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Revista Penha | março 2018

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

O que acontece, quem são as pessoas que marcam a Freguesia e ainda algumas curiosidades sobre a Penha de França. Uma revista editada pela Junta de Freguesia da Penha de França.

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TRABALHAR<br />

COM ARTE<br />

RUI FERNANDO CRUZ,<br />

MOLDURAS RUI FERNANDO CRUZ<br />

RUA D. FUAS ROUPINHO, 42A<br />

TELEFONE: 218 121 863<br />

objetos de que se gosta muito. “Uma vez<br />

trouxeram-me uma coleção de borboletas,<br />

todas desfeitas. Primeiro tive de as refazer<br />

todas, com muita paciência e cuidado, e depois<br />

emoldurei-as numa caixa. Gosto destas<br />

coisas diferentes, são desafios!”.<br />

Foi a vontade de juntar um dinheirito durante<br />

as férias que ditou o futuro de Rui Fernando<br />

Cruz. Tinha 16 anos e pediu ao avô, Manuel<br />

Santos Fonseca, para ir trabalhar para a<br />

sua fábrica de molduras. “E assim fiquei. Fui<br />

aprendendo, fui gostando, tudo o que sei foi o<br />

meu avô que me ensinou”, conta. Entretanto,<br />

passaram 32 anos desde que resolveu experimentar<br />

esta arte, e, pelo meio, comprou-lhe<br />

o negócio.<br />

Fazer molduras é um trabalho artesanal, feito<br />

com muita minucia. É preciso determinar que<br />

medida de caixilhos cortar, depois os vidros,<br />

a largura do passe-partout, a tampa, e unir todas<br />

estas peças para construir um resultado<br />

final harmonioso. É-se um pouco marceneiro,<br />

um pouco vidraceiro, é preciso ter sentido<br />

estético e artístico. Em todo este processo,<br />

qual é a tarefa mais importante? “Para mim, é<br />

chegar ao fim e dizer: ‘gosto disto’”.<br />

Outra coisa que lhe agrada é emoldurar obras<br />

vindas diretamente das mãos dos artistas.<br />

“Gosto muito, adoro ser o primeiro a vê-las”.<br />

Obras de arte que às vezes também têm a<br />

mão e o talento de Rui Cruz. Aliás, o trabalho<br />

que o mais entusiasmou foi um projeto artístico:<br />

“O projeto mais desafiante que fiz foi um<br />

objeto para um hotel, que precisou de 14 mil<br />

bolas de plástico, furadas e coladas. Um trabalho<br />

de 60 e tal metros de altura, através<br />

de uma arquiteta com quem trabalho. Ela dá<br />

ideias, eu dou ideias. E ficou espetacular”.<br />

Continuam juntos porque, aos 97 anos, ainda<br />

vem ter com o neto todos os dias, a pé. Para<br />

dois dedos de conversa e porque, “quando há<br />

alguma coisa que goste, ainda faz” – uma das<br />

tarefas é cortar à mão, uma a uma, as molduras<br />

de papel que se põem dentro dos quadros<br />

(passe-partout).<br />

“Pode emoldurar-se tudo”, diz Rui. “Tudo o<br />

que quiser pôr na parede, eu faço”. No seu<br />

currículo tem vestidos de noiva, de batizado,<br />

sapatos de bebé, roupas antigas, talheres,<br />

copos, esculturas, corais, entre muitas outras<br />

coisas. No fundo são “molduras armário”,<br />

explica, uma maneira de proteger e realçar<br />

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