalácia<br />
ou tendinite patelar; dor no quadril ou é a<br />
lesão igual do Guga (e agora) ou do Nadal. Isso<br />
não significa que pensar primeiramente nas<br />
lesões mais comuns esteja errado, mas deixar<br />
de levantar outras hipóteses pode resultar em<br />
danos mais graves.<br />
Vou citar apenas um exemplo fictício, mas<br />
com descrição de uma lesão real. Ao mudar<br />
de quadra, do saibro para a quadra dura, um<br />
tenista passa a sentir dor no pé e acha que a<br />
mudança de quadra foi o único motivo. Assim,<br />
continua treinando e jogando, aplicando gelo<br />
e tomando medicações. Ao notar que não<br />
melhora, um dos primeiros diagnósticos que<br />
se faz é de fascite plantar (ou fasceíte plantar,<br />
como alguns falam) e se passa a culpar, além<br />
da quadra, o calçado. Feitos os ajustes, a dor<br />
persiste. Muito possivelmente o tenista já tem<br />
uma ressonância do pé e que não acusa fascite<br />
ou qualquer outra lesão. Não havendo lesão,<br />
continua a treinar e jogar, mas a dor também<br />
persiste ´sem explicação´. Alguns diagnósticos<br />
‘fora da caixinha’ são: fratura por sobrecarga<br />
óssea, bursite no pé (muitos acham que só<br />
existe bursite no ombro), pinçamento de nervo<br />
no pé ou na coluna, como por exemplo uma<br />
hérnia de disco lombar, trombose venosa,<br />
lesão de outros tecidos do pé.<br />
Esse é só um exemplo. É necessário pensar<br />
em pelo menos outro diagnóstico para cada<br />
lesão comum. O excesso de confiança em<br />
apenas um diagnóstico é muito arriscado. Um<br />
médico conhece, em média, 300 diagnósticos<br />
diferentes num universo de milhares deles,<br />
ou seja, a chance de não saber ou de errar o<br />
diagnóstico é maior do que acertar e por isso<br />
é importante que todos colaborem para que<br />
sejam aplicados os melhores conhecimentos,<br />
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