005 - O FATO MANDACARU - MAIO 2018 - NÚMERO 5

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Pág. 4 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! Jornal Comunitário de Maringá | Ano 01 | Edição 005 | Maringá, maio de 2018 ARAS CÁRITAS - A LUTA DE QUEM TENTA TIRAR “OS NOVOS MARINGAENSES” DA CONDIÇÃO DE INVISIBILIDADE “A Aras Cáritas é reconhecida no município de Maringá como instituição que mais atende e trabalha com os migrantes e refugiados”. (Padre Emerson Cícero de Carvalho) Ligiane Ciola MARINGÁ - Para a associação dos estrangeiros da região metropolitana de Maringá, os estrangeiros seriam 4481. Levantamentos feitos por outras organizações não governamentais ativas no território, dão conta que na metrópole vivem cerca de 3 mil estrangeiros; na metrópole e não na cidade. Em resumo, sabe-se pouco e aquele pouco que se sabe é incerto. Há muita confusão nas informações sobre quem e quantos são os novos maringaenses. A consequência disso, é uma enorme dificuldade de organização que Entes públicos, religiosos e não governamentais enfrentam para darem vida a programas e ações que possam ajudar o migrante estrangeiro. “HÁ CASOS DE IMIGRANTES QUE VIVEM NA MAIS COMPLETA INVISIBILIDADE” É contra esse tipo de situação que a ARAS CARITAS “in primis”, luta todos os dias. Garantir ao migrante a observação de todos os direitos e serviços essenciais reservados a brasileiros, é um dever do Estado em seus vários níveis, mas que ainda não é observado plenamente; percebe-se que não é por falta de vontade ou de empenho, mas só uma dificuldade para lidar com o novo fenômeno, pelo menos neste século. A gestão da presença de migrantes estrangeiros em Maringá ainda é um desenho de traços incertos e confusos. Nenhum dos bancos de dados existentes pode ser considerado plenamente confiável. Padre Emerson Cícero de Carvalho da ARAS CARITAS ARAS CARITAS A Aras Caritas funciona em Maringá em uma sala do CEPA - Centro de Pastoral da Arquidiocese. A entidade porém faz parte da Cáritas Brasileira, que se autodefine “organização em prol da promoção e atuação social na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário”. Padre Emerson Cicero de Carvalho, Diretor da Cáritas em Maringá, diz que o aumento da demanda de documentos, já em 2012 levou a Aras Cáritas a assinar um convênio com a Polícia Federal. A Cáritas faz a triagem dos pedidos de documentos e com tudo organizado encaminha à Polícia Federal, que assim pode desenvolver a prática burocrática em modo mais eficaz. Além da necessidade de regularizar documentos, os estrangeiros também procuram a Aras por questões relativas a acesso a saúde pública, educação e bens de primeira necessidade, e tudo isso gera a necessidade de ter mais voluntários. “Em 2017 eram 3, hoje já são 12, muitos deles estão nas salas de aulas dos cursos de língua portuguesa para estrangeiros organizado pela instituição”, diz padre Emerson que prossegue: “Hoje podemos dizer sem medo de errar, que a Cáritas é reconhecida no município de Maringá como instituição que mais atende e trabalha com os migrantes e refugiados. Para nós não há como pensar um trabalho com os migrantes sem pensar numa sensibilização dessa sociedade, porque o migrante está sendo inserido nessa sociedade; e quanto mais pessoas conhecerem o trabalho da Aras e entenderem que essas pessoas não significam um risco para nós, mas que são seres humanos que por algum motivo, foram obrigados a migrar para viver entre nós”. Para quem ainda tem medo do estrangeiro Padre Emerson diz o seguinte: “Pense que quem deveria ter mais medo são eles, que não sabem nada sobre nós. A gente tem que se perguntar se temos medo de conversarmos com nossos irmãos. Se a resposta for ‘não’, então você não deve ter medo dos estrangeiros e deve olhar para eles como seres humanos e não como rótulos. Esse é haitiano, esse é muçulmano... A partir do momento que você quebra esses rótulos, você descobre que está lidando com seres humanos como você. O primeiro passo é reconhecer que somos muito semelhantes e por isso não precisamos ter medo e o segundo passo é reconhecer que somos diferentes e que isso deve instigar, a nos conhecermos”.■
Ano 01 | Edição 005 | Maringá, maio de 2018 | Jornal Comunitário de Maringá DISTRIBUIÇÃO GRATUITA! | Pág. 5 A ANDRESSA DA ARAS CÁRITAS J. C. Leonel MARINGÁ - Andressa Gongora Barbosa é formada em administração de empresas e há 3 anos foi convidada por Padre Emerson para trabalhar no escritório da ARAS CÁRITAS. “Eu não tinha a menor ideia do que encontraria pela frente mas conseguimos organizar o trabalho de acordo com as necessidades dos migrantes. Por aqui já passaram pessoas de 45 nacionalidades”. No dia a dia, Andressa tem que compreender e tentar ajudar pessoas que estão aqui para estudar, reconhecer títulos de estudo, auxiliar gente que fugiu de catástrofes naturais e de guerras ou ainda por motivo político. Hoje o maior grupo de estrangeiros na cidade ainda é de haitianos, mas há também paraguaios, argentinos, venezuelanos, jamaicanos, senegaleses. Enfim, uma diversidade enorme de pessoas que poderemos conhecer e ajudar, mas isso terá que ser feito do modo certo. Andressa Gongora Barbosa da ARAS CÁRITAS “Cuidamos muito do encaminhamento dos documentos dos estrangeiros. Se uma pessoa chega aqui e precisa de refúgio, somos nós que fazemos a triagem, damos entrada em vistos permanentes quando previstos nos acordos do MERCOSUL, cuidamos de renovação de passaportes, traduções juramentadas, encaminhamentos aos estudos, cursos de língua portuguesa, encaminhamentos a outros centros que oferecem cursos de português, encaminhamento e acompanhamento aos serviços de saúde, ao trabalho, a assistência social, a escolas e creches”. Andressa não se lamenta da imensa quantidade de serviços a qual é submetida dia a dia, mas da dificuldade que muitas vezes encontra para romper as barreiras do preconceito que ela diz encontrar dentro de instituições públicas, logo elas que deveriam servir de referência para a ARAS e não o contrário. “Para você romper essas barreiras você tem que estar lá, todos os dias, não pode se cansar, pois se você desiste a barreira vence e nós não podemos deixar. Esse tipo de comportamento não esperado, nos coloca na condição de trabalhar sempre no regime de emergência”.■ CURSO GRATUITO DE LINGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS Inscrições: ARAS CÁRITAS - Sede do CEPA R. Vereador Joaquim Pereira de Castro, 267 Vila Santo Antônio - Maringá - PR Informações: (44) 3263 4887
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