edição de 18 de junho de 2018

eda de inscrições era esperada, diante da redução de Leões e da “pausa” do Publicis Groupe
“newcomers”. E fazer com que eles patrocinem
seminários, espaços de relacionamento
e circulem pelo festival, mas
também participem da competição pelos
Leões. Consultorias e startups, por exemplo,
devem ampliar sua presença e a expectativa
é que possam participar
mais ativamente da
competição. Nesta semana,
por exemplo, Cannes
terá um espaço apenas
para startups de Israel com
soluções de tecnologia
para a mídia. “A criatividade
está indo longe, ampliando
a capacitação de
novas indústrias. Temos
de abraçar a tecnologia, trazer os desenvolvedores
para Cannes e ver mais soluções de
inteligência artificial, realidade virtual, realidade
aumentada e tantas outras”, explica
Papa Neto.
No caso das consultorias, que ainda despertam
muita desconfiança das agências,
a presença ainda é mais institucional, em
espaços de relacionamentos, exibição nos
principais banners, na programação de seminários,
por exemplo. Mas a tendência é
que elas também disputem Leões. “Notamos
um aumento no número de inscrições
e fica claro que elas estão se tornando mais
criativas e interessadas nos prêmios”, reflete
Thomas.
Para Papa Neto, Cannes é uma oportunidade
para as agências entenderem o que
as consultorias realmente querem fazer no
mercado. “Elas devem abraçar a oportunidade
de vir para Cannes e compreender o
que está sendo realizado. Se eu fosse uma
agência, e quisesse entender o papel das
consultorias e o que significa
esse novo mundo na
publicidade, a melhor coisa
a fazer seria vir a Cannes
e ter essa consciência. Não
podem fechar os olhos,
porque não podem interromper
esse movimento”,
explica. “O festival fala
muito sobre mudanças.
Veremos novos modelos,
como clientes adotando criatividade in-
-house, as empresas de mídia com suas soluções,
as consultorias”, reforça Thomas.
Uma das áreas para o futuro, segundo os
organizadores, é a de entretenimento, que
será abordada de uma forma mais ampla
do que hoje, ainda muito restrita a projetos
criados de conteúdo de marca. “Acreditamos
que empresas de entretenimento no
esporte ou em games, ou mesmo empresas
de entretenimento para
TV e filmes estarão mais
Alê Oliveira
“no Ano pAssAdo,
nós tomAmos A
decisão de ApertAr
o botão de reset”
dentro de Cannes”, avalia
Thomas.
Cannes enxerga ainda o
papel relevante do Brasil.
“Há um cenário de depressão
no país, mas persiste um grande comprometimento
e nível de engajamento das empresas
não apenas com o festival, mas com o
sistema global de criatividade”, afirma Papa
Neto. “Claro que há um momento dramático
em todos os níveis, seja econômico, político,
estrutural e moral, que vai tornar o país melhor
para as próximas gerações. Mas o que
vemos de participação do Brasil em Cannes
é impressionante, com todos acreditando no
festival e trazendo energia”.
Uma das grandes novidades do ano, a
nova estrutura de categorias e divisão em
tracks, que abraçam não apenas as premiações,
mas também os seminários, é uma
aposta para Cannes se adaptar ao que há de
mais moderno no marketing. “No ano passado,
nós tomamos a decisão de apertar o
botão de reset no Cannes Lions. Nós fechamos
três grandes Leões e removemos várias
subcategorias. Nós sabíamos que isso significaria
um menor volume de inscrições,
mas era a decisão certa no longo tempo”,
destaca Thomas. A área de Cyber Lions, por
exemplo, que desde 2011 estava na marca
do pênalti, já que hoje o digital abraça todas
as categorias, finalmente chegou ao fim.
As novas categorias, como Brand Experience
& Activation, Social & Influencer e
Creative E-commerce, como explica Thomas,
representam a fundação do que será
o marketing daqui por diante. “O e-commerce,
que não se imaginaria em Cannes
há alguns anos, retrata toda a jornada de
compra do consumidor. Também olhamos
para a experiência, seja física ou digital, e
os influenciadores”.
Aparentemente, as novidades deram certo.
Dois dos novos Leões - Creative eCommerce
e Sustainable Development Goals
– geraram juntos 1.166 inscrições. Além disso,
os três Leões remodelados – Social & Influencer
(que surgiu do Cyber Lions), Industry
Craft (com categorias vindas de Outdoor,
Design e Print & Publishing), e Brand Experience
& Activation (de Promo & Activation)
– geraram 6.082 inscrições. Também foram
bem-sucedidas categorias especiais, como
Sustainable Development Goals Lions com
899 inscrições, e Glass: The Lion for Change,
em seu quarto ano, com crescimento de
218 inscrições. “Isso indica que a indústria
tem focado em usar a criatividade em favor
de causas e eu estou muito orgulhoso em
dizer que nós doamos a receita com esses
Leões para caridade”, destacou Papa. Outra
tendência é que o número de inscrições de
Creative Effectiveness Lion, categoria que
mostra a influência dos prêmios sobre o resultado
dos negócios das marcas, continua
forte em 2018. As práticas de Craft também
crescem, sendo que Film Craft teve um total
de 2.519 inscrições, e a estreante Industry
Craft Lion teve 1.720 inscrições.
Mas a organização do festival ainda
aguarda os resultados da nova estrutura.
“Só saberemos se o novo formato deu
certo quando esta semana terminar”, afirma
Philip Thomas. Seja como for, tanto
ele quanto Papa Neto já
vislumbram um festival
maior dentro de alguns
anos, e com mais dias em
relação aos cinco atuais –
em 2018, o evento ocorre
entre 18 e 22 de junho.
jornal propmark - 18 de junho de 2018 49