edição de 18 de junho de 2018
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we<br />
mkt<br />
stevecoleimages/iStock<br />
A disrupção<br />
em ca<strong>de</strong>ia<br />
“Eu era muito jovem para ter um<br />
carro, então transava com as moças<br />
no banco <strong>de</strong> trás da minha bicicleta”.<br />
Woody Allen<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
aí as pessoas começaram a reconsi<strong>de</strong>rar.<br />
Ter ou não ter carro. E aí os jovens<br />
E<br />
foram rebaixando o carro em seu shopping<br />
list. Da primeira posição <strong>de</strong> 20 anos atrás,<br />
hoje está na 11ª.<br />
E aí, Eugenio Mattar, filho do legendário<br />
Salim Mattar, que protagonizou um dos<br />
mais espetaculares “cases” do ambiente<br />
corporativo brasileiro, A Localiza, hoje CEO<br />
da empresa, observando o <strong>de</strong>sinteresse <strong>de</strong><br />
seus filhos, <strong>de</strong> 14 e 16 anos, por automóvel,<br />
<strong>de</strong>cidiu ven<strong>de</strong>r a Ferrari que tinha em sua<br />
garagem.<br />
O negócio <strong>de</strong> ter e possuir, pensou, chegou<br />
ao fim. O importante é po<strong>de</strong>r usar, claro,<br />
sempre que preciso. Enquanto isso se<br />
multiplicava os aplicativos.<br />
Disruptando, num primeiro momento,<br />
os taxistas, num segundo as fabricantes <strong>de</strong><br />
automóveis, e por tabela, e sem querer, na<br />
medida em que convocava motoristas particulares<br />
para passarem a oferecer o serviço<br />
<strong>de</strong> transporte, reinventando o negócio<br />
da locação <strong>de</strong> automóveis.<br />
carros e o transporte com aplicativos são<br />
complementares... com a crise mais gente<br />
buscou ganhar dinheiro dirigindo...”.<br />
A Localiza <strong>de</strong>tém hoje 33% <strong>de</strong> participação<br />
<strong>de</strong> mercado. Uma frota <strong>de</strong> 190 mil<br />
carros. Com a mudança <strong>de</strong> comportamento<br />
das pessoas que ven<strong>de</strong>ram seus automóveis<br />
ou passaram a <strong>de</strong>ixá-los mais dias na<br />
garagem, o faturamento da empresa registrou<br />
um salto superior a 30%.<br />
Já a Movida, resultante da fusão da Locamerica<br />
com a Unidas, com uma frota <strong>de</strong><br />
100 mil carros, dá um <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 50% no<br />
preço da locação nos aluguéis mensais para<br />
quem utilizar o carro para transporte, leia-<br />
-se Uber.<br />
É isso, amigos. Segue o barco, ou circulam<br />
os automóveis. E a cada novo dia a tal<br />
da disrupção ganhando características e<br />
aspectos diferentes.<br />
Provocando alegrias e tristezas. Desafios,<br />
oportunida<strong>de</strong>s e ameaças.<br />
Numa espécie <strong>de</strong> disrupção sem fim e<br />
que se divi<strong>de</strong> e se multiplica.<br />
Até <strong>de</strong>z anos atrás, um taxista que quisesse<br />
alugar um dos chamados carros <strong>de</strong><br />
frota, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do mo<strong>de</strong>lo, pagava, aos<br />
donos <strong>de</strong> frotas, uma diária entre R$ 200 e<br />
R$ 300.<br />
Hoje, um particular aluga um carro da<br />
Localiza, ou das outras duas principais<br />
locadoras <strong>de</strong> automóveis, por menos <strong>de</strong><br />
R$ 90. Esse mesmo carro, locado, há <strong>de</strong>z<br />
anos, custava R$ 150.<br />
Falando à Revista Dinheiro, consciente<br />
que seu negócio foi reinventado sem querer<br />
pelos aplicativos, muito especialmente<br />
pelo Uber, Eugênio Mattar diz:<br />
“Estamos percebendo que o aluguel <strong>de</strong><br />
Segundo Tom e Vinicius, na antológica<br />
e disruptiva canção A Felicida<strong>de</strong>: “tristeza<br />
não tem fim, felicida<strong>de</strong> sim...”<br />
A felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hoje das locadoras, por<br />
exemplo, do Uber e <strong>de</strong> todos que direta ou<br />
indiretamente se beneficiam e lucram com<br />
a disrupção vai <strong>de</strong>sembocar, inevitável e<br />
inexoravelmente, na tristeza que um dia se<br />
abaterá sobre as montadoras, já em estado<br />
quase terminal, embora ainda não se <strong>de</strong>em<br />
conta, não revelem a mínima consciência<br />
da dimensão da crise.<br />
O automóvel, tal com o conhecemos um<br />
dia, nunca mais!<br />
E não se fala mais nisso...<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
58 <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>junho</strong> <strong>de</strong> 20<strong>18</strong> - jornal propmark