Revista Winner ABC - Edição 08
Revista voltada ao amantes do Tênis!
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lesões<br />
Gilberto Bang:<br />
“O excesso de confiança em apenas um diagnóstico<br />
é muito arriscado”<br />
Antonio Kurazumi<br />
Em entrevista à <strong>Winner</strong><br />
<strong>ABC</strong>, ex-médico do Brasil<br />
na Copa Davis fala<br />
sobre as lesões menos<br />
conhecidas no tênis e<br />
erros que prejudicam os<br />
jogadores<br />
“Um médico conhece, em média, 300<br />
diagnósticos diferentes num universo de<br />
milhares deles, ou seja, a chance de não<br />
saber ou de errar o diagnóstico é maior do<br />
que acertar e por isso é importante que<br />
todos colaborem para que sejam aplicados<br />
os melhores conhecimentos, procedimentos<br />
diagnósticos e terapêuticos”. A opinião que<br />
dá início à reportagem é de Gilberto Bang,<br />
referência em medicina esportiva no tênis com<br />
a experiência de trabalhar há mais de 15 anos<br />
na modalidade.<br />
Ex-médico do Brasil na Copa Davis, Bang<br />
concedeu entrevista exclusiva à <strong>Winner</strong> <strong>ABC</strong>.<br />
A nossa ideia inicial era falar sobre lesões<br />
raras - ou menos populares, como ele preferiu<br />
classificar -, mas a conversa se aprofundou e<br />
entrou nos riscos de se fazer um diagnóstico<br />
errado. O especialista disse que a busca por<br />
um diagnóstico mais comum é perigoso e<br />
que “apenas a experiência, conhecimento e<br />
vivência permitem pensar fora da caixa.”<br />
O doutor, que acompanha alguns tenistas<br />
pelo circuito profissional, ainda responde se<br />
o avanço da ciência esportiva e o aumento<br />
da exigência física na modalidade levaram à<br />
ampliação no número de lesões nos últimos<br />
anos. Confira:<br />
Doutor, fale sobre sua formação, experiência<br />
no tênis e atividades que realiza atualmente.<br />
Comecei a trabalhar com tênis na extinta<br />
academia Unisys Arena, em São Paulo, em<br />
2002. Desde então, tive a oportunidade de<br />
acompanhar treinos, torneios e conhecer quase<br />
todos os principais tenistas e personalidades<br />
da história do tênis brasileiro. Também foram<br />
muitos anos viajando, de torneios de academia<br />
a Grand Slam, mas certamente participar da<br />
Copa Davis representando o Brasil é o ponto<br />
mais marcante.<br />
Após o encerramento das atividades da Unisys<br />
Arena, fui para a academia Mesq Tênis, onde<br />
continuo atendendo tenistas e dando suporte<br />
a profissionais de saúde da área.<br />
Em 2014, pedi para o capitão João Zwetsch<br />
me substituir na Copa Davis e passei a<br />
trabalhar no São Paulo Futebol Clube. Ainda<br />
viajei junto com a equipe brasileira para a Fed<br />
Cup em 2016.<br />
Com sua vivência no tênis, o que é uma lesão<br />
rara? Como o tenista sabe que está diante<br />
de um problema físico que não é comum na<br />
modalidade?<br />
Eu chamaria de lesões menos populares no<br />
circuito tenístico. Por exemplo, praticamente<br />
todos os tenistas conhecem o “tennis elbow”<br />
(lesão no cotovelo), mas não o “tennis toe”,<br />
apesar de muitos terem ou conhecerem<br />
alguém com esse problema. Essa lesão é a<br />
famosa “unha preta” no pé (mais comum no<br />
hálux, dedão do pé). A carga sobre o dedo e<br />
o atrito com o calçado provocam essa lesão,<br />
que é caracterizada por uma hemorragia por<br />
baixo da unha. É a mesma aparência de uma<br />
unha machucada por uma martelada. O quadro<br />
pode ser tão doloroso na fase aguda que pode<br />
incapacitar o jogador de caminhar normalmente.<br />
No recente caso do Nadal, a lesão (no músculo<br />
flexor da coxa) propriamente dita é comum.<br />
Isto é, a lesão muscular grau 1 é comum no dia<br />
a dia da clínica ortopédica, mas como o nome<br />
do músculo não é tão popular assim, a lesão é<br />
vista como rara.<br />
Na maioria das vezes, o tenista faz de tudo<br />
para não largar a raquete e acredita que sua<br />
lesão seja uma simples tendinite, bursite,<br />
distensão ou contratura. Quando as medidas<br />
convencionais não geram o resultado esperado,<br />
ele procura assistência especializada e a lesão<br />
pode não ser mais simples. Aquele início da<br />
dor poderia realmente ser uma tendinite<br />
comum, por exemplo, mas se não tratada<br />
adequadamente pode resultar em lesões mais<br />
graves cujos nomes são menos populares e<br />
consequentemente consideradas mais raras.<br />
Doutor, podemos dizer que não há lesões no<br />
tênis que sejam desconhecidas da ciência ou<br />
é errado colocar dessa maneira? Há casos em<br />
que houve dúvida sobre o tratamento, como<br />
por exemplo a lesão no quadril do Guga.<br />
Sem dúvida, há lesões que desconhecemos<br />
ou por não saber de sua existência realmente<br />
ou não sabermos o diagnóstico correto.<br />
Naturalmente, buscamos os diagnósticos mais<br />
comuns e apenas a experiência, conhecimento<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Winner</strong> | 20